Capítulo XXXIII
Era quase meio-dia quando Harry finalmente voltou para casa, tomou uma ducha, vestiu-se e partiu para a sede da empresa no Beco Diagonal. Podia mergulhar no trabalho como fizera tantas vezes no passado. Enquanto tivesse as Gemialidades Weasley, não precisaria de mais nada. De mais ninguém. Harry trabalhou a tarde toda e noite adentro, relutante diante da idéia de voltar para casa.
A escuridão havia caído horas antes quando ele finalmente deixou o edifício e preparou-se para voltar à Toca. E pensar na escuridão o fez lembrar-se de Hermione. Lembrou-se de quando ela perdeu tudo o que conhecia, o conforto da família. Era horrível não ter podido estar ao lado dela para ajudá-la como devia.
Quando chegou em casa, havia apenas uma luz acesa na sala de estar. Os outros cômodos estavam escuros, e esperava que todos estivessem dormindo. Não queria ver ninguém e preferia não ter de conversar. Quieto, passou pela porta da frente e ouviu vozes na sala. Hermione e Rony estavam conversando. Aproximou-se da porta para espiar o interior do aposento e sentiu o coração parar de bater. Os dois estavam juntos diante da janela, abraçados. Não conseguia ouvir o que diziam e, francamente, preferia não escutar as palavras. Enquanto via o amigo afagar os cabelos escuros de Hermione, uma horrível certeza explodiu em seu peito. Estava apaixonado por ela.
- Prometa. – Rony pediu ao soltá-la. Hermione estivera a caminho da cama quando o vira sozinho na sala. Entrara para perguntar se estava tudo bem e sentira sua necessidade de conversar. Haviam falado brevemente sobre o casamento, discutido Bryan com maior profundidade e abordado a questão da cirurgia.
- O quê? – ela perguntou.
- Prometa que seremos sempre amigos. É importante para mim, e acredito que seja ainda mais importante para Bryan.
- Essa é uma promessa fácil de cumprir.
- Mesmo que um de nós ou os dois se casem com outras pessoas, ainda assim seremos amigos. E quero que me prometa outra coisa. Se acontecer alguma coisa durante a cirurgia, diga a Bryan que eu fui um grande sujeito. Conte a ele que fui bravo e forte e que o amei mais que tudo neste mundo. Lágrimas queimavam nos olhos de Hermione, mas ela as enxugou com os dedos.
- Não vai acontecer nada durante a cirurgia. O médico vai tirar o tumor de seu cérebro e tudo acabará bem. Além do mais, não preciso dizer essas coisas a Bryan. Ele já sabe de tudo isso. Rony ofereceu um sorriso radiante.
- Obrigado Hermione.
- Por nada. Agora vou subir e dizer boa noite a Bryan. Ele não dorme enquanto não passo pelo quarto para beijá-lo.
Hermione encontrou o filho exatamente como esperava. Deitado, porém acordado. Ele se sentou na cama ao vê-la entrar no quarto.
- Pensei que houvesse esquecido de mim.
Ela sorriu e se sentou na beirada da cama.
- De jeito nenhum. Tudo bem?
- É claro que sim.
- Vai ficar bem aqui amanhã quando partirmos para o hospital? – Hermione e Rony haviam decidido que Bryan ficaria na Toca até que a cirurgia terminasse. No dia seguinte ao procedimento, ela voltaria para buscá-lo.
- Oh sim! Mesmo que no fundo queira ir junto. Ela se inclinou e beijou o rosto do filho. - Promete que vai telefonar do hospital assim que a cirurgia terminar?
- Prometo.
- Promete que ele vai ficar bem?
Hermione sentiu o coração apertado. Gostaria de poder fazer também essa promessa, mas sabia que devia ser cautelosa e honesta. Lembrou-se do que havia dito a Harry e repetiu as palavras para o filho.
- Querido, existem certas coisas que ninguém pode prometer. Não tenho controle sobre o que está acontecendo com seu pai, entende? Ele assentiu.
- Fiz uma prece por ele.
- Isso é tudo que podemos fazer. Agora vá dormir, meu bem.
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