Capítulo XVIII



- Alô.

A voz familiar o atingiu como um vento morno, obrigando-o a respirar fundo para sufocar todo e qualquer sentimento que pudesse surgir.

- Hermione? Sou eu. - Um momento de silêncio precedeu a resposta hesitante.

- Olá.

- Precisamos conversar.

- Rony já falou com você?

- Ontem à noite.

- Imagino que nenhum de nós tenha dormido muito bem.

- Temos que discutir a possibilidade de vir passar duas semanas aqui com Bryan.

- Não sei o que fazer. É claro que desejo o melhor, mas…

- Todos nós desejamos o melhor.

- Mas existem muitos fatores a serem considerados. Bryan está na escola, eu tenho meu trabalho…

- Contratarei um professor particular para acompanhá-lo diariamente. Ele não ficará atrasado. Quanto ao seu trabalho, já tomei providências para que suas despesas sejam pagas até o mês que vem. Inclusive o aluguel. Se precisar de dinheiro para qualquer outra coisa, farei com que a quantia seja depositada em sua conta.

- Por favor, não faça isso. – ela protestou. – Não quero que pague minhas contas.

- Hermione, não é hora de se deixar guiar pelo orgulho. Sei que não pode se afastar do trabalho por tanto tempo sem sofrer sérias conseqüências financeiras, mas a situação é mais importante que um punhado de contas.

- Eu sei que sim, mas… - Hermione suspirou. – Está bem, iremos à Toca, mas não prometo que ficaremos por duas semanas. Rony deve submeter-se à cirurgia o mais depressa possível, e seria melhor que ele não esperasse tanto.

- Tem razão. Mas você sabe como é difícil fazê-lo mudar de idéia. Podemos esperá-la hoje à noite?

- Não, Harry. Iremos amanhã cedo. Assim terei tempo para tomar todas as providências e arrumar as malas. Estaremos aí por volta do meio-dia.

- Ótimo. Rony vai ficar satisfeito.

Eles se despediram e desligaram. Harry reclinou-se na cadeira e massageou o centro da testa, onde uma dor de cabeça começava a ganhar força. Pelo menos ela não mencionara o tempo que passaram juntos. Melhor ainda, não se referira ao beijo. Fora tão fria e polida quanto ele, e era assim que deveria ser. Sempre.

Rony era o objetivo de todos. Sua saúde, seu bem-estar, sua felicidade. Rony queria passar algum tempo com Hermione e Bryan, e sua vontade seria feita. Aquela era uma casa muito grande, e costumava passar horas seguidas trancado no escritório. Era possível que a visse poucas vezes durante sua estadia. E seria melhor assim. A dor de cabeça era cada vez mais forte. Sabia que a presença de Hermione e Bryan era adequada e oportuna. Mas, enquanto pensava nos cabelos sedosos, nos olhos cor de mel e na curva doce de seus lábios, tinha certeza de que acabara de abrir as portas de sua casa para a tentação.

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