Capítulo VII



- Estou mesmo com fome. – ele respondeu finalmente.

– Talvez possa pesquisar por aí e preparar um café da manhã de frutas e raízes.

Ignorando o sarcasmo, Hermione olhou para o que tinha em volta deles.

- Se pudesse encontrar minha mochila... tenho biscoitos, uns Feijõezinhos de todos os sabores e uma maçã dentro dela. Sei que é pouco, mas ao menos teríamos alguma coisa até a chegada de alguém.

A raiva que gostaria de sentir o abandonou. Como podia sentir raiva de alguém que se dispunha a dividir o alimento com ele?

- Duvido que sua mochila esteja na árvore. – disse. – Ela deve ter caído no local do primeiro impacto com as árvores. Podemos dar uma olhada por aí. Se encontrarmos alguma coisa...

Ela assentiu e se dispôs a acompanhá-lo devagar. Harry mancava muito, respirando fundo para suportar a dor que parecia rasgar seu joelho a cada passo. Preferia sofrer a demonstrar fraqueza. Não haviam ido muito longe quando ela se virou para fitá-lo.

- Sente-se. – ordenou.

- Eu estou bem.

- Deve estar ótimo. Caminhar lentamente sempre o fez suar muito. Não quero que me acuse de ter provocado sua invalidez por tê-lo obrigado a procurar minha mochila.

Relutante, Harry sentou-se. Sabia que era inútil fingir que não sentia dor.

- Se descansar um pouco...

- Sou capaz de realizar uma pequena busca sozinha. – Hermione retomou a caminhada sem ele.

Harry a observou de onde estava, admirando a perfeição das pernas e os movimentos graciosos dos quadris. Não estava surpreso com o comportamento equilibrado de Hermione. Ela sempre tivera o tipo de autoconfiança que intimida os homens. Pelo menos a maioria deles. Mas não se sentia intimidado.

Tocando o joelho, percebeu que, desde que se mantivesse sentado, a dor não seria problema. Infelizmente, sabia que, dentro de pouco tempo, teria de se levantar e andar para longe dali. Hermione retornou minutos depois com um sorriso triunfante nos lábios e uma mochila bastante estragada na mão.

- Eu encontrei! – ela exclamou ao se sentar a seu lado. – Tentei localizar sua varinha, mas não a vi em parte alguma.

Ela abriu a mochila, e Harry sentiu o perfume doce de fruta e chocolate lá dentro. Depois, quando ainda enchia os pulmões com a fragrância tentadora, viu uma calcinha vermelha e imaginou-a dentro dela. Uma onda de calor o tomou de assalto. Apressada, ela escondeu a calcinha sob outras peças de roupa e pegou uma embalagem plástica antes de fechar a mochila.

- Não sei o que está pensando, mas, para mim, maçã e Feijõezinhos parecem ser o melhor café da manhã que alguém já comeu. Estou faminta!

Harry também estava faminto, mas seu apetite não era por comida. Era uma fome que suportava há muito tempo e que o enchia de revolta e vergonha.

- Espero que a ajuda traga água. – Hermione comentou enquanto comia um Feijãozinho com sabor de pizza. – Depois de comer esse aqui, vou ficar com muita sede.

Enquanto comiam, Hermione reconhecia emoções confusas. Estava zangada com Harry por não ter avisado sobre a possibilidade de uma tempestade, por não ter tomado precauções. Por que tinha sempre de presumir que podia assumir o controle e enfrentar o mundo todo sozinho? Mas, por maior que fosse a ira, sabia que não devia ceder à pressão dos sentimentos, porque muita energia podia ser desperdiçada num ataque de fúria. E precisaria dela para escapar com vida daquele lugar.

N/A Coments kd vcs!!!

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