O Primeiro de Muitos



Não quero acordar
Não quero nem pensar
Em tudo que aconteceu
Você se fechou
Em nada me ajudou
Com medo não me deu amor

Eu não queria levantar, fiquei fitando as cortinas da cama, lembrando da noite passada e ouvindo o barulho no dormitório, meus amigos conversando receosos e me chamando:
- O que será que aconteceu?- Reconheci a voz do Rabicho.
- Bom... - Disse Almofadinhas hesitante.
- Desembucha logo Sirius, quando você vem com os seus “Bem”, é por que sabe de alguma coisa e eu estou realmente preocupado com o Pontas, eu vi quando ele entrou no dormitório ontem e a cara dele não era das melhores.- Aluado, preocupado como sempre.
- Ele levou outro fora da Evans?- Esse foi o Frank, não é um maroto, mas também é muito amigo nosso.
- Bem, tá bem, eu conto. Posso Pontas?- Sirius outra vez
Não respondi, sabia que eles tinham certeza que eu estava ouvindo, mas não queria falar com ninguém, me resumi apenas em pegar o travesseiro e cobrir a cara e as orelhas para não ouvir o relato do Sirius que pareceu tomar meu silêncio como uma permissão, pois logo começou a narrar, o som atravessando o pano e invadindo meu cérebro, junto com as lembranças da maldita noite anterior:
- Ele me confessou que ia tomar uma providência, ele já tá ficando louco com essa história da ruivinha, se eu soubesse onde isso ia chegar não tinha nem incentivado...
- Não enrola Almofadinhas, desembucha logo!
- Bem, peguei a capa da invisibilidade e...
Mas nesse momento eu parei de ouvir a voz do Almofadinhas, como se precisasse, aquela lembrança ainda estava bem viva na minha cabeça:
Eu estava deitado, de barriga pra cima na minha cama, pensando naqueles cabelos cor de fogo que tinham a capacidade de me enlouquecer quando decidi tomar uma atitude drástica, me sentei na cama no momento que o Almofadinhas entrava no dormitório, como se lesse meus pensamentos, ele disse:
- Resolveu ouvir meu conselho?
Apenas confirmei com a cabeça, uma expressão decidida no rosto.
- Bem, agora é um bom momento, sabe. Ela está lá no Salão Comunal sozinha, as amigas foram passar as férias de natal em casa e todos os outros alunos da casa já foram deitar, vai logo cara!
Ficando mais feliz com o comentário do meu amigo e com a circunstância, desci a escada do dormitório e logo a vi, sentada na frente da lareira, tentando fugir do frio que era tão intenso que atravessava a grossa parede de pedra e invadia todo o castelo. Ela parecia estar perdida na própria mente, mas quando ouviu meus passos na escada despertou, olhou pra trás e disse, com a voz que ela usava apenas comigo, a voz de desprezo que tanto me machuca:
- Ah, é você?
- Nossa Lily, assim você me machuca! Tão decepcionada em me ver?- Perguntei me aproximando dela.
- Você não sabe o quanto e já te falei que, pra você, é Evans! Entendeu? OU QUER QUE EU SOLETRE?!- Falou minha doce amada, já gritando as últimas palavras.
Não pude agüentar, estaquei a menos de um metro dela:
- Por que Lily?
- Por que o quê?
- Por que você insiste em me desprezar?
- Não é bem assim Potter, não sou eu que te desprezo, é você que é desprezível!
- E por quê?- Tornei a perguntar.
- Por que o quê, criatura?- Falou ela áspera.
- Por que você acha que eu sou desprezível?
- Simples, por que você é galinha, infantil, estúpido, convencido, idiota, tapado e acha que, só porque sai com todas as garotas de Hogwarts, exeto eu, e é bom no quadribol, tem direito de fazer o que bem entende, na hora que bem entende e azarar todo mundo que vê pela frente só pra mostrar que é capaz! E ah, claro, como pude esquecer, porque você é você, Potter! Ta bom, ou quer mais?
- Mas, se você não reparou,- Falei com tristeza na voz e acho que ela percebeu, pois pareceu se desarmar um pouco.- eu parei de ser infantil, parei de sair com um monte de garotas, parei de azarar as pessoas e...
Nesse instante ela me cortou com uma tossida que pareceu ligeiramente com “Snape” e eu, entendendo o recado, falei:
- Mas o Snape é diferente, eu só azaro ele quando ele provoca ou pra...pra...
- Pra se achar.- concluiu ela na minha frente, no que eu corrigi.
- Não, pra defender VOCE! Quando ele te chama de sangue-ruim.
- Tá, tudo bem, o Snape a gente dá um desconto.- Murmurou ela sem-graça.- Mas e as garotas?- Disse recuperando o antigo tom e eu notei uma pontada de ciúmes, mas não verbalizei.
- Já disse que parei de sair com as garotas. E sabe por quê?
- Não.- Disse ela seca.
- POR VOCÊ, LILY, SÓ MUDEI POR VOCÊ! E VOCÊ NÃO PODE DIZER QUE SÓ PENSO EM MIM, PORQUE NÃO ME CONHECE, E PORQUE QUEM SÓ PENSA EM SI MESMO AQUI É VOCÊ, LÍLIAN!- Gritei exasperado e de uma vez tudo que ardia em meu peito.

Você não quis me ver
Não quis me conhecer
Você só pensa em amar você
Por isso te xinguei
Tão alto eu gritei
Eu só queria chamar atenção
Tocar seu coração.

Ela ficou em silêncio, mas logo em seguida:
- EU NÃO PENSO SÓ EM MIM POTTER!
- Pensa sim, Lily e só agora eu percebo isso, você não reparou em mim e na minha mudança porque só olha pra si mesma e, agora que vi isso, não sei se ainda quero mudar por você. Seu desprezo me machuca, machuca muito, EVANS!- Falei dando ênfase no sobrenome.

Eu não posso ser
Alguém que não sou
Só pra ter o teu amor
Não quero mais mudar
Só pra te agradar
Iria só me machucar.

Ela ficou quieta, me olhando, abriu e fechou a boca muitas vezes, mas parece que ela tinha perdido o dom da fala, finalmente eu consegui fazê-la entender tudo, a intensidade do meu sentimento e do meu rancor, mas, de repente, quando eu a vi dando as costas pra mim outra vez, entendi que não era bem assim, que não podia simplesmente deixá-la partir, pois, por mais que ela me machucasse, por mais que eu fosse desprezado, eu a amava e não era meia dúzia de palavras que iam me fazer esquecê-la.
Vendo a burrada que tinha feito, corri até o encontro dela e segurei-a pelo braço, virando-a para mim, na hora que eu vi seu rosto tive vontade de me chutar, ela estava chorando, chorando por minha culpa, eu tinha feito a mulher da minha vida chorar e, sem pensar duas vezes a beijei, com todo o ardor, com toda a paixão que eu tinha guardado por um ano inteiro e, por mais insano que possa parecer, ela correspondeu, Lílian Evans estava correspondendo meu beijo, com a mesma paixão, com a mesma intensidade, meu Deus, é assim que é um beijo de amor? Foi a melhor sensação que tive em toda a minha vida, não foi como os outros beijos que dei, foi carinhoso, delicado, foi apaixonado e apaixonante, foi, foi, foi Tiago e Lílian e não pode haver explicação melhor!

Eu errei desde o começo,
Mas não foi bem assim,
Tive medo de você e você teve de mim,
Medo de rejeição, do passado.
Mas senti que te amava e tentei consertar o que não estava certo,
Tive que te falar.

Mas então, como se tivesse levado um choque, ela se separou de mim e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela me deu um tapa.

Mas foi tarde demais

Ela terminou correndo o caminho que faltava até a escada do dormitório feminino e eu, querendo explicar tudo, chamei:
- LILY, ESPERA!

Te grito

Ela estacou na escada e virou pra mim:
- Nunca, está me ouvindo? Nunca mais faça isso!
E, sem me deixar dizer sequer uma palavra, subiu chorando a escada e eu, mais uma vez, tive vontade de me chutar, mas me contentei em chutar o ar, foi quando meu pé fez contato com algo e eu pulei pra trás, falando em tom arrasado:
- Tá bem Almofadinhas, pode sair daí, o show já acabou, você acabou de ver eu perder todas as chances que tinha com a Lily. Agora, me faz um favor? Me dá um soco?
Vi meu amigo se materializar na minha frente quando ele tirou minha capa da invisibilidade, acho que ficou com tanta dó de mim que a única coisa que ele me disse foi:
- Vem Pontas, voamos dormir, amanhã você começa tudo outra vez.
E, dizendo isso, passou um braço pelo meu ombro e me levou pro dormitório.
Foi assim que acabou a noite em que dei o primeiro beijo em Lily Evans, um desastre total, mas tudo bem, como disse o Sirius, hoje é um novo dia e eu vou descer pra tomar café e, mais uma vez, chamar ela pra sair comigo e levar outro fora, mas tudo bem, não ligo, um dia eu dobro ela...


N/A: The End! E aí? Ficou péssimo? Não tá tão ruim né?

Beijinhos

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