Olivaras e Snape




31 – Olivaras e Snape

O senhor Olivaras estava magro e acabado, profundas olheiras roxas rodeavam seus olhos azuis claro. Pelo aspecto físico geral notava-se que não comia e nem dormia há dias. Sua vasta cabeleira grisalha sempre tão armada mostrava-se agora grudada no couro cabeludo, suja e oleosa. Não tinha asseio corporal nenhum. Aparentemente não se via lesão no corpo, mas a mente sem dúvida fora muito maltratada.

-Sr. Olivaras! – Exclamou Quim. – É, viemos em busca de uma coisa importante e encontramos um dos desaparecidos.

-Olhe para mim, senhor Olivaras.

Mas o senhor Olivaras não imitiu reação nenhuma. Não era possível descobrir se ele ouvia ou não. Quim segurou seu rosto virando em sua direção.

-Senhor Olivaras, o senhor está me ouvindo?

-Não adianta Quim, ele não vai responder, está sob a maldição Imperio. E bem aplicado pelo que estou vendo. – Falou Moody. – Já passei por isso. – Falou baixinho.

Numa atitude inconsciente o senhor Olivaras empurrou as mãos de Quim e voltou a trabalhar. Seus gestos eram automáticos e objetivos, trabalhando em grande precisão. Na mesa onde estava sentado tinha uma infinidade de instrumentos diversos e estranhos, suas formas eram assustadoras para quem não estava acostumado com eles. Ao lado da mesa, dentro de uma caixa, havia uma quantidade absurda de pedaços compridos e grossos de uma madeira dura e negra. Numa outra caixa havia rolinhos e mais rolinhos de fios sabe-se lá do quê. Em cima da mesa quatro varinhas já prontas.

-É... Mas uma das artimanhas de Voldemort. Capturar Olivaras e forçá-lo a trabalhar para as trevas enfeitiçando o coitado. Temos que levá-lo para St. Mungus, quem sabe ainda há meios de recuperá-lo. Ele está há muito tempo enfeitiçado, pode acontecer com ele o mesmo que aconteceu com Bartô, enlouquecer. E vamos nos preparar, Voldemort não vai gostar disso. – Ponderou Arthur que assistia a cena inquieto parado à porta.

-Não. Não vai acontecer nada a ele. Eu fiquei dominado durante quase um ano, e estou inteiro. – Rebateu Alastor.

-Moody, essa não vai dar para esconder de Rufo. Olivaras aparecer do nada... É uma situação muito grave que vai chamar a atenção de todo Ministério e do jornal. Eu e Tonks teremos que informar os acontecimentos, não vai ter jeito de escapar disso, a não ser que vocês tenham alguma desculpa muito, mas muito convincente. – Opinou Quim com a concordância de Tonks.

-Acalme-se, vamos encontrar uma saída para que vocês não precisem ficar em evidência. – Respondeu Moody sem desviar a atenção do pobre homem que ainda trabalhava sem se dar conta com o que acontecia no porão.

-Mas terá que ser rápido. Hoje é Sábado, por sorte estamos fora do plantão até segunda-feira. Aí teremos que ter uma desculpa plausível.

-Terá que dar uma desculpa plausível “se” deixarmos que o Ministério tome conhecimento que o encontramos. – Falou Hermione muito sensatamente.

-Olhem... Porque não levamos o senhor Olivaras para a Sede e lá pensaremos melhor? – Palpitou Rony com olhar de ansiedade. – Pelo menos lá estaremos mais protegidos.

-Draco aparatou! Quem nos garante que ele não vai voltar com reforços? Vamos embora rapidinho daqui. Acho que é o melhor que temos a fazer. – Opinou Lino precavido. – A doninha branca é covarde sim, mas ainda fiel ao Lord.

-Lino está certo. Vamos embora agora. – Finalizou a sensata senhora Weasley. E aparatou não esperando pela concordância dos demais. Além do mais Harry poderia estar precisando de ajuda e sua filha podia estar nervosa além da conta.

-E que vamos fazer com Severo Snape? – Perguntou Arthur.

-Deixe-o com a gente. Nós três podemos dar conta do “querido” professor numa boa, não é mesmo garotos? – Respondeu Fred com um olhar que dava medo.

-Sumam com ele daqui. Vou ao encontro de vocês tão logo eu possa. – Mandou Moody.

Com um Snape sem vontade própria, os gêmeos agarraram seus braços e aparataram para o quartinho que ocupavam no piso superior da loja no Beco Diagonal.

Molly chegou a Sede e correu para o quarto de Harry. Ele estava cochilando na cama, já limpo da quantidade de sangue que o deixara imundo.

-Como ele esta, Héstia?

-Ah! Está muito bem. Tomou um banho, mas estava nervoso e Minerva foi atrás de Papoula há alguns minutos. Ele só está tirando uma soneca, mas bem. Não se assuste.

-E onde está Gina?

-Acho que está no banho. Ela estava gelada e pedi para que ela fosse se esquentar um pouco. Mas tive que garantir que não sairia do lado do garoto. Você já tem um genro. – Disse Héstia risonha.

-É... E um bom genro. Estou feliz que eles estejam juntos. Tenho Harry como um filho. Bom, acho que vou preparar um jantar quente, uma sopa cairia muito bem com esse frio não? – Respondeu mais calma sabendo que Harry estava melhor.

Enquanto passava pelo corredor em direção a cozinha ouviu os estalos caraterísticos de bruxos aparatando no jardim. Moody aparatou com as mãos no ombro Quim que entrou carregando um largado senhor Olivaras nos braços, do contrario o senhor Olivaras não entraria na Sede. Minerva e Papoula chegaram quase ao mesmo tempo em que o auror.

-Foi uma trabalheira conseguir tirá-lo da mesa onde trabalhava. Nós o afastávamos da mesa e ele para lá voltava como se atraído por um enorme imã. Tivemos que estuporá-lo. Só assim conseguimos trazê-lo. – Informou Quim para Madame Pomfrey.

-Ponham-no no quarto de Lupin. – Informou Molly enquanto seguia para seus afazeres já que não podia fazer nada mais. Pelo menos iria deixar todos de barriga cheia para os próximos acontecimentos que sabia que viria. A noite não terminaria ali.

-Deite-o aqui. – Pediu a curandeira preocupada apontando para uma cama. – Bem, primeiro Harry, o senhor Olivaras pode esperar alguns minutinhos, não lhe fará mais mal do que já fez.

Papoula pegou sua grande valise e dela retirou alguns frascos de cores diferentes. Misturou uma poção revigorante e foi encontrar Harry que já estava acordado, mas impedido de se levantar pela cautelosa Gina.

-Tome Harry, beba tudo, vai se sentir melhor num instante. – Informou enquanto abria a camisa do garoto para ver a cicatriz. – Fique tranqüilo, o vestígio do feitiço desaparecerão até o final da noite. Pode se levantar quando quiser o senhor esta bem.

-O que é isso?

-É ditamno, ajuda a evitar que fiquem cicatrizes.

Harry não pensou duas vezes, correu em direção à Gina que esperava ansiosa postada em pé próxima a cama.

-Acontece de tudo com você, não? – Disse Gina recebendo um beijo de Harry.

-Severo é a encarnação do mal. Fiquei com medo que acontecesse alguma coisa com você. Ele é vingativo e podia descontar em você a raiva que sente por mim. Seria capaz de matá-lo se isso acontecesse. – E abraçou a namorada mais forte ainda. – Vem, vamos ver o que está acontecendo no quarto.

-Harry. – Disse Gina sem se mover de onde estava. – Promete que você vai se cuidar?

Harry olhou para ela emocionado.

-Vou. Claro que vou. Ainda temos muito pela frente. Temos a nossa vida. – Pela primeira vez em meses Harry externava que tinha planos para o futuro com ela. – Vem. – Chamou carinhosamente.

-Que aconteceu? – Perguntou parado ao lado da cama do fazedor de varinhas.

-Encontramos o senhor Olivaras, Harry, saímos em busca de um pedacinho da alma de Voldemort e encontramos o senhor Olivaras. Está dominado pela maldição Império, pelo jeito há muito tempo. Não sei se haverá salvação para ele. – Respondeu Lupin preocupado.

-Madame Pomfrey pode dar um jeito nele. Ela sempre conserta todo mundo e dá certo. – Respondeu o garoto.

Ao ouvir o comentário, Papoula sentiu uma grande satisfação em saber da confiança que o menino que sobreviveu depositava nela. Concentrada continuava a misturar uns ingredientes.

-Hermione, por favor, me ajude aqui. – Pediu a curandeira enquanto ministrava a poção do esquecimento e outra para que o velho senhor se recuperasse fisicamente, com a garota segurando a cabeça do velho senhor estuporado.

-Que a senhora está fazendo? – Perguntou Harry curioso.

-É um procedimento simples. Damo-lhe de a poção do esquecimento, o colocamos para dormir, depois o Enervate e finalmente o Finite Encantate. Surtirá resultado. Mas ele pode não ter noção do tempo. Vamos deixá-lo dormir agora. Amanhã veremos os resultados. Além do mais esse pobre senhor está simplesmente esgotado, pele e osso, vejam só. – Disse com o olhar enternecido para o fazedor de varinhas. – Terei que dar-lhe poção revigorante pelo menos três vezes por dia. Saiam todos, vou banhar esse pobre homem, sujeira não faz bem para ninguém.

Não houve tempo de conversarem depois da janta. Engoliram alguma coisa de qualquer maneira que foi servida no prato e um a um sumiu pelo jardim encantado.

Gina por incrível que pareça não deu o contra pela nova saída de Harry, deu-lhe um beijo falando baixinho:

-Boa sorte.

Severo Snape continuava a não se dar conta do que acontecia, em pé, onde os gêmeos o colocaram não emitia nenhuma reação.

-Nossa... Como é bom ter esse cara a minha mercê. – Comentou Lino sarcástico.

Os garotos se divertiram fazendo Snape de palhaço. Não houve tempo de novos comentários e de nem judiar mais do professor, muito rápido os amigos invadiram o quartinho que dessa vez estava profusamente iluminado.

-Incarcerous. – Falou Lupin.

-Finite Encantate. – Moody ordenou. – Olá Severo, agora você vai vomitar todas as suas maldades, está pronto?

-Te fizemos de palhaço, seu palhaço. – Contou Fred divertido. – Seu bobão! Não costuma lavar as cuecas, né? É vimos suas cuecas. – E caiu na gargalhada.

-Vocês não tinham o direito de invadir minha intimidade! – Gritou Severo para os três amigos de farra.

-Mas você pode nos humilhar não é mesmo? Sou porco! – Retrucou Lino com raiva.

-Eu sou superior a você! Posso fazer o que quiser.

-Você não é nada. – Retrucou Fred em cima das palavras de Severo.

-Vamos Severo, comece de uma vez a falar.

-Me deixe em paz Olho-Tonto, vai ser melhor para você, estou avisando.

-Sinceramente estou morrendo de medo.

-Vai... Começa a cantar. – Mandou Lupin.

-O que você prefere Severo conversar por bem ou por mal?

-Anda logo professor, arranque desse bosta a verdade. – Gritou Harry transtornado.

Severo Snape olhou para o garoto cheio de ódio, de seu olhar saiam fagulhas que se, se materializassem causariam grandes queimaduras em Harry.

-Não vou dizer nada enquanto ele estiver na sala. – Respondeu Snape apontando com a cabeça na direção ao garoto.

-Você não está em condições de exigir coisa alguma. – Voltou a gritar Harry antes que qualquer outro presente na sala.

Severo continuava a encarar Harry sem emitir uma só palavra. Por incrível que pudesse parecer, ele não rebatia como era seu costume nenhuma fala de Harry, apenas continuava a encará-lo.

-CONTE TUDO SEU MISERAVEL DE UM FIGA. – Gritou Harry violentamente. – Porque você matou o professor Dumbledore? – A pergunta foi direta.

Inesperadamente Severo fazendo visível força para resistir começou a contar:

-Fiz o Pacto Perpetuo com Narcisa Malfoy tendo com testemunha Bellatriz Lestrange para proteger Draco das ordens que o Mestre deu. O Lord das Trevas mandou que Draco consertasse o armário Sumidouro para que os Comensais da Morte invadissem em Hogwarts e que matasse Dumbledore. Draco foi um fraco, não conseguiu matar o diretor, apesar de tê-lo sob sua mira varinha na torre. Como eu tinha o pacto, tive que matá-lo do contrario eu é que morreria. – Confessou Severo o que todos já desconfiavam.

-Desde quando você é espião de Voldemort? – Perguntou Lupin.

Severo se fechou em copas, não respondia a nenhuma pergunta que qualquer dos outros presentes fazia, fixava firmemente seus interrogadores numa atitude desafiadora. Moody coçando o queixo estava pensativo: como Snape respondia as perguntas de Harry e não respondia as deles? Pensava olhando profundamente para Snape.

-Hum... Harry mande que ele tome a poção Veritaserum. – Pediu Moody para elucidar a dúvida. – Vamos ver o que está acontecendo com essa coisa.

Harry cheio de satisfação pegou o frasquinho das mãos do professor e estendeu para o ex-professor.

-Chegou à hora da minha vingança Snape. Hoje se você não fizer o que eu mando, tirarei pontos da sua casa, e você já não tem tantas esmeraldas assim guardadas na ampulheta. – Harry gozava o professor com a satisfação estampada no rosto.

-Como ousa falar comigo dessa maneira seu moleque insolente.

-Cala a boca. Tome sem reclamar. Beba um bom gole desta poção. – Mandou o garoto calmo com um sorriso sarcástico brincando nos lábios. – Beba ser desprezível!

Mais uma vez Moody ficou pasmo. Harry conseguia comandar a vontade do maldoso professor sem que esse questionasse a autoridade impingida.

-Espere Harry. Ele não vai precisar tomar a poção. Você o interrogará. – Falou Alastor segurando a mão de Severo que levava o frasquinho à boca. – Vamos usar de uma maldadezinha com ele. Vai Harry, ele está nas usas mãos. Interrogue-o.

-Não! Prefiro ser interrogado com você Olho-Tonto, ele não. – Snape estava ciente que ser interrogado por Harry seria no mínimo deprimente. Ele acalentava em sonho acabar com Harry de maneira cruel.

-Ah! Resolveu me responder é? Quer cooperar agora? Agora é tarde, continue Harry. – Respondeu com um rosnado.

-Snape desde quando você é espião de Voldemort? – Harry não esperou receber autorização para fazer as perguntas que pipocavam em sua mente e começou com a pergunta feita por Remo anteriormente.

-Desde sempre. Nunca deixei o lado das Trevas mesmo sem meu Lord presente. Mas eu sabia que ele um dia voltaria. Ele havia me contado seus planos.

-Por que você me disse que sou sua tábua de salvação?

-Por que o velhote caduco do Dumbledore era esperto, sim, tão esperto que me enfeitiçou sem que eu soubesse. Eu nem desconfiei que ele pudesse fazer isso comigo. Nunca dei motivos para que ele desconfiasse de mim, minha mente está bloqueada. O amante de trouxas e sangues ruins bloqueou minha mente sem que eu percebesse. Não pude passar informações cruciais para meu Lord e ele está muito bravo comigo e temo pela minha vida. Quero te entregar vivo ou morto para ele e assim seria perdoado. Eu vou fazer isso Potter. – Respondeu com ferocidade na voz.

-Que informações o cobra do seu mestre deseja saber?

-Como estou enfeitiçado não posso denunciar quem são os outros integrantes da Ordem da Fênix, apesar de conhecer todos. Meu mestre precisa saber quem faz parte da equipe da retaguarda que nunca participa das reuniões. A turma que está sempre atenta a tudo e cuida da sua proteção quando você sai para algum lugar, você nunca faz nada sozinho. Foi por isso que o Lord desconfiou que deveria ter mais informações na maldita profecia, você é protegido demais. Esses amigos que te vigiam e ficam na sombra conhecem toda história. Esses outros. – Falou se referindo a Moody, Lupin e Arthur. – Não sabem de nada.

-E como você sabe que tem mais coisas sobre a profecia?

-Vi na sua mente no ano passado quando você estava cumprindo a detenção na minha sala que tinha algo mais além do que eu já conhecia. Mas não conseguia chegar até o final dela. Dumbledore bloqueou na sua mente. Nem eu que sou um exímio legilimente consegui ler. Você não aprendeu a ocultar seus pensamentos, mas o seu mentor fez o trabalho para você, e impediu que mais alguém pudesse ler sua mente.

-Para que ele quer saber quem somos?

-É essencial que meu Lord saiba quem são os integrantes dessa maldita Ordem. Ele quer pegar um deles para poder descobrir o mistério que te envolve. Você, maldito menino que está mais protegido que um bebe recém nascido. – Berrou Severo fuzilando Harry. – Ele precisa acabar com você.

-Qual é o próximo passo que vocês estão planejando?

-Nott, junto com Lucius e mais alguns comensais está encarregado de pegar qualquer um dos seus amigos na primeira oportunidade. Qualquer coisa que aconteça a eles te afeta, principalmente se for um dos Weasley. Você é muito frágil, tudo que acontece com eles te abala. Há também um plano para atacar a comunidade bruxa. Não se mais nada.

Harry tremeu. Não poderia por a vida dos amigos em perigo de jeito nenhum.

-Onde eles estão vigiando?

-Hogwarts, Hogsmead, Beco Diagonal... Todos os lugares bruxos. Você não conseguirá dar um passo sem ter algum na espreita. Você está cercado seu moleque imbecil!

-Como você mesmo disse Snape, estou cercado por amigos. Seu mestre não conseguirá chegar perto de mim. Você acabou de traí-lo nos contando suas intenções. Muito bom Severo Snape, muito bom. – E sorriu satisfeito. – É assim que eu gosto um perfeito elfo doméstico que atende a seu amo.

Harry sem perceber estava adquirindo uma fantástica habilidade de virar as ameaças recebidas para o próprio agressor.

Severo Snape perdeu toda cor do rosto, pela ofensa e por não ter imaginado que tinha ido tão longe. Se sua situação já era delicada, agora ele havia piorado em muito e tudo por causa do odioso menino Potter.

-Vou te matar Harry. – Gritou alucinado com o rosto vermelho de ódio.

-Você já falou isso, Snape. Não se repita, é muito chato ouvir sempre a mesma coisa. – Disse olhando firmemente para o prisioneiro.

-Vocês querem perguntar mais alguma coisa? – Perguntou Harry para os amigos da Ordem, que apesar de muito bravo, mantinha uma aparente calma na voz.

-Não. – Respondeu Moody. – Acredito Harry que você conseguiu extrair desse comensal tudo que precisávamos saber. Temos informações necessárias para nos organizar de agora em diante.

-Harry, pergunte para esse seboso sobre as Horcruxes. – Sugeriu Lupin se referindo a Severo Snape da mesma forma quando eram inimigos nos tempos que freqüentava a escola.

-Me diga ranhoso, onde estão escondidas as Horcruxes de Voldemort fez?

-Sei o paradeiro de seis delas. Uma é a cobra, Nagini, está sempre aos pés Lord Voldemort, o Medalhão que está na Mansão dos Black, a Taça que está escondia no orfanato, o Diário destruído por você por pura sorte e o anel que estava na mão de Dumbledore, e outra parte no próprio Voldemort. Mas tem uma delas que ele não conta para ninguém, é a mais importante. Não sei onde está e nem o que é.

De um momento para o outro Severo Snape começou a ficar rubro e dominado por uma fúria descomunal, conseguiu vencer as cordas invisíveis que o prendiam e avançou no pescoço de Harry tentando com todas as forças matá-lo sufocado ali mesmo na frente de todos. Nunca, nem em seus piores pesadelos ele imaginou que um dia ficaria a nas mãos do menino por quem passou uma vida nutrindo dia a dia um ódio mortal. Era esse ódio que o mantinha vivo.

Harry foi apanhado de surpresa. Sentia as mãos de Severo lhe apertar o pescoço com força, dificultando sua respiração. A garganta do garoto ardia e doía com a pressão que recebia. O ar começava a lhe faltar. Seu óculos vôo longe, a visão começou a ficar nublada. Moody e Lupin correram em socorro de Harry, enquanto os outros tentavam com força afastar Severo do amigo. Jorge e Arthur agarraram Severo pelas costas, enquanto Lino e Fred pelas pernas. Rony sozinho tentava soltar das mãos de garra do pescoço do menino que sobreviveu. A vontade do professor era ferrenha, sua força era fora do comum; foi um custo conseguir tirar Harry das garras de Severo. Percebendo que sua situação era a pior possível, Severo Snape conseguiu aparatar sabe-se lá como. Tudo aconteceu num milésimo de segundo...

-Ai! – Reclamou Harry rouco, olhos lacrimejantes, tossindo e cuspindo como um louco esfregava o pescoço agora com as marcas arroxeadas dos dedos de Severo Snape.

-Como você está? – Perguntou Arthur preocupado.

-Está doendo muito. – Reclamou com as mãos na garganta. - Cadê meus óculos? Por que não o estuporaram?

-Poderíamos ter lhe acertado. Vocês não paravam quietos. – Justificou-se Jorge. Parecia que estavam dançando!

-Ele enlouqueceu, só pode ser isso. – Opinou Lupin. – Tentar matar Harry e ainda na nossa frente! Ensandeceu, só pode ser isso.

-Que enlouqueceu o que professor! – Exclamou Rony mais alto do que pretendia. – Ele é louco e perverso, é isso que ele é.

-Que vamos fazer agora? Ele conseguiu escapar.

***

-Que é isso no seu pescoço? – Perguntou Gina apavorada vendo as marcadas arroxeadas. Harry se abraçou a ela.

Ultimamente eles estavam mais ligados que o normal. Passavam juntos todo tempo disponível e trocavam baixinhos palavras que só interessava aos dois.

-Snape tentou... – Mas não teve tempo de continuar a contar, a história já fora iniciada pelos amigos.

Enquanto os três organizadores da Ordem da Fênix contavam para todos o que havia acontecido, Madame Pomfrey aproveitou para cuidar mais uma vez de Harry, passou um ungüento no seu pescoço e num piscar de olhos a manchas desapareceram, deu-lhe uma poção para a dor na garganta.

-E agora professor Moody, o que vai acontecer? – Perguntou Harry já sem dor e voz normal.

-Não sei Harry, Voldemort é imprevisível e não dispensa bons tratos a ninguém. Vamos esperar. – Quim... Coloque os aurores de sobre aviso. Voldemort terá uma reação desagradável.

Por sorte Quim e Tonks ainda estavam na Sede. Acharam melhor ficar esperado o retorno do pessoal que fora interrogar Snape e quem sabe uma possível reação do senhor Olivaras, o que não aconteceu.

-Vocês prestaram atenção no que Snape contou lá na mansão dos Riddle? – Perguntou Minerva.

-Claro que prestamos atenção. Ele esteve em Hogwarts e ficou nos vigiando. Que ousadia! – Comentou Lupin. – Precisava pegar uns ingredientes na masmorra que ocupou. Ora vejam só... Tem gente que não se enxerga mesmo. – Lupin estava abismado com a atitude do ex-colega de Hogwarts.

-Bem que tentei chegar até ele. Claro que eu não sabia que podia ser ele, mas daí surgiu aquela faísca não sei de onde e ele simplesmente sumiu. – Contou Moody.

-Mas ninguém aparata e nem desaparatar de Hogwarts. – Falou Hermione cheia de impaciência por só ela ter lido Hogwarts – uma história.

-Existem outros modos de se tornar invisível, Hermione. – Rosnou Olho-Tonto.

-Então... Quer dizer... Então era ele que estava me vigiando quando eu ainda estava na casa do Dursley! Fazendo o trabalho sujo para seu Mestre.

-Pelo que tudo indica Harry, era ele mesmo. – Disse Gui. – Fico espantado em pensar como nunca desconfiamos dele antes. Vocês estiveram sob o olhar desse sanguinário durante anos.

-Agora não resolver lamentar. Harry nunca acreditou nele um instante. – Contou Neville. – Ás vezes eu o ouvia discutir com Hermione por causa disso.

Hermione ficou sem jeito, ela sempre reforçava as palavras do professor Dumbledore cada vez que Harry argumentava contra Snape.

-Ta, ta bom. Eu me enganei. – Disse Hermione sem jeito.

-Estivemos por que Dumbledore confiava nele, e por mais insano que Snape possa ser, ele não arriscaria coisa alguma contra mim debaixo do nariz do professor. Ele é esperto. – Comentou Harry.

-Não foi só em Hogwarts e na rua dos Alfeneiros que ele te vigiou Harry, eu o vi em Hogsmead também quando o quadro de Dumbledore acordou. – Contou Lupin.

-Ah! Vai! Ele nunca foi do bem. – Falou Gina. – Não é normal alguém ser tão odiado quanto ele. Quer dizer, a gente pode não gostar de uma pessoa aqui outra ali, claro; às vezes não vamos mesmo com a cara da pessoa, mas quando ninguém gosta dela, tem alguma coisa errada, né? Tudo tem um limite.

-Por que você não comentou nada comigo, Remo? – Quis saber Harry.

-Pra quê? Não iria adiantar de nada.

-Sabe... Numa das últimas conversas que tive com o professor Dumbledore eu falei novamente que não acreditava em Snape, e por um segundo pensei ver um brilho estranho em seus olhos. É claro que ele voltou a afirmar que Snape era de confiança. Eu não consigo entender o porquê desse comportamento tão obstinado. – Contou Harry. – O professor era tão sensato!

-Será que não foi por isso que ele bloqueou a mente de Severo? – Perguntou Arthur. – Vocês sabem, por mais que Dumbledore tivesse atitudes que não conseguimos entender, ele também era precavido. Tanto é que bloqueou o final da profecia em Harry. Ele era excêntrico sim, mas não bobo.

-Ele deve ter bloqueado a mente de Severo muito antes dessa conversa com Harry, pois do contrario Snape já teria contado ao Lord. – Raciocinou alto Lupin.

-Mas foi perversamente enganado. – Rebateu Harry.

-É foi, mas mesmo antes de tudo acontecer tomou atitudes que só nos favoreceu, a Caixa de Dumbledore por exemplo.

-Que já nos tirou de apuros. Por falar nisso, Fawkes não apareceu mais. – Comentou Arthur.

-Deve ser instruções do professor. A ave era fiel ao extremo e continua sendo pelo que podemos perceber. – Disse Gui.

-Mamãe, a senhora hein? Atacou com a maior categoria lá na mansão, gostei de ver. – Elogiou Carlinhos a mãe, mudando completamente o rumo da conversa já que não havia mais o que pudessem concluir.

-Nossa! Me deu um negócio aqui. – Falou passando a mão pelo peito. – Eu tinha que fazer alguma coisa, simplesmente não podia ficar parada e deixar as coisas acontecerem sem fazer nada.

-É, para quem um dia não conseguiu se livrar de um bicho-papão, você se saiu muito bem querida. – Comentou o marido.

Molly ficou vermelha de vergonha. Na verdade desde aquele fatídico dia ela tinha perdido um pouco da confiança em suas qualidades de mágicas, mas depois com os ensinamentos dos professores ela havia readquirido a confiança em si mesma, e arrematou:

-E que ninguém faça mal às minhas crianças. E que esses malditos comensais não cruzem meu caminho, já não sei do que sou capaz de fazer.

O desabafo foi recebido com aplausos e gritos de entusiasmos dos filhos: “aí mamãe, é assim que se fala”, “essa é a minha mãe”, gritava os gêmeos.

-Que caixa é essa jogada aqui na sala? Já não disse que não quero bagunça na sala de estar! – Reclamou voltando a ser a Molly de sempre e pegando a pesada caixa sem tampa. – Por Merlin... Que é isso?

-Me dê aqui Molly, eu guardarei essas coisas. – Pediu Lupin.

***

Voldemort estava lívido, a notícia que Draco havia abandonado a missão da maior importância o deixará estarrecido. Para os planos que estava preparando era essencial manter o senhor Olivaras fazendo mais e mais varinhas. Como ele agora iria submeter bruxos sob a maldição imperio mais forte para atacar a comunidade e desestabilizar ainda mais o Ministério tão fragilizado se não tinha mais como ter varinhas feitas exclusivamente para as trevas?

Olhou para Draco possesso com seus olhos em fendas brilhando de raiva.

-Você errou muito menino. – E apontou a varinha para ele.

Draco contorcia-se no chão, berrava, gritava, não conseguia pedir por clemência. Lágrimas escorriam de seus olhos claros, tamanha dor que sentia. Eram com certeza facas afiadas e quentes que o perfuravam sem só nem piedade cada centímetro de seu corpo. Ele não sabia o que podia ser pior que aquilo que estava passando. Era sem dúvida o pior dia de sua vida. Mas nada do que gritava fazia com que o Lord das Trevas tivesse piedade. Até que de repente a dor passou.

No quartel-general de Lord Voldemort, Draco estava largado no chão molhado de suor. Seu pai, Lucius, agora ajoelhado ao lado enxugava sua testa molhada.

-Dói pai. Dói muito. – Exclamou sem forças no chão.

-Já passou. – Dizia Lucius que acompanhara ao lado do mestre seu filho ser castigado sem poder fazer nada para impedir que o garoto sofresse. Doía-lhe no peito o castigo que o filho sofria.

Voldemort se desinteressou de Draco como se nada de mais tivesse acontecido e voltou sua atenção para Severo Snape que acabara de chegar.

Depois de um tempo...

-Repita Snape, tudo o que aconteceu. – Voldemort estava ensandecido, possesso.

Obedientemente Snape contou exatamente com as mesmas palavras usadas anteriormente tudo que havia acontecido.

-Finite Encantate. – Gritou Lord Voldemort depois que Snape terminará de contar pela segunda vez. – Snape, você é um fraco. Como se deixou ser capturado com tanta facilidade?

-Não sei o que aconteceu. Eu só pensava em manter o homem na velha mansão. De repente tudo mudou de rumo e não tive como reverter a situação, foi totalmente inesperado. – Respondeu respeitoso.

-Mas eu sei. Você perdeu sua utilidade. Primeiro queima os livros onde poderíamos achar um antídoto para a poção do esquecimento; segundo não consegue desvendar os sussurros na mente do Rabicho; terceiro não consegue me contar quem são os outros integrantes dessa maldita Ordem; quarto não descobriu o final da profecia, e agora isso? Não Snape, você não tem nenhuma serventia para mim. Sua prepotência o levou longe demais. Nagini...

A cobra veio rastejando indolente até os pés de seu dono e ali ficou toda enrolada como um estranho animal de estimação.

-Mas Draco também fugiu de Little Hangleton, aliás, todos fugiram, só eu fiquei protegendo o senhor Olivaras da Ordem. E o que eu podia fazer sozinho?

-Draco já foi castigado pela imprudência em deixar uma missão da mais alta importância. – Falou o Lord das Trevas interrompendo a fala de Severo.

-Não, meu Lord, ainda tenho como lhe ajudar... – O Comensal da Morte tentava de todas as formas escapar do destino que li no rosto do Mestre.

-Já fui clemente demais com você, levei em conta suas informações no período em que estive impossibilitado de agir. Você já recebeu mais do que merecia. Nagini...

-Espere um minuto mestre. Ainda tenho uma informação importante. Sei como o senhor, meu Mestre pode pegar um dos Weasley.

-Onde Severo Snape? Onde?

-No Beco Diagonal, na loja Gemialidades Weasley. Foi para lá que me levaram. – Informou apressado.

-E porque não me disse antes Severo? Esperou que eu me irritasse.

-O senhor não tinha me dado tempo senhor. – Justificou-se fazendo uma respeitosa referencia.

***

Domingo amanheceu mais gelado que nunca, havia nevado a noite inteira. O inverno não estava nada fácil de agüentar. Muito cedo a Sede da Ordem da Fênix já estava movimentada, seus moradores acordaram ansiosos depois de uma noite mal dormida. A toda hora chegava um integrante querendo saber notícias do senhor Olivaras que continuava desacordado deitado no quarto na companhia de Madame Pomfrey.

-Dia gente. – Cumprimentou Tonks entrando na Sede tão disposta que assustou a senhora Weasley.

-Aconteceu alguma coisa querida? Não é comum você aparecer aqui tão cedo.

-Nada! Não dormi direito mesmo, cansei de ficar em casa sozinha e resolvi vir para cá. Ainda to cheia de adrenalina, não consegui ficar parada um só minuto. Minha casa está parecendo a casa trouxa da tia de Harry, reluzindo de limpeza. – E fez um gesto com as mãos os dedos abertos indicando que tudo brilhava.

-Hum, estava animada hein! Mas fez bem. Vai, tome o café da manhã. Os garotos já estão em pé, já - já descerão.

E assim a famosa cozinha da Sede foi aos poucos ficando lotada, com cada um se servindo dos gostosos pratos que Molly preparara para o café da manhã.

-Novidades Tonks. – Perguntou Hermione.

-Nadinha de nada, isso é muito estranho. Com certeza Severo voltou para o quartel general do tal do Lord, só nos resta esperar para saber o que aconteceu.

-DUMBLEDORE! DUMBLEDORE!

Um grito de desespero assustou a todos que estavam conversando na mesa do café da manhã ouviram como os cabelos da nuca em pé.

-É o senhor Olivaras. – Reconheceu Molly.

Todos correram se esbarrando pelo corredor que levava até o quarto do senhor que estava enfeitiçado.

-Calma. – Falava Madame Pomfrey junto do doente. – Está tudo bem. Dumbledore já vai chegar. – Dizia tranqüila fazendo o velho senhor tomar poções para o restabelecimento completo.

-Você fez o finite encantate, Papoula. – Perguntou Molly baixinho.

-Fiz, acabei de fazer todo tratamento.

-Preciso falar com ele. É importante. – E fazia esforço para se levantar.

-Não, fique deitado, assim que ele chegar eu o trarei até aqui. Tome isso. – E colocou mais uma caneca com uma um poção nas mãos do velho.

Minutos se passaram até que ele com olhos arregalados olhava para a curandeira.

-Hei! Conheço você! Por que está aqui?

-O senhor sabe quem sou eu?

-Claro que sei, ora essa! Que pergunta mais idiota. Vamos, saia me deixe levantar, a senhora está me atrapalhando. A situação é séria. Sai da frente mulher.

Papoula achou melhor atender e observar o que Olivaras ia fazer.

Ele se levantou rápido demais para alguém que estava bastante enfraquecido, mas caiu em seguida e foi ajudado pela curandeira para tornar à cama.

-Viu, eu não disse para ficar deitado.

-Mas o que aconteceu comigo. – Perguntou não entendendo nada.

-Deixe que eu explico. – Pediu Moody que havia chegado naquele instante na Sede.

-Olivaras, o senhor sabe quem eu sou.

-Que pergunta idiota! Claro, é Olho-Tonto Moody.

-Muitas coisas aconteceram, Olivaras, muitas e sérias. – E olhou para Papoula. – Será que ele agüenta saber?

-Se não agüentar logo saberemos. – Foi a resposta que a curandeira deu. – Vai em frente.

-Porque que conversar com Dumbledore?

-Por que comensais da morte estão entrando na minha loja. Rápido, chame ele.

-Dumbledore virá mais tarde. Podemos conversar em quanto isso.

-Há alguns dias Voldemort apareceu em pessoa na minha loja me chantageou, quer que eu trabalhe para ele fazendo varinhas poderosas para todos os comensais. Eu me recusei, olha o que ele me fez. – E levantou a camisa. – Ué, tinha um baita corte bem aqui. – Disse apontando na altura do estomago. – Estava aqui agorinha mesmo!

-Acontece que se passou muito tempo desde que isso aconteceu, Olivaras. Isso aconteceu há quase um ano.

-Não, não, foi agorinha mesmo. Eu não estou ficando louco!

-Claro que não está. Mas foi submetido à maldição imperius, e ficou desaparecido todo esse tempo.

-Não pode ser! – Seus olhos claros se arregalaram de espanto.

-Pode sim. Te encontramos ontem no final da noite enfeitiçado e escondido na antiga mansão dos pais de Voldemort vigiado por seis comensais e entre eles Severo Snape.

-Nossa! E onde eu estou agora? – Exclamou o velho mais que abismado.

E assim Moody foi contando com cuidado, para não assustar mais ainda o velho senhor, as condições em que fora encontrado e o situando no tempo e espaço. A cada novo relato Olivaras mostrava-se mais e mais espantado.

-Dumbledore está morto? Não pode ser! E agora?

-Está sim, e agora tocamos a vida Olivaras. A morte chega para todos.

-Estou muito confuso.

-Eu entendo.

-Acho que o senhor precisa dormir mais um pouco. Logo tudo ficará mais claro de entender. – Disse com calma Madame Pomfrey.

-É, acho que é melhor eu dormir mesmo, acho que estou sonhando. – E tomou de um só gole a poção do sono sem sonhos.

-Não vamos contar para ele sobre as Horcruxes, né? – Pediu Harry.

-Não. Tenho que pensar num local para escondê-lo. Se ele voltar para a loja com certeza será capturado novamente pelo lado das trevas. E o hospital não é tão seguro assim. Mas onde?

-É melhor deixá-lo aqui mesmo. Estará mais seguro. – Disse Hermione.

O fato de o senhor Olivaras despertar demonstrando não estar louco, deixou os integrantes da Ordem de Fênix mais sossegados em relação a sua recuperação.

Muito cedo na manhã seguinte o silencio reinante foi logo quebrado.

-Sai para lá sua velha. Deixe-me ir atrás de Dumbledore.

-Sr. Olivaras, lembra-se do que Moody lhe contou ontem? Dumbledore morreu.

-Você está louca. Imagina Dumbledore morto.

-Mas é verdade, senhor Olivaras. É a mais pura verdade.

-Então eu não sonhei!

-Não senhor. O senhor acordou ontem e teve uma longa conversa com Moody.

Exasperado ele passou a mão pelo rosto e testa numa tentativa vã de colocar um pouco de coerência nos pensamentos em desordenados.

-Me diga. O que eu fazia quando me acharam?

-Fazia varinhas. O que mais o senhor sabe fazer, a não ser varinhas!

Foi a pior coisa que Madame Pomfrey podia ter dito naquela hora. O homem pareceu perde o juízo de vez, tal agitação que tomou conta dele.

-Fazia varinha? Fiz varinhas! Onde elas estão. Cadê as varinhas, preciso vê-las agora. Entregue-me as varinhas. – Sem firmeza e nem equilíbrio saiu do quarto cambaleando se apoiando nas paredes e guardas das cadeiras.

Madame Pomfrey foi atrás dele tentando apará-lo, pois ainda estava muito fraco. Ele encontrou com Molly a caminho da cozinha.

-Cadê as varinhas... – E procurava com o olhar revistando todos os cantos onde pudesse encontrá-las.

Molly, sentindo a urgência correu em busca da caixa que fora guardada na sala de reuniões.

-São estas. – Disse Molly com a caixa na mão.

-Me dê! Me dê aqui! Que mais vocês encontraram?

-Está tudo dentro da caixa. Foi só isso.

Lupin acordou com a movimentação fora do normal na Sede e ainda de pijamas foi em direção ao barulho.

-O que houve?

-Olivaras endoideceu quando eu disse que ele foi achado fazendo varinhas. Não imaginava que pudesse causar tanto alvoroço. – Desculpou-se Papoula.

-Tudo bem. – Respondeu automaticamente, pois estava prestando atenção no fazedor de varinhas.

Olivaras revirava sem parar o conteúdo que via dentro da caixa.

-Malditos, malditos! Eles usaram minha arte para o mal! Isto! Estão vendo isto! – E mostrava os rolinhos. – É cabelo de inferis, se usa para fazer varinhas malignas. – E mostrava aos presentes os fios opacos e embranquecidos. – Preciso destruir tudo. Onde posso fazer isso? O melhor seria fogo... é o fogo é o melhor.

Lupin sem pedir explicações, pois considerou que Olivaras sabia o que estava fazendo conjurou uma fogueira de bom tamanho.

Movido por puro instinto o fabricante de varinha pegou uma das varinhas e a partiu ao meio. Faíscas pretas se soltaram dela.

-Vê? Não prestam para nada, só servem para fazer ruindade. Elas não conjuram nada de bom.

Revoltado partiu ao meio varinha por varinha e jogava os pedaços no fogo vermelho vivo da fogueira. Jogou todo conteúdo da caixa na fogueira. Depois com a cabeça reclinada murmurou algumas palavras, quando terminou disse alto:

-Merlin, que teria acontecido se esses instrumentos do mal estivessem nas mãos dos seguidores das trevas.

-Pronto, Olivaras, já terminou agora se acalme, por Merlin.

-Ainda não. Tem uma delas nas mãos de Lucius Malfoy. – Contou Harry que calado observou toda movimentação no jardim encantado.

-Como você sabe?

-Eu vi quando duelamos em Askaban, ele tinha uma delas.

Enquanto o senhor Olivaras era levado para o quarto pela curandeira, ouvia-se a palavras de indignação:

“Feras! Esses Comensais da Morte são feras e deveriam estar enjaulados. E o Ministério o que faz? Nada”.

-Está bem senhor Olivaras. Agora venha se deitar mais um pouco. – Disse a voz de Madame Pomfrey conciliadora para o idoso senhor.

Depois das varinhas destruídas e o senhor Olivaras de volta para o quarto, Moody se reuniu com os demais membros da Ordem para tentarem resolver onde abrigar o pobre homem do Ministro. Por consenso acharam melhor que o mais indicado seria escondê-lo em Hogwarts. Sob a proteção de Minerva com certeza ficaria bem.


***

25/03/2007 – 12h30

Bom, mais um cap. A fic está chegando a seu desfecho, mas ainda vem um pouco mais de aventura por ai. Mas também tenho um triste noticia, é. Outro dia comentei com um dos leitores que eu estava delineando o capítulo final, pois é, não sei por que ele simplesmente desapareceu do micro. Já virei e revirei a máquina a procura do desaparecido e nada. Impossível de achá-lo nessa bagunça em ordem alfabética que está minhas coisas. Ainda bem que tenho boa memória, mas vou ter que começar a descrever o final tudo de novo. Espero que de certo.

Aos meus leitores sempre presente meus beijos e abraços.
Gina_Weasley, Vivi Black, Sô, MarciaM, Manu Riddle, Zoey Kinamoto Black, Lili Coutinho, Eline Garcia, Amanda Regina Magatti.

E claro, aos leitores e visitantes silenciosos também.

Conto com vcs.

Linda semana a todos.

[]s e {}s

McGonagall


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