A descoberta
9 – A descoberta
20 de agosto.
- Gui. – Harry bateu na porta do quarto do amigo muito cedo. – Guilherme. – Chamou novamente.
- Entre, Harry.
- Desculpe-me. Mas não estou sossegado. Tem alguma coisa errada. Não sei exatamente o que é. Mas sinto aqui. – Disse, pondo a mão no peito. – Estou sentindo uma opressão. Alguma coisa vai acontecer. – Disse Harry, num fôlego só. Estava realmente preocupado.
- Venha, Harry, vamos descer e conversar com meu pai. – Carlinhos, que descia as escadas do sótão, quis saber porque Harry estava em pé tão cedo.
- Vamos conversar lá embaixo, Carlinhos, senão vamos acordar a todos.
- Papai...
- Quê! Que foi? – Arthur estava lendo o Profeta Diário sentado no sofá enquanto Molly não acordava.
- Harry esta sentindo que tem alguma coisa errada.
- Como assim, Harry?
- Não sei explicar, senhor Weasley. É a mesma sensação estranha... – Disse, balançando a cabeça.
- Gui, como está a proteção d’A Toca?
- Está em ordem. O senhor sabe como funcionam as proteções...
- É... Sei.
- Como é? - Quis saber Harry.
- Não, Harry... Não se pode falar. Sinto muito.
Um estalo na lareira, Lupin entrou e logo depois Tonks.
- E aí? Tudo beleza com vocês? Caíram da cama, foi? – Disse sorrindo.
- Nem tudo, Tonks. Harry está muito cismado com alguma coisa que está lhe tirando o sossego.
- Alguma coisa com o Mestre das Trevas, Harry? Você tem praticado oclumência?
- Acho que sim. - Tenho praticado sempre, Remo. – Disse desanimado.
Gina apareceu na cozinha apoiada em Hermione. Seus olhos estavam inchados, o rosto mostrava claras marcas de lágrimas. Quando viu Harry, correu para ele abraçando-o. Agora chorava mais ainda. Harry não perguntou nada, apenas ficou abraçado a ela esperando que ela se acalmasse. Não adiantava nada perguntar enquanto ela estivesse naquele estado. Pacientemente esperou.
Quando os soluços diminuíram e ela começou a dar sinais de já estar mais calma, perguntou.
- Que foi Gina? Me conta... – Mas a menina apenas balançava a cabeça e não conseguia dizer nada.
- Fala, Hermione... O que aconteceu para ela estar assim?
- Posso contar, Gina? – A garota acenou que sim.
- Bom... É que Gina, desde que foi possuída pelo Diário de Tom Riddle, vem tendo pesadelos.
- Como é que é? – Perguntou Molly, que entrava na cozinha naquele instante. – Por que você não nos contou antes, minha filha? – Abraçou a filha. – Venha tomar um chá. Assim você se acalma e explica essa história direito.
O chá virou o café da manhã. Na cozinha todos conversavam esperando que Gina pudesse se explicar melhor, mas pelo jeito ela não ia falar nada. Tinha a cabeça apoiada no ombro de Harry, muito quieta. Então, dando uma olhada para a amiga...
Gina tinha contado para Hermione sobre os pesadelos que vinha tendo desde que tinha achado o diário de Tom. Como ele a ameaçava em sonho, como ela sonhava com a “cobrona”. Que de nada ia adiantar ela tentar ajudar Harry, porque ele iria morrer mesmo; quando ele menos esperasse iria ser morto.
Hermione continuou. – Acho que tem um jeito de ajudá-la.
- Como, Mione? – Harry quis saber.
- Sabe... Eu li num livro que vivenciar as experiências passadas pode ajudar a aceitar as recordações ruins. – Falou Hermione e continuou. – O que Gina passou durante quase um ano nas mãos de Tom Riddle não foi fácil. É traumatizante para qualquer um...
- O que isso quer dizer, Hermione? – Perguntou Carlinhos, não escondendo sua preocupação com a irmã caçula.
- É o seguinte... Gina precisa “ver o que aconteceu de fato”. Ela só sabe o que foi contado por Harry. Ninguém na verdade viu nada. Eu estava petrificada e hospitalizada e Rony ficou preso do outro lado do desmoronamento. Ninguém sabe como foi a luta ou que aconteceu de verdade.
- Eu acho que ela pode ter razão. – Disse Gina para Harry.
- Será que ela não vai ficar mais assustada ainda? O que aconteceu na Câmara foi horrível.
- Eu tô falando que tem alguma coisa errada. Na mesma noite que sinto essa opressão, Gina sonha. Não é só uma coincidência. Não é mesmo! – Falou Harry abraçado a Gina. – E o que faremos? Alguma sugestão?
- Harry, por que você não usa a penseira? – Sugeriu Lupin.
- É uma idéia. Esperem. Vou buscá-la.
Harry voltou a penseira nas mãos. Com a ponta da varinha encostada nas têmporas, retirou os pensamentos e os colocou na penseira, da mesma forma que vira o professor Dumbledore fazer nos encontros semanais que tiveram.
- Pronto, eles já estão aí dentro para que vocês os vejam. Coloquei tudo aí. As lembranças do Professor também. Assim fica mais fácil examinar quando tivermos alguma dúvida.
Mergulharam na penseira. Começaram vendo e estudando as memórias do querido professor. Suas conversas com Harry, as discussões que tiveram sobre Tom Riddle, enfim, tudo que havia acontecido.
Quando começaram a ver as lembranças de Harry, se assustaram. As cenas das memórias de Harry iam passando como um filme frente aos olhos dos viajantes. Era estranho para ele ver a si próprio tão pequeno enfrentando um monstro daquele tamanho. A Senhora Weasley chorava o tempo todo. Arthur estava espantado com o sangue frio do menino que sobreviveu.
Quando saíram da viagem que durou mais ou menos uma hora, todos olhavam para Harry, a admiração estampada nos rostos.
- Não imaginava, Harry, que tinha sido tão, tão... – Disse Gina engasgada.
- Assustador? – Sim, foi.
Gina de repente ficou anormalmente quieta agarrada a seu braço e apertava sua mão de uma maneira que nunca tinha feito antes.
- Tudo bem, Gina? – Perguntou Harry.
- Não. Sabe o que é? É que numa das vezes que o Tom me possuiu foi ele me mostrou um troféu, uma medalha, não sei direito o que era, e não me lembro onde se encontrava. Mas ele estava orgulhoso daquilo. Orgulhoso mesmo!
Harry sentiu um nó no estômago, será?
- Que mais, Gina?
- Então... Quando a gente conversava, ele me contava coisas dele também. Acho que queria me envolver. Quer dizer, vejo isso hoje, porque na época eu não via assim, né? Mas, não dá para explicar, só sei que era algo dele, Harry; uma coisa brilhante.
- Gina, você é um gênio. Temos que ir buscar o outro Horcrux que está em Hogwarts. Quer dizer...Acho que pode ser outro Horcrux. Gina deu as indicações necessárias. – Harry encheu o rosto de Gina de beijos, abraçando-a.
O Menino que sobreviveu esqueceu momentaneamente as preocupações que estava sentindo desde o começo do dia.
Rony desceu com a maior cara de sono do mundo. Sentou-se à mesa e serviu-se do café da manhã. Estava realmente imerso em seus pensamentos. Sem pensar disse:
- Precisamos armar uma emboscada para pegar Bellatriz.
- Como é que é? – Perguntou Tonks.
- É. Precisamos armar uma emboscada para pegarmos Bellatriz e assim começar a minar as forçar de você-sabe-quem.
- Pára com essa frescura de não falar o nome de Voldemort, Ok?
Rony olhou enviesado para Harry, mas assentiu com a cabeça.
- Hei... Que aconteceu? Por que vocês estão com essas caras? – Só agora Rony se dava conta que estavam reunidos em volta da mesa, e que numa das pontas tinha uma bacia com umas inscrições que ele tinha uma leve desconfiança que eram inscrições rúnicas.
- Vem cá, seu atrapalhado, que te conto tudo. – Falou Hermione puxando Rony pelas mãos. Ele não pensou duas vezes, passou o braço pelos ombros de Hermione que instintivamente o abraçou na cintura. Seguiram para o pátio da casa. Todos olharam sorrindo para os dois. Há dias eles estavam se tratando melhor e quase não brigavam mais. Discutiam sim, mas sobre assuntos sérios. Aliás, Harry se lembrou que não havia presenciado nenhuma briga dos dois. Olhou para Gina sorrindo, a ex-namorada retribuiu o sorriso.
Moody entrou n’A Toca com cara amarrada. Foi logo contando sem meias palavras.
- Acataram a casa de Augusta Longbottom. E...
- E o quê, Moody? – Perguntou Lupin, alarmado.
- Augusta... Ela morreu...
- Neville?
- Está bem. Com umas queimaduras aqui e ali. Mas a casa foi totalmente destruída. Quando será que tudo isso vai acabar, meu Merlin? Podem me contar o que aconteceu aqui? – Pediu.
Rapidamente se inteirou do assunto. O garoto deveria ter um bom motivo para acordar Gui de manhã muito cedo, e esse motivo era o amigo. Harry sentiu a tragédia...
- Hum... Professor Moody, onde Neville vai morar agora? – Quis saber Harry, preocupado com o amigo.
- Não sei, Harry.
Harry abaixou a cabeça. Seus pensamentos giravam em grande velocidade. Queria fazer alguma coisa pelo amigo.
Houve troca de olhares entre o pessoal que estava na cozinha.
- Harry, por mais vontade que nós tenhamos em ajudar, não temos condições, você sabe... Galeões... Acomodações não seria problema...
- Não tem problema. Eu tenho. – Disse firme.
- Mas Harry... Você é muito jovem... E vai precisar desse dinheiro para sua vida futura.
- Senhor Weasley, Neville não tem mais ninguém, os pais estão do jeito que estão. Eu sei o que é ficar jogado na vida. Por dezesseis anos fiquei ao léu na casa dos Dursley.
- Harry, você tem certeza?
- Claro que tenho, oras!
- Bom, se é assim, é bom ele vir morar aqui conosco, não? – Disse Arthur olhando para a esposa que concordou com um sorriso. Para ela casa cheia era uma satisfação.
Harry ficou feliz.
- Já venho. Espere um pouco, Gina. – E saiu da cozinha seguindo para o quarto dos gêmeos.
Voltou trazendo nas mãos uma bolsa relativamente grande.
- Tá aqui. Tem galeões suficientes para um bom tempo. – E despejou o conteúdo na mesa.
- Merlin... – Quanto tem aí, Harry? É dinheiro demais...
- Acho que tem mais de mil galeões. Se não for o suficiente, vou buscar mais. O senhor guarda isso, tá bem? – Posso ir buscar Neville, senhor Weasley?
- Pode, Harry.
- Você não vai sair daqui, Harry. Eu vou buscá-lo. – Emendou Lupin e, vestindo a longa capa verde escuro, saiu para ir a St. Mungus. Foi buscar o garoto que agora também já tinha 17 anos.
- Será que era por isso que eu estava com aquela opressão no peito? – Comentou com Gina, bem baixinho. – Gina não tinha resposta.
Rony e Hermione voltaram para dentro de casa. Continuavam abraçados, porém ninguém falou nada apesar de terem notado.
- Harry, Mione me contou tudo. Será que posso ver as lembranças na penseira?
- Claro, Rony. Vem. Vou com você. – E assim deixando Gina com Hermione, Harry acompanhou o amigo na viagem pelas lembranças. – Hããã... Você não tem nada para me contar? – Perguntou Harry.
- Hum... Não... Não... Não tenho, tá tudo bem... – Disse Rony sem olhar o amigo nos olhos.
Depois da viagem Harry contou para Rony o que tinha acontecido com os Longbottom.
Hermione já estava sabendo por Gina do acontecido.
Remo chegou com Neville no final da tarde. O garoto entrou de cabeça baixa, estava literalmente transtornado. Estava só com a capa sobre os ombros nus, via-se no peito e braços uma grossa camada de ungüento para queimadura. Aparentemente estava bem, mas emocionalmente...
- E agora, Harry? O que será de mim? – Perguntou com os olhos lacrimejando.
- Vai ficar tudo bem. Você vai morar aqui, Neville, com os Weasley, eles concordaram em te acolher. - Neville sorriu aliviado e grato. – Mas eu não tenho como me sustentar. Tá certo que tenho alguns galeões guardados, mas...
- Isso não é problema, ok?
- Obrigado, Harry. Sei que tem dedo seu nessa história. Vou agradecer ao senhor e senhora Weasley. E tenho também que avisar a Luna, sabe? Ela ainda não sabe o que aconteceu. E bem... Nós... nós estamos namorando.
- Puxa, Neville... Isso é que é uma boa notícia. Mande uma carta pela Edwiges. – Finalizou Harry, e virou-se para Remo.
E o amigo levantou-se indo procurar o Senhor e senhora Weasley.
- Remo. – Chamou. – Tenho que ir a Hogwarts.
- É. Já imaginava que você iria pedir isso. Mas Harry, é perigoso, você sabe disso.
- Claro que sei. Mas também sei que tenho que ir atrás das Horcruxes e ficando dentro de casa não vou conseguir, não é mesmo? Além do mais, eu sei que vou correr alguns riscos.
- Eu vou junto. – Disse Gina.
- Não, Gina. Você vai ficar em casa junto com Hermione e a Senhora Weasley, nós vamos e voltamos bem rápido, ok?
- Harry? – Começou Hermione. - Mas você disse...
- Sei o que disse. Mas dessa vez você duas não vão a Hogwarts. Vocês vão ajudar sim, não se preocupem. Não vou deixar vocês duas para trás, prometo.
Ficou um clima tenso entre ele as duas amigas. Mas não voltaria atrás.
- Harry. Desculpe-me, mas acho que você não tem que ir a Hogwarts agora. Primeiro é necessário ir à Mansão dos Black, quer dizer, sua Mansão agora.
- Por que, Rony?
- Bom, lembra do que conversamos? Pois é... Estive pensando e acredito ser melhor primeiro tentar achar o Medalhão. É o mais lógico. Depois sim ir a Hogwarts. Olha, essa noite fiquei acordado um bocado de tempo aqui embaixo pensando e vi isso... Levantou-se e pegou na estante um livro grande, de capa dura muito bonita, mas gasto e velho.
- Não. Não. Conversa só depois do jantar. Agora vamos... Todos para a sala que tenho que arrumar o jantar. Gina e Hermione me ajudem, por favor, sim?
- Claro... – Disseram as duas.
- Que tem para comer, mãe? – Perguntaram os gêmeos chegando n’A Toca.
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