A conversa



7 – A conversa

Rony, Harry, Gina e Hermione estavam sentados sob a sombra das árvores no pomar e conversavam sobre tudo e sobre nada. Harry mais ouvia que falava. Estava preocupado. As Horcruxes não saiam de seus pensamentos.

Ele tinha que achá-las. Tinha que começar a procurá-las, só não sabia onde e nem como. Ele sabia que teria que ter uma conversa séria com os amigos. Mas de toda forma esperaria mais um pouco até ter os pensamentos organizados. Não valia a pena expor os planos quando ainda não estavam ordenados. Iria esperar talvez mais um ou dois dias, aí colocaria as memórias na penseira e mostraria a eles. Ou seria melhor mostrar as lembranças a todos? Não podia ter uma atitude errada, seria o caos. Mas o fato era que tinha que ir atrás das Horcruxes. Isso era ponto pacífico.

Precisava também conversar com Gina. Ainda não tinham reatado o breve namoro, mas não se desgrudavam um do outro. Onde um estava logo o outro aparecia.

Por mais que estivesse conversando descontraidamente com os amigos, os pensamentos não lhe davam trégua. Eram como uma maré, iam e vinham.

- Harry, que horas são? Acho que já é tarde, está ficando escuro e frio. – Disse Gina.
- Não. São apenas 4 horas da tarde. Não pode estar escurecendo, é o sol que esta encob... – E ficou em pé olhando para o céu. Um alarme tocou dentro da sua cabeça.
- Vamos, vamos entrar, não estou gostando disso. Vamos!!! Rápido!!!

Em disparada os quatro amigos correram para A Toca. Tinha algo muito, mas muito errado. Harry entrou gritando.

- Gui, Carlinhos, acho que vamos ser atacados!!! Senhora Weasley, chame o senhor Weasley pela lareira. Os dementadores então vindo com os Comensais.

Molly com uma agilidade incrível alertou a todos.

Não demorou muito vários Comensais da Morte com Dementadores começaram a forçar entrada no pátio da Toca. Mas não estavam conseguindo.

Carlinhos já ao lado dos garotos ajudava a afastar os invasores que tentavam entrar. Gui, ainda um pouco debilitado, foi para a janela do quarto tendo Fleur a seu lado com varinha em punho. Ela não era nenhuma princesinha frágil. Tinha muita força para atacar e não tinha medo.

Os aliados da Ordem entraram explodindo pela lareira e correram para o quintal. As varinhas apontadas para os Comensais gritando feitiços, estuporando-os através da proteção. Harry gritava Expecto Patronum. Seu patrono mandou alguns dementadores para longe, mas não era o suficiente, eram vários. Num piscar de olhos a Lontra prateada de Hermione ajudou a completar a tarefa. Rony e Gina azaravam qualquer comensal que chegava perto demais da proteção feita por Gui. Um Comensal ficou apavorado quando viu que nele estavam nascendo tentáculos por todos os lados de seu corpo. Gina acertou-o em cheio com a azaração que usava contra o Bicho Papão. Rony estuporou um comensal com tanta força que ele caiu de costas em cima de uma pedra, soltando um grito apavorante. – “Matei um Comensal!”. – Pensou Rony apavorado.

Moody, Quim, Arthur e Lupin concentravam forças em reforçar a segurança que Gui fez. Quanto mais forte melhor. Da janela Gui e Fleur azaravam todos os servos de Lord Voldemort que se atreviam a tentar quebrar a proteção.

Um crucio atingiu Harry em cheio e ele caiu. A dor era alucinante, ele gritava, só queria que aquilo parasse. Carlinhos, que estava do lado, acabou com a agonia do garoto, ajudando-o a ficar em pé, mas ele tremia tanto que precisava de ajuda.

- Agora sabemos onde você se escondeu, Harry. Meu Mestre vai ficar feliz em saber onde você está. Viemos fazer uma outra coisa e demos com você aqui. Ahhh! Que golpe de sorte! Esta segurança não vai durar muito. Vamos conseguir quebrá-la e você vai ser levado para ele. – Gritou um comensal que não era conhecido, enquanto mandava todos os companheiros baterem em retirada.

- Que será que eles vieram fazer aqui? – Perguntava Harry, ofegante. – Não estava atrás de mim. Eles tinham outra coisa em mente.
- Pode ser, Harry, mas o fato é te encontraram. E pelo que pudemos entender Voldemort não sabia onde você estava e agora sabe. Isso é grave.

Não podiam fazer mais nada naquele dia.

Harry disfarçadamente subiu para o quarto. Queria ficar sozinho e pensar um pouco. Mas que podia fazer sozinho? Não demorou muito e os amigos bateram na porta.

- Entre. – Não adiantava mesmo ficar sozinho com tanta coisa na mente. Tinha que conversar e já era tempo de fazer isso. Por mais que desejasse esperar um pouco mais.
- Harry, o que foi? – Perguntou Rony.
– Precisamos mesmo conversar sobre algumas coisas. Tenho que ir atrás das Horcruxes.
- O quê? – Gina perguntou.
- As Horcruxes. – Harry disse suavemente. - Voldemort dividiu a alma dele em sete pedacinhos. Tenho que destruir cinco delas antes de enfrentar Voldemort, ou não serei capaz de destruí-lo.
- Nós somos sua família, Harry. Iremos com você, eu e Hermione. Esta briga é nossa também.
- Falei o ano passado que vocês podem desistir.
- É, falou, mas vamos junto. – Completou Hermione com Rony, que concordava com um aceno de cabeça.
- Eu vou junto. – Afirmou Gina.
- Não, você não vai. Você vai ficar aqui.
- Mas...
- Sem mas. Você é menor, Gina.
- Você não ia me contar? - Gina perguntou, seus olhos cheios de lágrimas. - Bem, você não pode me deter, não é mesmo, senhor Harry Potter! – Ela respondeu furiosamente.
- Gina, não... – Isso é realmente perigoso... Eu tenho essa responsabilidade, não você!
- Chega, Harry! Não ouse me deixar para trás! – Ela sustentou o olhar dele. Harry nunca a tinha visto brava desse jeito.
- Gina... – Harry se levantou de onde estava sentado e pegou as mãos da garota, olhando em seus olhos. - Eu não posso permitir que você vá. Você não vê?
- Ver o que? Eu vejo que se vocês três vão, eu vou junto!
- Gina... Gina, não é que eu não acredite em você. Sei que você é capaz de muitos feitiços e que é bem forte, mas... – E passou as mãos no cabelo num gesto exasperado. - É que se te acontecer alguma coisa... Se ele conseguir te pegar... Já foi ruim perder Sírio, foi ruim perder Dumbledore... Se eu perdesse você... ele venceria, Gina. Não compreende? Ele venceria!

Olhos dos Gina se suavizaram.
- Ah! Harry! Você não compreende? Estou mais segura perto de você do que perto de qualquer outra pessoa. Se a escola não abrir no próximo período letivo, onde você pensa que ele irá começar a te procurar? – Aliás, a esta altura ele já sabe onde você está, não é mesmo?
- Eu... – Ele não tinha pensado nisso. Pensou. Calou-se.

Harry estava olhos semicerrados. Ela estava certa. Tinha que tirar os Weasley dali... tinham que ter algum lugar seguro.

Rony e Hermione, até então calados, concordaram:
- Ela está certa, Harry. – Ron disse com suavidade. – Eu odeio admitir, mas ela estará mais segura conosco.
Harry concordou com a cabeça. Gina estava sentada com a respiração acelerada por causa da discussão.

- Está bem. Ela vai conosco...

Contanto que Gina estivesse segura... E... bem, ele foi humano o bastante para admitir que era melhor com ela por perto, do que longe dele.

Cinco minutos depois de silêncio...
- Hermione... precisamos de alguma privacidade. – Pediu Harry.

Sem uma palavra, Hermione selou a porta com o feitiço da imperturbalidade.

Gina sentou-se com as pernas cruzadas nos pés da cama de Harry. Hermione puxou uma cadeira da escrivaninha e Ron ficou empoleirado no peitoril da janela à frente da cama.

- Harry? Por que você se trancou?
- Você vai entender, Rony. – Harry disse e continuou. – Precisamos nos ajudar mutuamente. Hermione, sua força é seu conhecimento, sua habilidade é pesquisar. Você é mais inteligente do que todos nós. – Hermione ficou rosada com o elogio. Rony, você é um grande estrategista, o melhor que eu conheço. Eu conheço Voldemort, e ele é muito bom. Mas você é melhor. Precisamos que você organize a estratégia para melhor agirmos. – Rony concordou com um aceno de cabeça. – Você, Gina, é muito boa em feitiços, mas não tem muita paciência. Freqüentemente você perda a calma. Você perde a calma subitamente pela mais leve provocação e você terá que parar com isso. Nem todo comentário que alguém faz é um ataque pessoal, é uma provocação. E vamos sofrer muitas provocações. Você vai precisar se controlar. Vocês têm uma grande quantidade de amor e é disso vamos precisar sobremaneira. Eu posso contar com vocês?
- Sim. - Responderam os três seriamente.

Harry abraçou emocionado os três amigos. Eles eram realmente leais.

- Agora precisamos começar a planejar o que faremos. Primeiro, Gina, você precisa aprender a aparatar.
- Eu aprendo Harry. – Disse confiante.
- Segundo, Hermione, você terá que aprender a voar na vassoura.
- Certo. Eu vou conseguir. – Disse sem muita confiança.
- Rony, eu e você vamos treinar as meninas no pomar da sua casa, certo?
- Mas pra quê tudo isso? – Perguntou Hermione.
- Porque precisamos estar preparados para qualquer eventualidade. Não podemos saber como teremos que fugir de algum lugar, né?

No dia seguinte começaram a pôr o plano em ação, revezando-se em ensinar Hermione e Gina. Ensinar Hermione a montar uma vassoura foi relativamente difícil. Ela só voava a um metro e meio do chão, o medo não a deixava ir mais alto. Rony, já nervoso com o pouco progresso que a amiga vinha demonstrando, tomou uma decisão extrema.

- Hermione, vem cá. – Pediu. - Suba na vassoura junto comigo. Vou te ensinar de uma forma que acho que vai te ajudar muito. Vem.
- Ai, Rony, não sei não. Sei que tenho que aprender, mas não consigo dominar o medo.
- Você vai ver que não é nenhum bicho de sete cabeças e vai perder o medo. Vem cá logo.

Relutante, Hermione subiu na vassoura junto com o amigo, sentando-se na frente dele. Rony levantou vôo. Quando estava já numa boa altura Rony pediu que Hermione segurasse o cabo da vassoura. Quando ela o fez, ele colocou suas mãos em cima das dela, e com calma foi mostrando os movimentos. Ensinando como se sentar para não escorregar do outro lado. Aos poucos Hermione foi se sentindo mais confiante e conseguiu pilotar a vassoura sozinha, já sem Rony segurando nas suas mãos. Voaram por mais ou menos uma hora. Quando desceram, ela estava corada de excitação.

- Puxa, por que nunca me disseram que era tão fácil!?
- Porque você nunca deixou. Sempre dizia que preferia ter os dois pés bem firmes no chão a voar. – Completou Harry, que sorria vendo que a amiga tinha se saído bem e mostrado animação.
- Agora voe sozinha. – Pediu Rony.

Hermione subiu na vassoura e conseguiu fazer um vôo alto não demonstrando medo. Voltou feliz pela proeza de ter conseguido.

- Mas tenho que treinar mais. Farei isso todos os dias.

Ensinar Gina a aparatar era outra dificuldade, pois eles só tinham aprendido a aparatar havia pouco mais de dois meses. Num dia de especial dificuldade, Gui apareceu no meio do pomar, com um sorriso nos lábios.

- Relaxem. Sei o que vocês estão planejando. Estão se prevenindo, não é mesmo?
- Harry, Rony e Hermione estão tentando me ensinar a aparatar. Mas está mais difícil que pensávamos. É por causa dos ataques, sabe. – Mentiu Gina na maior cara de pau. Harry ficou abismado com a facilidade de Gina mentir tão suavemente. E a menina continuou olhando fixamente para Gui. – A propósito, você não deveria estar deitado?
- Não. Já fui liberado pelo hospital, minha irmãzinha. Estou bem e já posso voltar às minhas atividades normais. Bom, continuando. Eu não acho que para aprender a aparatar se deva ter dezessete anos, ainda mais nos dias de hoje. Aparatar pode salvar a vida dela. O problema é que o Ministério pode querer multá-la.
- Não tem problema, eu pago a multa. – Finalizou Harry.
- Bom... Eu vim até aqui para dizer que eu mesmo vou te ensinar, está bem?

Assim Gui assumiu a tarefa de instruir Gina. No decorrer de quatro dias Gina já aparatava melhor que todos. Quando ela aparatava não fazia o característico estalo. Era tão silenciosa que assustava a todos, aparecendo de repente ao lado de quem quer que fosse. Todos ficaram extremamente contentes com a habilidade da garota.

Gui, num final de tarde depois de ter dado várias instruções para se aparatar com mais eficiência, disse:
- Harry, acho que está na hora de você contar para todos da Ordem tudo que você viveu junto com Dumbledore. Afinal, é uma guerra onde todos nós estamos envolvidos. Quanto mais ajuda, melhores serão os resultados. Voldemort tem um batalhão a seu lado, por conseguinte nós temos que estar unidos em tudo. Os membros da Ordem, Harry, estão tão interessados em acabar com Lord das Trevas quanto você.
- Harry, a profecia e coisa e tal...
- Rony, não é a profecia que está me levando a fazer tudo isso!
- Como não? – Atalhou Hermione. – Harry não respondeu. Deixou isso para ser conversado depois, era melhor assim.

***

- Vocês me contaram que o garoto está refugiando n’A Toca. Muito bem. Agora será mais fácil pegá-lo. Mas para isso precisaremos quebrar o feitiço de proteção. Rabicho, seu rato covarde, você já viveu naquele pardieiro como animalzinho de estimação daquele menino amante de trouxas. Entre lá na calada da noite e quando estiver dentro da casa quebre o feitiço. E Rabicho... Não erre dessa vez, ou...

Rabicho desaparatou.


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