O Medalhão
11 – O Medalhão
Pela manhã, na mesa do café Mione estava muito pensativa. Não prestava atenção em nada. Nem na carta que a Professora McGonagall, desolada, mandara para Lupin e Moody. Nela, ela informava que realmente Hogwarts não reabriria. Molly lia a carta em voz alta para todos.
Rufo Scrimgeour, o Ministro da Magia, estava irredutível na questão do funcionamento normal da escola. Ele não queria saber de nada, não aceitava nenhum argumento, e bateu o martelo dizendo que a escola seria fechada até segunda ordem. “A escola está fechada por tempo indeterminado, tomo esta atitude em prol dos alunos”. – Era a declaração de Rufo para quem quisesse ouvir. Alegava que eles ficariam mais protegidos perto de seus pais, que saberiam cuidar de seus filhos. E finalizou dizendo que os alunos que quisessem continuar seus estudos deveriam ser transferidos para outras escolas.
Os professores de modo geral não concordavam com a atitude do Ministro, mas por outro lado, por mais que tivessem argumentos válidos, não conseguiam demover o Ministro de sua posição.
Todos estavam discutindo por onde começar a nova seção de verificação, desta vez no andar térreo. Apesar de estarem desanimados tinham que dar continuidade ao trabalho.
Remo Lupin estava literalmente acabado naquela manhã. Tinha tido uma noite de lua cheia muito ruim, apesar de ter tomado a poção mata-cão. A lua cheia o deixava sem forças. Precisava tomar poções revigorantes o dia todo. Naquele dia ele tinha que ficar de repouso, estava realmente muito fraco, via-se isso nas suas feições.
Hermione chegou perto dele muito tímida.
- Hããã... Professor, será que posso falar com o Senhor um instantinho? Não quero incomodar, sabe?
- Claro Hermione, você não incomoda, pode falar, o que é?
Hermione chamou Lupin do lado e começou baixinho, ela pensava com todo cuidado na forma de falar com o professor.
- Professor, sabe aquela vez que viemos passar o Natal aqui no último ano em que o Sirius ainda estava vivo? Então, teve um dia que estávamos arrumando a sala de estar e o Monstro aparecia de vez em quando e contrabandeava alguns objetos que eram jogados fora para o seu ninho. Sirius jogou muita coisa fora, e ficou muito bravo com o elfo quando percebeu o que ele estava fazendo e até ameaçou o coitado com roupas.
- Sim, Hermione, continue. – Disse, se interessando pelas idéias dela.
- Pois é, estive pensando, pode até parecer maluquice minha, mas será que ele não pode ter levado algo realmente importante para lá? Quer dizer, para dentro do seu ninho...
- Hermione! Menina observadora! Claro que pode. Monstro era e é obcecado pelos Black.
- Pessoal, prestem atenção um pouco, precisamos ter uma conversa séria. – Chamou Lupin.
A mesa inteira olhou para o Professor Lupin.
- Bom, nossa amiga aqui mais uma vez faz jus a sua fama. Ela tem uma teoria muito interessante sobre o Monstro. Naquele último Natal que passamos aqui junto com Sirius, foi feita uma limpeza na casa, vocês se lembram? Pois bem, nossa amiguinha lembrou de um fato muito importante. Na hora da limpeza Monstro entrava na sala e contrabandeava objetos que eram jogados fora. Sabe-se lá para onde ele levava as coisas.
- Harry, você sabe onde é que Monstro dorme? – Perguntou Remo.
- Não. Mas lembro que Mione deu um presente para ele. – Virou-se para Mione – Você não se lembra onde é que ele dormia?
- Ali. – mostrou Hermione num canto da cozinha. Mas o local para onde Mione apontou não tinha mais nada.
- Ele se mudou! – Disse Harry. – Monstro – chamou.
O elfo não apareceu. Chamou novamente. Nada.
- Ué? Cadê esse peste do elfo? Será que ele saiu?
- Vamos ter que procurar pela casa toda. Vamos.
E foi uma confusão. Viraram a casa de cabeça pra baixo, olharam em todos os quartos, cantos, buracos. Nada, Monstro havia simplesmente desaparecido.
- Professor Moody. – Começou Harry. – Será que ele foi procurar algum dos Black?
- Não acredito, Harry, os elfos são presos por magia aos seus donos e quando recebem uma ordem direta não têm como desobedecer.
- Mas Dobby saiu para falar comigo no meu segundo ano.
- Mas ele não tinha recebido ordens proibindo-o de sair e nem de falar com você, a situação era diferente.
- Então ele tem que estar aqui dentro, certo?
- Tecnicamente sim.
Harry insistiu mais uma vez, mas dessa vez gritou bem alto.
- Monstro, venha aqui. – mandou Harry.
- Harry, vai com calma.
- Chega, Mione. – Retrucou Harry, seco.
- Monstro – Gritou.
O elfo apareceu resmungando.
- O que deseja mestre? – Harry foi direto.
- Mostre-me onde você dorme.
Monstro o levou até o sótão, e apontou para um buraco no chão muito bem camuflado debaixo de uma tábua, difícil de ser visto.
- Quero saber o que você tem dentro do seu ninho que era dos Black.
- Não tem nada, senhor.
- Monstro, traga tudo que tem lá dentro para fora.
- Não!
- Eu estou mandando. – Harry já não gostava do Monstro e com a negativa recebida começava a se enfurecer. Já era claro seu nervosismo.
- Não, não, não.
- Traga agora, Monstro!
Monstro começou a bater a cabeça na parede, mas continuava dizendo.
– Não! Harry Potter não manda em Monstro. Harry Potter não manda em Monstro. Monstro quer a ama Bellatriz... Não Harry Potter. Não, não, não...
- Já, Monstro! Traga tudo pra fora agora! – Mandou novamente.
Monstro estava visivelmente transtornado. Uma vontade férrea de não obedecer Harry tomava conta dele, mas ele sabia que tinha que obedecer. Algo estava acontecendo com ele de muito sério.
- Monstro não obedece. Monstro quer ama Bellatriz. Ama mandou Monstro não obedecer, Monstro não obedece. E começou a gritar e a ficar com uma cor amarelada, apertava seu pescoço, babava, tremia todinho, se contorcia. Na verdade estava tendo um acesso.
- Como e quando você conversou com ela? – Perguntou Alastor.
- Foi pela lareira, quando o traidor do próprio sangue morreu! Ela apareceu e chamou Monstro e Monstro atende a ama.
- O que você falou para ela?
- Monstro contou tudo das reuniões que o bando de traidores estavam fazendo aqui na casa dos nobres Black. – Disse se castigando, batendo a cabeça na parede, mordendo os dedos. Era horrível de ver o elfo se punir.
- Monstro, eu vou matar você. – Disse Harry bravo, avançando no elfo.
Lupin segurou o garoto pelas costas da camiseta. Ele estava realmente fora de si. Tremia de raiva, suava. Todos estavam parados olhando espantados para Harry. Nunca o tinham visto daquele jeito.
Nesse momento, Monstro deu um grito, estridente, e cai duro no chão. Morto!
- Que aconteceu com ele?
- Acho que teve um ataque...
- Ele tá morto? – perguntou Harry.
- Acho que sim. É... Tá... tá sim. – Disse Arthur, que chegou perto do elfo colocando as mãos nele.
Arthur pegou o corpo do Monstro e o levou para fora do sótão.
Uma agitação tomou conta de todos, tinham que abrir o buraco. Lupin arrebentou o buraco com um feitiço. Harry não conseguiu entrar; ele era grande demais para o pequeno buraco. Assim Gina, que era a menorzinha de todos, se ofereceu para entrar no buraco. Era um pouco apertado para ela, mas mesmo assim, se espremendo lá embaixo...
- Eca... Aqui tá uma imundície... Nossa! Tem um monte de tralha aqui dentro. – Exclamou Gina, começando a passar para Harry, Rony e Neville tudo que tinha lá dentro...
Tinha de tudo, desde panela sem alça até ceroulas velhas rasgadas e imundas, fronhas sujas, louças quebradas, lascadas, restos que comida emboloradas. A colcha de retalhos que Hermione havia lhe dado de presente de Natal estava lá em péssimo estado.
De repente Gina começou a passar os objetos que haviam sido jogados fora no dito Natal.
A caixa de música que fez todos ficarem sonolentos, a casca de cobra, um porta-retrato com o vidro partido, um prato de prata com o brasão dos Black, xícaras, colheres.
- Está aqui... Está aqui! – Gritou Gina feliz, saindo do apertado buraco.
Olhem... – Disse, abrindo a mão. Na palma da mão da garota brilhava um lindo Medalhão, que tinha esculpido uma cobra enrolada. O Medalhão de Salazar Slytherin.
***
Apavorada que Harry não acordava, Molly avisou Minerva pela lareira pedindo para mandar Madame Pomfrey, a enfermeira de Hogwarts, para a mansão. Foi o tempo de ela reunir medicamentos bruxos e se deslocar para a casa carregada com um arsenal de poções, pastas, pomadas e tudo que seria necessário para a cura de um paciente bruxo.
Depois de examinar o menino que sobreviveu, disse a todos que ele estava bem, mas fraco demais, não sabia dizer por quê.
Gui, Carlinhos e Fleur, que tinham ficado n’A Toca, apareceram muito tarde da noite na Mansão esfolados, rasgados, exaustos. No braço, Fleur tinha um pano amarrado sujo de sangue que tapava um enorme corte.
Lupin, que estava sentado na sala de estar tomando uma última xícara de chá antes de ir se deitar, assustou-se com o toque da campainha. Foi atender a porta com a varinha na mão. O três entraram, a aparência deles era horrível.
- O que aconteceu??? – perguntou alarmado. Sabia que não eram boas notícias.
- Os Comensais conseguiram entrar n’A Toca por meio do Rabicho.
- Acho melhor chamarmos seus pais e Moody.
Depois que estavam todos reunidos, Gui explicou o que aconteceu.
- Pois é... Rabicho, que já havia morado na casa, passou pela proteção em forma de rato, e estando dentro do pátio conseguiu quebrar o encantamento. É a única forma de ser quebrado: estando dentro da proteção. E daí vocês já sabem o que aconteceu. Resumindo, a casa acabou... está literalmente no chão. Trouxemos tudo que sobrou... – Disse apontado para um canto onde se via uma quantidade de malões empilhados.
- Vou chamar Papoula para dar uma olhada em vocês. – Disse Molly.
- Ué! Por que ela está aqui? Perguntou Carlinhos, preocupado.
- Harry desmaiou... Está desacordado já faz algumas horas. – Falou Arthur.
E contou toda a história da busca pelo medalhão para os três recém-chegados enquanto Madame Pomfrey os consertava.
Gui estava pensativo. Sentou-se ao lado do pai e comentou.
- Papai, não seria por causa desse ataque à A Toca que Harry estava sentindo aquela opressão naquela manhã que me chamou cedo? Será que ele sentiu a raiva de você-sabe-quem?
- Pode ser, Gui. Pode ser... Às vezes ele consegue sentir o que o maldito sente.
- Então vamos ter que ficar de olho nele. As reações dele podem nos trazer vantagem sobre o Lord das Trevas e ganharmos tempo, o que é muito bom.
- Você pode ter razão. Mas não sei se esses sentimentos acontecem sempre.
De repente, a Caixa de Dumbledore apareceu flutuando na frente de todos.
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