Se não te amasse tanto assim



Se não te amasse tanto assim T/L




“Meu coração
Sem direção
Voando só por voar
Sem saber onde chegar
Sonhando em te encontrar”

Ela o observava, sentada num canto da sala. Admirava a postura um tanto quanto desleixada dele ao sentar-se no chão junto com os amigos como crianças que não se importavam com nada. Os cabelos negros bagunçados, os óculos redondos dando um charme a mais aos tão brilhosos olhos castanhos, eram os atrativos do garoto por quem Lily Evans se apaixonara: James Potter.

James mais uma vez chamava a atenção de todos na sala juntamente com seus amigos, Os Marotos. Num simples gesto de jogar xadrez o quarteto sabia como ter os olhares voltados para eles. Um desses olhares era dela, Lily, a ruiva de olhos verdes que tentava esconder o que sentia, mas por vezes não resistia não olhar para ele. Ela não sabia como contar ao garoto que estava apaixonada por ele. Suas amigas diziam que era frescura dela não contar, mas ela sabia que era medo. Medo dele não querê-la mais, de desprezá-la como ela vez muitas vezes com ele; Lily tinha medo de se render ao que sentia. Ouvira tantas vezes James falar que a amava e ela não acreditava. Quantas vezes não viu James ser motivos de risadas por sua causa? Quantas e quantas vezes negou o que sentia...

E agora? Agora ela o admirava da forma mais indiscreta possível. O amava com todas suas forças, mas sem tê-las para chegar nele.

“E as estrelas
Que hoje eu descobri
No seu olhar
As estrelas vão me guiar”

Sabe aqueles momentos que você distraidamente olha para o lado e vê outra pessoa te observando? Foi o que aconteceu com nosso casal... James ainda sorrindo das brincadeiras de seus amigos virou-se e deparou com Lily o observando. A ruiva estava tão “fora de si” que não reparou que o garoto também passou a observá-la. O garoto se levantou e foi até ela, não era normal Lily estar tão quieta quando ele a observava. Seguiu até a poltrona que a ruiva ocupava e sentou-se à sua frente. Quando Lily percebeu que o maroto estava a sua frente abaixou a cabeça e fingiu estar lendo o livro que segurava.

-Evans? – Lily gelou ao ouvir seu segundo nome, ele nunca a chamava de Evans, era sempre Lily, Lils, nunca Evans – Você está bem?

-Nunca estive melhor...

-Hum... Você está estranha... Aconteceu alguma coisa? – James tornou a perguntar, normalmente Lily gritava só em vê-lo.

-Acon... Não aconteceu nada... – Lily falaria que tinha acontecido, mas pensou “o que vou falar? Que me apaixonei por ele, foi isso que aconteceu! Não...”.

-Tem certeza? Se quiser pode falar comigo. – James também estava estranho, nunca fora tão prestativo com ela, estava se comportando como um amigo. – Sei que não sou a melhor pessoa para você, mas não gosto de vê-la assim tão quieta...

Lily sorriu e olhou pra o maroto, como pôde demorar tanto para perceber que ele era um cara legal, que o amava, que sempre fora sincero nos seus pedidos, COMO PÔDE?! Aqueles olhos a enfeitiçavam, levavam-na para outro mundo... Desde que descobrira estar gostando dele Lily sentia-se mais alegre consigo mesma, passara ver tudo de outra forma “talvez seja por estar pensando tanto nele, acabo vendo coisas alegres em tudo, assim como ele...” O sorriso maroto preenchia seu dia... O que aquele garoto fizera para deixá-la assim?

“Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração”

-Lily? – James a chamou tirando-a de seus devaneios.

-Diga o que quer James. – Lily envergonhada abaixou a cabeça deixando seus longos cabelos cobrir-lhe à face rosada. James carinhosamente tirou as mexas do rosto da ruiva e abaixou-se para poder vê-las nos olhos.

-Você não está bem... O que aconteceu?!

Lily não respondeu.

-Está bem... Quando quiser falar estarei aqui...

James endireitou-se na poltrona encostando suas costas no encosto do assento e cruzou os braços sobre o peito. Lily levantou a cabeça se perguntado o que diabos o garoto estava fazendo. Viu James sorrir para ela achando graça de sua reação. Lily olhava para ele mais uma vez admirando seus gestos, cada tamborilar de dedos no braço da poltrona, cada movimento de sua boca que parecia estar cantarolando uma musica trouxa, tudo nele chamava-lhe a atenção. James assoviava uma musica lenta que Lily não conhecia, e nem queria saber qual era, só queria observá-lo. Lembrar dos momentos que passaram juntos, muitos dos quais ele a beijava a força, dos quais ela gritava com ele. Mas agora era diferente.

“Hoje eu sei
Eu te amei
No vento de um temporal
Mas fui mais
Muito além
Do tempo do vendaval
Dos desejos de um beijo
Que eu jamais provei igual
E as estrelas dão um sinal”

-James?

-Sim? – Ele virou-se para ela feliz em ver que ela resolvera falar.

-Posso fazer-lhe uma confissão?

-Claro...

Lily abaixou a cabeça procurando as palavras certas, mas elas não vinham... “o que digo a ele?! Merlim como é difícil!”.

-Lily? O que foi? – James ficou preocupado em vê-la tão quieta novamente. – Você ia me falar o que?

-Nada... não é nada de importante... – Lily disse num murmúrio, James não escutou. – É que...

Lily foi interrompida por uma coruja que entrou na sala comunal e pousou no ombro de James deixando cair um pedaço de pergaminho. Lily olhou da ave para o papel que James abria.

-Diga Lily o que queria. – James levantou a cabeça sorrindo e dobrando novamente o papel. A coruja tornou a voar saindo pela janela.

-O que é isso?

-Nada. – James guardou o papel no bolso – Diga...

-É que... eu não sei como dizer...

-São três palavrinhas simples... –James alargou o sorriso quando Lily olhou assustada para ele – Vamos, diga...

-Que papel é esse?! – Lily quis saber – o que está escrito?

-Eu quero ouvir de você! – James parou de sorrir – Não importa o papel...

Lily olhava pela sala a procura de suas amigas, mas não as viu. Mau sinal...

-Lily...? – James tornou a chamá-la.

-Você não presta! – Lily disse sorrindo, James apesar do susto ao vê-la sorrindo se aproximou dela ficando de joelhos a sua frente. – Eu não sei porque, nem como... mas...

-Mas... – James esperava sorrindo.

-Eu te amo...

James não disse mais nada, sorriu e puxou-a para um beijo apaixonado. Lily esperara tanto por isso, por ter e sentir um beijo verdadeiro do maroto, e não mais aquele roubado que sempre tivera. Quando pararam para recuperar-se, James a abraçou sussurrando um “eu te amo”. Lily alcançou o braço do maroto e puxou o papel que veio com a coruja: “Ela te ama”. Lily reconheceu a letra de sua melhor amiga, “não vou esquecer de agradecê-la”. James riu ao ver o papel na mão da ruiva e nem quiser esperar ela falar, a beijou novamente.

"Se eu não te amasse tanto assim
Talvez perdesse os sonhos
Dentro de mim
E vivesse na escuridão
Se eu não te amasse tanto assim
Talvez não visse flores
Por onde eu vim
Dentro do meu coração"



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