Prólogo



Éramos três. Narcisa a princesa, Bellatrix a guerreira e eu.

Bella sempre foi a “mais selvagem” de nós segundo mamãe. Lembro-me sempre dela quando íamos desbravar os terrenos perto de casa e voltávamos imundas, roupas rasgadas, cabelos despenteados e cobertas de lama.

“Venha Andy, hoje nós vamos descobrir um novo mundo. Não tenha medo eu protejo você, nada poderá lhe fazer mal enquanto eu estiver por perto!”

Sempre acreditei nas palavras de Bella, ela me convencia apesar de saber que mamãe brigaria quando chegássemos. Bellatrix convencia qualquer um, desde a mais tenra idade ela sabia persuadir os outros a fazer exatamente o que ela queria.

Mamãe quase enlouquecia quando aparecíamos, sempre foi muito rigorosa na nossa educação e não admitia nossos pequenos deslizes. Todos os dias tínhamos horas contadas para praticar piano, ler livros, bordar, pintar, dançar, aprender línguas e cuidarmos de nós mesmas. Tínhamos que lavar o rosto 10 vezes por dia no mínimo, mamãe dizia que isso faria com que a pele ficasse permanentemente limpa com o passar dos anos, e nunca nos deixava sair entre as 10 da manhã e as 5 da tarde, enquanto o sol estava a pino, segundo ela tínhamos que conservar nossa pele sempre branca.

Nossa mãe era linda e elegante como só ela, tinha uma ascendência francesa que lhe dava um charme todo especial. Ela cuidava pessoalmente da nossa educação, tia Walburga dizia que isso era desperdício de tempo e que ela deveria contratar uma tutora, mas mamãe retorquia dizendo que éramos preciosas demais para deixar-nos na mão de qualquer pessoa, nunca disse isso na nossa frente, eu e Bella ouvimos atrás da porta. Nosso pai costumava dizer que ela era um exemplo a ser seguido.

Papai nunca se intrometia na nossa educação, era um homem muito ocupado, sempre tratando de negócios. Só o víamos nas refeições, e algumas vezes na sala de leitura a noite. Um homem distinto de ar imponente, mas sempre desmoronava ao menor olhar de Bella.

Ele tinha uma preferência visível por ela, embora sempre tentasse disfarçar para que Narcisa e eu não nos sentíssemos mal. Mas isto era muito perceptível, ele nunca repreendia Bella pelas suas “aventuras” como mamãe desejava, e se as vezes fazia, dava uma piscadela de aprovação quando nossa mãe não estava olhando.

Bella era uma criança muito atrevida, dizia mamãe que detestava a maneira com que ela viva contestando as coisas. Ela adorava fazer isso, sempre perguntava o porquê de tudo. Mamãe dizia que era insolência, papai replicava que era curiosidade infantil. Mamãe calava-se contrariada, nunca discutia com papai.

Certa vez cheguei a pensar que papai preferia ter tido filhos homens ao invés de nós, ele sempre foi muito frio e distante. Mas logo percebi que esse era seu jeito para com todos, e afinal quem precisava ter filhos homens quando se tinha três filhas lindas e uma que especialmente reunia todas as características que ele mais presava.

Bellatrix sempre foi a mais bonita de nós, desde criança. Ela com seus cabelos longos e muito negros levemente ondulados nas pontas, com olhos num tom de azul muito peculiar, metálico e hipnotizante, as feições perfeitamente simétricas e suaves, era sempre mostrada como um prêmio particularmente raro nas festas que íamos. Seria uma bonequinha perfeita se não fosse seu gênio difícil, incontrolável.

Cisa era uma cópia fiel da mamãe. Não só fisicamente, em tudo. Diferentemente de Bella e eu, Cisa era loiríssima, os olhos também azuis, mas azuis da cor do céu, claros. Quase nunca se metia em confusões, Bella não gostava de levá-la nas nossas pequenas aventuras, ela era muito criança.
Mamãe havia conseguido com ela o que falhou conosco, projetou nela a imagem de uma “Rosier Black” perfeita. Ela nunca brigava como Bella e eu, mantinha-se neutra nas discussões, e quando podia sempre conseguia que fizéssemos as pazes.

“Vocês são irmãs, laços de sangue que não podem ser rompidos. Mamãe sempre diz que não existe nada mais importante que nosso sangue, temos que superar tudo e permanecer unidas...” dizia com os olhos brilhando, prestes a chorar, durante minhas inúmera brigas com Bella.

Ninguém conseguia ver Cisa chorar sem se condoer. O rostinho angelical transformado pela tristeza e os olhinhos mareados convenciam qualquer um.

Fazíamos as pazes na frente dela, contrariadas, mas fazíamos. E tudo sempre voltava ao normal, ninguém conseguia ficar muito tempo chateado com Bella. Colocávamos uma pedra no assunto e voltávamos a brincar.

Eu admirava as duas, a garra de Bella e a perfeição de Cisa, queria ser como elas e o mesmo tempo queria ser eu mesma.

Mamãe e papai costumavam dizer que eu era uma mescla das duas. Um meio termo. Nunca me importei, não achava ruim ter as melhores características das minhas irmãs, não vivia sob a sombra delas, sempre fui consciente do meu valor.

Éramos, nós três, inseparáveis. Tão unidas e amigas que tinhas o hábito de completar as frases umas das outras, era mágico como nos entendíamos.

Cada uma tinha seu quarto, mamãe sempre fez questão de que tivéssemos nosso próprio espaço embora não fizéssemos questão, mas nas noites de chuvas e trovões Cisa e Bella corriam para o meu quarto e se enfiavam em baixo das cobertas. Narcisa vinha porque tinha medo de trovões e Bellatrix, bom, ela não precisava de desculpa.

Passávamos a noite inteira em claro com Bella nos contando histórias, quando o dia ia amanhecendo as duas saiam voando do meu quarto, se mamãe descobrisse passaria metade do dia dando um sermão na gente.

Nos bastávamos, por isso nunca conseguimos ter muitos amigos. Os amigos dos nossos pais visitavam nossa casa com freqüência, pessoas das mais renomadas famílias, mas não fazíamos nada além de ser educadas e comportadas junto de seus filhos, nos completávamos e não precisávamos de outras pessoas entre nós.

Inseparáveis. Brincávamos, brigávamos, chorávamos e riamos até a barriga doer, sempre juntas. Eu pensava que nada poderia nos separar.


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N/A: Sei la.. sem muito o que fazer.. ta pequeno, eu sei...deem um desconto, isso foi fruto d uma tarde de feriado tediosa.
Se gostarem comentem...
bjuus

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