Capítulo III
Os dias que seguiram foram ótimos, tanto para Hermione quanto para Harry. Eles se divertiam muito juntos. Quando não estavam fazendo nada, Hermione insistia que a casa ainda continuava bagunçada, e os dois passavam a limpá-la. Felizmente, o quadro da sra. Black fora removido antes que Harry se mudasse, depois de muitas tentativas feitas por Lupin, Tonks e até a prof. Minerva, que teve um ataque nervoso, gritando que não agüentava mais o quadro, até que ela mesma conseguiu removê-lo.
- Pronto – disse Hermione, colocando a última peça de roupas da sra. Black dentro de um saco – então você vai morar aqui pra sempre mesmo, Harry?
- É, suponho que sim – ele fechou o saco e o fez levitar com um aceno de varinha – acho que Sirius teria ficado feliz se eu morasse aqui com ele... e mais feliz ainda porque o quadro da mãe dele já era... – Harry riu, saudoso – agora vamos, tenho planos para essas roupas...
- E o que você vai fazer? – Hermione o olhava, curiosa.
- Usar de combustível para a lareira. Assim, hoje a noite nós poderemos comer marshmallows...
E de noite, lá estavam eles sentados num tapete fofo em frente à lareira, mas Hermione conseguira convencer Harry a doar as roupas. Eles fitavam as chamas, até que Harry sentiu um peso em seu ombro. Hermione havia adormecido sentada, e tombara para o lado. Harry acomodou-a em seu colo, e começou a passar os dedos por seus cabelos. Ele a estava admirando quando veio aquela conhecida voz com quem discutira na noite passada.
- Ahá! Eu sabia, eu sabia! – dizia ela, vitoriosa, dentro da cabeça de Harry.
- O que você sabia? – respondeu Harry em pensamento – que há de mal no que eu estou fazendo?
- Ah, nada, muito pelo contrário. Isso que você está fazendo só prova o que eu lhe disse antes. Você sente algo mais por ela. Você a ama.
- Claro que não! Eu só estava...
- Pensando em como ela é linda.
Harry não rebateu esse pensamento. Hermione era realmente muito bonita, mas ele não a amava... apenas como bons amigos, só isso.
- Você ainda insiste nesse negócio de bons amigos... não seja tolo! Quanto mais tempo você demorar pra admitir isso, pior pra você.
Harry pensou nas palavras do que aquela voz lhe disse. Será que realmente amava Hermione? Ele a observava dormir. Não poderia amá-la, tinha Gina. Gina era sua namorada. “Mas você só conhece Gina há pouco mais de um ano. Não pode dizer que a conheceu durante Hogwarts. Ela nem ao menos ficava com vocês”, a voz parecia adivinhar seus pensamentos, “Você já conhece Hermione há muito mais tempo. Gina pode ser bonita e engraçada, mas Hermione que realmente sempre esteve presente em todos os momentos que você precisou. E, particularmente, ela é linda...”, concluiu a voz, com ar de graça. E essa voz tinha toda razão. Hermione sempre foi presente na vida de Harry, desde o começo. Gina só apareceu no fim, de repente...
Harry só foi despertado de seus pensamentos ao ouvir Hermione murmurar algo. Era engraçado vê-la falando dormindo. Não sabia que ela fazia isso. Então ela acordou.
Imediatamente, Hermione ruborizou. Que ela estava fazendo lá, com a cabeça no colo de Harry? Ela se levantou subitamente, seu rosto totalmente vermelho.
- Harry, me desculpe, eu...
- Calma, Mione – ele riu – você dormiu e caiu no meu ombro, então eu a coloquei aqui... me desculpe se...
- Não Harry, a culpa foi minha por ter dormido, eu... – Hermione olhava Harry nos olhos.
- Não diga nada, Hermione, foi só um cochilo, não precisa se exaltar tanto... você...
Mas ele não concluiu a frase. Para sua surpresa, Hermione o beijou. E ele também a beijou.
Ele não sabia se foram horas ou segundos que se passaram, só sabia que nunca mais queria terminar aquele beijo. Não era como o beijo de Cho, e nem os de Gina. Era diferente... tinha algo mais naquele beijo.
Quando os dois finalmente se separaram, ambos extremamente vermelhos, Hermione estava deitada no tapete, e Harry sobre ela. Ficaram se olhando por vários segundos naquela mesma posição, até que Harry saiu de cima dela, sem dizer uma palavra. Foi Hermione que quebrou o silêncio.
- Desculpe Harry, eu não... – e sem terminar a frase, Hermione subiu correndo as escadas e bateu a porta do quarto, deixando Harry ali, parado no tapete, extasiado.
“Você acaba de beijar Harry Potter, sua idiota!”, pensava Hermione, ainda com a mão na maçaneta.
- Idiota nada. Idiota seria se você não fizesse isso logo. – a voz parecia muito satisfeita.
- E agora você vem me perturbar! – Hermione se sentou na cama.
- Não pense isso de mim, afinal, eu faço parte de você, esqueceu?
- Infelizmente, faz... e por sua culpa eu beijei o Harry! Ele vai me odiar pra sempre! Ele tem a Gina... Gina! Como eu pude ter feito isso com ela?!
- Tsc, tsc... primeiro, não foi por minha culpa, foi sua... seus sentimentos a fizeram fazer o que fez. E segundo, Harry pode dar o fora na Gina... – a voz parecia se divertir.
- Como eu posso estar pensando isso?! – disse Hermione, em voz alta, até que ouviu batidas na porta. Era Harry. Ele viera lhe dar um tapa, talvez dez tapas, e dizer pra ela ir embora logo. “Melhor agora do que depois”, pensou ela, dizendo um ‘entre’ sem entusiasmo.
Harry abriu a porta. Sua expressão estava longe de demonstrar raiva.
- Hermione... – ela se levantou quando ele se aproximou.
- Me entenda, Harry, não fiz por mal... foi só... ah, pode gritar o quantoquiser comigo, eu vou entender – sua voz estava embargada, ela estava com lágrimas nos olhos.
- Não quero gritar... eu quero... – ele chegou mais perto e a enlaçou pela cintura. Hermione estremeceu, mas não saiu do lugar – quero isso... – dessa vez, ele a beijou.
Hermione pensava que ele nunca a iria perdoar, mas ele a beijou. Ela fechou os olhos, e as lágrimas antes seguras escorreram por seus olhos. Passou os braços em torno do pescoço de Harry, e acariciou sua nuca com uma das mãos, o que fez Harry sentir arrepios. Ele a deitou na cama, os beijos iam se tornando cada vez mais vorazes.
Os dois só perceberam que eram observados ao ouvirem uma batida na porta do quarto. Pararam o beijo abruptamente para ver quem poderia estar ali. Surpresos, eles se depararam com os olhares furiosos de Gina e Rony.
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