Medo: todo mundo tem



CAP 5
Medo: todo mundo têm




Ele dançava realmente bem. Era como se eu não precisasse fazer mais nada, a não ser deixar ele me segurar forte contra o seu peito, e deixar com que o seu corpo firme me levasse para onde ele quisesse. Ele estava lindo. Tinha colocado a gravata vermelha que eu havia pedido. A gravata borboleta dele combinava com o meu vestido, é claro. E se por ventura alguém tirasse uma foto nossa, nós estaríamos perfeitos, até mesmo na roupa! Mas isso não era tão essencial assim.

Nos dias que antecederam o casamento, eu e Gina estávamos fazendo de tudo para que este dia fosse como um conto de fadas. Roupas perfeitas, pares perfeitos, expressões prefeitas... Mas agora eu podia perceber o que era realmente perfeito: o efeito maravilhoso do meu corpo colado ao de Rony.

Era só isso que eu queria. Eu estava tentando viver um sonho. Pra que? Se eu tenho a realidade aqui perto de mim? Perto demais, aliás! O que era muuuuuito bom, no entanto. Tão bom que eu queria ficar ali juntinho dele a noite inteira. Pra poder rir dos ciúmes dele; pra desfrutar das mãos dele envolvendo a minha cintura; pra retribuir o olhar profundo que ele dirigia aos meus olhos (e às vezes para a minha boca); pra poder sentir o cheiro gostoso que ele tinha; pra contemplar aquele rosto lindo, pra beijar a boca dele...

Eu podia jurar que todas as pessoas a nossa volta tinham se desmaterializado. Simplesmente estávamos muito concentrados um no outro para se importar com tudo que estivesse em volta. Eu estava vivendo o momento por que esperara tanto tempo...

Ele olhou mais uma vez para a minha boca. Eu me lembro de ter visto ele olhar dessa forma para uma pizza extremamente gostosa certa vez! Ele chegou mais pertinho de mim, me apertou um pouco mais forte. Senti meu coração ir de noventa para quinhentas batidas por minuto só naquele toque repentino. Eu sei que isso parece meio louco, mas foi o que eu senti, e me pareceu muito real.

Rony tirou uma mecha do caminho da minha boca e olhou mais uma vez para os meus olhos. Nossa ele era perfeito! Senti-me flutuar nessa hora e tenho quase certeza de que ouvi um “te amo” saindo da boca dele. Aiiiiiiiiiiiiiiiii!

Mas eu não tive tempo de pensar se ele tinha realmente dito aquilo ou se fora um devaneio dessa minha cabecinha cheia de desejos... Os nossos narizes já se tocavam e eu podia sentir o cheiro de canela que vinha da boca dele. Nossos lábios se encostaram por uma fração de segundos. Ele estava me torturando e sabia disso melhor do que eu. Sabia que eu queria... mas permanecia mesmo assim me provocando. Encostando seus lábios em mim... e desencostando!

Ahá! Era o que eu pensava! Ele riu! Eu vi! E eu não pude deixar d efazer o mesmo, mas algo forte apertou meu peito e me deixou sem ar. Eu senti uma pontada forte na cabeça logo em seguida, uma lágrima de tristeza e não de dor percorreu op meu rosto. Será que eu não mereço ser feliz?

Estava segura nos braços dele, e foi por este motivo que eu me senti segura ao cair neles, pra que aquela dor passasse logo, pra que eu pudesse sentir ele de novo...


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A vontade que eu sentia era a de beijá-la naquele momento. Creio que não fiz isso só porque Harry e Gina estavam ali.

Ela estava simplesmente linda. Perfeita. Inenarrável!! Essa era a palavra! Inenarrável... seja lá onde eu ouvi essa palavra estranha. Era uma palavra que transmitia força e beleza: era o que Hermione transmitia agora. Eu senti por um momento que tudo aquilo era pra mim. Isso parecia certo quando ela me olhou. Com aquele jeito envergonhado, perguntando com os olhos se eu havia gostado. É claro que eu havia gostado, melhor ainda: amado! Mas eu não poderia dizer que ela estava linda, pois ela sempre estava linda! Mesmo assim eu disse, e aquele sorriso que me faz amolecer apareceu em sua boca. Ela sorria pra mim. Aquele sorriso que me fazia ter esperanças... Deus queira que elas não sejam infundadas!

Eu não podia mais perder o meu tempo. Como disse Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!”. Por mais que essa música linda que Hermione me ensinou não tenha nada a ver com amor, e sim com um hino contra a ditadura, eu não vejo frase melhor pra expressar esse ato.

Momentos depois eu pude sentir o mesmo ciúmes que eu sentia as vezes, vindo dela. Ela apertava o meu braço num gesto desesperado de me fazer lembrar que ela estava ali. Do mesmo modo, eu também queria segura-la forte quando aquele idiota passava olhando para ela. Mas então lembrava de todas as cenas de ciúmes que se transformavam em brigas, e parei.

Agora nós estávamos dançando. Eu sabia dançar! Ela parecia espantada com a minha vocação, e eu nem se fala! Deu um grande sorriso depois que eu fiz ela girar e voltar rápido para perto de mim. – Nós poderíamos entrar para um concurso de dança sabia?! – ela disse radiante diante os olhares dos que estavam a nossa volta. Ela deixou com que eu a apertasse carinhosamente contra mim. Um encaixe perfeito. Por um momento nem sabíamos se estávamos mais dançando. Eu só conseguia prestar a atenção no jeitinho sapeca dela, que sorria pra mim para logo depois me encarar séria, como se pedisse uma atitude minha. Eu posso ter errado muitas vezes, mas eu não sou besta o bastante para recusar um pedido desse! Eu olhei para a boca perfeita dela, depois subi um pouquinho, parando naquelas sardinhas lindas que ela tinha no nariz. Foi então que eu cheguei até os seus olhos... Uma mecha de cabelo resolveu se por entre mim e os olhos dela. Tirei lentamente ele dali. Com um pequeno gesto fiz carinho na face rosada dela. Fui chegando cada vez mais perto. Ela respirava forte, estávamos muito próximos agora, pude sentir o seu coração batendo forte contra o meu peito. Nossos narizes se encostaram, nossas bocas roçaram... e nessa hora eu parecia estar anestesiado. Encostei na boca dela levemente mais uma vez, e senti a respiração forte dela me pedindo que continuasse... Não sei por que cargas d’água - é nessas horas que o minha convivência com Fred e Jorge me vem a cabeça... cargas d’água!!!! – eu quis provocá-la com aquilo. As unhas dela apertaram o meu braço num gesto de desaprovação, e eu não pude deixar de rir...

Essa era a hora, e se ela queria tanto quanto eu, seria este o momento.

Cheguei mais perto, sentindo o cheiro inebriante do perfume dela... palavras involuntárias saíram da minha boca num sussurro quase audível. Me aproximei e beijei. Mas ela não correspondeu, em uma fração de segundos ela caiu nos meus braços...

Senti como se meu espírito tivesse fugido do meu corpo. Como se todas as minhas forças tivessem me abandonado. Ela estava ali. Desfalecida nos meus braços. Eu chamei o nome dela. – HERMIONE! HERMIONE! – Mas ela não respondeu. Ficou branca em poucos segundos. Eu tentei mais uma vez acorda-la, mas alguém tirou ela dos meus braços. – NÃO! – Por que vocês tiraram ela de mim? – DEIXA EU IR JUNTO! – Harry me segurou forte pela manga. Gina gritou para que eu parasse. Dizia que ela ficaria bem.

Eles a levaram. Aparataram com ela nos braços de um homem que eu não conhecia. – Ela foi para o St. Mungus, se acalme irmão! – Harry dizia ao meu lado. Ao som dessas palavras, eu me senti mais calmo. Eu deveria ficar calmo. – Vamos pra lá agora mesmo. Mas se acalme, por favor!


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- Ela está reagindo! Está se mexendo! Hermione! Você pode me ouvir? Abra os olhos, por favor!

- Ronyyy...

- Isso! Eu estou aqui. Não faça tanta força. Só fale um pouco comigo. Vou chamar a enfermeira.

- NÃO! – ela se ergueu com dificuldade. Todas as partes do seu corpo doíam. – O que aconteceu comigo? – ela espremia os olhos de tanta dor. – Parece que eu fui atingida por uma dúzia de cruciatus!

- E você ainda consegue fazer brincadeira, não é! – Rony estava aliviado por ver que ela estava finalmente acordada. Mais aliviado ainda por ver que ela estava bem. – Você pregou um belo susto na gente Hermione. Você está aqui nessa cama faz uma semana! – ele ajudou a amiga a sentar na cama e lhe deu um abraço apertado, que a fez gemer de dor. – Desculpe.

- Rony! – ela mudou seu semblante de repente. Estava apavorada. Começou a olhar em volta como se só agora percebesse que estava num quarto de hospital. – Ohhh, o casamento! Eu estraguei tudo não foi? Merlin!

- Não diz isso Mione! Você não teve culpa alguma. Pare de pensar nos outros e pense em você agora. Ouviu bem? – ela apenas assentiu com a cabeça enquanto Rony enxugava as lágrimas que caiam dos seus olhos. Depois de confortar a amiga, ele apertou o botão ao lado da cama.

- Não chame a enfermeira! Não agora!

- Como você pode dizer isso? – Rony olhou firme para Hermione. – Faz uma semana que você está deitada nessa cama, sem mexer um dedo! E agora você acorda e pede que eu não chame a enfermeira!? Ah não! Eu esperei muito tempo aqui nessa cadeira – e apontou uma cadeira ao lado da cama de Hermione – para agora correr o perigo de perder você de novo!

Hermione estava espantada pelas palavras de Rony. Ele estava tão preocupado que parecia cansado. Tinha olheiras visíveis embaixo dos olhos vermelhos. Estava pálido também.

- Me desculpe por estragar tudo, Rony. – Hermione disse com um fiapo de voz saindo da boca. Seus olhos se tornaram vermelhos e a respiração veio descompassada.

- Eu já disse que você não deve se culpar pelo casamento e nem...

- Desculpe por nós! - ela falou mais alto que ele.

Rony olhou para Hermione sem saber o que dizer. Par falar a verdade ele tinha milhares de coisas na cabeça, mas só conseguiu pensar em uma:

- Você lembra do beijo? – Se arrependeu de ter dito aquilo. Tinha quase certeza de que ela não estava mais acordada quando ele se aproximou dela, mas a esperança de ouvir um “sim” era maior do que a vergonha de perguntar.

- Eu gostaria muito de dizer que sim, mas eu não posso. – Ela olhou com tristeza para Rony, e seus olhos de encheram de lágrimas ao ver o desapontamento do garoto.

- É melhor eu chamar a enfermeira, então.
Rony apertou o botão forte e lançou um sorriso à Hermione. Ela nunca tinha visto aquele sorriso no rosto do amigo. Um sorriso forçado e extremamente sem sentido, sem expressão...
- Pronto, eles vão cuidar de você agora...

Mal Rony havia terminado a sua frase, a enfermeira entrou correndo pelo quarto, seguida de Harry e Gina.

- Finalmente menina! – a enfermeira disse um tanto empolgada. – Como eu pensava... como eu pensava...

- Mione! – Gina e Harry disseram juntos para depois abraçarem a amiga.

- Pensamos que você não acordaria nunca! – Gina parecia ainda mais abatida que Rony, e Harry um tanto triste também. – Nos disseram que você acordaria hoje, mas nós não acreditamos.

- Eu disse. – A enfermeira se pronunciou. – Eu trabalho aqui há muito tempo para não saber quando um paciente está prestes a acordar. – Ela examinava Hermione atentamente passando a varinha por cima de seu corpo. – Você é bem forte. – Disse terminando o exame. – Acho que poderá sair daqui amanhã mesmo. Está um pouco abatida... – ela pegou no queixo de Hermione e levantou o rosto da menina para que pudesse ver melhor sua face. - Olhos vermelhos! Isso não é boa coisa.

- Eu chorei... só isso. – Disse Hermione sem olhar para os amigos.

- Isso já muda bastante as coisas. Mas terá que descansar agora.

- Não, por favor! Eu quero saber o porquê de eu estar aqui. Ninguém me contou nada até agora!

- O médico lhe dirá logo.

- Por favor, Bella! Deixe a gente ficar um pouco com ela. – Gina suplicou – Estamos há uma semana sem falar com ela. Dê-nos pelo menos 30 minutos.

- 30 minutos senhorita Weasley! 30 minutos! Depois disso faremos um exame para desintoxicá-la de vez.

- Tudo bem. – Gina agradeceu dando um beijo no rosto da enfermeira.

- Como assim desintoxicar? – Hermione perguntou depois que a enfermeira Bella - um nome um tanto estranho para uma bruxa de lá seus 60 anos - saiu pela porta.

- Você foi envenenada, Hermione. – Gina respondeu.

- Mas como?

- Fizeram uma pesquisa minuciosa, e descobriram veneno em um perfume que estava no nosso quarto.

- Um perfume cheio de veneno. – Harry interrompeu. – Ao qual Gina nunca havia visto.

- Eu só usei um perfume que estava dentro da sua sacola Gina. – Hermione disse. – Um que você comprou naquela tarde no Beco Diagonal. - Gina ficara extremamente branca depois dessas palavras. Parecia mais triste do que antes, e o mesmo semblante estampava o rosto de Harry. Ele parecia decepcionado com a informação.

- Foi o que nós pensamos, então. – Harry disse passando as mãos pelos cabelos. O gesto que ele sempre fazia quando estava preocupado.

- Pensaram o que? – Dessa vez era Rony quem perguntava.

- Gina disse que nunca vira você com aquele perfume. E ela afirmou que não havia comprado nenhum perfume havia meses. Você por acaso a viu comprando mesmo? – Harry perguntou.

- Na verdade eu supus que ela tivesse comprado, pois estava na sacola dela.

- Então alguém botou o perfume nas sacolas. – Harry disse com firmeza nas palavras. – Nós já suspeitávamos disso.

- E eu não deveria ter morrido? – ela disse com normalidade demais na voz, o que fez Rony olhar feio para a amiga.

- Quem fez o veneno não conseguiu chegar ao ponto que queria. O veneno deveria matar a pessoa no momento em que ela o usasse. Mas pelo jeito ele foi feito de modo errado. Lupin disse que ele foi feito com pressa.

- Você quer dizer então que... – e ela pensou por alguns momentos – alguém nos viu no Beco Diagonal, e então produziu um veneno, o que na verdade fez rápido demais, fazendo com que ele fosse feito errado. Puro descuido. – Harry afirmou com a cabeça. – E então quando nós não estávamos prestando a atenção, ele colocou o perfume na sacola da... – e Hermione agora entendia a tristeza de Harry – Gina.

- Pelo jeito ele pegou a pessoa errada. – Gina disse olhando para os pés.

- Mas isso não importa mais agora, não é? – ela disse mais para Harry do que para outra pessoa.

Ele só deu de ombros. Gina parecia a ponto de chorar e Rony não parava de analisar a amiga, como se ela fosse desmaiar a qualquer minuto.

- E sobre aquilo que nós iríamos fazer? – Rony perguntou e Harry olhou feio para o amigo.

- Eu já sei de tudo Harry. Não sou tão cega como você pensa! – Gina xingou Harry de repente. Ele só olhou assustado para ela, para depois fechar a cara e ficar emburrado.

- Era para nós termos ido á uma semana atrás... – Rony se dirigiu à Hermione – Estivemos treinando vários feitiços e poções. Não conseguíamos dormir mesmo... com você aqui sabe... Achamos que você iria gostar de saber quando acordasse.

- Amei a noticia. – Ela disse lançando um sorriso aberto demais para Rony, na esperança de que o mal estar de antes se dissipasse. - Isso vai nos ajudar muito na hora de agir contra o que estiver nos esperando.

- Na verdade foi idéia do Rony. – Harry interrompeu. – Ele não deixou que eu descansasse um minuto! E eu não me lembro de tê-lo visto dormindo depois que você veio pra cá. – Hermione sorriu para o amigo.

- Pelo jeito amanha mesmo eu vou sair daqui. Por isso já estejam preparados o.k.?

- Mas tão rápido assim? – Gina disse assustada.

- Eu não sei nem porque eu vou ter que ficar aqui nessa cama mais um dia! – ela falou alto para que a enfermeira pudesse ouvir no lado de fora do quarto. – Eu não dormi uma semana inteirinha? Realmente não entendo. Já consigo até me levantar olha. – E ela fez força com os braços para se erguer da cama. Rony teve que segura-la para que não caísse. Neste exato momento Moody entrou mancando pelo quarto, e abriu um sorriso ao ver a garota acordada.

- Você não precisa tentar acordar os outros pacientes, senhorita Granger! – Bem vinda de volta!

- Obrigado.

- Andei falando com a enfermeira e ela me mandou vir expulsa-los. Mas, primeiro tenho umas perguntas para fazer.

- Nós vamos sair então. – Harry já se dirigia para a porta.

- Não Harry! Tudo que eu tiver pra falar pode ser falado na frente de vocês. – Hermione disse calmamente.

- Vamos começar então. – Moody sentou-se desajeitadamente na beirada da cama de Hermione. – Me conte tudo o que você fez naquele dia. Tudo mesmo!

Hermione tentou se lembrar de cada detalhe que havia acontecido na semana passada. Não deixava de ser difícil, pois ela não lembrava nem mais o nome da enfermeira que tinha a atendido. Foi realmente uma boa escolha deixar os amigos no quarto enquanto falava com Moody. Eles ajudaram a lembrar várias partes do seu dia ao qual ela nem se lembrava mais.

- Então ainda no casamento, nós levamos o Rony para dançar com Fleur. Quando ela já havia dançado com todos, eu e Rony fomos dançar a valsa juntos. Então nós dançamos cerca de 5 minutos quando... quando – ela olhou para Rony, ele parecia perceber o nervosismo na fala dela e estava bebendo cada frase que ela dizia nessa parte. – Eu já falei que nós dançamos?

- Sim.

- Então nós paramos por um minuto e... e... e eu desmaie – ela disse extremamente envergonhada. – Ah! – Rony olhou com interesse para Hermione. – Eu senti muita dor nessa parte da cabeça antes de desmaiar. – Rony desfez o olhar curioso.

- Só isso?

- Somente isso.

- Bom... Então eu acho que é hora de você tomar o conteúdo desse frasco. E vocês, - ele apontou para os três em volta. – Dêem bons sonhos para a amiga de vocês. Amanha cedo ela já vai poder sair daqui. Até mais ver Hermione.

- Até! – ela se despediu de Moody.

- Nós vamos indo lá então. – Gina deu um abraço apertado na amiga. Harry veio logo em seguida, depositando um beijo no rosto da amiga.

- Fica bem. – Ele disse paternalmente. Seguido dele Rony também veio se despedir. Deu um beijo no rosto da amiga. Seria um beijo igual ao de Harry, tirando o frio no estômago e os três segundos a mais que os lábios dele demoraram em se desprender dela.

- Amanha cedo nós estaremos aqui então.

- Trate de dormir Rony. – Ela segurou a mão dele quando ele já se afastava. Ele segurou a mão dela com força e respondeu:

- Hoje eu acho que vou conseguir.

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Naquela noite Rony foi dormir cedo. Mal havia jantado e já estava subindo as escadas para a cama. Harry não conseguia entender de onde ele havia tirado forças naquela semana inteira. Nos momentos em que não estava no hospital sentado na cabeceira da cama de Hermione, o que eram horas significativas, ele passava lendo e praticando feitiços. Algumas vezes Harry acompanhou o amigo, mas não conseguia ter a mesma determinação que ele. Harry tinha uma suspeita do porque de tudo aquilo. Talvez ele quisesse estar pronto para proteger melhor os seus amigos caso outra coisa acontecesse, em especial com Hermione.

- Eu acho que ele ficou meio complexado depois que a Hermione desmaiou nos braços dele.

- É. – Harry respondeu para Gina.

- Eu duvido que ele consiga acordar amanha pra ir buscar a Mione. Depois de uma semana mal dormida...

- Aham.

- O que foi Harry? – Gina levantou do sofá com o rosto contorcido em fúria. – Você vem sendo frio comigo há dias!

- Não...

- Pode desembuchar e dizer o que tá enlatado ai nessa garganta! Vai! Fala rei das monossílabas!

- Eu só estou meio preocupado.

- Você não vai terminar comigo de novo, não é? – Gina acalmou a voz e as palavras saíram com dificuldade da boca dela.

- Tudo o que eu faço é pensando em você.

- Não me venha com esse heroísmo idiota! – Ela agora estava gritando e chorando ao mesmo tempo. – Por que você não fala o que você sente pra mim? Eu vou entender! Você sabe disso. Não lembra do que nós falamos no casamento? Sobre ajudar um ao outro?

- Eu lembro.

- Por que você não fala então de uma vez o que você quer me falar a três dias quando descobriram o perfume na minha sacola? FALA!

Ela parou respirando forte. Harry estava quieto demais, pensativo demais. Ele ergueu a cabeça lentamente e olhou para Gina.

- Eu não consigo parar de pensar que poderia ter sido você. – Ele levantou do sofá e começou a andar de um lado para o outro. – Era para ser você Gina! Eu pensei que você não estaria mais em perigo aqui dentro de casa, mas eu estava errado. – Ele parou e foi até Gina. Parou na sua frente enxugando suas lágrimas e segurou suas mãos. – Alguém viu quando nós nos beijamos na loja. Eu só tenho medo que isso aconteça de novo.

- Não vai acontecer Harry! Se você quiser eu fico trancada dentro dessa casa pra sempre! Ninguém vai me achar aqui dentro. – Ela parecia uma criança que acabara de ter um pesadelo horrível. – Eu espero você matar Voldemort, eu espero o quanto você quiser. Só me diga que você vai vir me visitar. Que vai me mandar cartas. Me diz que você não vai terminar comigo. Eu não agüentaria mais isso!

- Gina...

- Não! Espere. – Ela o interrompeu. – Você pensa que eu também não tenho medo? – Ela apertou violentamente as mãos dele. – Tenho medo de muitas coisas Harry! Tenho medo de quem eu sou, tenho medo do que já fiz. Mas meu maior medo é sair por aquela porta – Gina respirou fundo para conseguir falar - e nunca mais sentir o que eu sinto... quando eu estou com você!

Ela se atirou nos braços de Harry. Estava chorando descontroladamente. Os braços de Harry pareciam um porto seguro. E ela sabia que se dependesse dela, nunca mais sairia deles. Ela queria ficar ali, não deixa-lo falar, não deixa-lo sair de perto dela. Mas ele se inclinou um pouco para trás. Puxou o rosto de Gina para frente e disse calmamente:

- Eu queria muito poder te livrar desse medo. De uma forma ou de outra eu vou precisar de você. – Eles se afastaram um pouco, ainda abraçados. – Eu sou louco por você Gi. E eu não vou terminar com você.

- Acho bom! – ela disse tentando rir em meio às lágrimas.

- Mas eu preciso pedir um favor pra você.

- Qualquer coisa, lembra?

- Eu vou pedir pra que você fique aqui na sede da Ordem quando eu, Rony e Hermione sairmos atrás dos Horcruxes.

- Tudo bem.

- Você será o nosso contato aqui na Ordem.

- Seu mentiroso! – ela disse amavelmente. – Você só quer me ver longe da luta, isso sim!

- Eu só quero unir o útil ao agradável!

- Tudo bem. Eu fico.

- Tem outra coisa também! - Harry só lembrou daquilo naquela hora. – Você não aprendeu a aparatar ainda. Como poderia ir conosco?

- Ai você me pegou!

- Então não fique triste mais. Eu vou conseguir fazer tudo melhor se eu souber que você está segura.

- Eu imaginei que você pensaria assim.

- Obrigado.

- Você sabe como me agradecer! - e puxou Harry para um abraço mais apertado ainda, onde o agradecimento em forma de beijos aconteceu.


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Lupin,

Preciso falar com você a respeito daquilo. Por isso venha até aqui amanha nos dizer as novidades. Estamos planejando fazer aquilo o quanto antes. Aproveite e nos acompanhe até o hospital para pegar Hermione.
Espero não estar atrapalhando a sua viajem, mas já esta na hora.
Desculpe as poucas palavras. SEGURANÇA!
Até mais ver então,

Harry.


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- Eu realmente acho que nós deveríamos dar mais um tempo pra Hermione descansar.

- Ela pode descansar quando chegarmos até o lugar que Lupin arranjou pra gente. – Harry respondia a um Rony que mais uma vez parecia ter tomado 50 copos de café bem forte. Havia acordado mais cedo que todos e fez questão de azucrinar a casa inteira para que fossem buscar Hermione logo.

- Mesmo assim. - Harry achou que ele não havia ouvido nada do que ele dissera.

- Ah! Olha o Lupin ali! – o bruxo acabara de aparatar no jardim da casa. - Você vem comigo falar com ele?

- Não... Vou tentar apressar a mamãe.

Rony saiu correndo para dentro da casa chamando pela mãe. Harry foi até o encontro de Lupin. Ele parecia feliz.

- Que bom que você recebeu a minha carta! – Harry apertou a mão do antigo professor.

- Carta?

- Sim. – Lupin mostrou-se preocupado – A que eu mandei ontem à noite.

- Sinto perguntar Harry, mas havia algo de muito importante na carta?

- Nada sobre o plano. Mas nossos nomes estavam neles.

- Isso não é nada bom. Alguém pode ter interceptado a carta. – MERDA! – Mas quem sabe a coruja esteja um pouco mal das asas. Vamos esperar para ver o que acontece. – Harry teve certeza de que ele não estava tão certo disso.

- Então, você conseguiu a casa?

- Ah sim! Consegui.

- Ótima notícia.

- Levarei vocês até lá quando quiserem.

- Pode ser hoje? – Lupin ficou espantado pela rapidez da pergunta.

- Você tem certeza disso Harry? – ele olhou sério para Harry. – Vocês já treinaram bastante, não é?

- Sim, sim... – Harry mentiu. Sentiu-se culpado por não ter dado tanta atenção aos apelos de Rony naquela semana.

- Então está certo. Chegarei aqui às 8 em ponto.

- Tudo bem.

Lupin chegou mais perto de Harry. Como fazia todas as vezes que tinha um assunto muito sério para contar.

- Tenho novidades. – E seus olhos brilharam de repente. Harry ficou quieto esperando que ele continuasse. – Eu falei com os centauros da região norte da Europa. Eles dizem que as estrelas já estão caindo Harry!

Harry não conseguia entender o que isso tinha de tão impressionante. Mas com certeza um motivo bom tinha, pois os olhos de Lupin brilhavam mais do que nunca. Estava até começando a ficar um pouco assustador.

- Eu ainda não estou entendo.

- São os tempos finais da guerra Harry!

- Você já havia me falado disso. – Ele concluiu impaciente.

- Mas quando as estrelas caem é diferente. É como uma confirmação. Estrelas caindo é um bom sinal. Sinal de coisas boas!

- Coisas boas como? – Harry já começava a entender.

- Exatamente o que você deve estar pensando agora. – Ele deu uma batidinha da cabeça de Harry. – Você deve conhecer a lenda: Quando uma estrela cai dos céus, faça um pedido e ele se realizará... blá blá blá... – ele disse irônico – coisa de trouxas! Eles adoram inventar histórias. O que na verdade acontece, é que quando uma estrela cai, ou morre, tanto faz, ela traz consigo a força de fazer coisas boas acontecerem.

- Deve ser por isso que vários trouxas dizem que os seus pedidos foram ouvidos.

- Isso mesmo.

- Quer dizer que bons tempos virão?

- Não bons tempos. – Ele negou. – Mas boas coisas acontecerão. É inevitável.

- Inevitável como eu um dia enfrentarei Voldemort? Não gosto da idéia de que tudo já está predestinado.

- São as estrelas Harry! – ele deu um tapinha consolador no ombro de Harry - Elas não costumam se enganar.


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