Sétimo ano



Sirius relia a carta de Dumbledore. Estava mais do que orgulhoso por ter sido convocado para ser um dos cinco alunos de Hogwarts que iriam a Durmestrang disputar uma vaga para o torneio tribruxo. Ele seria o único da Grifinória. Fora ele, outra menina da Corvinal e Lílian Evans, Amos Diggory da Lufa-lufa e Snape da Sonserina.

Não havia maior honra para um aluno do que ser chamado por Dumbledore para participar de um torneio como esse. Seus amigos estavam mais do que felizes com a conquista. Mesmo sabendo que ele passaria três meses fora. Ele sorria enquanto pensava. Queria ver a cara de Lisa quando soubesse. De uns tempos para cá se pegava pensando nela com freqüência. Gostava de lembrar dos sorrisos tímidos. Planejava com antecedência as brincadeiras só para assusta-la. Tinha em mente todas as conversas que tiveram, todos os passeios escondidos, todos os momentos difíceis em que ela arranjou um tempinho para dar colo a uma cara grande e carente como ele.

Com ela, Sirius não precisava ser rebelde, ser o bom, o metido a gostoso, aquele que sempre tem resposta para tudo. Com Lisa ele era apenas Sirius Black, um meninão que cresceu mais depressa do que amadureceu.

_ Pensando nela de novo, Almofadinhas?

Lupin falava sem levantar a cabeça dos livros. Estavam somente os dois no quarto. Remus estudando e Sirius deitado na cama absorto em pensamentos até o momento em questão.

_Ãh? Nela? Nela quem?

_ Não sei... – Remus levantou os ombros sem olhar para o amigo – Mas você deve saber, não é? Nunca te vi assim perdido em pensamentos – ele sorriu – Aliás, nunca te vi parando para pensar em nada... Só pode ser mulher...

Sirius sentou na cama ainda pensativo. Não conseguia tira-la da cabeça. Uma coisa estranha lhe veio a mente. Estaria gostando dela? Balançava a cabeça freneticamente. Aquela idéia lhe parecia tão absurda quanto amar Tiago. Ela era sua amiga e ponto final, nem mais, nem menos.

_ Acho que você devia falar com ela urgentemente – Aluado virou-se para falar pela primeira vez – Estou puxando papo há um tempão e você não ouviu uma palavra sequer, Almofadinhas...

_ Pare de encher, Remus! – Sirius se jogou na cama empurrando a cara no travesseiro.

_ Essa menina merece parabéns. Qualquer uma que te deixe nesse estado é com certeza especial...

Sirius fez um único movimento, jogou o travesseiro atingindo com força bem na cara de Aluado.

_ Tá sério mesmo o negócio, hem? Quem é? Fala logo! Eu vou acabar descobrindo mesmo...

Ele já estava se enchendo com aquele papo de Lupin. Que saco! Também não parava de pensar nela. No sorriso dela. No cheiro dela. Na pele dela...

_ Sirius, como amigo, converse com essa moça e pare de sofrer. Tá na cara que você está apaixonado!

_ Cala a boca, aluado! Eu nem sei o que é estar apaixonado... Eu jamais me apaixonaria... Para quê? – ele estava bem zangado – Para viver como Pontas suspirando pelos cantos, cantando feito um idiota!

_ Um idiota extremamente feliz! – riu Remus – Tiago está nas nuvens. Nenhum de nós seria capaz de torna-lo tão feliz e completo quanto Lílian... Ora vamos, almofadinhas, não pode ser tão ruim assim estar apaixonado...

_ Ela é apenas uma amiga! – Sirius gritou irritado.

_ Lisa! Você se apaixonou por Lisa? – o rapaz se assustou.

_ Lisa? Por que você pensou logo em Lisa? – ele se perguntava desde quando Lupin se achava no direito de o conhecer tão bem assim.

_ Suas duas únicas amigas são Lisa e Lílian... O resto da população feminina universal para Sirius Black não passa de caça... – ele sorriu – Simplesmente não acho que você seria capaz de se interessar por...

_ Lílian pertence a Tiago!

_ Então é Lisa...

_ Não sei porque eu tenho que estar apaixonado por alguém... Com raiva, Almofadinhas saiu do quarto batendo as portas.


Andou sem rumo remoendo as estúpidas conclusões de Aluado. O cara mais disputado de Hogwarts não ficaria apaixonado. E se ficasse, não seria por uma garota como Lisa. Tomando consciência de si novamente estava parado com as mãos nos bolsos e medo de entrar, diante da ala hospitalar.

_ Sirius? – a moça viu o rosto dele na janela de vidro – O que está fazendo aí? Entre! Queria mesmo conversar com você...

_ Comigo? – ele estava sem jeito na frente dela. Por que estava sendo tudo tão complicado? Ele não era bem o tipo que ficava nervoso para conversar com uma garota.

_ Queria te dar os parabéns, seu bobo! – Lisa abraçou o amigo com carinho – Fiquei tão feliz quando eu soube! Você sem dúvida merece demais! – Deu um beijo estalo no rosto dele – Vou morrer de saudades suas...

Sirius estava paralisado. Sentia a pele, o cabelo o cheiro dela em sua o pele. Gostava demais daquele abraço, desejava e até precisava daquele abraço. Rendeu-se ao amor que sentia por ela e que crescia a cada instante. Resolveu assumi-lo, nem que fosse para si mesmo, para que um dia tivesse coragem de mostra-lo ao mundo.

_ Você vai mesmo sentir minha falta? – sorriu sem jeito.

_É claro! Quem mais vai me procurar no meio da noite com uma crise pulgas?

_ Nossa! Só sirvo para incomodar? Liga não, tem o risco de que eu morra nessa viagem...

_ Nem fala uma besteira dessas... Eu morria junto! Você sabe que é meu melhor amigo em todo o mundo...

_ Ganhei do Tiago? _ Nem falo mais direito com ele... Ele nunca está só... Só digo trivialidades: Boa tarde, como vai, essas coisas...

_ Você ainda gosta dele?

_ Não sei... – ele entristeceu – Talvez eu ame o Tiago que eu criei na minha cabeça... Mas tenho me esforçado para afastar essa sombra da minha vida... – ela sorriu – Tenho até que te contar uma novidade...

_ O quê? – sentou no balcão enquanto ela separava frascos de remédios.

_ Acho que você não vai gostar muito, mas...

_ Fala logo, Lisa! Você está esgotando minha paciência...

_ Que paciência? Você nunca foi paciente. E foi, daquela vez que teve dor de barriga por indigestão daquelas tortinhas de abóbora e ficou quatro dias na enfermaria vomitando, lembra?

_ Lisa... Sem esses detalhes sórdidos... O quê é que você ia dizer... _ Severo me pediu em namoro... – ela sorriu. Sirius se levantou furioso.

_ E o que você disse para aquele idiota?

_ Disse que vou pensar... Como você ensinou... Tem que fazer Charminho, né? Bem... Mas eu acho que vou aceitar – ela ficou vermelha.
Vermelhidão que obviamente ele notou. Ele prestava atenção em tudo na vida dela – Severo me dá uma segurança... Sei que ele vai cuidar de mim, sei que ele gosta de mim... Que vai ficar comigo...

Ele não se controlava, o sangue ardia de ódio em suas veias fazendo o corpo inteiro queimar. Não conseguia ficar quieto. Andava de um lado para o outro na sala.

_ Controle-se, Sirius... Sei que você não gosta dele, mas...

_ Não quero você com ele! E acabou! – ele gritou.

Ela se assustou nunca tinha visto um Sirius tão descontrolado.

_ De todos os caras nessa escola você vai se enrabichar pelo único que não vai deixar nem eu dirigir a palavra a você?

_ Não é porque vou namorar Severo que vamos deixar de ser amigos...

_ Vamos sim! Se eu te vir próximo daquele nojento, eu juro que... – Estava fora de si.

_ Te prometo que vou tentar acabar com essa rixa entre vocês... Dois caras tão legais que... – ela tentava acalmar Sirius mas já estava ficando nervosa também. Não esperava aquela reação dele.

_ Cale a boca! – ele gritou – Eu não quero ser amigo daquela coisa asquerosa e se você quer namorar o estúpido só não pense que vai continuar sendo minha amiga... Não vai! Não vai porque eu que não vou querer!

_ Então é assim? – Não conseguia mais evitar chorar – Durante todo esse tempo eu não reclamei de nenhuma daquelas meninas idiotas com quem você ficava. Pelo contrário, dei força, ajudei a reatar, consolei e tudo mais... E agora, quando sou eu que preciso do seu apoio você me vem com 4 pedras na mão...

_ Nunca namorei alguém tão detestável quanto Snape! Eu não tenho tanto mau gosto assim...

_ Você está sendo muito grosseiro!

_ Estou sendo sincero!

_ E quem é bom o suficiente para mim, então? Tiago? – Ela chorava e gritava – Sinto muito! Ele já está com Lílian! Beijando Lílian, amando Lílian. E eu estou aqui sozinha! Não quero passar o resto da minha vida sozinha, Sirius...

_ É só isso que você quer? Alguém que aqueça seus pés a noite? Pensei que você fosse diferente...

_ Sirius! – ele ultrapassara os limites, foi muito cruel. Fazia com que ela se sentisse suja, errada.

_ Eu posso fazer isso para você!

Num gesto impensado e rápido o rapaz a segurou, a agarrou, e deu um beijo em sua boca. Beijo que não foi correspondido. Lisa lutava para tirar Sirius de perto dela com todas as suas forças, quando conseguiu deu-lhe um tapa.

_ Caia fora daqui agora! – apontou a porta sem olhar nos olhos dele. Foi só ali que ele percebeu como tinha sido detestável. Mas agora já havia aquela cara de decepção em Lisa e não mais poderia voltar.

_ Me desculpa! – pediu desesperado.

_ Fora! – nem abriu os olhos – Fora daqui! – limpou as lágrimas. _ Não quero nem ouvir sua voz!

_ Me desculpa!

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