Vittae Trocarus
Cap. 2 – Vittae Trocarus
Após a segunda semana de aula, Gina havia se distanciado, e muito de Hermione. Andava constantemente com Lynn, e por sua vez, Hermione com Ann. Hogwarts, antes alegre pela vinda dos alunos, agora tinha uma atmosfera tediosa. Definitivamente, não era mais a mesma. Gina foi esclarecida por Lynn, no primeiro sábado da sua estadia na escola, de que agora os comensais vagavam por toda parte, apenas dentro do castelo era “seguro”, a única parte da propriedade que ainda não havia sido visto um comensal. Ou seja, provavelmente, aquele que a atacara dias antes, fora um comensal, digamos... “necessitado”.
Lynn parecera para Gina, uma garota muito otimista e carismática, embora às vezes muito seletiva e esnobe quanto as suas companhias, que não eram muitas. Mas com o passar dos dias, a garota ruiva, ia se acostumando. Um certo dia, quando Gina e a loira conversavam pelos corredores do castelo uma coisa intrigante aconteceu...
- Aí, naquele dia, eu realmente achava que ele ia me procurar... - falava Lynn, meio que aos cochichos, sobre uma aventura sua, com um menino francês que conhecera em Beauxbatons, até que um certo loiro com olhar de desdém passou por elas e disse:
- Essas vestes azuis não combinam mesmo com você Lestrange...
- Você acha mesmo Malfoy? - perguntou Lynn num tom tão frio quanto o do garoto, o encarando com um olhar gelado.
Gina sentiu sua raiva subir até a cabeça, e percebeu que seu rosto estava ficando vermelho assim como seus cabelos... Ai, como odiava aquele Malfoy! Será que nem com pessoas de uma família que seguia o seu ídolo, Lord das Trevas, ele não ia sossegar? Isso não ia ficar assim...
- Acho. – disse ele erguendo a sobrancelha e cruzando os braços. Logo em seguida ele fez uma coisa, que deixou Gina ainda mais perplexa.
Puxou Lynn violentamente pela cintura colando seus corpos, e com a outra mão apalpando seu glúteo direito. A ruiva arregalou os olhos, e percebendo a expressão surpresa da amiga, num movimento rápido tentou separá-los não obtendo sucesso. Então começou a gritar:
- Malfoy seu pervertido! Solta a minha amiga agora! Você quer mais uma pra sua coleção! - esbravejou a menina bufando para o sonserino.
Primeiramente Malfoy ficou bestificado e em seguida soltou uma gargalhada fria que ecoou pelos corredores. Gina teve vontade de matá-lo, quando percebeu que outra pessoa também ria, e esta era sua própria amiga Lynn. A ruiva ficou sem entender completamente nada, com um semblante muito confuso e gaguejou:
- Ma... ma... mas o que ta acontecendo Lynn?
A garota sorriu para Gina alegremente e disse em seu tom usual:
- Que é Gina? Não posso nem abraçar meu próprio primo carinhosamente? – com uma expressão de “não é óbvio?” para ela, e em seguida o abraçou fortemente e acrescentou para ele: - Como vai Quinho? Não te vi desde que cheguei. – falou ela com uma cara de satisfação. Draco realmente não gostava daquele apelido.
- Quinho? – murmurou Gina para si mesma, no qual eles não puderam ouvir, fazendo uma cara de nojo misturada com indignação.
- Vou bem Pitzie. E você? – e depois de uma pausa voltou a falar. - Pois é, como chega e não procura seu primo preferido! – falou o garoto com um sorriso malicioso no rosto. Lynn não gostou de lembrar seu apelido infantil, ficando boquiaberta.
- PERAE! Para tudo! - gritou Gina tentando entender o que se passava. - Vamos recapitular... você é prima desse... desse... desse aí? - falou apontando para Draco, com muito nojo.
- Eu não falaria com tanta repugnância assim da minha pessoa... na verdade quem deveria estar morrendo de nojo da minha prima sou eu, por ela estar andando com uma pessoa desclassificada e fedorenta como você Weasley. – falou ele finalmente se separando da prima.
- Ora seu...! - Gina se aproximou com a mão erguida na altura do rosto do loiro, mas foi impedida pela mão da amiga.
- Deixe as carícias com meu primo para depois, estamos atrasadas pra nossa aula. Afinal nós temos poucas aulas juntas e temos que pôr o papo em dia... - disse puxando a ruiva pelo braço que antes ameaçava seu primo.
- Hey, vai embora assim, sem dar um beijo no seu primo favorito? - disse ele carinhosamente, no qual Gina teve uma ânsia de vômito.
Lynn rolou os olhos, mas riu, e voltou para o primo, e fez uma coisa a qual Gina teve certeza que sentiu uma substância gosmenta e azeda subindo para sua boca. Ela acabara de dar um selinho em Draco Malfoy.
- Merlin... ergh! - sussurrou Gina não se contendo.
Lynn voltou sorridente e seguiu arrastando a amiga pelo braço. Gina voltou seus olhos para trás e viu que o loiro continuava parado encarando as duas, com um sorriso maléfico e de braços cruzados. Gina tentou dar língua pra ele, mas não conseguiu porque Lynn já a puxara bruscamente para outro corredor.
- Ai! - exclamou a ruiva ao sentir o puxão.
- Eu sei que meu primo é lindo... mas tira o olho! - riu ela.
- Ah... eu quero muito seu primo! - disse necessitadamente sarcástica.
- Percebi... – disse Lynn voltando ao seu “normal”.
Ann Diggory era realmente má. Hermione percebeu isso à medida que os dias se passavam. Situações como essa lhe fez atinar pra este fato:
- Hermione... eu vou matar esses pivetes! - falou ela entre dentes, fechando os olhos e rezando para que Merlin a desse paciência.
- Calma Ann... Meninos! – pediu Hermione impacientemente. - Já disse, se vocês não pararem de nos cutucar eu vou mandá-los para a sala do Sr. Filch! E olhe que ele é malvado viu? – disse a morena para os dois garotos do 1º ano, que as cutucavam com a ponta das varinhas, enquanto elas estudavam.
- Se eles não pararem... – sussurrou Ann respirando fundo.
Os meninos se distanciaram por 2 segundos e em seguida ignorando a ameaça da monitora-chefe voltaram a incomodá-las cutucando novamente, testando assim, a paciência de Ann, que já estava no limite.
- Agora chega! - gritou ela. - Venham aqui seus filhos da... – Ann levantou-se e os garotos correram. Ela tirou a varinha convocou um feitiço em que os corpos dos garotos começaram a ser puxadas em direção a ela, como se estivessem sendo sugados por um aspirador de pó invisível.
Ann agarrou a gola da camisa de um dos meninos quase o enforcando, e puxou a orelha do outro quase a arrancando dele.
- Agora vocês vão aprender a me respeitar, pivetinhos imundos e miseráveis! - gritou ela no ouvido deles.
- Ann pelo amor de Merlin... larga eles, senão vou ser obrigada a te punir e eu não quero isso... – falou Hermione se levantando desesperada.
- VOCÊ NÃO É LOUCA DE FAZER ISSO! - berrou Ann descontrolada. Hermione arregalou os olhos de susto e se encolheu, mas a amiga tratou de acrescentar rapidamente. - Hermione... fica fora disso, esses pirralhos merecem uma lição.
- Tá... – respondeu Hermione com medo.
O olhar de Ann era de puro ódio, que deixaria qualquer um tremendo de medo.
- Agora... para as criancinhas aprenderem a lição... vamos dar umas palmadinhas básicas... - e conjurou umas mãozinhas de plástico que começaram a perseguir os garotos que correram em disparada pela biblioteca quando Ann os soltou. Quando as mãozinhas finalmente conseguiram alcançá-los, deram várias palmadas na bunda dos garotos.
Mione primeiro ficou perplexa, mas depois, não resistiu e riu bastante. Depois de alguns segundos de prazer de Ann, Hermione levantou-se recomposta e falou:
- Chega! - e finalizou o feitiço, as mãos então, desapareceram. - Já para cama, os dois! - e os garotos correram em direção ao dormitório do 1º ano.
Ann gargalhava ás costas de Hermione, que agora estava séria e falou para amiga:
- Sério Ann... o que você fez foi muito errado! – repreendendo a morena. - Eu não deveria ter deixado você fazer isso...
- Ah, fala sério Mione! Você até curtiu vai! E outra... - disse Ann se recompondo do acesso de riso. – Você é muito certinha! Tem que quebrar mais as regras...
- A questão Srta. Diggory, é que... – disse Hermione se levantando e arrumando seus pertences. - ... não é por eu ser certinha ou não, é simplesmente pelo fato de eu ser monitora! Ah, ou melhor, monitora-chefe! – e fechou a mochila. - Por isso tenho que ter uma postura exemplar!
- Uhhh, Srta. Monitora-Chefe-Eu-Sou-Exemplar, não está mais aqui quem falou... – voltou a rir Ann, se erguendo e arrumando suas coisas também. – Só acho que você deveria se soltar mais sabe... tipo... Wuw! - e fez um gesto com a mão e uma coisa que parecia mais uma dancinha animada.
Hermione não se controlou e riu um pouco, mas logo depois se despediu da amiga e foi para o salão comunal da Grifinória.
Uma outra vez onde a garota Granger percebeu o porquê de Ann Diggory estar na Sonserina, foi simplesmente o fato de:
Era uma manhã ensolarada de setembro. Hermione tomava café tranquilamente até que inesperadamente, Ann sentou-se ao seu lado na mesa da Grifinória. Todos ficaram perplexos com a ousadia da sonserina, mas nada falaram, pois o olhar dela para todos era assassino.
- Vai matar alguém hoje, Ann? – falou Hermione em tom de brincadeira.
- Acertou na mosca Granger. – sorriu ela maleficamente, muito séria.
Hermione tossiu e se engasgou com o suco que tomava e falou:
- Você tá brincando não é Ann?- num tom de dúvida apavorada.
- Claro que sim... Mione. – disse ela ironicamente. – Só um pequeno obstáculo no meu caminho.
- Mas posso saber o motivo, de onde vem tanto carinho para com esse “obstáculo”?
- Digamos que problemas familiares. – murmurou ela saindo da mesa da Grifinória.
Foi aí que Hermione, com um semblante indagador ouviu alguém gritar da mesa da Sonserina:
- Será que esse ano teremos mais um Diggory morto em Hogwarts! O último que andou por aqui deu uma de herói e simplesmente... – o garoto que gritara isso apenas fingiu desmaio, e levantou-se rindo. – Família de fracassados, não sei como veio parar na Sonserina!
- Ahhhhh, meu Merlin! – sussurrou Hermione que saiu correndo desesperada atrás de Ann que desaparecera do salão.
Depois de procurar pelo castelo praticamente inteiro, Hermione, já exausta, avistou a morena conversando alegremente com uma colega de quarto da Sonserina. Correu em sua direção e disse:
- Er... Com licença!- e puxou a amiga pelo braço até um pouco mais adiante do local e sussurrou. - Você não fez nada não é?
Ann olhou-a sorridente como se aquele estivesse sendo o melhor dia de sua vida e falou:
- Primeiro Mione, nunca mais na sua vida me puxa dessa maneira, o.k.? – e puxou a manga das suas vestes que a amiga ainda segurava sussurrando um “desculpa” muito corada. – Segundo, por que eu haveria de fazer alguma coisa? Aliás, do que é que você tá falando? – e deu um dos seus sorrisos mais largos de sua vida.
No dia seguinte, Hermione recebeu seu Profeta Diário, com a notícia de que um garoto em Hogwarts havia ingerido veneno que se encontrava em alguma comida ou suco em seu jantar, e este estava em coma na ala hospitalar do colégio, aos cuidados de Madame Pomfrey. Ao ler o nome do menino, Hermione lembrou-se do episódio do dia anterior e deixou cair o suco de abóbora de espanto.
Quando a sineta tocou para o início das aulas, a garota correu em direção a amiga sonserina e murmurou:
- Você disse que não tinha feito nada!
- Mas eu não fiz nada! – disse ela olhando Hermione com uma cara de inocente muito mal feita.
A amiga pôs as mãos na cintura, jogou a página de jornal com a matéria e a encarou. Ann puxou-a para um canto e sibilou:
- Escuta aqui, ele me provocou ok? E outra, não tem como ninguém provar que fui eu... Os comensais estão à solta não é mesmo? Quem pode garantir que não foram eles? A menos que você abra essa boca certinha para alguma coisa... você quer que eu vá parar em Azkaban?- e seu semblante era sério e firme.
- Não, mas você realmente não deveria ter feito isso! – disse Hermione bastante séria. - O.k., o.k, dar palmadas em garotos do primeiro ano é uma coisa, mas você quase matou esse menino! Isso se ele não morrer...
- Ele não vai morrer... – falou Ann tranqüila encarando as unhas das mãos. - Eu sou ótima em poções. Daqui a uns dias ele acorda, foi só pra dar um susto no idiota. – lançou um olhar ameaçador a Hermione e continuou. - Mexeu com os Diggory, pediu a morte!- e saiu com o queixo erguido.
Realmente, mexer com os Diggory era pedir a morte, pensou Hermione, ou coisa bem parecida.
Mesmo com aquele gênio tempestuoso e temperamento explosivo, Ann era uma ótima amiga para Hermione, o que não se achava em qualquer corredor de Hogwarts.
Gina continuava sem palavras pela cena que acabara de presenciar. Como ainda não havia percebido? Era lógico! Lynn era filha dos comensais Bellatriz Lestrange e Rodolfo Lestrange, a essa altura já morto. Bellatriz era irmã de Narcisa Black, mãe de Malfoy. Como não tinha feito as ligações? Estava com a cabeça nas nuvens, só podia. Mas agora voltara a realidade... Ficar com o pé atrás com a loira seria a melhor solução? Afinal, prima de Draco Malfoy, não poderia ser uma pessoa muito boa no fim de tudo. Mas o que mais a confundia era que Lynn apesar de fria tinha uma ternura em seus olhos quando estava à companhia de Gina, as duas realmente se davam muito bem. Decidira então não afetar sua amizade com a garota pelo simples fato de ter o crápula do Malfoy como primo, se fosse da mesma laia que o sonserino, a deixaria minguar nos braços daquele comensal nojento que tentou estuprá-la na Floresta Proibida.
Dirigiram-se para a aula de feitiços, ministrada pelo Prof° Flitwick, aquele anãozinho intrigante. A garota Weasley já havia notado a grande imponência de Lynn ao executar os feitiços, era de impressionável beleza e frieza. Era muito inteligente aquela Lestange, o que fazia grande contraste ao pensamento do resto da escola que a achavam “apenas mais uma garota fútil de corpinho gostoso”. Não deixando para trás Gina que além de muito bonita, também era extremamente esperta. Ao término das aulas daquele dia as garotas dirigiam-se pelo corredor até chegar o momento em que cada uma tomaria um caminho diferente rumo às suas salas comunais, mas chegando no meio do caminho no mural do corredor principal, havia um grande cartaz anunciando um baile de boas-vindas. Gina estranhou.
- Um baile de boas-vindas? – indagou a ruiva para si mesma. E Lynn ao lado não pôde deixar de ouvir...
- É ué! Vai dizer que aqui nunca teve um baile desse? – disse a corvinal como se fosse a coisa mais normal do mundo bruxo.
- Não. Hogwarts nunca teve uma festa como essa. – falava a grifinória coçando a cabeça e os olhos apertados numa bela expressão de confusão. – Mas... pra quê que serve um baile de boas-vindas? – dando grande ênfase em “baile de boas-vindas” como se fosse algo realmente incomum.
- Ahm... Serve para... para... Ah Gina! Serve pra receber os alunos ao novo ano na escola. Para recepcionar melhor os novos alunos e é uma forma de confraternização bruxa, onde todo mundo tem a oportunidade de se conhecer melhor sendo Lufa-lufa, Corvinal, Grifinória ou Sonserina. – disse Lynn já impaciente.
Ao pronunciar a palavra sonserina, um arrepio subiu pela espinha de Gina, o que não a fez se sentir muito bem. Tinha verdadeira repulsão à palavra e aos seus componentes, era quase inexplicável. Mas ao fundo sabia que a maior razão para toda essa ojeriza era causada por uma pessoa, apenas uma, e esta tinha uma pele muito branca, um sorriso desdenhoso, cabelos platinados que às vezes se deixavam cair pelas sobrancelhas arqueadas e um olhar frio e cinzento como o céu num dia de chuva torrente. E ainda, pra piorar a situação, primo de sua mais nova amiga inseparável, este era Draco Malfoy. Sonserina se transfigurava apenas nesta face, e para ela o resto era tão igual senão pior. “Mas que tipos de pensamentos são esses, Virgínia Weasley?”, pensava ela. Agora parecia uma epilética batendo em si mesma, como que na intenção de se punir. Estava ficando louca, só podia ser! Como poderia pensar naquele loiro nojento tão detalhadamente! Ele era repugnante! Apesar de sangue puro e rico, muito rico, era a escória dos bruxos, o pior dos piores, não merecia sequer uma ponta de seu pensamento. E voltando a si, perguntou indignada para a amiga que a olhava de jeito desconfiado:
- Então quer dizer que vamos ter que nos bater com aqueles sonserinos nojentos durante toda a festa? – a ruiva se contorcia como se estivesse fazendo pirraça.
- Sim. Vamos sim! E por que tudo isso Gina? Tá com medo de não resistir ao charme do Quinho é? – disse Lynn, caindo na gargalhada ao ver que a amiga havia ficado tão vermelha quanto seus cabelos.
Nesse momento, parecia que todo o sangue que circulava em seu corpo tinha subido para sua cabeça. E Gina respondeu gritando furiosa:
- Mas que porra! – quase soltando fumaça pelas narinas. – Eu quero que aquele rato do teu primo se foda Lynn! Eu acho que se alguém que tá com medo de alguma coisa aqui, esse alguém é você... Quem sabe ele não te agarra de vez nessa porra de baile! – ainda gritando. Saiu batendo os pés, há muito tempo não havia estado tão nervosa quanto naquele momento.
- Calma, calma... Não precisava ter ficado tão brava assim Gininha. – falando a loira para seus botões calmamente, já que a menina havia partido parecendo um tomate ambulante de tanta vermelhidão. – Pff... HAHAHHAAH Essa Gina me mata! – e passou caminhando em direção aos dormitórios da Corvinal.
Cartazes como aquele que Lynn e Gina haviam visto, estavam sendo espalhados por todo o castelo durante aquela semana. O Baile de Boas-vindas parecia ter sido preparado de repente, pois os avisos anunciavam a festa há duas semanas futuras daquele dia. Como uma festa de última hora, podia se esperar uma grande algazarra pelo castelo aos dias que se seguiam. Corujas saíam e chegavam da escola a todo o momento, levando cartas aos pais dos alunos para que o mandassem roupas de gala e pacotes chegando com tais conteúdos. Com as ameaças constantes de ataque e os boatos de que os comensais rondavam Hogwarts, os professores e a nova diretora da escola acharam prudente não saírem do castelo. Assim, suas roupas não puderam ser compradas em Hogsmead, como sempre faziam quando havia um baile importante como esses na escola. Professores e monitores, isso incluía Herminone, estavam aflitos e não conseguiam conter a multidão de alunos alvoroçados que só falavam no tal Baile. Era impossível dar aulas, pois eles não prestavam atenção, assim como as ordens para que cumprissem seus afazeres ou até repreende-los. Hogwarts se viu num antro de adolescentes empolvorosos nas duas semanas que se correram.
O dia do Baile de Boas –Vindas havia chegado e nada parecia estar tão distante de acontecer até chegar este dia. Pareceram a todos os 14 dias mais longos passados naquele castelo. Estavam todos empolgados pela festa, pelas comidas, para terem a oportunidade de verem todas as caras novas aquele ano. Afinal, numa propriedade tão grande, era raro ver todas as pessoas novas que entravam todo ano na escola, retirando lógico as horas das refeições, em que sempre estavam mais ligados em seus pratos do que em qualquer coisa.
Mas sabiam que seria um ano diferente. O primeiro ano desde a entrada do simpático e decidido ancião de barbas brancas feito a neve, sem ele. As festas sem a presença de Dumbledore seriam algo realmente marcante, e não positivamente. A tranqüilidade transmitida por ele aos alunos era algo pacífico e seguro que mesmo em tempos conturbados, sentiam-se felizes e a salvo para comemorar seja lá o que fosse.
Ao badalar sete horas o castelo estava deserto. Os corredores vazios lembravam Hogwarts durante as férias de Natal, onde muitos poucos alunos permaneciam na escola para o feriado. Todos estavam em suas torres se preparando para a grande festa. Só se cochichavam nas salas comunais de cada casa sobre a decoração do salão e do discurso da Profª McGonagall, será que falaria sobre comensais, ou até quem sabe, lembrar-vos de Dumbledore?
Gina preparou-se para o banho após chegar à sua sala comunal. Hermione tinha chegado a pouco também, mas passou direto, provavelmente afundada em seus pensamentos não vira ninguém a sua frente. A ruiva sentia falta da morena por vários momentos, afinal, tinham se apegado muito ao fim das férias e aquele começo de ano, porém sabia que sua amizade com Lynn era um dos fatores do afastamento, mas o grude da menina com aquela sonserina (que não agradava muito a Weasley), pesava muito para aquilo estar acontecendo. Sem se preocupar, Gina preparou a banheira com sais de banho que usava apenas em ocasiões especiais, estes cheiravam a camomila. Um cheiro bom exalava da água em que a ruiva estava a se banhar, estava bem descansada ali, e acabou demorando-se demais naquele banho, quando percebeu pôs-se a se arrumar com certa pressa.
Hermione chegou um pouco depois das sete horas ao salão da Grifinória, pegou-se pensando em coisas que nem sabia como haviam chegado a sua atenção, e estava, portanto, atrasada para começar a se arrumar, já que havia combinado com Ann que as duas estariam lindas de morrer para a festa. Subiu direto ao seu dormitório sem se pronunciar a ninguém, correndo para preparar seu vestido e seu banho. Tomou um longo banho de chuveiro bem frio pensando nas maldades que a nova amiga fazia e perguntava-se se aquilo tudo era para chamar a atenção, ou era pura maldade mesmo. Também se lembrando da pequena Virgínia (que não era tão pequena assim), e na falta que ela fazia, mas não podia fazer nada se a menina resolvera andar com a intragável da Lestrange-nariz-empinado. Ao fim, a morena começou a besuntar-se de hidratante, este tinha cheiro de rosas, deixando um perfume marcante em sua pele.
Lynn por sua vez chegou bem cedo à sua sala comunal, não tivera sua última aula e como era apenas com a sua própria casa, isso dizia que Gina teria aulas e ela ficaria por um horário inteiro sozinha sem nada a fazer. A Corvinal era uma casa em que seus alunos não ficavam muito por lá, estavam sempre ocupados com algo, na maioria das vezes na biblioteca estudando, o que não fazia nada o gênero de Lynn. Era muito inteligente, mas não explorava demais seu cérebro, pois achava grande perda de tempo (leia-se chato) ficar horas a passar páginas de livros muito sem graça sem nenhuma animação. Até que estava cansada de olhar para o teto de seu dormitório e foi até a sala comunal dar uma espairecida. Ao descer as escadas já se batiam quase sete horas e os alunos de outros anos estavam chegando das aulas e indo se arrumar para o baile. Havia ficado tanto tempo que tinha parecia ter se esquecido do baile, e quando ia subindo notou um menino forte e bonito sentar-se em uma das poltronas da sala. Identificou-o como sendo do 7° ano, era imponente e tinha um semblante muito sério e concentrado por trás do livro que estava a ler. De súbito voltou a descer os poucos degraus que tinha subido e seguiu em direção ao moreno, que ergueu a cabeça à sombra que a garota tinha lhe feito. Era muito bonito sim, e a garota sentiu um fogo repentino subir por entre suas pernas.
- Boa noite. – disse Lynn ao garoto. – Qual teu nome?
- Richard Cohen, e o teu? – perguntou o menino levantando-se, ficando maior do que a loira.
- Lynn Lestrange, 6° ano. – falou ao garoto muito segura de si, com sua frieza habitual. - E tu? Nunca te vi pela sala comunal. Não vem muito para cá?
- Sou do 7° ano. – falando calmamente a menina que deixou escapar um som não identificável. – Exatamente, não fico muito por aqui. Na verdade esta é uma das poucas vezes que me sento aqui. Tenho muito trabalho sabes? Sou meio que presidente de um encontro realizado sempre aqui em Hogwarts, por isso sou muito ocupado. – disse, deixando escapar um sorriso de canto de boca. – E por que não estás se preparando para o baile? Não vais?
- Vou sim... – falou friamente, lembrando-se do Baile. Mas não deixando de ficar satisfeita pelo súbito interesse do rapaz à sua presença no baile, não deixando transparecer sua satisfação. – Deveria ir também. – disse ela virando-se de costas ao moreno, e subindo para preparar-se para a festa.
Subiu rápido as escadas aos dormitórios, e esperou o banheiro ficar mais vazio para poder tomar um banho mais tranqüilo, afinal, essas meninas faziam barulho demais por uma simples festinha. Encheu a banheira com água quente e sabão que exalava um doce perfume de algas, o preferido da loira. Tomou-o calmamente apesar de saber que chegaria atrasada ao salão, e logo após saiu e pôs-se a se arrumar belamente.
Ann estava atordoada com as milhões de atividades passadas pelos professores e ainda pela voz de Hermione que lhe dizia 24 horas por dia que precisavam estudar mais. Sempre gostara de estudar, sempre foi uma prazer a ela, mas às vezes chegava ao limite da paciência. Chegou feito um foguete pela sala da Sonserina, quando alguns alunos assobiaram ao pé de seu ouvido. Não sabe como se segurou e os lançou alguma maldição naquele instante, pois seguiu varada ao quarto deitando-se com força de costas em sua cama. Levantou-se bufando após alguns minutos e foi até o baú posicionado à frente de sua cama e retirou seu belo vestido para a festa. As meninas que saíam dos chuveiros pararam à volta da cama de Ann para admirar seu vestido, só aí sentiu seu bom humor voltar. Adorava se sentir invejada era algo entre muitas poucas coisas que melhorava seu humor. Enfim dirigiu-se ao seu banho. Tomou uma ducha gelada, e por volta de uma hora deixou a água extremamente gélida percorrer seu corpo. Era como se tentasse levar aqueles poucos pensamentos chatos que lhe restavam junto a água para o ralo. Retirou-se de debaixo da água corrente e secando-se foi até sua cama arrumar-se. Não havia mais nenhuma garota da Sonserina ao seu dormitório, por isso a morena sentiu-se à vontade para trocar-se deixando a toalha de lado ficando por alguns minutos do jeito que viera ao mundo no meio do quarto. Era uma beleza intrigante, quase sem palavras para descrevê-la. Seus seios redondos, fartos e empinados seguiam pelo corpo esguio, muito bem trabalhado, pernas grossas, e as nádegas muito duras e grandes. Sem contar seu deslumbrante rosto e aqueles olhos azuis, que quem olhava se perdia lá dentro. Desatou a se perfumar, era um cheiro misto, doce, porém muito forte e marcante. Estaria deslumbrante assim como havia combinado com Mione. Reparou em um espelho ao canto do quarto e se posiciona em frente a ele. Era quase de sua altura, exibia o reflexo de seu monumental corpo.
- É... até que o quadribol durante as férias não caiu mal. – disse a morena olhando para o reflexo de seu corpo.
Até que a luz do dormitório tornara-se mais intensa, era refletida por algo muito claro que vinha da porta. Ann olhou através do espelho e viu a cabeça de Malfoy espiando pela porta. Malfoy estava espreitando a porta havia alguns minutos embasbacado com a beleza da menina. A morena convocou a toalha que veio voando de encontro a si e se cobriu imediatamente e berrou:
- MALFOY SEU PERVERTIDO, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI!
- Er... eu... eu tava...- sua boca abriu e fechou várias vezes.- Bem... eu tava procurando a Pansy, eu vou com ela ao baile.
- Ah, a cara de buldogue nojenta! - e riu. - Ela já saiu com as amiguinhas saltitantes dela! Que peninha Malfoy, seu nível tá baixo porque ela tá horrível, bem que você poderia ter arrumado coisa melhor pro baile...
- Bem, você poderia bem que aumentar meu nível não é Diggory?- disse ele se aproximando maliciosamente e trancando a porta atrás de si.
Ann ficou receosa, e começou a andar pra trás, com medo do olhar tarado do loiro. Ele avançou e a prensou na parede, colando seus corpos. Suas respirações estavam próximas e quentes. Ele pendeu sua cabeça pra frente deixando as bocas se aproximarem. Neste momento um pensamento passou pela cabeça da garota: “É, tô na seca mesmo, e esse oxigenado é gostoso.”. Sua respiração acelerou ele pensou: “Essa respiração tá me deixando louco!”... Não agüentando a atração, Draco beijou-a com ferocidade, pesando mais seu corpo sobre a garota na parede. Pensamentos passavam pela mente de Ann, mas ela não queria se desvencilhar, afinal gostava daquela situação. Ao momento que suas bocas se separaram em busca de ar, Malfoy desceu seus lábios, pousando-os no pescoço da morena que aquela altura não tinha noção do que acontecia a volta e a mão que prendia a toalha ao seu corpo foi se afrouxando. A toalha branca e felpuda que cobria seu corpo nu caiu no chão revelando seu corpo nu, e o loiro por entre beijos retirou sua camisa com grande excitação, queria mais, muito mais da morena. Pousou suas mãos em uma das coxas da garota que por sua vez cravou as unhas de uma das mãos no peito do loiro beijando-o ferozmente, e com a outra se dirigiu as costas do rapaz arranhando-a com grande selvageria, e por fim empurrou-o para longe de si.
Ela ainda ofegante colocou seu dedo indicador em seu peito e pronunciou provocante
- Pronto, já tirou sua casquinha Malfoy... agora vá! A cara de buldogue deve estar esperando. – disse ela já recomposta rindo e colocando em sua frente a toalha felpuda novamente.
Ele saiu perplexo.
- Nossa, acho que eu vou precisar de outro banho frio... – falou se dirigindo ao banheiro.
Aquela noite seria inesquecível, para todas elas.
Chegou então à hora tão esperada pelos alunos... Aquelas três horas pareceram-lhes torturante, sentiam como se nunca fossem passar. As dez da noite todos os alunos se dirigiam em suas vestes de gala ao Grande Salão, estando muito bonitos e excitados pela festa. Gina e Lynn encontraram-se a caminho do salão, ambas deslumbrantemente lindas. Muito tempo depois, Ann e Hermione entravam pela porta do divino salão, não muito diferente de Gina e Lynn, muitos garotos tornaram a se virar de acordo com que Ann e Hermione passavam, assoviando para as morenas que tinham o ego batendo ao teto.
A menina Lestrange estava com um vestido azul-marinho profundo em pura seda. Um vestido belíssimo de alças não tão justo ao corpo, mas que valorizava as formas perfeitas da loira. Era mais apertado aos seios fartos da garota (que mesmo tendo 16 anos, possuía um corpo de mulher), e solto a partir de sua barriga lisa. O seu vestido tinha quase um estilo que se assemelhava ao grego, que se alongava até os pés da menina, dispostos em lindas sandálias prateadas. Era nu até o meio das costas, a não ser pelas grossas alças que desciam, quando se juntavam ao restante do vestido, e suas costas que não estavam cobertas pelos seus longos cabelos habitualmente soltos, hoje estava preso num penteado complicado, porém muito bonito. Usava um colar de ouro branco que reluzia quando a luz das velas batia, num pingente de uma chave incomum. Passou de leve uma sobra clara em seus olhos que tinham aquele dia uma profundidade imensa parecendo um mar azul-escuro, dava ainda mais essa impressão, pois passara também um lápis muito preto ao redor de seus olhos destacando-os e contrastando-se com sua pele alva e seus cabelos loiros platinados que se deixavam cair estrategicamente pelo rosto frio. Lynn sempre fora uma garota muito bonita, durante toda sua vida chamara a atenção de muitos meninos, o que já tinha lhe proporcionado grandes aventuras ao passar dos anos. Mas hoje estava especialmente linda, não sabia o por quê, mas havia se preparado e se arrumado especialmente para aquele dia.
A garota Weasley se encontrava com um vestido branco, com as alças que prendiam em seu pescoço, fazendo um decote V. Os cabelos estavam muito longos, lisos e com ondas nas pontas. Seus olhos estavam muito mais chocolates e brilhavam graças ao realce que a sombra e o lápis provocavam. Tinha um colar prateado pendurado ao pescoço, com um pingente em forma de fada que brilhava.
Do outro lado do salão, Hermione conversava com Ann animadamente, com seu vestido rosa não-berrante, de alças finas e havia um decote extremamente cavado até o fim de suas costas, muito sensual. Seus cabelos estavam com as mechas da frente presas atrás, a franja caia em seus olhos e como o resto do cabelo se encontrava encaracolada, porém muito contidos, brilhosos e sedosos.
Ann que agora pegava uma taça de champagne a cada um segundo, trajava um vestido preto longo, muito colado ao corpo, com uma fenda na altura da coxa direita. Era tomara-que-caia que valorizava e muito seus seios. Seus cabelos possuíam ondas aparentando despenteados, e uma franja de lado lisa, lhe dando um ar muito sensual. Seus olhos agora pareciam de vidro, devido à maquiagem.
Granger percebeu a alegria em demasia da amiga e perguntou:
- Viu passarinho verde Diggory?
- Não, muito melhor que isso Granger... – respondeu ela num sorriso malicioso, tomando um gole suave do champagne.
- E posso saber o que foi?- perguntou outra vez curiosa.
- Saí da seca colega! Tipo... Wuw!- disse ela com sua nova mania de girar o dedo indicador.
- E com quem posso saber também?- riu a amiga do vicio da morena.
- Ah... com aquele loiro oxigenado da Sonserina...- disse ela dando outro gole na bebida sem dar muita importância, como se o nome fosse um detalhe ignorável. - Como é mesmo o nome dele?- indagou fazendo uma cara pensativa.
Hermione que havia dado um gole longo de seu champagne, tossiu e cuspiu tudo em cima da mesa.
- O Malfoy? Ergh... que nojo! - disse a garota enjoada.
- É! Esse mesmo! - falou Ann confirmando sem dar muita importância ao fato da amiga cuspir ao perceber que era o loiro. - Ah Mione qual é, ele até que é gostoso! - comentou ela rindo e fazendo Hermione se aliviar um pouco da tensão.
Gina do outro lado, avista Hermione, e vai até sua direção, com Lynn um pouco atrasada às suas costas, graças a um garoto que a secava desde o começo da festa e ela lhe dava vários foras para ver se ele se mancava.
- Boa noite garotas!- falou ela dando um beijo no rosto de Hermione e lançando um sorriso amarelo para Ann, que não contribuiu da mesma forma, sorrindo abertamente.
- Boa noite! - responderam as duas.
- Nossa Mi, como você tá linda!- exclamou Gina girando a amiga pelo braço.
- Ah, você também Ginn!- elogiou a amiga sinceramente, embasbacando-se com a ruiva.
Neste momento Ann encontrava-se estática olhando para trás de Gina. A garota não entendeu e olhou para trás, mas apenas viu Lynn dando mais um fora no garoto insistente.
- Aconteceu alguma coisa Ann? – perguntou Gina estranhando.
- Lynn...- sussurrou ela mais para si.
- Qual o problema com a Lynn?
- Não, não... LYNN! - berrou a garota.
Lynn virou-se rapidamente, e antes com a cara emburrada, agora estendera um largo sorriso e berrou de volta:
- DIGGORY SUA PRETA! – a loira saíra em disparada para o grupo de meninas e deu um forte abraço na sonserina.
Gina e Mione olharam-se perplexas. “Mas de onde diabos essas duas se conhecem?”, pensava Hermione com uma expressão confusa no rosto semelhante a da ruiva à sua frente. Até que uma delas quebrou o silêncio.
- Vo... vocês se conhecem? – perguntou a garota de branco.
As duas praticamente ignoraram a pergunta da Weasley. Estavam muito excitadas, pareciam se conhecer a séculos e serem grandes amigas.
- Então... Como é que tá a sua mãe? – perguntou Ann ainda muito eufórica.
- Ah... ela tá bem, tá bem... – respondeu a loira quase dando pulinhos de alegria.
- E você? Como anda? Tá estudando por aqui é pretinha?
- Eu estou muito bem como pode ver. – disse a morena quase dando uma volta, para a menina admirar-lhe. – Tô estudando aqui sim gata. Hhahahah Tô na Sonserina e você?
- Eu estou na Corvinal. Ai... Aquela casa é um saco! Só tem cdf’s. – e olhou de esguelha para Hermione. – Como tá aquele gatinho que você tava na festa? Ainda tá com ele? – perguntando excitada.
- Não, não... Por sinal... Acabei de dar uns beijinhos no seu primo. – falou gargalhando. – Você nunca me disse que ele era tão gostosinho! – falou ela crispando os lábios e arqueando a sobrancelha.
A loira deu uma alta gargalhada que só não ecoou pelo salão, porque estava cheio. E não estava surpresa por Draco ter ficado com Ann, afinal, galinha do jeito que era não deixaria a morena escapar sendo tão bonita.
- E o teu pai Ann... Como ele tá? – indagou Lynn, percebendo que logo após sua pergunta o semblante de Ann ficou mais triste e seu sorriso desanuviou-se.
Lynn estranhou, porém a nova diretora, Minerva McGonnagall, naquele momento acabara de bater com a colher em sua taça pedindo a atenção de todos. E começou seu discurso de começo de baile:
- Boa noite a todos. – sorriu ela, com suas narinas tremendo levemente. – É com grande prazer que inauguro o primeiro Baile de Boas-Vindas de Hogwarts. – houve breves palmas e ela continuou. – Bem, além de boas-vindas aos novos que são muito bem-vindos à nossa escola, - houve aplausos empolgantes dos alunos novatos, entre eles Lynn e Ann. – se sintam, acolhidos. Hogwarts será a partir de agora sua segunda casa. – houve uma breve pausa, e em assim ela continuou. – E também, gostaria de desejar uma boa volta aos alunos antigos e especialmente a um.
O silêncio tomou conta do salão. Por um segundo Hermione observou Harry se endireitar um pouco à sua direita, abafou um riso e logo após Minerva continuou:
- Para quem não sabe, há mais ou menos três anos atrás houve uma edição do Torneio Tribuxo em Hogwarts, infelizmente ao final deste ocorreu uma morte pesaroza. – uma pausa totalmente tensa. Gina sentiu Ann se remexer um pouco ao seu lado. – Foi uma grande perda para a escola, Cedric Diggory acabara de falecer. – houve alguns murmúrios no salão e alguns olhares se voltaram à garota Diggory, que não se sentiu incomodada. Logo depois o silêncio voltou a reinar. – Então seu pai, Amos Diggory, tornou-se um grande pesquisador e cientista bruxo e começou a investigar a cura para a morte. Ou seja, uma poção para ressucitar, e ele depois de muito tentar... conseguiu. – os murmúrios no salão voltaram a toda.
Ann se mexeu mais uma vez, desta vez mais incomodada, mas não pronunciou nada. Hermione sussurrou ao seu lado:
- Mas como ele conseguiu...? – perguntou a garota impressionada.
Minerva teve de bater novamente com a colher na taça, dessa vez com mais força e insistência para que o silêncio voltasse. Ele voltou, mas ainda com alguns sussurros e cochichos.
- Infelizmente, ninguém sabe como ele conseguiu. Pois ao que tudo indica, a poção denominada pelo Ministério e pela Associação Internacional de Poções e Operações Mágicas, Vittae Trocarus. Não deixando nenhum tipo de anotação com a receita da poção, apenas uma carta, que em todas as tentativas, escrevia para sua mulher e filha. – todos se viraram e fixaram Ann. – Nesta última tentativa ele não voltou, pois como se intitula a poção, as vidas entre os indivíduos são trocadas. Amos Diggory deu a vida por seu filho Cedric, que voltou a vida ao fim do ano letivo passado. – a algazarra foi total. Comentários e gritos ecoaram por todo o salão.
Perguntas como “Cadê ele? Cadê o Cedric?”, foram gritadas saindo de várias bocas de vários alunos. Minerva voltou a falar:
- Bem... – falou Minerva agora sorrindo. – Ele voltou a vida com a mesma idade que tinha, quando faleceu, 17 anos. Por isso, retornou a nossa escola e estará cursando o último ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Quero que recebam alunos novos e antigos... – um enorme silêncio se fez no salão. – Cedric Diggory.
Ele saiu da saleta que se encontrava ao lado da grande mesa dos professores. Entrou tímido, com as bochechas coradas e um belo sorriso na face. Urros e gritos ecoaram pelo salão totalmente, seguido de vários aplausos. Desceu do alto (onde se localizava a mesa dos professores de Hogwarts) e passado um tempo, ele cumprimentava várias garotas eufóricas que se jogavam ao seu caminho, e vários garotos que teimavam em estender-lhe a mão para cumprimentá-lo. Na época do Tribuxo era muito popular e fazia grande sucesso com as garotas. Na época de sua morte, além de Cho, viam-se muitas garotas lamentando sua morte. Com sua volta, a escola provavelmente viraria um ringue de lutas para ver quem ficaria com o mais novo estudante do castelo.
Parecia ter localizado sua irmã desde sua entrada e pelos grandes obstáculos demorou bastante para chegar. Ele chegou enfim ao local onde sua irmã se encontrava. Sorriu-lhe charmosamente e sussurrou de modo que ela e poucas pessoas que estavam ao seu redor pudessem ouvir ainda sorrindo:
- Eu odeio esse povo todo em cima de mim.
- É o preço que se paga ressuscitado. – falou Ann rindo em seu ouvido, batendo no peito de seu irmão.
Cedric cumprimentou Hermione e Gina cordialmente, até que observou uma garota maravilhosamente linda, com o rosto virado para o lado indiferente à confusão. Ao virar-se ele viu que seus olhos pareciam oceanos escuros onde se perdera, logo depois se deteve a sua boca que era convidativa demais para ele, e mirando seu corpo que para ele era perfeito, com curvas delgadas onde mil imagens passaram a sua cabeça que ele preferiu espantá-las olhando novamente para seu rosto, o qual teve uma surpresa. Ela não sorria, tinha uma expressão fria. O sorriso de Cedric diminuiu-se e então cortou o silêncio. Aparentemente se esquecera que já havia cumprimentado as outras garotas e educadamente falou:
- Boa noite Granger, Weasley, e...? – com seus olhos passando da irmã até a loira.
As garotas o olharam confusas, mas o cumprimentaram novamente. Ann entendeu que seu irmão esperava por uma resposta de Lynn que se mantinha imóvel e muda olhando para o nada através do moreno.
- Ah sim, Ced... Lembra-se daquelas confraternizações de famílias puros-sangues no fim de ano? Pois é, numa delas eu conheci a Ly...
- Lestrange. – disse Lynn voltando à consciência, num semblante seco e frio.
- E a senhorita não tem primeiro nome? – retrucou ele, tentando ser o mais educado possível.
- Por enquanto você não precisa saber meu primeiro nome. Você não vai precisar, pra você é só Lestrange. – falou saindo da roda.
Ann arqueou as sobrancelhas olhando a face espantada de seu irmão. Gina tentou abafar uma risada com um acesso de tosse e Hermione olhava para os lados inquieta sentindo uma certa pena do garoto que acabara de retornar a Hogwarts.
- E então Cedric, como está se sentindo? – tentando mudar de assunto...
- Vivo né? – respondeu desanimado.
Ann desatou numa longa gargalhada quebrando o clima tenso e pegando outra taça de champagne, enquanto Hermione tentava concertar um pouco constrangida.
- Er... eu não quis dizer isso, bem foi outra coisa...
- Relaxa... sabe, amiga da minha irmã é minha amiga também. Brincadeiras são permitidas entre amigos. – Dando um sorriso simpático passando a mão pelos ombros da morena.
Ann piscou para Hermione e percebendo que a garota Weasley estava um pouco de fora, ele falou:
- Nossa Weasley, como você cresceu! – falou sem intenção alguma, mas gina corou.
Lynn lançava olhares tediosos as amigas, e parecia apelar sair dali. A companhia de Cedric pelo visto, não lhe agradara muito, foi o que ficou pensando Hermione que pigarreava de minuto em minuto.
De repente, Harry surge atrás de Gina com uma cara de poucos amigos e a chama para dançar. Gina aceita e se encaminham para o centro do salão. Logo após, Cedric se despede de Ann e Hermione, dizendo estar muito cansado, pois a viagem tinha sido longa e cansativa.
Quando Lynn se afastou das amigas e do garoto, percebeu que Draco estava no bar muito mal-humorado bebendo com a camisa meio aberta, mostrando parte de seu peitoral. A loira se aproximou e falou:
- Nossa... A Ann beija tão mau assim? - quase rindo.
- Muito pelo contrário... Mas meu problema não é ela, é a Parkinson. Deve estar rodando atrás de mim que nem louca e eu estou aproveitando meus últimos segundos de paz enquanto ela não volta a me infernizar.
- Bem... a noite também não está lá essas coisas pra mim. Lucramos eu e você relembrando um pouco da nossa infância. – disse ela num sorriso provocante. – Que tal Quinho? – mordeu os lábios olhando nos olhos cinzentos do loiro.
- Lynn, Lynn... – falou sorrindo maliciosamente, e sem dar tempo para mais conversas puxou a loira pela cintura para perto de si e a beijou com selvageria. Na necessidade de ar, separaram seus lábios e ele apenas disse: – Odeio quando você me chama de Quinho. – riu e a beijou novamente.
Passara vários minutos na companhia do primo “relembrando sua infância”. Quando eram mais jovens Draco e Lynn tiveram um quase namoro escondido da família. Os loiros necessitavam um ao outro, era como se fossem apaixonados. Mas isso passou, eles cresceram e Lynn foi estudar na França e ele em Hogwarts.
Ia se despedindo do primo com beijos fervorosos e saía deles muito ofegante, quando percebeu um moreno passar por eles e já de costas ao casal, que olhara insistentemente para trás fitando a loira e crispando os lábios.
Cedric não entendia o porquê da raiva repentina que lhe tomou conta ao ver a tal Lestrange e Draco juntos. Estes estavam muito íntimos e grudados um ao outro, por isso concluíra que deveriam ser namorados ou algo assim. Estava saindo tranqüilamente do salão, mas após aquela cena saiu varado do local, e apesar de se sentir cansado e fraco, estava quase correndo ao chegar à porta.
A loira ficou intrigada com o olhar do garoto que a arrepiou, mas afinal, por que motivos aquele olhar fuzilador a ela? Não estava fazendo nada de errado. Mesmo estando com Draco, a festa continuava chata, não era mais o mesmo sentimento o que tinha pelo primo hoje em dia, apesar de adorar seus beijos, não havia mais aquela hipnose que a possuía quando era menina. Como já estava se despedindo, finalizou a conversa com seu primo e seguiu para sua sala comunal. Os corredores estavam vazios, frios e a meia luz, não havia necessidade de grande claridade, pois todos ou pelo menos a maioria dos alunos estavam no Baile. Lynn andava pelos corredores do castelo lembrando-se da sensação que teve ao ver pela primeira vez o menino que havia ressuscitado e com a imagem do sorriso dele e logo em seguida pelo olhar arrebatador que a lançou quando a viu nos braços de seu primo. “Por Merlin! Por que as imagens desse garoto não saem da minha cabeça? É só um garoto qualquer...”, pensava tentando se convencer.
Cedric subia as escadas do castelo muito cansado. Suava frio e estava deveras pálido, precisava se deitar, repor suas energias, e principalmente tirar aquela loira arrogante de seus pensamentos. “Arrogante, porém linda. Linda demais.”, pensava ele ao passar por mais um lance de escadas. Ao chegar ao penúltimo lance, a imponente escada de mármore se moveu, dando um brusco impulso jogando-o para o corrimão. Após recompor-se, ele se levantou e decidiu seguir pelo corredor. Conhecia aquele castelo como a palma de sua mão, não fora os anos de sua morte que o fizera esquecer. Andando por lá saberia onde tinha ido parar e então iria à sala da Lufa-Lufa. Andou por uma hora pelos corredores daquele andar, não esquecia seus caminhos, mas não lembrava que o castelo era tão grande. Quando avistou a escada a sua frente seguiu em sua direção, estava no corredor onde era a sala comunal da Corvinal e já sabia muito bem por onde ir.
- Preciso de uma cama, preciso de uma cama... – cantarolava para si mesmo em sussurros durante todo o caminho. Quem passasse por ali, diria que com certeza voltar do mundo dos mortos tinha o deixado louco.
Naquele momento ao pé da escada ouviu passos vindo para o mesmo caminho. Aguardou para ver quem virava a esquina do corredor, engolindo seco ao ver quem era.
- Lestrange. – crispou os lábios e tinha no rosto uma cara de poucos amigos.
Lynn que andava pelo corredor com a cabeça baixa levantou-a ao ver uma sombra aproximar-se de si. De súbito fechou a cara.
- Ah... É você! – disse ela com certa fúria na voz.
- Nos cruzamos de novo... – ele muito tranqüilo, apesar da face contorcida.
- Quer me dizer o porquê daquele olhar que me lançou? – falou ela contendo-se e voltando a si rapidamente. Uma Lestrange nunca se mostrava enraivada em hipótese alguma.
- Que olhar? – fazendo-se de sonso. – Ah... talvez porque não pensei que fosses tão fácil de se levar. Cair na lábia do Malfoy! Pff... Até na minha época aqui isso era um erro que só as fracas cometiam. – ele estava vomitando as palavras, querendo ser tão duro, quanto o olhar que ela o lançava. – Tão bonita, mas ainda sim tão burra...
- Quem você pensa que é pra falar de mim assim ô defunto! – disse ela alterando um pouco a sua voz. – Já vi que não é igual a Ann... Ela é mil vezes mais discreta e prudente do que você. Quem já se viu... Mal me viu e já está tentando tomar os olhos pra minha vida. - voltando a falar friamente. – Não te devo nenhuma satisfação Diggory, mas saiba que o Malfoy é meu primo... e que eu não caí na lábia dele, e ele sim na minha!
Cedric sentiu-se aliviado por ouvir Lynn dizer que Draco era apenas seu primo, mas ainda sim um pouco intrigado, pois primos não se agarravam daquela maneira. Não entendia a causa de seu coração ter acalmado as batidas e se pegou olhando disfarçadamente ao semblante frio da garota, que não estava percebendo mais preocupada em não transparecer sua raiva. Nessa hora Lynn empinou seu nariz e tentou continuar seu caminho, mas o corpo alto e robusto de Cedric a impedia.
- Quer sair da merda da minha frente? – falou a garota totalmente ríspida.
- Não antes de me responder uma coisa... – estava sério e seus lindos olhos cinzentos a fitaram. Lynn bufou, mas por dentro se estremecia com aquele olhar penetrante.
- Diz logo. Estou cansada.
- Por que já me odeia tanto Lestrange? – sua voz era firme ao perguntar-lhe isto. Era intrigante o modo como a menina o tratava apesar de terem se conhecido há poucas horas atrás.
- Por ter ressuscitado porra! – disse Lynn de uma vez só, sem dó ou piedade.
Deu a volta pelo moreno e ia seguir para sala, quando sentiu dedos grossos e frios puxarem seu pulso, encontrando-se num baque surdo a corpo suado do moreno.
Apesar de muito magoado com o que acabara de ouvir, Cedric não deixaria por menos a resposta da loira. Puxou-a de encontro a seu corpo e então ela olhou dentro de seus olhos e ele fez o mesmo. Perdia-se naquelas duas órbitas magníficas. Um mar profundo, onde só via confusão. Ao contrário do que a menina via, ternura e doçura era isso o que se achava nos olhos de Cedric Diggory. Como que em câmera lenta Lynn viu o rosto pálido do garoto aproximar-se do seu. Sua respiração era calma e calorosa, enquanto a dela já se acelerava, não entendia muito bem a excitação por aquilo tudo estar acontecendo. Sentia ímpeto de afastá-lo de si e ir embora, mas seu coração começou a se acelerar e por fim ele a beijou.
Era um beijo calmo e suave que ganhou ferocidade e profundidade ao se passarem segundos. Suas línguas se encontraram e como em um balé, tinham uma dança compassada e minimalista, explorando a cada toque uma sensação. Encaixavam-se. Lynn sentiu um frio intenso passar por sua espinha e todo seu corpo tremer por dentro, nunca tinha beijado ninguém assim, nunca tinha experimentado aquela sensação. “Porque diabos ele mexe comigo assim?”, pensou inconformada logo se desvencilhando do beijo que tomou seu fôlego, e ainda ofegante disse com firmeza:
- Que porra pensa que está fazendo Diggory? Nunca mais volte a encostar em mim! – e saiu rapidamente do corredor onde se localizavam, entrando à sala da Corvinal.
Cedric ficou estático ao meio do corredor, processando o que acabara de acontecer. Tudo aconteceu de impulso, seu coração estava acelerado. Pálido, com os olhos fundos e grandes olheiras, e o suor frio escorrendo por sua face. Lynn saíra imponente pelo caminho, com seu nariz empinado, numa expressão muito séria. Ao se afastar do local, a loira acelerou seu passo e quando percebeu já se encontrava a frente da entrada da sua sala comunal. Entrou em disparada seguindo para os dormitórios, e bateu com violência a grande porta de madeira. Seus olhos estavam marejados, mas nenhuma lágrima caía por seu rosto, caiu com força em sua cama e abafou um grito com seu travesseiro. Ao erguer a cabeça, tinha uma expressão fria.
N/A’s: Outras modificações feitas nesse capítulo, mas nada que altere a história! Só foram acrescentados alguns detalhes para o melhor esclarecimento. (:
Háááá, Cedric é lindo né minha gentê? Enfim... cuidem-se crianças. Beijo.
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