GRITOS E PERGAMINHOS
_Lumus! - um novo jato disparou pela floresta, cambaleando, Harry se levantou, as cavalgadas se afastavam porém o estavam cercando, correndo em meio as árvores que pareciam cada vez mais próximas, duas flechas cruzando ao lado de sua orelha direita cravaram em uma das árvores.
Sem fôlego seguiu adiante, as cavalgadas agora cada vez mais velozes, em meio a uma escuridão cegante, guardou a varinha em suas vestes e se virando seguiu, as trevas dominando os caminhos, ouvindo passos que vinham ao lado das cavalgadas, tropeçou em uma pedra e rolando por uma série de rochas, sentiu várias pancadas lhe atingirem todo o corpo, algo havia lhe cortado o rosto, sentia isso. Passando a mão, algo molhado lhe lavou, era sangue, realmente havia cortado.
Se pondo de pé olhou para trás, um vulto perolado passou voando, o sufoco lhe invadindo o corpo, o silêncio perturbador em meio a um local aonde o infinito era pífio. Com as mão trêmulas, o corpo dolorido e um corte no rosto saiu a andar, seus pés batiam em uma sequência de galhos que pareciam formar um sentido, pareciam trilhar um caminho.
_Morte...sangue... - uma voz sussurrou do nada. Harry parando sentiu um vento lhe passar por detrás da nuca, se virando novamente, o vulto correu a sumir, os passos agora somente pioravam, vários risos rasgavam o silêncio.
_Peguem ele...morte...sangue...
Percebendo que os galhos realmente formavam uma trilha, seguiu por eles correndo, os passos o seguindo, as risadas frias invadindo sua mente, o frio lhe cobrindo o corpo, a escuridão não parecia cessar de forma alguma.
Correndo em meio as trevas, um novo vulto passou muito próximo ao mesmo tempo que vários olhos vermelhos realizaram borrões na escuridão, temeroso, seguiu adiante.
_Morte...
_Quem está ai? - indagou na esperança de que assim podesse aliviar de certa forma o desespero dentro de si.
Houve em resposta a sua fala uma labareda de fogo que cruzou o ar surpreendentemente voraz, não parando um segundo sequer, o ar gelado que invadia seus pulmões foi quebrado e o silêncio se estilhaçou diante de um barulho que indicava fogo.
Seguindo, pode ver dentre a escuridão uma figura desconhecida queimar em chamas, pendurada em uma das árvores, o fogo iluminava ao redor, várias criaturas mortas, o sangue ao lado mostrava os enormes buracos em seus corpos, deveria haver alguma criatura sanguinária, alguma criatura carnivora, mas porque colocara fogo em uma delas.
Parando pela primeira vez de que adentrara a floresta, um rugido surgiu mais atrás, se virando, a criatura mais demoniaca que poderia existir lhe avançou, lhe dando uma patada no peito, Harry sentiu seus pés cederem enquanto adentrava algo muito escuro e úmido, não estava mais na floresta, não podia se ver mais árvores, ou as chamas, as risadas, os vultos, os olhos vermelhos, muito menos ouvir as cavalgadas e passos.
ARRRE!
A criatura adentrou o negro local, avançando ferozmente, Harry apanhou sua varinha antes de sair a correr, não conseguia correr mais, a criatura o pegaria, era realmente mais veloz.
Com mais um rugido Harry olhou para o que vinha em sua direção, podendo ver somente uma espécie de urso todo deformado seu pé tropeçou em algo morto e não podendo se segurar foi caindo por um enorme buraco, a criatura mais atrás, pulara também.
Elevando sua varinha ao alto, berrou, com todas as suas forças, sua mente, coração e alma juntos na esperança de que saisse dali vivo, para que continuasse, para que encontrasse a Equipe dos Sonhos novamente.
_INCÊNDIO! - apesar de unir toda sua força, somente um feixe disparou mais acima, atingindo a criatura, num rugido explodiu em chamas. Ainda caindo pelo buraco, Harry mergulhou por uma água gélida, a mais gélida que já estivera, o choque por todo seu corpo se unindo a dor, era o extremo, o insuportável.
Aproveitando as enormes chamas da criatura que cairiam em breve nas águas pode ver um caminho mais a frente, uma espécie de caverna .
Sentindo algo lhe tocar, a criatura mergulhou nas águas, o grito de dor rasgando o silêncio, percebendo que não era o urso, olhou para o lado, nada pode ver além das trevas do que dois olhos opacos de vidro no qual se mexiam pavorosamente, haviam corpos como na segunda tarefa do Torneio do Olheiro.
_Morte... - a voz disse novamente.
Harry sentiu seu coração pulsar de tal forma que pensou que fosse lhe disparar pela boca, em sequência ao que a voz dissera, vários corpos incrivelmente pularam das águas. Não eram somente mortos-vivos, eram vampiros.
Sentindo uma mordida no braço, viu que os dois olhos opacos vinham rumo a lhe morder o pescoço, milhares de corpos vindo para lhe morder, a água sendo manchada por sangue, sentindo mais uma mordida no mesmo braço, saiu a nadar rumo a caverna. Porém estava sendo cercado, não havia caminho aberto, sentindo uma mordida nas costas, algo como um veneno lhe subiu pelo sangue, velozmente se lembrou como quando fora picado pela cobra na terceira tarefa, um desejo demoniaco de matar a todos disparou por sua mente.
Nadando como jamais fizera, mergulhou pela água em sangue e passando por debaixo dos corpos emergiu pulando para as pedras que levariam a caverna, as três mordidas pareciam lhe dar um prazer, como se agulhas estivessem penetrando em sua pele.
Seguindo em um ódio desconhecido, assim que adentrou a caverna pode ver vários esqueletos podrificados presos nas paredes e cobrindo o chão. Adentrando com varinha em mãos, um grito de dor muito perto quebrou o silêncio, era uma voz conhecida, diante daquela voz, os esqueletos ganharam vidas, feitos e com espadas de fogo, a caverna foi irrompida por esqueletos, todos prontos a matar, todos prontos a destruir quem estivesse ali.
Harry sentindo o veneno lhe correr pelas veias, saiu a correr sem medo, sua varinha em mãos, algo em sua mente lhe dizia que poderia fazer tudo, que nada o impediria de vitoriar.
_DESNERIUS! - um raio dourado disparou pela caverna, atingindo vários esqueletos, assim que atingiu o último, apanhou a espada com um feitiço de levitação, sem fogo, foi rumo a luta, nada o impediria de seguir e achar a ave sagrada.
ARRRRRRE!
Correu a lutar, se abaixou, desviou, pra baixo, direita, esquerda, esquerda, direita, esquerda, direita, direita baixo...cravou a espadas num dos esqueletos que explodiu.
PÁ!
Algo lhe atingiu as costas dormente de dor, indo rumo aos esqueletos, elevou sua varinha:
_D-I-F-A-R-N-I-U-S!
Um dragão de chamas ao invés de negro cruzou a luta atingindo os esqueletos, aproveitando a chance, saiu a correr indo adiante, as criaturas vinham mais atrás, o perseguindo. Indo por um caminho totalmente escuro, foi tomando várias curvas até perceber que estava subindo, seguindo, vários raios de fogo foram atirados contra o chão, tudo agora estava sendo irrompido pelas chamas, a caverna iria ser coberta pelo fogo em poucos segundos, correndo mais do que nunca, uma curva extremamente longa acelerou as chamas, iria explodir, iria explodir, chegando ao fim, uma espécie de caveira negra estava cravada a uma rocha. Era o fim, não havia saida, ou voltava ou morria, sem saber o que fazer, elevou sua varinha ao mesmo tempo que mais um grito de dor, porém muito pior acelerou tanto as chamas quanto o coração de Harry, a caveira negra no momento seguinte ganhou vida e berrando a rocha explodiu para trás enquanto a criatura vinha para lutar.
Harry não podendo esperar, a caverna explodiria em poucos segundos pulou pelo buraco recém aberto, a caveira com uma espada de chamas verdes lhe elevou ao alto, fazendo um corte na altura do braço.
Sentindo como se uma chama ainda mais venenosa o estivesse matando aos poucos foi rolando pelos caminhos seguintes, as árvores estavam cada vez mais próximas, tendo consciência de que explodiria, continuou a correr, com o corpo quase dormente, uma explosão no segundo seguinte o arremessou longe, as chamas formavam uma espécie de pássaro de fogo, um gigantesco e pavoroso pássaro, logo se dissipou em meio as copas das árvores.
Não suportando mais a dor, o veneno e a cada minuto tendo menos força, seus olhos quase fechados avistaram um vulto mais a frente, havia algo mais atrás, algo de madeira. Cambaleando, se levantou, não sabia porque, mas algo lhe dizia para ir rumo ao vulto, era horrivel, algo muito deformado.
Correndo, o caminho parecia não diminuir, fechando os olhos se viu próximo a construção de madeira, o vulto desaparecera, era um casebre, um casebre todo destruido. A porta aberta rangia, havia algo que brilhava lá dentro. Seguindo, foi até a porta, era uma vela, havia uma vela sob uma mesa de madeira, as janelas abertas rangiam sombriamente, adentrando o único cômodo do casebre, extremamente dolorido, apanhou sua varinha, havia mais duas velas apagadas, acendendo-as, fechou as janelas abertas e em seguida a porta, observando ao redor, pode ver que havia somente uma mesa e uma sequência de madeiras que formavam uma cama com grandes buracos.
Levando suas mãos feridas às vestes, apanhou o frasco que Dumbledore lhe dera e com o sentido de veneno cada vez mais forte, enunciou:
_Accio!
Muito pouco do liquido no momento seguinte lhe adentrou pela boca, era uma poção revigorante. Vendo que havia ainda uma grande quantidade do liquido verde, guardou em sua vestes, uma energia pesada porém limpa do veneno dos vampiros e da cobra lhe fez com que caisse desmaiado na cama de madeira, não sabia aonde realmente estava, se havia acontecido algo com alguém e como chegaria ao segundo horcruxe.
Em meio a uma noite fria um grito rompeu o silêncio, Harry se levantou no mesmo instante que a porta do casebre se escancarou, houve mais um grito, era de Hermione, mais um grito, era novamente de Hermione, vendo o vulto correr por meio as árvores, se levantou, em meio a uma escuridão e um temor que parecia mortal. Sem saber muito o que fazer, saiu a correr atrás do vulto, um novo grito lhe cercou a mente, cada vez mais temeroso, seu coração disparou, seu corpo trêmulo corria sem rumo em meio as trevas, em meio a um caminho que não sabia se estaria voltando, indo mais a frente, direita, esquerda ou se mesmo estava saindo do lugar, o delirio de Crovotus Cadaverus somente mortalizava os sentidos.
Com mais um grito, o desespero foi lhe dominando, o ar era gelado, o caminho cheirava a sangue e os cortes pareciam rasgar cada vez mais, seguindo o vulto, correu, correu como se nunca mais fosse sair dali, sem rumo, as árvores foram se distanciando, vendo algo muito branco, o vulto com olhos ensanguentados desapareceu, havia chegado ao fim da razão.
Em frente a uma casa branca muito destruida, de vários andares, mais um grito veio de dentro.
_Hermione! - chamou com a voz fraca - Hermione! Hermione!
_Aqui! - a voz de Hermione respondeu, não acreditando que podia ser verdade, a amiga gritou ainda mais, parecia estar sendo torturada. - Aqui!
_Hermione! - Harry repetiu somente para ter certeza.
_Aqui, Harry, aqui!
Harry cambaleando com a dor que não parecia ter passado em nada adentrou a casa, havia manchas de sangue nas paredes brancas, os quartos estavam completamente destruidos.
_Aonde você está? Aonde? Aonde?
_Aqui! - a voz respondeu do último andar.
Subindo pela primeira escada, as risadas demoniacas lhe vieram a mente, correndo em meio a escuridão, a cada grito de Hermione parecia sufocar mais.
_Aonde? - Harry com as risadas e gritos lhe perturbando a mente indagou.
_Aqui! Nãoooooooooooooooo!
Hermione berrou, parecia ter sido morta.
Harry saiu a correr pelas escadas, cada vez mais destruidas, pareciam não acabar, chegando a um dos quartos aonde precisaria apanhar a próxima escada em um dos cômodos, vários vultos em sangue nas paredes foram manchando o branco rasgado de vermelho, correndo cada vez mais, sentiu seus sapatos tocarem o chão coberto de sangue.
Temendo por não ouvir mais a voz de Hermione, chegou a última escada, pulando-a de dois em dois degraus, assim que chegou ao último, a escada cedeu, caindo por diversas madeiras, voltou a um dos primeiros andares, vendo uma criatura passar de relance por um espelho quebrado, voltou a descer, iria sair dali, iria ser morto, queria ir embora, fugir de tudo aquilo, as risadas, as vozes, o silêncio, os vultos, o sangue, a criatura.
Pulando vários degraus para o primeiro andar, saiu a seguir por um corredor, o mais escuro, chegando ao fim, percebeu que estava no caminho errado, deveria ter pego o outro, se virando, alguns degraus despencaram, caindo vários metros, estava no porão, não havia saida dali, a escada estava destruida, se levantando um espelho se estilhaçou, mostrando um reflexo atrás de Harry, a criatura e um pergaminho no chão, se virando, a criatura não estava ali, o pergaminho, porém, sim, se abaixando apanhou-o e abrindo em meio a escuridão um grito de dor suprema veio o mais próximo que poderia estar, se virando novamente, olhou para o pergaminho, várias letras escritas em vermelho surgiram ao mesmo tempo que ficou diante de quem gritara...
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