Surpresas!
"Don't say I'm out of touch
Não diga que estou fora da realidade
With this rampant chaos, your reality
Com esse caos violento, sua realidade
I know well what lies beyond my sleeping refuge
Eu sei bem o que está além do meu refúgio quando durmo
The nightmare I built my own world to escape
Do pesadelo que construi meu próprio mundo pra escapar"
--- Imaginary - Evanescence ---
O ambiente estava escuro. Havia ali um cheiro estranho, mas comum para quem ocupava o local. No exterior, a distância da cidade mostrava seus sinais, com a existência de grandes campos fechados, árvores muito próximas uma da outra, e a escuridão era imensa. A aglomeração das copas das árvores nem ao menos permitia que a chuva grossa penetrasse por ali.
A única coisa que se enxergava era um vulto encapuzado. E apenas isso. O vulto se encontrava sentado em uma cadeira de madeira, velha, que rangia a qualquer mínimo movimento. Ali no interior do pequeno casebre, a poeira ocupava grande parte do único cômodo.
Havia ali, além da cadeira, uma mesa - igualmente de madeira - encostada na parede. Uma única janela, pequena, fechada. Alguns castiçais e suas devidas velas acesas, iluminando apenas um velho pergaminho que estava depositado em cima da mesa.
No chão, haviam diversas cordas espalhadas, e um longo facão. E, ao lado deste, também jogada no chão, uma varinha.
O vulto sentado escrevia no pergaminho os passos que, a partir dali, seriam seguidos. Numa grafia bem desenhada e muito fina, a trajetória dali em diante era escrita, deixando tudo bem claro para que erros não fossem mais cometidos.
Naquele silêncio cortante, o plano era minuciosamente elaborado. Cada detalhe era de extrema importância. O vulto então, em uma voz de certa forma arrastada, começou a declarar o que seria feito resumidamente, antes que a hora chegasse.
--- Ir ao hospital e de alguma forma levá-la para outro lugar e, então, trazê-la para o cativeiro.
[...]
No centro de Londres, uma fina garoa perturbava aqueles que caminhavam pela rua na gélida manhã de segunda feira. Entre eles, estava Hermione, correndo para chegar a tempo no trabalho. Ela decidira andar para refrescar a cabeça, curtir o dia. Mal sabia ela que no meio de seu gostoso passeio a chuva viria para atrapalhar todo o planejado.
Apesar disso, a morena chegou no trabalho com o bom-humor inalterado. Ao chegar à recepção, cumprimentou --- mesmo com a raiva que sentia da mulher --- a recepcionista, recebendo de volta um olhar irado.
Então, caminhou feliz para sua sala, ainda vazia. A diferença é que, em cima de sua mesa, havia um lindo buquê de rosas vermelhas, todas grandes e de cor muito viva.
A morena não pode deixar de exibir um belo sorriso ao avistar as flores. Mais sorridente do que já estava, caminhou até lá e, sem alguma surpresa, leu no cartão o remetente: Harry.
--- Como eu pude duvidar de você? --- murmurou ela, questionando a si mesma sobre o incidente de sábado. No domingo, dia anterior, os dois curtiram um lindo dia na casa de Harry, fazendo também alguns passeios pelo centro de Londres, e indo até o beco Diagonal, relembrando dos velhos tempos, onde tomavam sorvetes, compravam seus livros na Floreios & Borrões, e se divertiam andando por ali, analisando as lojas e as pessoas que por ali passavam.
Ela se sentou e analisou alguns papéis que haviam por ali. Então, selecionou o que teria de fazer. Saiu então de sua sala e procurou por seus pacientes, passando a visitá-los e resolvendo tudo que estaria pendente.
Algumas horas depois, quando finalmente pode voltar para a sua sala, encontrou Agatha por ali, concentrada em seu trabalho.
--- Bom dia Ágatha! --- disse Hermione, sorridente.
--- Bom dia! --- respondeu a outra, com um sorriso discreto. --- De quem são as flores Mione? Pensei em xeretar, mas imaginei que você ficaria realmente brava comigo.
--- Que nada! --- começou ela, balançando a mão direita em sinal de pouco caso --- São do Harry!
--- Mas vocês não tinham brigado? --- perguntou ela, com a voz um tanto quanto... estranha.
--- Sim, mas voltamos! --- Hermione saltitava de felicidade.
--- Isso é bom! --- Ágatha então, com um sorriso meio que "escondido", continuou. --- Nós poderíamos comemorar isso no almoço! Que tal um passeio por ai? Nós poderíamos ir até uma sorveteria que tem aqui perto! Apesar de ser da Londres trouxa, é muito boa!
--- Por mim, tudo ótimo! --- disse, sorridente, Hermione. --- Ágatha, vou dar mais uma olhadinha nos meus pacientes, e quando voltar nós vamos, okay?
--- Certo! --- concordou a mulher, voltando o olhar para a papelada à sua frente.
E assim Hermione fez. Passado algum tempo, ela voltou e encontrou Ágatha na mesma posição. Assim que esta viu a amiga, levantou-se e a morena, deixando seu jaleco ali, partiu com a outra. O tempo havia melhorado, de certa forma. Apesar de ainda haver a típica neblina inglesa, a irritante chuva passara --- para alívio das duas, que seguiram seu caminho sem maiores problemas.
Após cerca de dez minutos de caminhada, embaladas em divertidas conversas, elas chegaram a um lugar agitado, cheio de jovens, alguns homens engravatados e mulheres bem vestidas.
Elas logo se sentaram em uma das únicas mesas vazias que haviam ali. A sorveteria se encontrava em uma esquina, e era bem colorida e alegre. Tinha várias mesas dentro e fora, e um grande toldo de um amarelo bem clarinho. Do outro lado da rua, haviam várias lojas de roupas.
--- Eu vou pedir os sorvetes! --- anunciou Hermione, levantando-se. --- Vai querer do que Ágatha?
--- Morango! --- disse a mulher, sorrindo.
--- Certo, já volto.
Dizendo isso, Hermione dirigiu-se até uma pequena fila que havia no balcão da loja e aguardou sua vez. Quando esta chegou, pediu um sorvete de morango e outro de chocolate. Assim que os pegou, voltou para a sua mesa e não encontrou Ágatha ali.
[...]
"Caramba! Já são duas horas e nada da Mione..." --- pensou Harry, enquanto aguardava Hermione para um encontro que eles haviam marcado no almoço daquela terça-feira. Ele estava em um restaurante famoso, que ele sabia ser o preferido da namorada, mas ela não aparecia.
Desistindo de esperar, Harry rumou para o St. Mungus, acreditando ter havido algum imprevisto por lá. Chegou --- receoso por saber que encontraria na recepção aquela mulher incrivelmente desagradável --- e se surpreendeu por encontrar ali uma outra jovem, parecendo bem atrapalhada em seu trabalho.
Ali perto, dois homens conversavam entre si, e Harry pode escutar um pedaço da conversa enquanto aguardava a jovem atendê-lo.
--- Já é a segunda recepcionista nessa semana! --- disse um dos homens.
--- Sem contar aquela paciente que, à beira de receber alta, também morreu! --- comentou o outro.
Logo a nova recepcionista atendeu o rapaz, e ele --- muito chocado --- perguntou sobre a namorada.
--- Bom dia, posso ajudá-lo?
--- Na verdade, sim... --- começou o moreno --- Você sabe se a doutora Granger está por aí?
--- Ah, ela não está! Disseram que desde ontem na hora do almoço que ela não aparece, ela e uma colega de traballho... Uma tal de Á... Á...
--- Ágatha! --- completou Harry, no que a jovem balançou a cabeça positivamente.
--- E vocês não tem notícias delas?
--- Na verdade, nenhuma. --- disse a jovem, no que o moreno apenas agradeceu e, virando-lhe as costas, saiu correndo até a casa da namorada.
Ao chegar lá, bateu várias vezes na porta, incansavelmente. Gritava, ao mesmo tempo, "Hermione"... Mas ela não atendeu. Então, o desespero começou a bater. Harry sentiu o coração apertar e um nó surgir em sua garganta.
Mesmo com o medo que começava a tomar conta dele, Harry se esforçou ao máximo para se concentrar e aparatou n'A Toca.
De maneira rápida e nervosa, bateu na porta. Ainda antes do 3º toque, escutou um dos Weasley's gritar um alto: "Só um minuto", enquanto os passos eram ouvidos. A cada aproximação, o desespero de Harry aumentava.
"Onde estará a Mione? E se... e se ela foi vítima de um dos ataques? Ain Merlin..." --- Distraído em seus pensamentos, nem percebeu quando Rony abriu a porta e o arrastava, sorridente, para entrar.
--- Como vai Harry? Você viu esses ataques? Por Merlin! Ontem no almoço uma sorveteria trouxa foi atacada, acredita? Perto do St. Mungus...
--- Co-co-como? --- perguntou o rapaz, saindo de seu transe.
--- É, você não leu o Profeta Diário hoje? --- indagou o ruivo --- Teve a morte, inclusive, de uma bruxa, acho que era atendente do St. mungus, alguma coisa assim.
--- Merlin... A Weinberguer...
--- Isso, acredito que seja esse o nome dela!
--- Não, pára tudo Rony! A Mione... Você a viu?
--- Huuum, não! Ela deve estar no hospital, não é?
--- Não! Ela sumiu desde ontem, na hora do almoço. E se ela...
--- Ai meu merlin! Não, calma Harry... Pode ser só coincidência, não é? Ela pode estar bem... E...
--- Vou até o escritório de aurores. Tchau Rony!
Com essas ultimas palavras, ele aparatou no escritório mencionado e, ao chegar lá, procurou rapidamente o responsável por tudo, sendo logo atendido.
--- Sr. Potter! Hoje não está de folga? --- indagou um velho e corpulento senhor, com cabelos grisalhos e olhos azuis bem claros.
--- Sim, mas eu estou com um problema... Minha namorada, Hermione Granger...
--- Sim sim, senhorita Granger! Já tive a oportunidade de conhecê-la! --- interrompeu o homem.
--- Ela desapareceu, sr. Wood!
--- Tem certeza disso, Potter? --- perguntou ele, desconfiado.
--- Absoluta! Desde ontem no almoço. Creio que pode ter algo a ver com o ataque naquela sorveteria trouxa.
O homem franziu a testa levemente e, levantando-se, disse:
--- Siga-me, senhor Potter. Faremos o registro...
[...]
Aquele lugar continuava com o cheiro estranho, praticamente de mofo. A escuridão continuava ali, com a diferença de que, agora, dois vultos podiam ser identificados. Ambos no chão, estando um sentado e o outro deitado, desacordado.
No segundo vulto podia-se apenas identificar belas e longas madeixas. Não havia barulho algum, nenhum som, apenas o da respiração dos dois. E o bater dos dedos do primeiro vulto no assoalho de madeira antiga.
Indeterminado tempo depois, o vulto de longo cabelo despertou, sendo logo observado pelo outro. Assustada, primeiro ela piscou diversas vezes para se acostumar com a escuridão e levou as mãos --- amarradas por cordas antigas --- à cabeça, que latejava.
Depois de se acostumar ao breu, pode identificar aquele rosto, tão bem conhecido.
Com um aperto no coração, e um grito mudo, Hermione ficou perplexa, e começou a se arrastar para trás institivamente.
--- Eu posso explicar Mione! --- começou o vulto.
--- O-o-o... O que? --- a mulher mal conseguia falar.
--- Deixe me explicar... As mortes, o ataque, você aqui. Está tudo relacionado... --- os olhos de Hermione se arregalarm de forma assustadora, e ela continuou se arrastando para trás, como em defesa.
--- A-a-agatha? Não... não acredito que você é a culpada de tudo isso! Eu... Eu não acredito!
--- Me escute Mione... - disse a mulher, se aproximando.
--- SAI DE PERTO DE MIM! --- gritou ela, recuperando sua voz.
--- Não, me escute! Eu... Por Merlin, eu não fiz nada disso!
--- SAI! AGORA! SAIIIIII! --- gritava a morena, loucamente. O medo tomando conta dela.
Ágatha tinha o rosto lavado por lágrimas, e tremia levemente.
--- Mione, por favor... --- choramingava ela, um tanto quanto confusa --- Me escuta... Eu não tive culpa, eu jamais faria isso! Eu...
--- NÃO! SAI! EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ! --- havia desespero nos olhos de Hermione. As lágrimas escapavam por seus olhos, o rosto estava vermelho. Era um misto de raiva, medo, angústia.
--- POR FAVOR! ME ESCUTA!
--- EU TE ODEIO, ÁGATHA! TE ODEIO!
N/A: É... Aqui está o capítulo? Um tanto quanto cruel? Talvez... Atrasado meia hora, mas vocês me perdoam?
Pensem... É um dos maiores capítulos que eu já fiz nessa fic. E tem MUUUITA ação! =D
Espero - sinceramente - que tenham gostado. E perdoem os erros... Eu nem vou reler porque sei que vou odiar e tentar refazer tudinho!
Beijooos. E MUUUITO obrigada pelos coments.
O próximo capítulo só vem com 170 comentários, hein!
Beijoooos ;*
E COMENTEEEEEM! \\O/
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!