Tempo perdido



Rony escondeu a carta no meio de um livro velho, já usado, que havia sido seu exemplar de feitiços no ano passado. Observou o material da escola durante alguns segundos e uma tristeza se abateu sobre ele. Nunca mais voltaria a Hogwarts, nunca mais veria os gramados tão verdes e ao fundo a cabana de Hagrid. Não percorreria mais os corredores de pedra, ás vezes tão frios, principalmente quando iam em direção ás masmorras. Uma saudade tomou conta dele, e ele se viu ali, parado analisando e lembrando de cada ano que tinha passado naquela escola. A emoção do primeiro jogo de quadribol que participara. O nervosismo de entrar em campo, apenas atenuado pelo beijo de boa sorte que Hermione lhe dera quando saíram do café.
A sala comunal...a sensação de sair das estufas geladas da aula de Herbologia e ir em direção ao calor da lareira da pequena sala que os esperava, gastando tempo até a hora da janta. Ah, os banquetes de Hogwarts!!! O modo como o teto encantado parecia tão real. O familiar ruído das conversas dos alunos de todas as casas.

“ Quando foi que perdemos tudo isso? “

Mas não adiantava mais pensar naquilo. Hogwarts agora era passado, por mais que doesse sair daquele lugar. Quando saíram da escola, no último dia de aula, ele, Harry e Hermione sabiam que não regressariam. Olharam emocionados as paredes do castelo que por tanto tempo havia os abrigado. Sabiam que o tempo que haviam passado ali fora inesquecível. Mas era um tempo que jamais iria voltar.
Um ruído de um copo quebrando andares abaixo fez ele acordar pra realidade. Ainda mirava o livro que havia escondido a carta de Harry, para que pudesse a ler depois.
Rapidamente desceu as escadas e se juntou aos outros para tomar café.
Uma cabeça de cabelos castanhos e fofos ganhou destaque na mesa: não estava acostumado a ver Hermione quieta daquele jeito na Toca. Ele normalmente demorava para se acostumar com a presença dela na casa dele.
- Ora, Fred...quantas vezes já lhe falei para usar magia somente quando necessário?- A Sra. Weasley ralhava com um dos gêmeos, que tinha tentado pegar um copo do armário usando magia, mas este colidiu com a chaleira que George tentava levar a mesa, usando o mesmo feitiço. Ambos caíram no chão, causando um grande estardalhaço.- Reparo!
E com um aceno de varinha, a Sra. Weasley consertou o copo quebrado. Fez a chaleira flutuar até o alcance de suas mãos e se virou de costas para a mesa, indo enchê-la novamente, já que a queda havia a esvaziado quase por completo.
Hermione e Gina estavam caladas. A pequena ruiva comia o que estava no prato sem prestar a mínina atenção, mais que 2 vezes levou o garfo a boca vazio, pois a comida caíra no meio do caminho.
- Gina, seu omelete ta ganhando de você!- George riu.
Rony começou a se servir de tudo que pôde na mesa, estranhou o silêncio. Normalmente Fleur estaria ali, atazanando sua mãe, tentando convencê-la a lhe ensinar alguma de suas receitas.
- Onde estão Gui e Fleur?- Hermione pareceu ler os pensamentos de Rony, que olhou surpreso para ele. Será que estavam pensando a mesma coisa?
- Saíram hoje cedo querida...- A Sra. Weasley se virou para ela sorrindo.- Estão tomando conta dos últimos preparativos para o casamento...
E o sorriso se desmanchou do rosto de Molly Weasley, na cabeça de Hermione se formou uma pergunta: será que ela aprovava mesmo aquele casamento?
Mas Hermione logo desviou sua atenção. Seus olhos se fixaram no ruivo sentado próximo a ela na mesa, que devorava todo o conteúdo do seu prato.


Harry acordou tarde naquele dia, com a sensação de que não tinha descansado o suficiente. A primeira coisa que fez foi riscar mais um dia no calendário que havia feito: não mais quantos dias faltavam para o retorno à Hogwarts, mas os dias que faltavam para que se tornasse um bruxo maior de idade. Seria sua liberdade! Significava sair da casa dos Dursley e ir em busca de um modo de derrotar o bruxo que havia lhe causado tanta infelicidade durante todos aqueles anos.
No fundo, o que ele mais queria naquele momento era estar na Toca, junto com Rony. O amigo, mesmo que muitas vezes não pudesse ajudá-lo de uma forma útil, sempre estava lá pra quando Harry simplesmente precisasse dizer um “chega” a sua vida de herói, ou quando ele apenas queria fugir dos estudos enquanto jogavam um xadrez de bruxo.
Ele pulou da cama e começou a se vestir, lentamente. Olhou seu próprio reflexo no espelho: ele tinha emagrecido muito mais do que esperava. Aquela estadia na casa de seus tios estava sendo a pior de todas: pois estava cheia de preocupações, pensamentos do que iria acontecer, ele estava muito ansioso. Aquilo não só o deixava nervoso, como fazia com que ele quisesse que os dias passassem cada vez mais rápido. Nunca pensou que desejaria tanto fazer 17 anos.
De repente algo veio na cabeça dele. O teste de aparatação! Tinha esquecido completamente disso! Ele e Rony iriam prestar o teste juntos ainda? Ou será que o amigo tinha desistido?
Ele balançou a cabeça, desistindo de pensar naquilo agora. Nunca teve certeza se conseguiria se dar bem em aparatação...
Ele olhou para Edwiges, que dormia tranquilamente em sua gaiola. Como ele queria estar quieto, se possível dormindo sem ter sonhos, descansando realmente.
Ele suspirou longamente, por um breve momento pareceu ter sentido o doce perfume de Gina perto de si. Com um sobressalto, afastou tais pensamentos de sua cabeça: ela não podia ser um alvo fácil, ele não podia continuar com ela sabendo que Voldemort tentaria o destruir a partir das pessoas que ele amava. Mas naquele momento aquilo pareceu a coisa mais estúpida que ele já poderia ter feito: terminar com Gina e com o namoro perfeito dos dois, por culpa de um bruxo das trevas que o perseguia a 17 anos. Será que tinha feito a coisa certa? Será que Gina não estaria a essas horas zangada com ele por ter terminado apenas por querer salvar a vida dela? Ele tinha certeza que a ruiva deveria estar magoada...ele estava tratando ela como uma criança, apenas por querer protegê-la. Naquele momento ele teve certeza de que teria pensando antes de ter terminado com tudo. Sabia que se tudo desse certo eles ficariam juntos no final.

Mas quando seria isso???

Sem pensar, Harry se jogou na cama novamente, colocando os braços atrás da cabeça. Enquanto mirava o teto ele sentiu raiva e nojo de si mesmo. Porque tinha que ter sido ele o bruxo que cruzou o caminho do Lorde das Trevas? Se ele não fosse o herói que todos gritavam o nome, provavelmente estaria agora na Toca, feliz ao lado de Gina e de seus amigos, de sua verdadeira “família”. Adormeceria tranqüilo após um doce “boa-noite”, parecido com aqueles que recebia em seu sexto ano em Hogwarts: depois de alguns longos beijos, Gina sempre convencia ele que era melhor ambos irem se deitar, até mesmo no fim de semana. Ela sempre lhe beijava longamente depois disso, apenas sussurrando em seu ouvido: “durma bem...”
Fazia tempo que ele não sentia o “monstro” despertar. Era um sentimento que percorria seu corpo inteiro toda vez que ele enxergava a ruiva, e se intensificava quando trocavam longos beijos. Ele colocara esse nome, pois toda vez que se sentia daquele jeito, parecia ficar descontrolado.
Ele tirou os óculos e esfregou os olhos demoradamente, tentando afastar qualquer pensamento que estivesse querendo roubar a cena naquele momento. Era melhor parar de pensar em Gina, mesmo que seu coração dissesse o contrário.
Ele se levantou, sem esperanças de ter um dia gradável.
Desceu as escadas lentamente, ouvindo a conversa animada dos Dursley na cozinha. Não tinha vontade de encarar os tios, mas precisava comer alguma coisa.
Enquanto ele entrou no aposento, sem receber nenhum ruído de bom dia, algo martelava na cabeça do garoto. Algo que ele queria afastar com todas as forças, mas algo nele não deixava. Ele pensava que havia cometido o maior erro de sua vida por querer afastar aquela que amava de perto dele. E naquele instante ele soube, que se voltasse atrás, para aquele dia que havia posto um ponto final em tudo, ele jamais teria terminado o namoro com Gina.

Logo depois que tomaram café, Gina e Hermione apressaram Rony. Queriam saber o que estava escrito na carta. Sem que ninguém desconfiasse, eles subiram a escada para o quarto de Rony.
O ruivo tentou convencer Gina a ir ao quarto dela, e não ao dele. Ele queria ler a carta antes dela e ter certeza de que Harry não falava nada que ele achasse que a irmã não deveria escutar. Sabia que apenas a menção ao nome dela na carta faria o coração da pequena se encher de esperança, e ele não sabia se aquilo era o certo.
- Não, Rony! Eu quero ler a carta junto com vocês!
Hermione, que permaneceu calada até o momento, disse calmamente:
- Gina talvez seu irmão tenha razão...talvez seja melhor a gente ler primeiro. Além do mais a sua mão vai desconfiar se encontrar todos nós juntos e..
- Mione ela está muito ocupada na cozinha. Não entendo porque vocês querem esconder isso de mim!
Rony levou a mão aos cabelos e os bagunçou, instintivamente.
Hermione sacudiu a cabeça para tentar afastar o que estava pensando, o fato é que acompanhou cada movimento que o ruivo realizara. Quando percebeu estava completamente corada.
- Ora, Gina...escute a gente! A gente já te encontra lá no seu quarto ta?- Hermione segurou os ombros da amiga de leve.
Gina pareceu entender, mas ficou ligeiramente contrariada. Virou e saiu pisando firme, bufando de raiva, mas pelo menos havia escutado os dois.
- Vamos...- instintivamente Rony levou a mão ao pulso de Hermione para fazer ela o acompanhar.
Assim que viu que havia a deixado incomodada, afastou o braço e seguiu caminhando. Ela o seguiu. Havia gelado com o toque inesperado dele. Mesmo que ele apenas tivesse lhe segurado para que ala fosse com ele. Ela não podia conter o arrepio que se apoderava dela toda vez que o ruivo a tocava. Era sem querer. Ela não entendia o por quê daquilo acontecer.
Chegaram ao quarto dele, ele pegou a carta e se aproximou de Hermione.
Ela estava começando a sentir raiva de si mesma. Era apenas sentir ele perto, ouvir a respiração dele, sentir seu perfume que ela tinha a nítida sensação de que alguém programara o mundo para girar em câmera lenta. Ela viu que ele lia a carta e que tinha estendido para ela ler ao mesmo tempo. Se sentiu idiota: ele tão preocupado com Harry e ela ali, analisando as sensações que passavam pelo corpo dela quando estavam perto.

“ Espero que logo possa ir...falta pouco agora, acho melhor pensar assim.
Não tenho me sentido muito bem. Acho que é ansiedade. Nossa amiga fez contado com você? Imagino que logo ela esteja aí não é?
Queria poder falar com sua irmã e saber como ela está em relação a tudo isso. Diga a ela que eu sinto muito.”

Hermione sentiu saudades de poder ler uma carta com nomes e completamente clara. Eles tinham adotado uma forma muito confusa de escrever, mas era melhor assim.
Quando ela fixou novamente sua atenção no amigo ao lado, viu que ele não estava mais ali.
Estava sentado na cama, mirando a carta com atenção.
- Devemos deixar a Gina ler?- ele olhou para a amiga.
- Prometemos a ela, não é? E sem contar que ela vai ficar uma fera se você simplesmente disser que não vai deixar ela ver a carta...
- Mas...Mione, ele fala de um jeito...não sei se Gina vai entender exatamente o que ele quis dizer..
- Como assim? Ele foi muito claro!- ela caminhou até o amigo e se sentou ao lado dele. Retirou a carta das mãos dele.- Ele quer conversar com ela sobre isso...se eu conheço bem o Harry, ele daria qualquer coisa para estar ao lado de Gina nesse momento.
- Eu sei muito bem disso...- Rony mirou a amiga. Ela fez os olhos deles se encontrarem ao levantar a cabeça em direção ao amigo.- Sei que o Harry ama minha irmão, Mione. Não pense que é ciúme pois eu percebi que não sou capaz de querer impedir um sentimento que tenha surgido entre eles. É que...
- É que...?- Hermione sentiu-se estranha de estar falando com ele sobre sentimentos. Falando com Ronald Weasley sobre o amor de seus melhores amigos. Talvez o relacionamento dele com Lilá tenha feito ele amadurecer, pelo menos um pouco.
- Não quero que ele magoe a Gina. Isso é algo que um irmão sempre vai sentir: receio.
- Mas eu acho que você confia o suficiente no nosso amigo para não pensar em tal coisa, não é?- Hermione olhou tão fundo nos olhos dele, que por um momento sentiu como se pudesse se perder no azul daquele olhar. Ela tinha dito aquilo com a maior convicção que pode juntar. Ela não queria que Rony tentasse impedir Harry de falar com Gina. Mesmo que em pouco tempo ele fosse partir pra guerra e mesmo que Gina ficasse agoniada esperando o retorno do amado..
- Rony...o que importa é o agora. Não é o próximo minuto, nem a próxima hora. Nem o fim da guerra nem nada! Esses dois se amam, e sei que você enxerga isso...
A feição de Rony começou a mudar conforme Hermione falava. Ela não conseguia decifrar o que se passava na cabeça dele.
- Você não entende isso? Quando duas pessoas se amam não é a guerra nem nada nesse mundo que vai conseguir separá-las. Pode até afastá-las por algum tempo, mas elas sempre voltarão uma para a outra.
Rony ficou ali, parado, analisando cada palavra que a garota havia dito. Ela tinha razão. E ele sabia que assim que Harry chegasse a Toca ele e Gina iriam esquecer completamente do mundo lá fora, iriam viver aquele amor que por tanto tempo ficou adormecido.
- Tenho que admitir Mione...- Rony fitou ela.- Você está completamente certa. Se Harry quiser voltar com ela mesmo com medo do que Voldemort possa fazer não sou eu quem vai impedir. Eles não podem desperdiçar esse tempo, não é? Nunca se sabe o que vai acontecer..
Quando percebeu, Hermione estava de pé, caminhando lentamente em direção a porta.
- Pois é Ron, nunca se sabe o que vai acontecer. O tempo é tão curto que ás vezes assusta...- ela olhou pra ele de volta e sorriu.- Seria muito melhor se todas as pessoas pensassem assim...
Ele foi em direção a ela com a carta em mãos.
- Sim...vamos entregar pra Gina ler..acho que ela vai ficar mais tranqüila..
- E vai parar de ter insônia...ficamos um bom tempo essa noite conversando por causa disso...- ela riu.
- Você também não conseguiu dormir?
- É-é...digamos que não consegui...- ela corou.
- Nossa...por que Mione?
- Ah, nada não Ron...-ela olhou pra baixo pra disfarçar o rosto corado.
Ele riu e sem pensar duas vezes lhe beijou no rosto.
Hermione ficou completamente paralisada.
- Se tiver algum problema não hesite em me chamar...
Ela ficou ali, parada, levou a mão a parte do rosto que ele tinha beijado. No que deveria pensar? Era apenas um beijo de amigos, ela não deveria se iludir.
Rony estava quase no final do corredor, quando parou e sem se virar pra ela falou.
- Acho que você também deveria pensar no que você mesma disse Mione...- ele se virou e olhou nos olhos dela. Longos passos os separavam, mas eles se entenderam apenas com o olhar.- E eu acho que a gente já perdeu tempo demais...
Sem que ela entendesse nada, ele seguiu caminhando em direção ao quarto de Gina.
As pernas delha falharam, o cérebro dela começou a trabalhar a mil por hora. O que ele queria dizer com aquilo? Ele falava dos dois? Ele falava de todos no geral?

“ Ah, por Merlim! O que está acontecendo com você Hermione?”

Ela caminhou lentamente até o quarto de Gina. Rony não estava mais lá, ela tinha se demorado algum tempo pensando e ele provavelmente fora rápido: apenas entregara a carta e saíra.
Gina levantou os olhos da carta sorrindo. Hermione sorriu de volta, de um jeito meio bobo só de pensar no que Rony poderia querer dizer com aquilo.

- O que foi?- Gina estranhou a amiga.
Hermione foi até sua cama e sentou-se, permanecendo imóvel.
- E-eu não sei...
Gina riu. Iria descobrir de qualquer jeito o que havia feito a amiga ficar tão área. Mas no momento sua atenção estava completamente focalizada naquela carta. Aquele pedaço de papel em suas mãos, afastava qualquer pensamento negativo que ela poderia ter acumulado durante aqueles dias. Aquilo significava que mais cedo ou mais tarde, eles estariam juntos novamente, e ela mal podia esperar.

N/A: Eu sei q foi curtinho...mas aos poucos atualizo. Não pretendo fazer capítulos muuuito grandes pois assim atualizo mais rápido ^^

Marcela: que bom que gostou da fic!!! E espero que tenha gostado da atualização também! Aguarde que logo vem mais ^^
Érika: imagina se eu não ia te avisar da nova fic ^^ hehe que bom que está gostando!

Jessika: claro que eu lembro de vc neh garota? Hehe :P espero que acompanhe minha fic até o fim ^^ e nossaaaa ta eu prometo que atualizo mais rápido ta bom, linda?? bjooo
Keyciane: uauuu obrigada  elogios são sempre bem vindos ^^ que bom que gostou!
Miss.H.Granger: hehe I know...a little crazy what he said about her…just the truth, something that he couldn´t let stay just with him :P

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