O Sacrifício do Primogênito

O Sacrifício do Primogênito



Aqueles que iam chegando assim como Harry tinham as mãos lavadas com especiarias e eram obrigados a se despir. Harry ficou um pouco envergonhado, pois carregava cicatrizes no corpo que apenas Hermione conhecia.
Colocou uma túnica branca feita com um tecido rudimentar. Desta vez ele teve que deixar a sua varinha em casa.
Foi conduzido, assim como os outros a uma câmera secreta no porão da mansão. Velas iluminavam o caminho, no ar um odor insuportável de incenso.
Um dos sábios lia trechos de um texto antigo, palavras em aramaico bem no centro de um pentagrama riscado no chão.
Uma hora mais tarde um homem aparentando uns 30 anos adentrou ao recinto com um recém nascido nos braços. A criança chorava e esperneava como se tivesse fome.
Em seguida foram separados, e untados com essências aromáticas e óleos. O calor naquele recinto era tamanho que os óculos de Harry começaram a embaçar, fazendo esfregar na roupa que usava.
Um outro sábio mais velho que aquele primeiro que lia o livro, trouxe a criança e a colocou dentro de uma pedra talhada em forma de tacho. Aquele homem que trouxera o bebê e fora apresentado como pai, retornou nu com uma marreta nas mãos.
Instigado por todos os outros que gritava, ele levantou a marreta desferiu uma seqüência de golpes na criança.
Harry se lembra que depois do 2° golpe a criança não mais chorou. O único som era da marreta atingindo a carne tantas e tantas vezes até tornar-se uma massa de carne embebida em sangue.
Uma parte deste sangue foi recolhida num cálice de prata e ofertada a Absolom, o Deus Negro (uma divindade pagã do século II antes de Cristo, venerada pelos druidas, representada num altar por uma imagem esculpida em mármore com capuz encobrindo seu rosto).
Um arrepio percorreu o corpo de Harry ao encarar aquela imagem que de alguma forma lhe lembrava Lord Voldemort. De um modo quase imperceptível sua cicatriz doeu.
O sangue que restou foi recolhido e colocado em outros dois cálices.
Os jovens iniciados assim como Harry e que presenciavam pela primeira vez o batismo de sangue eram marcados na nuca e no peito.
Para os mais velhos e o pai da criança, foi permitido provar um pouco do sangue para encerrar o ritual da oferenda do primogênito.
As mãos de Harry tremiam tanto que ele teve dificuldade em abotoar a camisa. Nem mesmo percebeu que o velho medibruxo Morgan Spurgles se aproximou dele e ofereceu um copo de vinho para tirar o gosto de sangue da boca.
Percebendo que Harry estava apavorado, fez com que ele senta-se a sua frente numa poltrona num canto da sala e contou que todos na Ordem ofereciam seu filho primogênito em sacrifício, agradecendo a tudo que eles bruxos tinham conseguido em todos esses anos.
Não importava qual fosse o sexo do bebê, apesar de um menino dado em oferenda fosse mais valioso. O fundamental era dar o primogênito arrancado do ventre materno, sem ter tocado os seios da mãe.
Ao pai cabia ser o executor, e pobre daquele que ousasse não entregar o filho como prometido. A Ordem tinha seus executores para cumprir a promessa.
Harry estava em choque, era tanta informação que seu cérebro parecia que iria fundir, se pelos Hermione estivesse ali com ele, poderiam compreender todas aquelas palavras.
Para todos tudo continuava normal, estavam rindo, bebendo, jogando cartas.
Harry saiu apressado pela rua, trêmulo e confuso com vontade de vomitar. Tentou agir racionalmente, mas a imagem daquele bebê sendo morto o assombrava.
Depois de perambular Harry voltou para casa. Entrou pela porta dos fundos para não chamar a atenção de todos, que a esta hora dormiam. Tirou a camisa manchada com o sangue daquele inocente e se lavou na torneira da pia.
Sentia-se envergonhado por não ter impedido tamanha barbaridade... se pelo menos tivesse levado sua varinha.
As palavras daquele medibruxo martelavam em sua cabeça. Sua família fundou aquele templo, seu tataravô fora grã-mestre daquela Ordem.
Mas como seu pai participara daquela Ordem, se ele Harry Potter era o seu primogênito?
Então, quando se deitou ao lado de Hermione que lividamente dormia naquela cama, Harry pediu a Deus, mesmo sem acreditar nele, que não lhe desse filhos.

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