*Inicio - Meio - E - Fim*



Mais um dia em Hogwarts. Andava sem rumo pelos corredores sem saber para onde ia, e para falar a verdade nem estava muito interessada. Quem sabe seu sub-consciente a levaria para um lugar onde aquele vazio sem sentido se esvaísse. “Professora Sprout vai me cozinhar viva, por Merlin, eu, Virginia Weasley, matando aula para ficar de bobeira”. Não era apenas bobeira. Era... Não sabia explicar. Parou por um momento em um dos corredores e riu ao se lembrar de Mione tentando a ajudar. Em como ela “Totalmente patética” tentava explicar aquilo. Mas não conseguia. “Mione, eu não sei, já disse. Às vezes parece quem tem alguma coisa apertando meu coração, e eu não sei explicar o porque, entende?” Claro que ela não entendia, se nem mesmo Gina entendia. Por mais que ela desse vários conselhos e falasse, não adiantava.
Voltou a andar sabe-se Merlin para onde. Para piorar e complicar um pouco as coisas, Harry Potter no dia anterior aquele, havia feito um pedido a Gina. Mas Gina dissera não. Todos sabiam que ela não era mais a Gininha, irmãzinha do Rony, que era bonitinha e timidazinha. Ah, se eles soubessem como aquilo a irritava profundamente. Sempre aquele inho, inha. Mas todos, mesmo assim estranharam a resposta de Gina, até porque, foi nem ao menos ser pensada. Ela não sentia mais aquele amor, paixão, platônica ou não, por Harry. Só um carinho, que não se pode levar em consideração em um namoro. Ela sabia que era errado sentir o que sentiu, além do habitual vazio, ao dizer não. Que, quem sabe agora Harry poderia sentir o que ela sentiu 4 anos antes. “Virginia Weasley, como você é má, Harry tem tantos problemas, maiores que este, e você, feliz com a desgraça alheia”.

***

Era um dia lindo, os jardins da casa estavam cada vez mais deslumbrantes. Ele sabia que ela amava aquele jardim. Ele a conhecia tanto. Alguns copos-de-leite balançavam junto ao vento com outras flores ao seu redor, numa espécie de dança.

“Você não entende nada garota, é uma menina boba, idiota, eu não quero mais ver você na minha frente”

“Eu já disse, quer que eu repita pela quadragésima vez?”

Frases, ditas pela mesma pessoa, que de certa forma parecem expressar a mesma coisa, de uma mesma conversa. Mas não. Elas foram ditas em conversas totalmente diferentes, com objetivos diferentes. Juntar, separar. Opostos...
-Gina – chamou a voz que ela tanto ouvia naqueles últimos anos. Virou-se e o olhou com um traço de ternura nos lábios, e esperou para ver o que ele tinha a dizer – Já estamos lá embaixo. Quando você estiver pronta – ela balançou a cabeça levemente em sinal de resposta – E a propósito você está simplesmente divina – disse lhe lançando um sorriso antes de desaparecer pela porta novamente.
Como as coisas podem mudar de uma hora para outra. Como o tempo pode passar e um sentimento resistir. Como o mundo pode desmoronar... “Não Virginia. O mundo não desmoronou, de forma alguma. Só por que as coisas não foram como uma adolescente pensava... Você está feliz, está bem... E você sabe muito bem disso...”.
Sabe mesmo?

***

-Gina quer calar a boca? – vociferou Rony, este que estava com uma pilha de livros na mão e sujo de tinta nas mesmas – Nós estamos tentando estudar, ou você acha que temos uma vida boa como a sua. Se não sabe estamos no ultimo ano. N.I.E.M’s.
-Pelo menos Ronald Weasley você poderia ser um pouco mais delicado – devolveu Gina – Harry e Mione também precisam estudar, mas não me expulsaram como você está fazendo. E eu não pensei que você estaria assim a alguns meses das provas. O que foi? Mione finalmente botou juízo nessa sua cabeça oca, em boa hora vocês começaram a namorar hein?!!!!
Gina levantou-se de uma das poltronas à frente da lareira e passou pela Mulher-Gorda deixando Harry, Mione e Rony continuarem a estudar.
Decidiu então ir dar uma volta, já que ela era um estorvo a eles ali e a muitos outros, não iria atrapalhar mais com sua presença, se é que para eles importava. Andou agora para fora daqueles imensos portões e admirou o pôr-do-sol. Apesar de apenas os alunos do sétimo e quinto ano estarem estudando ou nervosíssimos com os N.O.M’s ou os N.I.E.M’s poucas pessoas estavam ali. Talvez, o estudo dedicado de certos alunos seja porque as provas deste ano estariam as mais difíceis que Hogwarts já teve em mais de 100 anos. O próprio Dumbledore mencionara. E os alunos já se adiantavam, com a concentração de que cada aula era muito, muito valiosa.
Gina andou até a margem do lago, lá estava a Lula Gigante que nadava de um lado para o outro e que parecia nem se importar com os olhares. Sentou no gramado e ficou um pouco mais ali. Pensando. E como toda adolescente pensando em varias coisas. Coisas como o amor. Em contos de fada. Em como ela já tinha 16 anos, mas mesmo assim ninguém tinha tirado o pouco da inocência que restava nela. Nem o tempo. Por mais mudada e crescida que ela já estava... Talvez continuasse assim até já adulta. Talvez...

***

-Pensei que não ia vir mais – disse um menininho sorridente pulando em Gina.
-Mais eu estou aqui não estou? Tive que dar uma arrumada no cabelo querido. – respondeu recolocando o garotinho no chão, afinal, ele não era mais nenhum bebê como antes, era um homenzinho.
O homem que á pouco a tinha elogiado saiu de um cômodo e veio ao encontro dos dois, que estavam já na porta, ele trazia dois casacos e quando se aproximou de Gina deu um leve beijo em seus lábios – Já esta esfriando lá fora, trouxe para os dois – lançou um olhar ao menino – Então vamos garotão? Mas olhe, temos que ficar de olho em todos que passarem por nós hein? Temos uma bela companhia.

Mais tarde, os três estavam de volta. O garotinho era carregado nos braços pelo homem, que logo em seguida o levou para o seu quarto.
-Ele não parou um segundo – disse descendo as escadas olhando para Gina sentada no sofá.
-Ele tem 5 anos, isso é natural. O jantar estava ótimo. É bom sair de vez em quando – disse enquanto ele se sentava.
-É realmente. É ótimo sair, mesmo que por poucas horas, da loucura que é o ministério. – ele a encarou por um momento. Avaliando. Olhando nos olhos castanhos de Gina.
Gina também conhecia aquele homem muito bem para saber que ele queria fazer alguma pergunta. Uma pergunta que estava relacionada a algo que ela já fazia idéia. E que quem sabe fosse esta a hora deles conversarem sobre aquilo. Esperou.
-Posso fazer uma pergunta? – pediu finalmente depois de um tempo. Sem perder contato com seus olhos.
-Pode – respondeu simplesmente. Esperou pela segunda vez. Se isso fosse há alguns anos, Gina certamente se irritaria com a situação e mandaria ele falar de uma vez. Mas Gina apenas esperou.
-Você é feliz? – Ele não deixou de perceber, nos olhos dela, uma mistura de emoções. Mas a mais evidente de todas era surpresa. E só ele pode ver no fundo de seus olhos, onde nem ao menos ela poderia ver, um outro sentimento. Mágoa. Não mágoa dele, ele sabia.
Ela iria responder prontamente, mas ele não deixou. Colou os dedos sobre seus lábios para que ela não falasse nada.
-Pense bem. Quero que você apenas responda quando tiver certeza absoluta. Avalie tudo e todos. Depois me responda – Ele se levantou e subiu as escadas que levavam ao quarto.
Por mais preparada que Virginia podia ser, aquilo realmente a surpreendera. E muito. Definitivamente não era esta pergunta que ela esperava. Por que ele tinha que estar fazendo aquilo? Ele tinha alguma duvida disso? Ela era casada, muita bem casada diga-se de passagem. Além disso ela era mãe, uma das coisas mais sublimes e maravilhosas da vida. E ele tinha proporcionado isso a ela. Tinha um bom trabalho, o que ela sempre quis fazer, medi-bruxismo.
“Pense bem”
Pensar bem sobre o que? Ela era feliz sim!
“Pense bem”
Gina balançou a cabeça para os lados, tentando em vão afastar aquelas palavras. Depois de muito tempo ali sentada, uma lagrima solitária escapou de seus olhos. Por que ele tinha que atrapalhar tudo. Por que ela não podia ter tanta certeza agora quanto tinha antes, ao afirmar a si mesma que era feliz. Antes de lembrar e relembrar. Por que mesmo longe dela ele tinha que a fazer sofrer. “Não foram só momentos tristes”. Mas também, os que foram, de certa forma acabaram anulando os felizes. Derramara mais uma lagrima por ele. A coisa que ela jurou que nunca mais faria. “Parabéns Gina, você conseguiu de novo. Outra promessa não cumprida”.

***

Gina distraída olhava agora para as pontas das árvores da Floresta Proibida. Pássaros voavam em todas as direções, como se algo muito grande estivessem os espantando. Olhou para o seu reflexo na água “Gina, você esta um bagaço menina, tem que dar um trato nesta aparência”. Passou os dedos na água. Quando as águas pararam calmas novamente Gina quase caiu dentro do lago, se não tivesse se jogado para o lado.
-Weasley você devia ter mais cuidado, aposto que até essa Lula idiota odiaria ter sua companhia. E não precisamos do lago sujo com mais porcarias.
Ela não podia acreditar. O idiota do Malfoy resolveu tirar uma horinha na agenda para atormentá-la. Grande dia. Nem sossego ela tinha mais.
-Olha aqui Malfoy, hoje eu não estou num dia muito bom ok? Então não venha me encher a paciência – disse se levantando quase soltando fogo pelas ventas.
-Nossa como a Weasley pobre e suja é desbocada. Você esta falando com um Malfoy menina – disse com seu tão famoso ar irritante. Afinal, ele é um Malfoy.
Gina deu as costas e saiu o mais rapidamente que pode. Ela só não contava que Malfoy a estava seguindo. Mais furiosa ainda virou para encará-lo com os braços cruzados, com um olhar terrível.
-Vá seguir sua vovozinha moleque. Fique longe de mim – esbravejou quando ele fez menção de dar mais um passo.
Ele começou a rir. Não com o ar irônico. Na verdade ele não ria, gargalhar. Gina não sabia por que, não sabia se ria junto, se ficava mais brava ou lançava uma maldição imperdoável nele. Decidiu-se pela segunda. Então como quando ele começou a rir, ele parou. E ficou olhando para ela.
-Se divertiu muito? Ou você quer que a palhaça aqui do circo faça você rir de novo? Seu grande idiota mimado.
-Circo? – foi a única coisa que pensou, nem dando ouvidos a ofensa.
Gina girou os olhos. Era só o que faltava. Ter que dar explicações sobre coisa trouxas a um Malfoy, a Draco Malfoy.
-Quer dois conselhos? – perguntou, mas logo continuou sem nem dar tempo dele abrir a boca - Faça alguma coisa que preste na sua vida ou assista as aulas de Estudos dos Trouxas. Depois venha falar comigo de novo.
Assim ela foi embora, desta vez sem ser seguida.


No dia seguinte, domingo, muito alunos faziam deveres as pressas, ou batiam papo no Salão Comunal da Grifinória. Gina porem só observava lá fora pela janela. Rony e Mione deviam estar por ai, namorando, Harry andando, pelo menos nisso Harry tinha bom senso e não ficava de vela. Ela pode ouvir alguém arrastando a poltrona para ficar mais perto dela. Ao olhar viu que não era Harry, era um amigo de Gina. Ele era do mesmo ano que ela, e Gina sempre o achou muito bonito.
-Oi Gi – disse com um sorriso – Tudo bem?
-Tudo bem Kevin, e com você? – disse se ajeitando na poltrona, para ficar de frente com ele.
-Indo, sabe né, a Amélia não me deixa em paz um segundo se quer – disse um pouco serio.
Amélia era a namorada de Kevin, que por sinal odiava Gina. A sorte de Gina era que a menina era da Corvinal, se não um dia poderia chegar a nem acordar viva.
-Ah, a nossa querida Amélia. Como a minha superamiga esta? – brincou Gina o fazendo rir.
-Tudo bem, ela quase matou uma menina ontem, só por que a garota pediu um livro pra mim, fora isso as coisas andam normais.
-Se isso aconteceu que as coisas andam normais, você quis dizer – ela realmente não sabia como a menina ainda não tinha batido nela.
-Que maldade Gina, só por que eu disse a ela que você era bonita, isso não é motivo algum para ciúmes – ele entrara no jogo também. Fazendo Gina rir, mas não deixando de ficar ligeiramente corada.
-Engraçadinho... – nesse momento uma menina que parecia estar no seu segundo ano se aproximou deles, olhou para Kevin parecendo que Gina nem existia.
-Kevin, a Lia ta lá fora, quer falar com você – depois olhou para Gina, fazendo cara de idiota. Pelo menos foi o que pareceu a Gina
-Acho melhor você ir correndo Kevin, se não é capaz dela colocar a Mulher-Gorda abaixo – Ele que já tinha levantado apenas sorriu e andou até o retrato – Manda um beijo pra ela.
-Pode deixar.
-Será que você pode pedir a ela para me deixar viva até o final do ano? – brincou mais uma vez antes dele por um pé pra fora.
-Vou tentar.... – ele nem terminou direito de falar alguém o puxou para fora.
Ninguém merece. Aquela menina era insuportável, e obsessiva. “Se ela soubesse...” pensou Gina rindo. Um tempo antes de ele começar a namorar Amélia, ele tinha pedido Gina em namoro, mas ele ouviu a mesma resposta que ela dera a Harry, mas com mais jeito. Ela não ia contar, pelo menos não por enquanto, resolveu não provocar sua morte antes do seu ultimo ano em Hogwarts.


Alguns dias depois, Gina foi arejar as idéias na frente do lago novamente. Uma coisa que virara um habito não pode deixar de perceber. Ela foi andando lentamente até uma árvore e se recostou nela, e logo estava ela ali pensando, coisa que também já fazia com muita freqüência, até em lugares impróprios como no meio de aulas importantes. Seus olhos estavam desfocados, mas ao voltar ao mundo real, percebeu uma movimentação ali. Olhou e viu um menino loiro de olhos azuis, com uma das sobrancelhas levemente levantada.
-O que quer? Eu já não disse? – foi perguntando logo, como se fosse um gravador - Só era para me dirigir à palavra quando fizesse alguma coisa que preste ou aulas de Estudos dos Trouxas. As aulas você não esta fazendo, seria o assunto da semana. E fazer alguma coisa que preste? Seria mais fácil você fazer as aulas a isso – foi ai que viu que havia dito aquilo muito rápido e precisou recuperar o fôlego.
-Nossa Weasley, queria tanto me ver assim é? – com a expressão indignada dela ele continuou – Decorou tudo isso, aposto que ficou a semana inteira treinando.
-Seu nojento, e convencido. Você que estava louco pra me ver. O que é? Vem aqui ao lago todas as noites para bolar algum plano para matar o Harry?
Ela conseguiu, tocou na ferida. Só foi ouvir o nome Harry para a expressão dele mudar totalmente. De um certo interesse por humilhar uma Weasley para ódio. Seus olhos pareciam até faiscar.
-O que foi Malfoy? Toquei na ferida é? – ele não respondeu – Me deixa em paz agora, eu sei que você adoraria continuar a me olhar ai, com esse olhos quase soltando fogo... Mas meu dia não...
-Parece que todo dia seu dia não esta bom não é Weasley – disse interrompendo-a.
Gina ficou parada olhando para ele, os olhos voltaram ao “normal”. Ah, ele realmente iria infernizar ela, aquele filhinho de comensal. Vendo que ela não falaria nada ele continuou:
-Não me surpreende sabe, com essa vida tão ruim, sem quase nem ter o que comer. Graças a Merlin você esta aqui em Hogwarts, se não estaria morrendo de fome, por isso que é tão magrela. – agora Gina tinha a boca levemente aberta e ódio na expressão. Quem aquele ridículo era para falar que ela era magrela? – Sabe nem sei como sua mãe consegue ser tão gorda com tanta miséria...
-Dobre a língua seu cretino. Nunca mais fale de minha mãe, esta ouvindo? NUNCA. Se queria tanto me ver poderia ter continuado parado lá – apontou para um lugar um pouco afastado da árvore – Mas não, tinha que me infernizar.
-Você esta louca? Ou é doença de nascença?- ela ainda apontava para o lugar onde ele estava há poucos minutos.
-Você acha que eu sou idiota Malfoy? – ele disse um breve sim antes que ela não deixasse ele falar- Eu não sou não, pelo menos na próxima vez que quiser matar saudades da Weasley fedida e pobre faz o favor de mandar um cartão postal ok? Aproveite e manda um também para seu papaizinho lá em Azkaban, para onde certamente você vai ir também... Obrigada e boa noite – mas antes dela poder fazer qualquer movimento ele também já estava gritando com ela com a varinha apontada.
-Você não entende nada garota, é uma menina boba, idiota, eu não quero mais ver você na minha frente – a varinha balançava violentamente.
-Burro, perdeu noção de direção foi? O castelo esta ai, atrás de você – ela também apontava a varinha para ele. Ela então começou a rir. “Que Malfoy mais estúpido”.
-Não importa – disse guardando a varinha e indo para o castelo.
-Mais que dupla personalidade hein Malfoy? Quem diria – gritou antes que ele não pudesse mais ouvir. Ele certamente estava ficando meio louco.
Tentando ignorar um certo ressentimento por ter dito aquilo a ele. Lucio ainda era o pai dele.

***

Gina subiu as escadas e abriu a primeira porta. O quarto de Jhonatan. Ele dormia profundamente, não parou um segundo no restaurante. Gina se aproximou de sua cama e pode ver seu rostinho. Ele não era mais seu bebezinho que chorava a noite toda. Sua expressão era serena, Gina ficou feliz ao ver que era um sonho bom. Sem fazer barulho foi até seu quarto. Entrou, lá estava ele. Dormindo. Foi até o banheiro e colocou sua camisola de cetim. Deitou-se ao seu lado e ficou o olhando. Passou a mão levemente sobre seu rosto até seus cabelos negros, igualmente a seus olhos. Ele levemente os abriu, pegou em sua mão e a beijou.
Outra vez, no mesmo dia, eles ficaram em silêncio. Apenas fitando um ao outro.
-Você sabe que eu te amo Gina?! – perguntou ao mesmo tempo em que afirmava, Gina fez que sim – E sabe que eu só quero ver você feliz. Que eu poderia fazer qualquer coisa por você, até mesmo morrer se isso fosse te salvar ou a fazer feliz?
-Não fale uma coisa dessas – disse soltando sua mão e se sentando na cama - Nunca mais.
Ele se sentou também.
-Eu sei o que esta acontecendo Gina – agora ele estava ao lado dela – Sei o motivo disto tudo, e você não me engana.
-Por que? Se me ama tanto assim por que esta fazendo isso? Eu sou casada com você, tenho um filho que amo mais que tudo – ela o olhava com os olhos marejados, mas não deixando que nenhuma gota caísse. No fundo Gina sabia o ponto exato daquela conversa. – Por que revirar uma coisa que já passou?.
-Ai que esta o problema Gina – ele se afastou dela e deitou na cama de novo. Ele já tinha a resposta de sua pergunta a pouco, não precisa mais ouvir. É claro que isso não ficaria assim. Ele iria se empenhar a fazer Gina a mulher mais feliz do mundo. O amor não escolhe o que fazer e como fazer. O amor dói. Doía profundamente naquele homem, e mesmo que doa nele, ele não deixaria doer em Gina. Por que a sua felicidade era ver ela feliz. Mesmo que para isto ele teria de morrer por dentro e sufocar seus sentimentos.

***

-Onde você estava Gina? – Rony foi logo perguntando quando Gina entrou.
-Não lhe interessa – disso querendo cortar logo o papo, a única coisa que ela queria era se jogar na cama. Amanhã era segunda-feira e só para estressar mais as duas ultimas aulas seriam do Snape.

Gina saia da sala de Snape vermelha. Não de vergonha, de raiva mesmo. Ele fez questão de pegar ela pra Cristo a aula inteira e lhe tirar, ao todo, 25 pontos. Os sonserinos riam da cara de Gina, e ela agora corria, queria sair dali. E tão absorta em seus pensamentos que estava, acabou caiando no chão, fazendo seu material se esparramar para todos os lados naquele corredor. Ela pegava tudo freneticamente e jogava de volta na mochila. “Droga, onde esta” olhou em toda a sua volta e viu o livro do 6° ano lá embaixo, no ultimo degrau da escada. Já estava levantando para o pegar quando outra pessoa o fez. “Ah não, isso já esta ficando ridículo, ele devia saber que perseguição é crime”
-Olhem só, quem foi o idiota do 6° ano que perdeu esse livro – dizia para outro sonserinos que o acompanhavam, além de Crabb e Goyle. Eles estavam parados na frente de uma porta no corredor de baixo.
-A idiota sou eu Malfoy – disse Gina que em dois segundos já estava na frente dele com a mão estendida- Me de isso agora ou vai levar um soco.
-Nossa essa Weasley é muito abusada hein – disse um garoto que estava mais ao lado de Draco - Sonhe que ele vai devolver menina.
-Cala boca Strodem – cortou Draco – Eu só devolvo se você conseguir pegar Weasley.
-O livro é meu, eu não tenho que “tentar pegar”. Me de isso agora – ela foi pra cima dele, mas como ele era mais alto apenas levantou o livro – Seu idiota, me da isso – disse pulando para tentar alcançar – É assim Malfoy? – Gina deu um soco no estomago dele, fazendo ele se curvar. Mas quando ia pegar o livro o outro menino que á pouco falara a segurou pelos braços enquanto Goyle pegava a varinha de Gina – Me larga, socorro, socorro. ME SOLTA.
Depois que Malfoy se recuperou do soco olhou para Gina, ela ainda gritava e se esperneava, mas o garoto era muito forte.
-Solte-a idiota. Você quer o que? Que um professor veja isso e nos expulse – o menino obedeceu prontamente como um cãozinho – Agora saiam daqui – vendo que eles não se mexiam – AGORA.
-Mas Malfoy, e se ela... ela... Te bater de novo e... – dizia abobalhadamente Crabb.
-Eu não sou idiota de deixar. Vão, agora sumam.
2 minutos depois só estavam ali Draco e Gina. Gina nem sabia o que estava ainda fazendo ali. Só queria o seu livro, e rápido. O que aquele Malfoy pretendia?
-O showzinho já acabou? Me de o livro agora – disse finalmente.
-Para que Weasley? Você ir correndo dizer a um professor ou a aquele idiota do seu irmão que o Malfoy ajudou a agarrar você no corredor?
-Isso mesmo.
-Então vai ficar sem o livro – ele se mantinha longe dela. Aquele soco havia doido.
-Ok Malfoy, vamos fazer desse jeito – disse girando os olhos, em sinal que ela já estava cansada de tudo aquilo – Você me devolve o livro e eu não falo nada. Nenhum problema para nenhum dos dois.
Ele pareceu pensar por um momento. Um Malfoy fazendo negócios com uma Weasley, a vida tem dessas coisas. Bom, se não fizesse isso que ela dissera poderia se expulso no seu ultimo ano de Hogwarts, e isso definitivamente não era uma coisa boa.
Gina já estava se cansando da espera. Ok, se ele quer desse jeito. Virou-se e caminhou pelo corredor. Ela sabia que ele viria atrás dela.
-Hei Weasley. Ok, ok, Trato feito. Mas se quiser, vai ter que vir aqui buscar – disse ainda parado onde estava.
-Problema algum – Gina caminhou até ele, estendeu a mão e recebeu o livro - Foi bom negociar com você Malfoy – disse sarcástica.
Pronto. Como tirar doce de uma criança. Ele sorriu antes dela virar o corredor. Logo depois ela teve um mal pressentimento. Um Malfoy sorrindo definitivamente é uma coisa ruim.

Mais tarde naquele mesmo dia, Gina estava conversando com Rony, Mione e Harry. Ela cumprira o que prometera a Malfoy, mesmo sabendo que se fosse ele em seu lugar ele não faria o mesmo. Gina sorriu.
-O que foi Gina? – perguntou Mione que notou o breve sorriso. Rony e Harry a olhavam também.
-Nada Mione – respondeu indiferente.
-Nada é? –Rony falou.
-Nada. O que foi? Quando eu estou mau, vocês perguntam o que aconteceu e quando eu estou bem também. Que coisa.
Assunto encerrado. Voltaram à conversa normal, não sem antes Gina avaliar o que tinha dito. Colocou as mãos nos bolsos do seu uniforme e começou a pensar. Eu estou bem? É... Talvez por que quem ultimamente estaria proporcionado um pouco de diversão a Gina fosse o idiota do Malfoy. Retrucar ele, e responder era muito divertido. “Gina, Gina, você esta brincando com fogo menina. Se um dia der a louca nele você esta frita”. De repente apalpou dentro de seu bolso como se faltasse alguma coisa. E faltava.
-EU NÃO ACREDITO – berrou, dando um belo de um susto nos três ali ao seu lado e fazendo todos da sala a olharem – O que foi? Morreu alguém?
-Gina, o que aconteceu? – Mione perguntou.
-Ah nada Mione, eu sou uma burra mesmo – Levantou e foi até o seu dormitório.
“Eu vou matar aquele Malfoy. Vou trucidar a cara dele. Aquele cabelo dele vai virar pó. Cretino. Metido. Convencido. Comensal Jr. Maldito”
Gina continuou o xingando em pensamentos enquanto jogava vários pergaminhos para cima procurando um em branco. Quando achou, escreveu rapidamente um bilhete. Desceu as escadas, muitas pessoas se voltaram para ela de novo, esperando outro ataque, mas nada, ela apenas foi até Rony e pediu Pichi emprestada. Depois do sim, ela nem esperou para ouvir mais nada e correu pegar a corujinha no Corujal de Hogwarts. De uma das janelas ela pode ver a corujinha se dirigindo as masmorras, onde em algum lugar ficava a entrada secreta para o dormitório da Sonserina.
No bilhete Gina deixara bem claro que se ele não estivesse ali em meia hora, ele estaria expulso em 1 minuto. Depois de 10 minutos Pichi estava de volta. E trazia uma resposta no verso.

“Eu já estou levando essa droga da sua varinha de segunda mão, espere.”

Bom mesmo Draco Malfoy. Se não você vai ver o que é bom para tosse. Gina se aproximou mais da janela. Era muito alto. As corujas estavam lá ou caçando. Olhou no relógio “Você tem 20 minutos Draco Malfoy”. Distraiu-se com o breu que estava lá fora. Quando seus olhos se acostumaram ela pode ver a orla da floresta e de lá também podia ver o lago. A lua era refletida nele magicamente, linda. As águas estavam calmas e assim ficava ainda mais bonita refletida. “5 minutos Malfoy, 5 minutos” pensou olhando para o relógio novamente.
Ela ouviu uma respiração ofegante as suas costas. Virou e viu ele ali, conferiu o relógio.
-Você é pontual Malfoy, que bom –disse sarcástica para fazer ele ficar com mais raiva.
-Tome isso logo Weasley – disse jogando a varinha em Gina, que acertou em cheio seu olho – Acho que você deveria dizer que eu tenho uma ótima mira também Weasley.
-Idiota – disse com a mão no olho – Machucou, seu insensível – quando tirou a mão, Malfoy pode ver que seu olho estava vermelho e lagrimas escorriam dele.
-Que bom – disse simplesmente – eu deveria ter jogado com mais força.
Ela o olhou com o olho bom e pode ver ele sorrindo. Será que ele não via que era o olho que estava ruim e ela tinha uma varinha na mão?
-Saia da minha frente – falou indo na direção dele, que estava na frente da porta – A professora Minerva vai adorar saber de uma historinha.
A expressão de Draco mudou novamente, agora era de apreensão. Não devia ter feito aquilo. Ele não podia deixar ela sair dali. Então pouco depois que ela passou da porta, ele a segurou pela cintura, com o susto Gina virou para frente dele.
-Me solta seu idiota, se não eu grito – ela disse tentando se desvencilhar dele em vão.
-Pode gritar, ninguém vai ouvir mesmo – disse olhando nos olhos castanhos dela – Não sai se for falar alguma coisa para qualquer professor – continuou ainda a segurando.
-Está bem seu cretino, não falo – ele não a soltou, e ela começou a entrar em pânico. Ele não tirava os olhos dos delas – Eu já disse, não falo. Me lar...

Gina não sabe exatamente como conseguiu sair daquela sala. Não depois do que ele fez. E não sabia o porque, mas seu coração ainda batia acelerado e ela sorria. Então ela pareceu se tocar. Correu o máximo que pode para o seu dormitório. Parou no meio do caminho para ganhar fôlego se encostando à parede. Ela sorriu novamente. Tentou raciocinar. O que tinha feito Merlin. O que ele tinha feito. E por que, por que ela gostou. “Não, não gostei, eu odiei”. Gostou sim e ele também.
Mais o que mais afligia Gina, era que aquilo que sempre a acompanhava e estava tão presente por dentro que já tinha até se acostumado, tinha desaparecido. Evaporado. Assim que Draco a soltou. Ela se sentia até mais leve. Começou a correr de novo, entrou como um foguete no Salão Comunal e foi direto para seu quarto. “Gina, você esta encrencada, muito encrencada... Viu? Acabou se queimando...” era só no que pensava antes de adormecer.
Mal sabia ela que aquele e os próximos dias seriam tão diferentes e ao mesmo tempo os mais complicados de toda sua vida. Mal sabia ela que dali a algum tempo estaria apaixonada por ninguém menos que Draco Malfoy e que eles começariam a se encontrar freqüentemente. Ela até poderia ter ficado feliz se soubesse disso.

***

No outro dia, Gina não tocou no assunto da noite anterior, muito menos ele. Mesmo que eles quisessem, não conseguiram esquecer e parar de pensar naquilo tudo.
Ele foi logo trabalhar. Gina ficou em casa, o hospital sobreviveria um dia sem ela. Enquanto Jhonatan brincava com seus brinquedos no quarto, Gina desceu para a sala e ficou sentada no sofá. Depois de um tempo resolveu fazer alguma coisa. Qualquer coisa. Não iria ficar parada em um canto, como alguém acuado. Não iria dar chances de suas lembranças virem a tona. Não podia e não queria. Mesmo as felizes. Ela já estava subindo novamente as escadas para ver se Jhon estava bem quando alguém a chamou.
-Aqui na lareira – Gina caminhou até a frente da lareira e viu quem a chamara – Tudo bem Gina?
-Tudo bem sim Mione – respondeu a amiga e cunhada – Como estão todos ai?
-Bem também – ela fez uma careta – Jack está se acostumando com a Beatriz... Ele era o único filho e agora tem a irmãzinha...
-Eu tenho que fazer uma visitinha para ver minha sobrinha linda – Gina agora estava sentada na frente da lareira.
-Ela não para de chorar, Rony esta ficando louco – Mione sorriu – e você e o Kevin, quando vão encomendar mais um bebezinho, ou bebezinha?
Gina ficou seria, não sabia o que aconteceria daqui pra frente, muito menos se iria ter mais um filho.
-Só Merlin sabe Mione, só Merlin – Mione percebeu o tom da voz de Gina, por mais que ela tentasse esconder.
-Esta acontecendo alguma coisa Gina? – perguntou preocupada.
-As coisas de sempre Mione.
As duas ficaram conversando mais alguns minutos. Mas a bebezinha recém nascida começou a chorar e Rony mesmo não sendo pai de primeira viajem, já com um filho de 9 anos, estava muito atrapalhado para conseguir acalmar a menina, então Mione foi ao socorro dele.
Gina subiu para ver como o filho estava. O menino brincava com alguns kits dos tios. Ao ver Gina sorriu e voltou às varinhas de mentira que faziam alguns feitiços simples.
Gina desceu lentamente as escadas novamente. Aquele dia estava sendo longo. Andou até a porta e a abriu. O dia estava gostoso, aquele dia em que não esta nem frio, nem quente.Gina andou até os jardins que ficavam atrás da casa. As flores continuavam lindas, a única diferença era que algumas tulipas haviam florescido. Ela se sentou no gramado e passou as mãos levemente sobre as pétalas das rosas. Ela não sabe quanto tempo ficou ali. Mas quando se levantou o vento já frio batia em seu rosto, e suas mãos estavam geladas. Entrou em casa de novo, Kevin estava sentado numa poltrona da sala.
-Olá – ela disse esfregando os braços em sinal de frio.
-Oi – ele se levantou e subiu as escadas – eu vou colocar o Jhon para dormir.
Ela fez que sim com a cabeça.
Aquilo não estava certo. Tudo ultimamente não estava certo. O ar frio que ele tinha. O modo como ele o olhou. Parecia até a evitar. Mais uma vez Gina perguntou o porque. E que de qualquer maneira iria arrumar aquilo, e seria hoje, e agora.

***

-Então, quando eu contar no três todos os grupos, no mesmo momento, vão colocar ultimo ingrediente. E dessa vez quero que isto saia correto. Se um trasgo errar não valera o enforco do outro. Estamos compreendidos? – A turma disse sim em uníssono ao professor Snape.
Gina estava tentando prestar atenção, se ela fosse o trasgo a erra com certeza Snape ia a matar. “Um”. Claro que ele não a mataria, mas que idéia, ele só a daria uma detenção de 2 meses. “Dois”. O que será que Draco esta fazendo? Bom, pelo que ele disse a ela, estaria na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas nesse momento...
-Virginia Molly Weasley se você continuar no mundo dos sereianos eu serei obrigado a colocar a senhorita para fora desta sala - Gina o olhou assustada – É Senhorita Weasley nós estamos em aula sim. Menos 15 pontos para a Grifinória pela falta de atenção. Quando eu disser e prestem atenção, quem errar ira levar uma detenção que durara até o final deste ano.
Antes de voltar a seus pensamentos esperou por precaução aquele seboso terminar de contar e sua poção estar pronta.
Repreendeu-se mentalmente por ficar pensando nele. Afinal, não era nada de mais...
O relacionamento que Gina Weasley e Draco Malfoy estavam tendo começou, de certa forma, rápido de mais, como “não era nada de mais, então não tem importância” eles não ligavam. Apesar de agora ela saber perfeitamente que gostava mesmo de Draco, por razões totalmente desconhecidas. Ninguém sabia de nada, eles já tinham enlouquecido o bastante “ficando” um com o outro. Até que não estava sendo uma coisa de: ver, olhar, beijar, e tchau. E muito menos um namoro de verdade, com aquelas palavrinhas mágicas. Gina nem sonhava que ele diria isso, nem se ela estivesse morrendo, poderia estar estampado na testa dele e em seu olhar, mas as palavras mesmo... Nunca. Mas ela também não falaria... Não mesmo...
Gina também tinha aprendido naqueles meses a lidar com o temperamento de um dos Malfoys. Eles ainda brigavam, discutiam por bobeiras, mas o que Gina mais odiava naquilo tudo era as “regras” que Draco havia inventado. Algumas eram terrivelmente estúpidas, como a de não contar a ninguém que eles estavam se falando.
“Ao menos ele usa palavras apropriadas... Se falando”
Havia outras como “Não falar a ninguém sobre o que eles tiveram”
“O cretino fala como se não estivéssemos mais juntos”
E várias outras que Gina odiava mais ainda. Fora isso, ela até gostava da companhia de Draco, mesmo que eles apenas conversassem em lugares reservados e sem a circulação de alunos.
Uma vez eles tiveram que fazer uma verdadeira encenação a um Grifinóriano do 1° ano, quando eles resolveram dar um passeio nos jardins de Hogwarts. Pensando naquilo tudo depois do ocorrido podia até ser muito engraçado, mas na hora... Depois disso, só salas desertas e corredores escuros. Ela não gostou nem um pouco no começo, mas já tinha se acostumado, aquilo tudo dava uma certa... “Privacidade” a eles.
Apenas 4 meses de “alguma coisa”, o pai de Draco e todos os comensais conseguiram finalmente fugir de Azkaban. Coisa que demorou muito, provavelmente para pegar a todos de surpresa. Foi um dos piores momentos entre eles, principalmente para ela.
“Ele é meu pai Gina, você também tem seu pai e sua mãe”
Lembrou-se dele dizendo em uma das discussões que estavam tendo freqüentemente.
Ela sabia que as coisas iriam pior nos próximos meses, sabia disso muito bem. Lucio Malfoy e todos os outros soltos, ao lado de Voldemort. Temia por Harry também, algo a dizia que o próximo encontro entre os dois seria o ultimo.
-Gina. GINA – alguém gritou bem próximo ao seu ouvido – Acorda menina, a aula acabou. Pare de ficar pensando no seu namoradinho secreto e vamos sair daqui logo... Hoje Snape não esta muito bem... Como sempre!
-Não me enche Paloma – disse levantando-se rapidamente e colocando seu livro dentro da mochila.


***

Gina estava parada na frente da porta de seu quarto. Não estavam se comportando como adultos e sim como adolescentes. Entrou, ele já estava deitado mas não dormia. Gina se aproximou e acendeu o abajur. Ele que já sabia o que ela queria se sentou na cama.
-Eu queria que tudo isso passasse logo – disse mais pra si do que a ele – Tudo resolveu complicar justo agora...
-Já estava complicado Gina. Nós só não queríamos ver, eu principalmente. Eu sei que você...
Ela o fez calar com um sinal.
-Não. Eu amo você. Eu estou casada com você, o Jhon... – ela disse gesticulando com as mãos.
-Você tem certeza? Nós temos que ser sinceros. Você é a coisa mais importante para mim...
-Eu sei que o que está acontecendo não está nos fazendo bem. Mas todos passam por isso! Eu me sinto bem com você. Ás vezes eu me sinto uma boba por ficar pensando em coisas que já passaram. Isso é passado. Meu presente é você. Eu não quero te perder.
-Não vai. Eu te amo também Gina – eles se abraçaram. Ele por mais que estivesse fazendo a mesma coisa que antes, não queria perder Gina. Eles seriam felizes, ele iria conseguir sim.
Gina o apertou mais para junto de si. Estava se sentindo melhor. O calor a envolveu e ela se sentiu relaxada. Eles se deitaram e se olharam. Ela sorria. Eles superariam aquilo. Tinha certeza!

Amanheceu um dos dias mais lindos daqueles meses. Parece que a natureza sabia que finalmente tudo esta em paz e eles poderiam viver felizes. Kevin que tinha faltado no trabalho devia estar preparando algo para o café da manhã. Gina se levantou e tomou um banho refrescante, se arrumou e se sentou no seu lado da cama. Sua vida certamente começaria de novo naquele dia!
A campainha tocou, Kevin que estava olhando algo no fogo, não sabia se atendia ou gritava por Gina. Resolveu não a importunar desligou o fogo e foi em direção a porta, e sem nem mesmo olhar para a pessoa com tanta pressa que estava já foi saldando a visita, mas foi interrompido por uma voz grossa de homem.
-Gostaria de falar com Virginia Weasley.

***

Gina parou na frente do Retrato da Mulher-Gorda, recuperando o fôlego e tentando conter mais e mais lagrimas que teimavam em cair sobre seu rosto, agora vermelho, tentando se recompor antes de adentrar no Salão da Grifinória. Ela disse a senha e entrou sem olhar para ninguém, quando já estava no ultimo degrau pode ouvir alguém a chamando, mas não deu atenção, certamente não ligaria mais e pronto. Entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, as meninas não costumavam ir dormir cedo. Fechou as cortinas em volta de sua cama e se jogou na cama com o rosto no travesseiro. Ouvia seu coração acelerado pular no peito, não só por correr. Ele aos poucos foi voltando ao batimento normal. Gina não se segurava mais, tinha que chorar, chorar tudo que podia, agora que tinha coragem de fazê-lo. Quando ela finalmente virou seus olhos já estavam inchados e seu travesseiro encharcado de lagrimas. Olhou para o teto amplo tentando arrumar alguma coisa para não a fazer se lembrar dos últimos momentos que passara. Suas pernas começaram a pesar tão logo como seu corpo todo. Tudo parecia adormecido. Seus olhos já estavam desfocados e a ultima pessoa em quem pensou antes de sua cabeça despencar para o lado e seus olhos se fecharam, foi em Draco Malfoy.

A claridade batia em seus olhos, Gina pos a mão para se proteger. “Que droga, quem abriu essa droga dessa cortina”.
-Gi, você acordou, que bom – Paloma entrava no quarto, ela segurava um copo e uma bandeja pequena – suco e bolinhos pra você – e entregou a Gina que os pegou – Você não foi jantar e subiu direto para o quarto ontem. As meninas iam vir aqui falar com você, mas eu não deixei.
Gina a olhou, ela estava preocupada com ela, isso era visível, ela tinha contado a Paloma com quem ela estava ficando. Em todos esse anos elas nunca tiveram uma superamizade, mas nestes últimos meses ela se tornou um grande apoio a Gina. Como agora.
-Eu vim aqui e você já estava dormindo, te cobri. E como já esta tarde abri essa droga dessa cortina – ela sabia que Gina não gostava de ser acordada assim. Ficou seria e se sentou nos pés da cama de Gina – Come isso logo Gina – ela esperou ela ter acabado tudo para continuar – Não precisa me dizer nada se você não quiser. Eu até já sei do que se trata. – Ela se levantou – Mas você sabe que pode contar comigo, se quiser desabafar pode vir me procurar, você sabe onde eu moro – deu uma piscadela apontando para cama ao lado de Gina e saiu do quarto.
Gina se jogou de volta na cama abraçando seu travesseiro fortemente. Não sairia daquele quarto por nada na vida. Ou então por que era sábado. Olhou no relógio, já eram quase duas horas da tarde, mas não se levantou. Seus pensamentos logo foram invadidos por lembranças distantes e também as mais recentes. Como a de ontem... Aquela coisa toda. Aquele momento terrível que ela receava desde que Lucio saiu de Azkaban. Por que ela não se preparou, por que ele não a preparou. Ela confiou em um Malfoy, e olhe no que deu. Ela se apaixonou e até poderia chegar a amar um Malfoy e olhe o estado que estava.
Fora tão, ou mais estúpida que quando tinha 11 anos de idade. Seus olhos encheram-se de lagrimas ao se lembrar das palavras dele, de suas atitudes.
[*]
-Apenas entenda Gina. Acabou.
Ela pedia explicações com a voz fraca e falhada
-Não me venha com porquês Gina. Eu odeio isso em você... Pelo o amor de Merlin não complique mais as coisas. Eu já disse, quer que eu repita pela quadragésima vez? – Ele disse desviando seu olhar.
-Olhe para mim – ela foi até ele e segurou em seu queixo fino fazendo ele olhar diretamente em seus olhos. Chega, não iria bancar a menininha tola – Ontem você me beijou e hoje vem dizendo que tudo acabou?
-Nunca existiu nada Weasley. Ou você esqueceu, eu sou Draco Malfoy e você Virginia Weasley – ele respondeu retirando a mão dela e se afastando. Aquilo a havia ferido mais que pensava, principalmente ele a chamando de Weasley
-Nunca existiu nada – repetiu sarcástica – Você me beijando em corredores escuros quer dizer nada na concepção de um Malfoy então?!
-Weasley... Gina... – ele olhou para ela – Isso só foi uma diversão, esta me entendendo? Não ouve mais que beijos. Você sabe que toda essa historia, toda essa guerra está mudando o comportamento e a visão de tudo. Isso foi apenas um passa tempo, algo que acontece e...
Ele não pode terminar, ela já tinha chegado perto o bastante para dar um tapa em seu rosto.
-Quando você quiser “passar tempo” chame alguma das suas amiguinha sonserinas, aposto que elas adorão – Gina cuspia as palavras na cara dele, que mostrava claramente a marca de sua mão – Eu também fui uma idiota sabe?! Quem em sã consciência confiaria em você. Mudando comportamento, a guerra, toda essa droga. Mesmo que você tentasse Draco, seu sangue te condena, esse sangue que corre em suas veias não nega! E eu te odeio por isso. Pode ficar feliz, você é um autêntico Malfoy. Um autêntico sonserino. Um autêntico covarde – o vento batia em seu rosto enquanto ela corria, o ar frio parecia cortar sua pele. Tudo a estava machucando...
[*]
Tudo terminou exatamente como ela esperava e, ao mesmo tempo, como ela nunca sonhara. Tudo é tão injusto. “O mundo não é justo, e as pessoas nele também não” lembrou-se de sua mãe a dizendo isso. Apertou mais o travesseiro que ainda segurava. Queria tanto ela ali ao seu lado. Ela certamente afagaria seus cabelos e a diria palavras que só uma mãe sabe, ela se sentiria bem melhor. Milhões de vezes melhor.
Ela se sentou em sua cama e abriu a gaveta, procurou por alguns momentos e retirou de lá uma correntinha, deitou e ficou olhando para ela suspensa no ar.
Draco a tinha dado de presente a Gina depois de uma visita a Hogsmead. Não era um colar comum, não pelo menos na visão de Gina, ele parecia encantado, e não sabia, aquele dia, se era bem ou mal. Era muito valioso, mesmo que Draco naquela ocasião teimasse em dizer que não era. Ela não gostou muito no começo, mas agora, o olhando melhor, vendo seus detalhes tão bem feitos ela pode ver uma beleza mágica nele, uma beleza pura, boa!. A cobra agora com os olhos verdes que não brilhavam por causa da luminosidade envolvia-se em um coração tão pequeno quanto ela, prateado, com minúsculas pedrinhas vermelhas nele.
Muito tempo Gina ficou ali deitada, segurando o colar. Depois apertou-o fortemente contra o coração e prometeu a si mesma que, de agora em diante, não deixaria ninguém mais brincar com ela. Não iria mais dar a cara à tapa e ser brinquedo nas mãos dos outros. Nunca mais choraria por ninguém, muito menos por Draco Malfoy. “Nunca...”

***

Kevin olhou bem para o homem parado na frente de sua porta. Não podia ser. O que ele estava fazendo ali. Justo agora?
-Não a ninguém com esse nome aqui – disse rispidamente fechando a porta. Draco a segurou com a mão antes dele fechar. Um fazia força para abrir e o outro para fechar. Kevin a abriu – O que você quer aqui?
-Eu já disse, não sei se é surdo – ele respondeu calmamente como se não tivesse ofendido ninguém.
-Saia da minha casa. O que você quer? Destruir tudo de novo? Como sempre? – Kevin estava vermelho, ele segurava os cabelos negros.
-Chame ela. Eu quero falar com Virginia. AGORA – Draco Malfoy já estava a ponto de pular no pescoço do homem parado em sua frente, mas parou instantaneamente ao ver Gina no alto da escada. Ela desceu calmamente se virou para Kevin e pediu se ela poderia falar as sos com Draco por um momento.
-Eu só vou por que você esta me pedindo, ma chame qualquer coisa. Vou ver nosso filho – completou olhando para Draco.
Gina acompanhou Kevin com o olhar e se virou para Draco novamente. Ele olhava profundamente em seus olhos. Entrou na casa, pois ainda estava do lado de fora e fechou a porta.
-O que você quer aqui? – ela perguntou.
-Falar...
-Sobre? – ele conseguia aparecer em momentos importunos onde tudo, aparentemente, estava bem e calmo. E principalmente naquele momento, em que tinha se convencido que sua vida ao lado de Kevin que era a certa...
Gina não se envolveria tão facilmente. Nem se envolveria. Ele pretendia o que ali. Tantos anos depois. Justo naquele momento...
Ele não respondeu. Gina o olhou, ele estava apenas a encarando. Gina sentiu medo. Medo de ser fraca. De se deixar levar pelas emoções. Não ia se enganar, ele não iria a enganar. Felizmente soube disfarçar quando o viu na porta de sua casa, soube disfarçar que seu coração disparou ao ver aqueles cabelos loiros e olhos azuis que agora acompanhavam um Draco mais maduro, ao menos na aparência. Disfarçar também que o que aconteceu a eles há 10 anos atrás ainda estava tão vivo em seu peito como antes. Disfarçar que seu coração disparado também se apertava de dor.
-Gina, eu... eu vim aqui... – ele foi dizendo a ela – Eu queria te ver.
-Por que agora? Por que quando era o tempo certo não “veio me ver”?
-Você sabe que eu não podia.
-É ai que você se engana Draco. Podia, pode e não quis. Preferiu ficar do lado dele. Eu sei. Sei que aquela noite chegaria, assim que ele saiu de Azkaban – ela não conseguiu. Tinha que fazer aquelas perguntas a tanto tempo. Mesmo agora nada daquilo importando mais. Era uma necessidade
-Eu não tinha escolha. E se eu pedisse a você para lutar contra os seus pais e toda a historia em que você foi criada. Não existia lado do bem e lado do mal, existia apenas meu lado e o lado que derrotaríamos...
-O que não conseguiram felizmente. Eu ainda não entendo como você está solto – Gina ficou de costas para ele.
-Eu não matei ninguém se é que você já chegou a pensar nisso. Não tenho divida alguma com nada nem ninguém. Eu apenas estou aqui. Tentado de alguma forma voltar no tempo e apagar todas as palavras que te disse e que te machucaram.
-É tão mais fácil não é Draco? – ela olhou de novo para ele e deu um passo – Chegar aqui na minha casa DEZ anos depois e dizer que se arrepende, é tão... covarde de sua parte.
-O que posso fazer se só descobri o que sentia mesmo por você meses depois de já separados? Enfrentar o ministério, provar que não agi com eles, mesmo estando ali? Você voltou para Hogwarts... – ele dera um passo também. Seus cabelos agora caiam sobre sua face.
-Mesmo assim. Você teve 3 anos depois disso. E o que fez? Sumiu. Fugiu, seja lá o que for. De novo se acovardou – ela não saiu do lugar mesmo com a aproximação dele.
-E quando finalmente o covarde resolveu vir te ver o que eu ouço por ai? A caçulinha dos Weasley ira se casar. Mais um ano, Virginia sabe-se-lá-oque tem um filho. Como você acha que fiquei? – ele falava agora com mágoa na voz.
-Se você não sabe eu ainda sou casada e ainda tenho um filho, que tem 5 anos. E você esta ai, parado na minha frente. O que você queria? Que eu esperasse mais quatro anos? Que eu congelasse o mundo a minha volta, porque um dia você iria aparecer numa bela manhã, como esta fazendo neste momento? Que eu não fosse feliz?
-E você é feliz? – Gina se irritou com a pergunta. Já não bastava o que a mesma tinha causado nesses últimos dias.
-Era, ou finalmente ia ser, antes de você entrar por essa porta e estragar tudo.
-Eu... Eu não queria te magoar novamente. Mas tinha que vir assim mesmo, porque eu queria dizer que sinto muito por tudo. Dizer também que me arrependo de muitas das coisas que fiz durante a juventude, menos te conhecer e te beijar naquele corujal. – ele chegou mais perto dela, dessa vez ela se afastou cabisbaixa – Você me disse uma vez que meu sangue não negava o que eu era e me tornaria. E você estava certa, ao menos em partes, mas a coisa que mais me importa no momento é lhe dizer uma única coisa – recuperou a distancia entre eles e a fez olhar para ele – Dizer que eu te amo.
Gina absorveu aquelas palavras. Não estava ouvindo aquilo dele, não do Draco Malfoy de 10 anos atrás. Pode ver sinceridade daqueles olhos claros. Vinte e sete anos, como o tempo pode modificar uma pessoa, como o amor pode modificar uma pessoa. Teve que se conter para não se jogar naquele momento nos braços dele. Sentir seu cheiro novamente, sua pele, e principalmente, seus beijos. “Controle-se Gina, controle-se... Você não pode fazer isso, Kevin, Jhonatan... Você não pode”
-Isso não muda as coisas Draco. Eu continuo tendo um filho com Kevin e continuo casada com ele – ela disse tentando parecer o mais indiferente possível.
-Eu sei. Você quer que eu vá embora?
Ela não respondeu.
Não podia abandonar Kevin, muito menos seu filho. Eles já estavam casados há 6 anos. Seis anos é muito. Ela adorava Kevin... Mesmo amando Draco, não podia fazer aquilo. Não podia. Não faria.
Draco tomou o silencio dela como resposta e se dirigiu para a porta. Gina não se movimentou tentando impedi-lo, outra confirmação do que deveria fazer. Ir embora, tentar viver sem ela. Ele virou a maçaneta e abriu a porta. Parou, talvez ainda com esperanças, mas como antes Gina não fez nada. Ele saiu e a olhou, a olhou mais que todas as vezes até ali somadas, com amor nos olhos, poderia ser a ultima vez que a veria. Certamente era a ultima vez. Fechou a porta.
“Ele foi embora, ele foi embora...”
Uma lagrima solitária escorreu sobre sua face, deixando uma leve marca em sua pele clara. O havia perdido pela segunda vez. Apertou as mãos nos bolsos. Sentiu algo e puxou para fora. A correntinha. Olhou confusa para o pingente que agora tinha um V gravado no coração. Como ela veio parar ali? Ela se lembra de telo jogado na cara de Draco na estação King’Cross.
“Draco...”
Olhou para a porta fechada. Fechou os olhos. “Sempre minha princesinha, sempre siga o que seu coração disser, pois ele sempre está certo” Gina correu desesperada para a porta a abriu e saiu para os jardins.
-DRACO – gritou o procurando.
Ele estava ali. Com um sorriso nos lábios. Apenas disse:
-Eu sabia que você viria

...........FIM...........

“O amor não morre. Apenas adormece nos braços da esperança”




****Espero que quem leia goste. Eu demorei muito p/ escrever e até gostei do resultado final.
****E-mail: [email protected] ou MSN: [email protected]

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