A sereia só de saia e o loiro

A sereia só de saia e o loiro



Tédio. A única coisa que andava pelos jardins de Hogwarts era um enorme tédio. Mas por que? Coisas a se fazer não faltavam. Não para Draco Malfoy. Tinha inúmeros problemas à resolver e milhares de coisas para terminar. Nada que lhe desse vontade de fazer agora.

Virou o rosto na direção do lago e por um momento, pensou em mergulhar. A água era extremamente convidativa, queria estar lá, dentro dela.

“E por que não?” as perguntas que levam o “porque” e o “não” ao mesmo tempo, nunca são muito boas. Na maioria das vezes nos leva a fazer coisas que não deveríamos.

Naquele momento, ele precisava, mais do que nunca, estudar. Precisava saber um pouco mais sobre maldições imperdoáveis. Mas, não tinha ânimo algum para isso.

Tirou a capa de cima dos ombros e à dobrou cuidadosamente, fazendo questão de deixar o emblema Sonserino virado para cima. Depois, tirou os sapatos e meias e deixou ao lado da capa. Caminhou em direção ao lago, enquanto despia a camisa e desamarrava desajeitadamente o nó da gravata.

Seu corpo todo se arrepiou ao sentir a água gélida. Nem no calor desgraçado que fazia, a água deixava de ser gelada. “Inferno!”. Ele sorriu. A palavra inferno não era adequada para a situação, talvez “freezer” ou outro lugar mais gelado. Por um momento sua cabeça se desligou completamente do mundo e ele caminhou mais adiante no lago. “Ok, ok. O que eu realmente estou fazendo aqui?” Continuou andando, sem nem ao menos prestar

atenção a onde ia. “Isto está um gelo e eu tenho coisas à fazer!” continuou a caminhar, até a água bater em seus ombros e ele se lembrar que a qualquer momento um monstro marinho poderia emergir da água e engoli-lo em alguns instantes. “Pensamentos animadores, certo?”, ele tinha a capacidade de ser irônico até com os próprios pensamentos.

“Ok, esqueça essa besteira!” deu meia volta e começou a caminhar em direção às margens. Um vulto nadou pelo lado dele, seja lá o que fosse, não queria ficar para descobrir. Continuou a caminhar. “Um pouco mais rápido...” parou.

-O que está aí? – ele murmurou.

Bolhas de ar saíram da água há alguns metros à sua frente e vieram se aproximando. Ele ficou paralisado.

-O que está aí? – ele aumentou um pouco mais o tom de voz.

As bolhas de ar estavam à alguns centímetro dele, quando “a criatura” que o perseguia emergiu da água, ele recuou alguns passos. Mas não demorou muito para descobrir que “a criatura” que o perseguia era uma menina. Ruiva, olhos castanhos e... sem blusa.

-O que está fazendo só de sutiã no lago, Weasley? – ele à olhou com repugnância.

Ela sorriu, gargalhou.

-E o que você está fazendo sem blusa no lago, Malfoy? – ela falou com a voz em um tom divertido.

-Não é de seu interesse... mas, se quer saber, eu só vim me molhar e já estou indo embora. – ele desviou da garota e foi andando em direção às margens.

-Você achou que eu fosse um monstro? – ela gargalhou mais alto ainda.

-A diferença é mínima, Weasley. – ele falou sem nenhuma alteração na voz. – Você é uma garota e um monstro... bem, um monstro é um monstro. Bem parecido com você eu diria.

-Então quer dizer que o Malfoy tem medo de sereianos e da lula-gigante? – ela continuou a sorrir.

-Eu não tenho medo, Weasley. – ele continuou andando sem se virar. – Minha vida é importante demais para que eu fique correndo riscos por aí! Veja bem o Potter, sem importância alguma, por isso ele vive tentando aparecer e gastando todas as milhares de vida que conseguiu.

-Sua vida? Importante?! – ela mergulhou no lago e nadou até o lado dele. – Se enxerga, Malfoy! Você não tem importância nem para o seu pai! – ela começou a caminhar junto ao loiro.

-Dá para voltar para dentro d’água, Weasley? – ele reclamou enquanto a empurrava para o lado, fazendo-a cair na água.

-O que você tem contra garotas, Malfoy? – ela riu do próprio comentário.

-Cala a boca.

-Não... por que sempre que eu me aproximo você se afasta, e...

-Cala a boca.

-Fala a verdade, Malfoy. Você gosta de garotos, não é? – ela continuou a sorrir.

-Olha aqui, Weasley! – ele se virou para ela à segurou pelos ombros. – Você está de sutiã, molhada e indefesa. Quando nós sairmos do lago, eu vou poder ver que sua saia está colada nas suas pernas, por causa da água, – Ginny começou a ficar vermelha de raiva e vergonha. – se é que você não está só de calcinha, e você vai notar que eu sou homem e não tenho a obrigação de me conter, quando uma garota resolve ficar dando mole por aí.

Ginny piscou algumas vezes, tentando assimilar tudo o que ele dissera.

Abriu a boca para falar algo, mas ele à interrompeu.

-Cala a boca.

Ela se calou. Ele continuou a caminhar lentamente, a água gelada batendo em suas pernas e o congelando completamente. “Que peste essa garota.” Ele daria tudo para jogá-la dentro d’água novamente, mas dessa vez iria segurá-la lá. Até que o último grão de ar saísse de seus pulmões. Começou a imaginar aquele “linda” cena.

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“Ele à empurrava para debaixo da água gélida, enquanto a ruiva sentia seu corpo ficar dormente. A menina se debatia enquanto ele à segurava com força para que não subisse até a superfície para tomar ar, já que o plano dele era matá-la afogada. Viu que as bolhas de ar pararam de subir e que seu corpo havia parado de se mover. Ele à tirava de dentro d’água, à puxando pelos cabelos, e olhou o rosto da ruiva. Estava pálido. Mais branco que o normal, as sardas mais chamativas, os lábios sem cor e finos e seus cabelos bem mais ruivos.”

“Linda”. Ele parou de andar e imaginar a morte de Ginny por um momento, nunca fora de achar defuntos lindos. Deu um leve suspiro e se virou na direção da garota.

Os olhos marejados e os cabelos tão ruivos quanto imaginava minutos antes. Os cílios, cor de cobre, piscavam lentamente, fazendo com que a lágrima que escorria, caísse lenta e bela. Estava pálida, mas viva. Suas sardas continuavam a salpicar fortemente o seu rosto. Mas seus lábios, não estavam sem cor e finos. Eram grossos, vermelhos e pareciam chamar Draco para mais perto. Nunca havia reparado direito no rosto dela. Sabia a cor de seus olhos, de seus cabelos, de suas sardas... mas nunca reparara na maldita boca.

Sentiu algo bater fortemente em seu braço esquerdo. Despertou de seu mundo onírico e começou a observá-la. Ela passara ao seu lado, aos prantos, e esbarrou nele, fazendo-o cair na água.

Correu atrás dela e a segurou pelo braço. Prendeu fortemente o pulso da garota fazendo-a reclamar em meio ao choro.

-Me solta... – ela murmurou.

-Por que você está chorando? – ele perguntou tão irritado quanto curioso.

-Não te interessa. Me solta, Malfoy. Não me obrigue a ficar olhando a tua cara. – ela ainda chorava e suas lágrimas corriam rápidas em seu rosto. Algumas iam até o queixo e logo caíam no colo da garota, essas eram acompanhadas pelo olhar do loiro, e algumas deslizavam até seus lábios fazendo a ruiva entreabri-los.



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