folhas de outono



Hermione andou pelo jardim de sua casa solitária e atenta.Sabia que havia visto alguém correr pelo gramado, ela não estava ficando louca.O vento anunciava a chegada do outono trazendo milhares de folhas secas que rodopiavam em espiral.A noite estava fria e mais sombria que o normal.

-Alguém aí?- ela gritou enquanto uma chuva fina caia do céu.

Um barulho de galho quebrando soou nas suas costas e ela olhou para trás assustada.Aquela brincadeira estava indo longe demais.

-Chega!Seja quem for apareça agora!-ela gritou sentindo uma agonia terrível transbordar através de suas palavras.

O vento soprou mais forte e o seu cabelo voou tampando-lhe a visão.A chuva agora apertava e ela pôde ouvir sua mãe chamar seu nome de dentro de casa.A luz da varanda de acendeu no mesmo instante que uma mão segurou o seu braço e a puxou para baixo.

Hermione afundou a mão na terra molhada enquanto a outra desesperadamente tentava tirar as mechas de cabelo da frente de seus olhos.

-”Apareça agora” é uma maneira muito hostil de se receber os convidados, não acha?-soou uma voz petulante.

Hermione deixou o corpo pesar para trás fazendo-a sentar na grama molhada, não podia acreditar no que estava vendo.

-Draco?O que você está fazendo aqui?

-Você não respondeu minhas cartas, fiquei muito irritado, Granger.

-O problema é seu, Malfoy, não me importa o que te aguarda.Por sua culpa Dumbledore está morto e Hogwarts continua fechada.Se você for preso ou morrer eu vou rir.

Ele a encarou sério.O sorriso esnobe desapareceu dos seus lábios e ele sentou-se mais perto dela.

-Você não deve ter lido as cartas direito.Eu escrevi pra você; eu estou realmente arrependido, eu preciso de sua ajuda.

-Como você quer que eu ajude depois de tudo...

-As infantilidades do passado são o de menos agora!Pense em tudo que pode acontecer!

-Pois eu penso sim, penso em tudo que você fez pra os meus amigos e pra mim e penso principalmente nas tentativas de assassinato contra Dumbledore!Você não merece piedade!

-Cala a boca!- ele gritou, mas antes de dizer qualquer outra coisa, olhou para os lados com a impressão de que alguém podia aparecer a qualquer momento e infelizmente os pais de Hermione eram o que de menos lhe preocupava.

-E como eu posso ter certeza que não é uma armadilha, que você não vai me usar como isca e arma contra Harry?

-Não é!Eu já te expliquei nas cartas!

-Pois muitas eu não li e TODAS eu queimei!Me deixa em paz!Você tem me atormentado desde o inicio do verão e eu não agüento mais, desapareça da minha vida!

Hermione levantou e andou de volta pra casa.

-Granger!Você está assinando a minha sentença de morte!Escuta!

Ela não virou até chegar na frente de casa.Enquanto abria a porta, olhou para onde estivera há poucos minutos.Draco já não estava mais lá.O vento uivou ameaçadoramente.

Ela subiu as escadas correndo sentindo-se febril e atordoada.A mãe perguntou se ela queria comer alguma coisa e ela disse que não antes de fechar a porta do quarto.

Hermione foi até a janela e olhou para baixo com nervosismo, não sabia o que fazer.Ela ajoelhou na frente da cama e puxou uma caixa verde musgo de debaixo dela.Abriu.Dentro havia muitas fotos de sua família e de Harry e Ron.Ela pegou uma das fotos mágicas em que as pessoas se mexem.Rony, Harry e ela mesma sorriam abraçados no primeiro ano escolar em Hogwarts, ela teve vontade de chorar.Tirando as várias cartas de Harry e algumas de Rony de dentro da caixa, puxou um envelope do fundo e retirou cerca de dezesseis pequenos pergaminhos que Draco enviara.Estavam todos lá e ela havia lido e aguardado por cada um deles, mas era difícil para ela passar por aquela situação.Depois de tudo que acontecera, como ela podia agora sentir compaixão pelo sonserino?

O vento uivava tristemente do lado de fora como lamentos de fantasmas e as folhas que continuavam a cair traziam mensagens iletradas em suas superfícies: choice...

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