Harry - Revelação



- Capítulo Sete -

Harry



Eu a puxei pelo braço e a fiz virar-se para mim.
- Harry, não! Me solta! - ela gritou, colocando todo o seu peso para trás, tentando soltar-se de mim.
- Não.. Afinal de contas, foi você quem começou! Agora agüente as conseqüências!

Comecei a molhá-la com a água que havia pego no riacho. Sara puxou o braço com força, enquanto tentava desviar as gotas de água. Ela ria da situação, mais sabia que não ia demorar muito rindo. Se eu insistisse em segurá-la, ela ficaria com raiva e tentaria outra tática: me bater.
Bem, devo admitir que isso não me importava. Agora entendia porque sempre gostei de estar com ela, porque com ela tudo era mais fácil e divertido. Meu coração disparava só pelo fato de está-la segurando. Os cabelos castanhos dela estavam soltos e caíam como uma cascata por seus ombros. Quando ela puxava o braço, todo o seu cabelo voava e repousava suavemente sobre o decote de sua camiseta rosa. Comecei a pensar em como seria beijar aqueles lábios rosados, sentir sua pele na minha e abraça-la sem a culpa que carregava à alguns dias por estar me apaixonando por minha melhor amiga. Só que até agora não me parecia uma boa hora para descobrir.

- Harry, me solta A-GO-RA! - disse me dando "soquinhos de mulher" no peito e ombros. Eu ri.
Sara adorava começar uma brincadeira, mais sempre se sentia indignada por eu ser mais forte. Confesso, estava gostando de tê-la perto de mim, mesmo que fosse contra sua vontade.
- Não adianta gritar, Senhorita Connely. A senhorita sabe tão bem quanto eu que não importa o quanto grite e esperneie, eu sou bem mais forte. - disse. Sabia que mencionar que eu era mais forte e chamá-la de senhorita ao mesmo tempo a deixava louca.
Ela respirou fundo, tentando se acalmar. Hesitou em falar. - Ai, ta bom! Você venceu! Agora... Me solta. - disse calmamente, entregando os pontos.
- Hum.. Não. - respondi, ainda a segurando pelo braço.
- QUÊ??? O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE?? - ela perguntou, nervosa. Sara detestava ser contrariada depois de ter agido de forma submissa. A morena tentou soltar-se, mas eu segurei seu braço com firmeza e a puxei para mim.
- Eu disse que não vou te soltar, a não ser que a senhorita me responda uma coisa.
Sara me encarou. Sua boca estava à centímetros da minha. A respiração dela estava tão acelerada que eu a podia sentir tocando meu queixo.
- O que é? - ela perguntou, ríspida.
- Por que você disse à Kelli que eu era seu namorado?
Silêncio.
Sara continuou olhando para mim, sem piscar. Sua pele ficou fria de repente e ela mantinha uma expressão de espanto, dando a entender que não esperava por essa pergunta. Senti uma brisa suave tocar minha pele, com um leve aroma de chuva. Os cabelos de Sara voaram livres e pousaram em seu colo e ombros. Ela era linda, até mesmo quando estava brava. Tive que admitir, eu adorava provocá-la e vela-la nervosa. Acho que deveria ser porque assim eu podia ficar mais perto dela.
Olhei para o céu e percebi que uma chuva forte se aproximava. Nuvens expeças estavam se formando, em tons cinzas e as copas dar árvores se balançavam, emitindo pequenos ruídos. Depois olhei para ela: os olhos castanhos estavam ficando verdes.

- Sara. - sussurrei calmamente - Seus olhos estão mudando de cor. Você está com medo?

Sara era metamorfaga e, sempre que ficava com medo por estar sendo "desmascarada", não conseguia controlar seu "dom". Estávamos sozinhos no meio da colina e uma chuva forte se aproximava. Eu não considerava aquilo um bom motivo de estar com medo, já que uma vez entramos na floresta proibida durante à noite e nada aconteceu à sua aparência. Então, só restava a outra hipótese: estava chegando bem perto de descobrir alguma coisa sobre Sara. E supunha que seria algo sobre o tal garoto de que ela gostava. "Às vezes é porque ela está nervosa" - pensei "Afinal de contas, eu estou à provocando.. Pode ser esse o motivo também".
- É que... Harry vai chover! Vamos para casa, vai! - ela insistiu, mudando de assunto. Eu fiquei sério.
- Sara, não mude de assunto! Por que disse eu era seu namorado?
Ela mordeu o lábio. Seus olhos passaram de verdes para cor-de-rosa.
- Desculpe. Eu não tive escolha. Mais queria agradecer por você não contar nada a---
- Você me conhece, sabe que eu não contaria nada até entender o motivo da mentira. Agora, me explique.
Ela gemeu e seus cabelos passaram a ser castanhos com mechas negras. Aí eu percebi que se tratava de algo muito sério.
- Vamos Sara... Conte-me. O que está acontecendo com você? - perguntei novamente, tentando ser compreensivo.
- Harry, por favor, não me peça pra fazer isso. - disse, enquanto percebia seus cabelos castanhos se tornarem totalmente negros.

Eu não resisti: ela me olhava fazendo com que eu me sentisse responsável por ela. Sabia que Sara poderia sair correndo a qualquer momento ou que seria difícil ter outra chance como aquela para pedir explicações. Mais eu não pude dizer não diante do olhar dela. Soltei seu braço lentamente.

- Tudo bem. Vou te dar um tempo, para que você crie coragem e possa me contar o que está havendo. Mais saiba que, mais cedo ou mais tarde eu irei descobrir. E gostaria que fosse pela sua boca.

Sara me encarou durante mais alguns segundos e caiu sentada na grama. Eu continuei de pé, a olhando. Depois passei a mão na nuca com força, tentando relaxar. Gostava dela, mais bastava ela me lançar um olhar para que eu fizesse tudo o que ela queria. Não gostava de não ter o controle da situação.
- Desculpe, Harry. - ela sussurrou.
Eu respirei fundo e me abaixei atrás dela. Vi uma lágrima se formar em seus olhos.
- Sara... O que está acontecendo? Você nunca mentiu para mim... Por que está agindo assim? - perguntei em seu ouvido.
Silêncio.
- Vamos, você sabe que pode confiar em mim. Me conte... Não precisa ter medo. Não de mim. Até parece que você não cofia mais em mim!
- Eu não queria! - ela gritou, virando-se para mim - Mas você acha que é fácil ver sua prima dando em cima do garoto pelo qual você sempre sonhou? Acha que é fácil vê-lo beijando outras garotas, sonhar acordada com um cara que a vê como irmã? Eu não tive culpa!

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