Encontros e Desencontros



Era outono. As folhas acobreadas caiam incessantes e rodopiavam suspensas no ar.
O sol vespertino lançava raios suaves sob os terrenos do castelo.
O farfalhar das folhas era agradável, quase melodioso.
Os gritos e risos joviais vindos dos jardins eram contagiantes.
Tudo era alegria àquele feriado.
Um trio de adolescentes ria alto e escandalosamente. Dois rapazes e uma moça.
Um dos garotos era alto, musculoso, com cabelos negros que caiam sobre os olhos cinzentos e misteriosos, este tinha o sorriso sedutor e displicente. Era o charmoso Sirius Black.
O outro era de porte médio, também atraente, com cabelos negros, incrivelmente despenteados, seus olhos eram castanhos esverdeados e tinha um sorriso maroto, quase debochado. Este era o popular Tiago Potter.
A rapariga não era alta nem baixa, possuía os cabelos loiros, curtos e picotados, seu rosto era arredondado e belo, os olhos amendoados de um tom cor-de-mel, seu corpo era escultural e seu sorriso, embora encantador, era um pouco infantil. Ela era a bela e endiabrada, Fiona Halley.
Os três eram muito amigos e nos últimos dois dias, eles andaram grudados, tramando algo entre as gargalhadas e os murmúrios inaudíveis pelos corredores de Hogwarts.
Estavam aprontando alguma e todos que já haviam trocado ao menos uma só palavra com eles já não tinham mais dúvida disso.
Fiona sorriu de leve, como se esse sorriso fosse o sinal para oficializar os planos.
Tiago retribuiu o sorriso e passou a mão pelos ombros da rapariga.
Sirius apenas esboçou um sorriso e afastara o cabelo dos olhos num gesto displicente.
-Então está combinado!- berrou Tiago.
-Isso aí, berre bem alto para os professores ouvirem e nos darem detenções!- censurou-o, Fiona.
-Desculpe... - retrucou apoiando a cabeça no ombro da rapariga, fazendo-se de arrependido.
- Ai eu mereço! A Grande Mãe deve ter me achado com cara de otária pra me dar essa difícil missão de aturar Tiago Potter! – disse Fiona olhando para o céu.
- Lá vem ela com esse papo de “grande mãe”... – resmungou Sirius, como se Fiona se tratasse de uma maluca.
- E ainda vem Sirius no pacote... - falou a garota ignorando o último comentário de Black. – E de quebra ainda tenho que aturar a Lily e suas psicoses... Mas fazer o que, né?! Amigos são pra todas as horas...
- Pára de falar sozinha, Fi! Ta me assustando... – zombou Tiago.
- Para a sua informação queridinho, eu não to falando sozinha, eu estou é reclamado da minha vida para a Senhora Das Vidas! Tipo, por que eu não sou uma estrela do rock hiper famosa e multimilionária?! A vida é tão injusta!
Os rapazes se entreolharam e caíram na gargalhada.
- Opa! Já são 17h30min! – sobressaltou-se Fi, checando o relógio, e em seguida olhando a sua volta. – Ta até escurecendo... – constatou.
- E daí? Não me diga que você dorme às 18h00min em pleno feriado! – disse Sirius.
- Claro que não, gracinha... É que eu e as Loucas vamos fazer tipo uma festa do pijama...
- Ah, vocês vão virar a noite fofocando, ouvindo música, comendo besteiras, e trançando o cabelo umas das outras?! – chutou Tiago, debochado.
-É! Basicamente... – respondeu Fiona, sincera.
- O.K vou ignorar o fato de que eu estava só brincando! – Falou Tiago, divertido. – agora eu sei o que as garotas fazem de madrugada...
Fiona fitou Tiago como se dissesse: “Você é surreal, Tiago Potter.”.
A garota atravessou o saguão, indo em direção ao salão comunal grifinório, em seu encalço vinham Tiago e Sirius.
Quando os três chegaram ao salão comunal, eles se dividiram, os dois rapazes subiram as escadas para o dormitório masculino e Fiona seguiu para o dormitório feminino.
Ao chegar ao dormitório que ela dividia com suas de suas melhores amigas ( e com uma tímida Jennifer Mcfaden) ela se deparou com uma Lily Evans sendo atacada por almofadas amigáveis de Clarisse Lauren e Anny Engels, enquanto Lysa Turner e Amber Grader riam da cena.
- Oi, Fi! – Berrou Anny, largando o travesseiro e abraçando a amiga recém-chegada. – Ta atrasada! – mencionou, rindo.
Das seis amigas, Lílian era a mais certinha, andava sempre com o seu uniforme impecável e com uns 10 livros debaixo do braço, ela era uma garota de cabelos vastos, lisos e escarlates e de olhos incrivelmente verdes. Embora fosse a mais responsável das seis amigas, também era a mais mandona delas.
Anny Engels era a mais paqueradora das seis. Ela tinha os cabelos longos e negros como uma cortina de seda negra, e seus olhos eram de um azul penetrante. Na guerra de travesseiros era a mais agitada.
Clarisse Lauren tinha os olhos azuis e os cabelos negros com as pontas tingidas de azul. E nesse momento estava soterrada de almofadas, lançadas como uma forma de vingança, por Lily.
A mais baixinha delas, Lysa Turner, conservava em seu semblante alguns encantadores traços infantis, seus cabelos caiam pelas costas com graciosos cachos castanhos, e seus olhos eram de um verde, não tão intenso quanto os de Lily, mas eram de um tom mais suave, mais inibido. Das seis raparigas, era a mais tímida.
A mais alta de todas, era Amber, tinha em seu rosto traços de uma mulher feita, e o seu caráter também era assim, era a mais madura do grupo, embora fosse muito divertida, sabia a hora de falar sério. Os cabelos de Amber eram dourados e estavam trançados em uma trança que alcançava metade das costas, mas tão fino e liso que soltavam anéis em volta de seus ombros, e seus olhos eram cor-de-avelã. Ela estava nesse momento tendo um ataque de riso.
Fiona entrou na brincadeira, apanhou uma almofada do chão e tacou (sem impulsionar com força) em Lysa.
Amber pôs-se a rir mais ainda, quando Lily a derrubou com uma potente almofada.
A guerra de travesseiros estendeu-se até às 20hs, quando as raparigas finalmente cansaram de brincar.
As seis sentaram ao pé da cama de Fiona, muito sorridentes, e começaram a conversar, alegres.
Todos de Hogwarts podiam notar que um elo forte unia àquelas seis amigas, um elo que se revigorava a cada ano, um elo que as tornara quase irmãs, embora fossem muito diferentes umas das outras. E àquele ano o elo estava mais forte e vivo do que jamais estivera antes.
A janela do dormitório estava entreaberta e um vento noturno e gélido invadia o ambiente, a luz azul-prateada da lua, cintilava os diferentes tons de cabelos das raparigas.
- Ai, ta frio! – Resmungou Anny, esfregando as mãos umas nas outras – Vocês não estão sentindo frio, não?!
- Ih, deixa de ser fresca, Ann! – exclamou Fiona – Esse friozinho noturno é uma delícia...
- Mas eu concordo com a Anny – falou Lysa enrolando-se em um manto. – Esse frio ta meio forte...
-Claro, gente, o outono está acabando... Terça-feira já é inverno! – Esclareceu Lily.
- Ah, é. – Lembrou-se Fiona. – Tomara que neve! Adoro quando neva! – Disse batendo palminhas animadamente.
- Já eu, odeio quando neva! – Opinou Lílian – É mais um motivo para o Potter se exibir de diversas maneiras, seja tacando bolas de neve nas outras pessoas ou seja voando de vassoura sob uma nevasca...
-Ih, começou... – Resmungou Amber impaciente.
Anny olhou para Lily como se essa se tratasse de uma criatura monstruosa e lhe disse, com a raiva entalada na garganta:
-Pare de criticar o Tiago! Cruzes! Você não cansa de falar mal dele não, é?
-Não! – Lily fez pouco caso.
Lysa encheu os pulmões e vociferou:
-Parem com isso!Há milhões de assuntos mais interessantes que Tiago Potter!
- É, mas é difícil de ignorar o assunto quando o indivíduo em questão é o problema da humanidade! – Resmungou Lílian, mal humorada.
- Já parou pra pensar que talvez você possa ser a exagerada? – retorquiu Anny, ríspida.
Lílian ficou quieta por um instante, como se considerasse a afirmação arrogante da amiga, e depois disse calmamente:
- Nunca olhei por esse ângulo... Mas vamos criar uma hipótese... Supõe-se que eu tenha uma visão excessivamente negativa quanto a pessoa do Potter... Que influência isso teria no curso da história do universo? E o que você a ver com isso? Em todo caso, ele é mesmo um sujeitinho desagradável e presunçoso!
Anny franziu a testa furiosa, e respondeu:
- Se você acha que eu não tenho nada a ver com essa sua implicância com o Potter, então não fique berrando que o odeia perto de mim, se eu tenho uma opinião excessivamente positiva em relação a ele, você também não tem nada a ver com isso! Então vamos fazer um acordo, eu não falo das qualidades dele e você não chega perto de mim pra falar dos defeitos!
- O.K Trato feito! – Disse Lily claramente indignada com a resposta da amiga. – Então nada de falar do Potter... nem bem nem mal...Ah, será uma bênção aos meus ouvidos! – Mencionou, sacudindo as mãos em um gesto impaciente.
Fiona olhou de Anny para Lílian, para constatar se as duas tinham se acalmado, e ao ver que havia, soltou uma piadinha:
- Uma das duas ainda casa com o Tiago! – e riu juntamente com Clarisse, Amber e Lysa.
Anny sentiu as alvas bochechas corarem, e Lily fez uma expressão de raiva, mas acabou ignorando a insinuação da amiga.
O tempo passou rápido, e logo já eram 00h00min, a brisa vinda da janela se intensificou e ficara mais gelada. A luz da lua ainda banhava o dormitório, mas agora, era a única, já que as luzes bruxuleantes das lamparinas já haviam se apagado.
Fiona sentiu um calafrio repentino, mas não era por causa da brisa noturna que batia em sua nuca, mas sim porque ela sentia como se mais alguém (além dela e das amigas), estivesse no dormitório, uma presença que a estava deixando entorpecida.
A rapariga sentiu uma abrupta vertigem, seu semblante perdera a pigmentação por um breve momento, ficara com um aspecto terrível, sua palidez sugerira que ela iria desmaiar. Seus lábios rosados tomaram um tom arroxeado.
Suas amigas ficaram preocupadas com o repentino estado doentio de Fiona.
Lily abraçara Fiona e indagara:
- Você ta bem, Fi? Está enjoada?
Amber se aproximara de Fi, e baixou suas pálpebras inferiores da amiga, a fim de checar a coloração e definir se estava anêmica. Mas não, sua coloração estava perfeitamente normal.
Lysa sugeriu, em desespero pelo estado da amiga:
- Vamos levá-la a ala hospitalar!
-Não vamos conseguir carregá-la! – concluiu Clarisse.
- Ta me chamando de gorda, porra?- gracejou Fiona, que mesmo semi-inconsciente, arranjava um jeito de fazer piadinhas infelizes.
- Posso chamar os rapazes para ajudar a levá-la! – falou Anny
- Que rapazes? – perguntou Lily, aninhando Fiona, como se esta se tratasse de uma criança pequena.
- Como assim “que rapazes”? Tiago e Sirius, claro! – Respondeu Anny, como se fosse algo óbvio.
Amber acrescentou:
- E Remus também!
- É, ele também! To indo chamá-los. – exclamou, saindo do dormitório.
Em seguida, Anny voltou com Sirius, Remus e Tiago em seu encalço.
Sirius pede para que as garotas se afastem e ergue Fiona do chão e a carrega em direção à porta.
Tiago (cujo cérebro só funciona mesmo após 12h00min) olha para Anny aborrecido, e comenta:
- Porra, por que me acordaram então? Para assistir o Sirius demonstrando sua “força espetacular”?
Sirius dá um sorriso maroto e Anny diz a Tiago:
- Pó, se você faz tanta questão de demonstrar sua “força espetacular”... pode me carregar!
Tiago fitou Anny com uma expressão facial que dizia: “Não te conheço” e “Vai a merda” ao mesmo tempo. E murmurou algo como “Boa Noite”, e mergulhou na cama mais próxima, a de Jennifer, e imediatamente voltou a dormir.
Sirius levou Fiona até a enfermaria acompanhado de Amber, Clarisse, Lily e Lysa, enquanto Anny fazia companhia para um desacordado Tiago.
Madame Pomfrey aconchegou Fiona em uma das camas da enfermaria, e lhe trouxe um cálice com um liquido esverdeado e concentrado.
- Bebe isto! – Mandou ela.
- Eca! Essa coisa verde parece capim... – resmungou Fiona com nojo.
- Beba Fi, é para o seu próprio bem! – Incentivou Amber.
Fiona pegou o cálice entre as mãos e derramou a poção goela abaixo, e surpreendeu-se ao sentir um gosto doce invadir-lhe a boca.
- Até que não é tão ruim assim... – Disse.
- Me conte o que você estava sentindo? – Indagou Madame Pomfrey.
- Ah, sei lá... me sentindo tonta do nada! – Explicou a garota, meio confusa.
Ela segurou a cabeça com a mão, estava latejante, parecia pesar umas cinco toneladas.
Sentiu seu corpo cair. Madame Pomfrey tirou sua temperatura e constatou que queimava de febre.
- Eu estou bem! Estou bem! – Murmurava Fiona, relutante, enquanto traziam mais poções para ela tomar e mais panos úmidos parta colocar em sua testa.
Lily, segurava a mão de Fiona firmemente. Clarisse e Amber corriam pra lá e pra cá, ajudando Madame Pomfrey a cuidar da amiga. Lysa e Remus adormeceram numa poltrona perto da cama de Fi, estavam exaustos.
Sirius estava encostado em um canto da enfermaria, olhando na direção de Fiona, preocupado.
E toda vez que ela soltava um gritinho abafado, ele se aproximava dela às pressas e perguntava “o que estava acontecendo” para a enfermeira.
Fora assim durante toda a madrugada. Fiona nem mesmo conseguia dormir, tamanho era o seu mal estar.
Amanheceu. O sol foi invadindo aos poucos a escuridão da ala hospitalar, Fiona, que só havia conseguido dormir a pouco tempo, despertara, quando o sol beijara seu corpo.
Viu-se rodeada das amigas, todas adormecidas. E Sirius, estava dormindo, agachado num canto.
Fiona sentiu-se grata aos amigos, que. Preocupados com o seu bem estar, passaram a madrugada ao seu lado, cuidando dela.
De repente, se recordou da presença que sentira no dormitório, decidiu que não ia contar a ninguém o ocorrido, ela não sabia ao certo a razão, mas achou melhor ninguém saber.
Fiona saltou da cama, sentindo-se revigorada. Quando Madame Pomfrey a empurrou de volta para a cama, alegando:
- Você precisa descansar ainda não se recuperou totalmente! Você estava pelando de febre ontem! 43° de febre... Nunca tinha visto nada como aquilo antes...
- Mas eu já estou bem! – exclamou Fi.
- Não adianta ficar de teimosia, srt. Halley... Você vai ficar em repouso e ponto final! – Decretou a curandeira
A rapariga forçou os olhos tentando dormir, mas não conseguiu.
Explorou a enfermaria com os olhos, pousando-os em Sirius: “Oh, ele fica com carinha de inocente enquanto dorme...”, Fi pegou-se pensando.
Inesperadamente, Sirius acorda.
- Oi. – disse Sirius, sonolento. – Já está acordada?
Ainda são 6 h... – Constatou checando o relógio.
- Não estou com sono. – Respondeu Fiona sorrindo de leve.
- Está melhor? – indagou Sirius.
- Bem melhor!
- Que bom ouvir isto!
Ambos trocaram olhares significantes.
Sirius desviou o olhar, e Fiona tivera a impressão de que ele corara.
- Você está com fome? Quer que eu traga algo do café da manhã? Um pouco de sumo de abóbora e um pedaço de bolo de aveia lhe farão bem... – sugeriu o rapaz com um brilho de preocupação no olhar.
Fiona só vira o travesso rapaz preocupado dessa maneira duas vezes, Uma quando Anny e outra quando Tiago adoeceu no ano anterior.
- Eu passo. Estou sem fome. – recusou Fi, sorrindo.
- Mesmo assim trarei um pouco de frutas secas com mel, ai você come quando quiser! – decidiu-se por fim e também sorriu.
Aos poucos as raparigas foram acordando e depois de certo tempo foram tomar café da manhã, elas e Sirius.
Mas sua solidão não se demorou, já que pouco depois da saída deles, Tiago entrou no aposento.
- Olá – cumprimentou – Soube que teve uma noite difícil... Sinto não ter estado ao seu lado...
- Eu também. – respondeu com mágoa – Queria ter tido seu apoio... Até Sirius... – e soluçou.
Tiago inclinou-se sobre a amiga, a abraçou fortemente e pressionou a contra o peito.
- Desculpe Fi... Desculpe... – murmurou a seu ouvido, e então riu. – Você passa mal no meio do meu sono de beleza... E sabe como sou vaidoso...
Fiona riu, entre as lágrimas e retrucou debochada:
- Sua noite de sono não teve muitos resultados satisfatórios... Já que não vejo beleza nenhuma!
- Hey, sua diabinha! – riu Tiago – Até doente faz piadas infelizes, não é? Não feriu meu orgulho, Fi, tenho a sorte de não ser auto-crítico, sei que sou lindo, gostoso, maravilhoso e...
- Super modesto, não é mesmo? Eu estava brincando mesmo, Ti! Você é um luxo!
Tiago encheu-se de um ar convencido e afirmou:
- Ninguém resiste ao meu charme!
- Puxa, modéstia mata, hein meu amigo!? – zombou a moça.
- Modéstia é para fracos e oprimidos, e humildade é para quem não tem amor próprio e nem honra! É assim que penso! – disse, com sinceridade.
- Aprecio sua sinceridade, não ria, falo sério, mesmo assim deveria saber, e considere como um aviso prévio, de boa vontade; quanto maior o orgulho, maior a queda!
Sua expressão facial era séria, por mais que Tiago quisesse acreditar que era uma mera brincadeira, e não um aviso considerou uma crítica e isso feriu o seu orgulho de tal forma, que seria difícil de cicatrizar. Pois não era qualquer crítica de sujeitos invejosos, mas sim de sua mais querida amiga, quase como se fosse sua irmã.
- Não fique chateado comigo, Tiago, você sabe que eu lhe quero bem... – falou Fiona, sentindo a inquietude do amigo.
- Não estou chateado, Fi! – mentiu ele. – Já te disse que meu orgulho próprio está sempre intacto.
Fiona pôde perceber a incerteza nas palavras do amigo, mas resolveu não contrariá-lo.
Tiago segurou a mão da amiga entre as suas, e ficou em silêncio por um momento.
Uma lágrima solitária escorreu pelo semblante do rapaz , e Fiona não sabia a razão, mas não questionou, não queria perturbá-lo, apenas puxou-o para si, embalando-o de forma materna e carinhosa.
Ele cedeu ao carinho da amiga e deixou-se levar pelas carícias dela, e retribuiu ao seu afeto.
“Tiago é como se fosse meu irmão...”, ela pensou, “nos conhecemos a tanto tempo...””então por que é que eu sinto um impulso de beijá-lo?”
Fiona se esticou mais uma vez e seus lábios se roçaram em um beijo envolvente. Tiago retribuiu.
“É, ele também sentiu esse impulso...”, concluiu Fiona, “Seria atração física?”.
Mas um momento após parou de pensar nisso, parou de pensar em tudo, tinha consciência apenas de seu contato físico com seu amigo de infância.
Tiago deslizou sua mão por seu pescoço, de onde pendia a pedra-da-lua; pura, vítria e brilhante como o vidro, e preciosa como o mais raro diamante.
Ela, por sua vez tocou o rosto do rapaz, com a ponta dos dedos, acariciando-o. Sim, Tiago era belo... e muito desejável, mas ela nunca se dera conta disso.
Tiago, pelo contrário sempre havia achado Fiona atraente e só não “agarrara” ela antes por motivos de força maior: ”a amizade deles”.
Sirius, que após ter tomado seu café da manhã, resolveu pegar frutas para Fiona, e seguiu até a ala hospitalar.
- Fiona, eu trouxe as frutas. Você melhoro... – anunciou o rapaz abrindo a porta, e se deparando com o casal se beijando.
Sirius se sentiu irritado. Fiona e Tiago, imediatamente pararam de se beijar.
- Pelo que vejo melhorou! – zombou com um tom arrogante na voz.
Ao ver Sirius, Fiona corou, sentiu-se como se tivesse feito algo errado, mas nunca admitiria.
- Não é nada disso que você está pensando! – defendeu-se Tiago, sem nem mesmo saber por quê.
- Vem cá, agora! – mandou.
- Tiago, por mais que você pense que pode se aproveitar da Fiona, saiba que eu estarei de olho em você! Ela não é igual às outras garotas... Ela é especial!
- Eu sei disso! – revoltou-se Tiago. – Se você não se lembra, ela é minha amiga!
- Quem parece não se lembrar disso é você, né, Tiago! – disse o rapaz, presunçoso. – Enfim, desde que você não a magoe... Caso contrário vai se ver comigo!
- Você ta com ciúmes, Sirius? – indagou Tiago, maliciosamente.
- Claro que não! – apressou-se Sirius a dizer.
Sirius deixou as frutas na cabeceira de Fiona, e beijou as bochechas da rapariga, saindo do quarto.
- Sobre o quê vocês estavam falando? – perguntou a rapariga perceptivelmente irritada por ter sido excluída da conversa.
- Ah, era só o Sirius, que tava ditando regras e condições pra eu ficar com você – respondeu o garoto fazendo pouco caso.
“O quê? O Sirius, preocupado com uma garota? Não estou entendendo!”
Anny, (que acabara de acordar), entrou na enfermaria correndo. Ajoelhou-se na cama da Fiona, e pegou as mãos da rapariga, já soluçando:
- Fizinha, você ta melhor?
- Vô deixar vocês duas a sós. – disse o rapaz saindo.
- Pó, Ann... Você nem ficou comigo... – resmungou a loira.
- Desculpa mesmo, mas sabe como é, né? Nenhum garoto pode ficar no dormitório feminino sozinho – começou Anny. – E a praga do Tiago resolveu “desmaiar” em uma das camas... Sobrou pra mim cuidar do gostosão!
- O.K ta perdoada! – decretou Fiona entrelaçando seus dedos nos cabelos de Anny.
- Pra te compensar vou ficar aqui até você melhorar... – decidiu Anny.
-Obrigada, miga! – agradeceu a garota – Nossa, esse sábado vai ser tão interessante!
Anny cumpriu com sua palavra, e ficou com Fiona a tarde inteira. Dentre uma palhaçada e outra, ela fazia Fiona dar boas gargalhadas. As outras quatro faziam revezamento, e ficavam de hora em hora com Fiona e Anny. Sirius e Tiago também apareciam por lá para tornar o dia de Fiona um pouco mais agradável. Esse ritual perdurou até as 20h00min, quando Madame Pomfrey, liberou Fiona, que de tão cansada, resolveu dormir cedo.
O sol novamente nascera. Sua luz penetrava pelas cortinas do dormitório das garotas. Junto com ele, uma brisa suavemente gélida folheava a montanha de livros perto da cama de Lílian. No dormitório, estavam todas desacordadas. Até mesmo Fiona que apreciava os primeiros raios de sol, estava dormindo. O dia anter4ior fora longo e as garotas estavam demasiadamente cansadas. Um ruído vindo da janela entreaberta acordou Anny, que um pouco sonolenta foi ver o que era. Ao abrir a janela percebeu que o barulho vinha de uma coruja que batera com a cara na parte fechada da janela.
Anny dera o braço para a coruja pousar, e pegou a revista que ela trouxera em suas patas. A coruja bicou Anny carinhosamente, e ela retribuiu acariciando suas penas.
A coruja voou. Anny pegou seu diário e começou a escrever nele.
Horas se passaram até que uma outra pessoa acordasse, e esta foi Fiona, que se assustou ao ver Anny acordada.
- Anny! O que você está fazendo acordada a essa hora? – censurou-a Fiona alto o bastante para que Lily acordasse também.
- Que foi gente? Eu só quis acordar cedo, algo contra? – indagou a garota irritada.
O motivo da surpresa das garotas era que Anny não era o tipo de garota que acordava cedo. Era meio que uma versão feminina de Tiago Potter.
Lílian, que até o momento, ainda estava tentando acreditar que Anny estava acordada, soltou:
- Chame Madame Pomfrey! Temos outra doente!
- Isso já ta dando no saco! – reclamou Anny.
- É melhor irmos tomar café! – decidiu Fiona.
- É mesmo! – Concordou Lílian ao ver o olhar mortal que Anny a lançara.
- Gente, olha o que eu recebi hoje de manhã! – mostrou Anny sua revista.
- O especial de quadribol! – exclamou Fiona tirando a revista das mãos da amiga. – Harpias... Harpias... Achei!
Lily também tirou a revista de Fiona:
- Quadribol logo de manhã não!
- Ok Lily! – disseram Anny e Fiona em uníssono.
Elas se trocaram e foram para o salão principal onde se juntaram a suas amigas.
- Seja lá o que fizeram com minha amiga Anny, pode deixá-la onde está! – brincou Amber divertida.
- Caiu da cama Anny? – indagou Clarisse.
- Já to ficando p*! – resmungou.
- Vamos deixar o clone da Anny em paz! – zombou Amber.
A garota fuzilou Amber com o olhar e essa abriu um sorriso.
Elas ficaram se deliciando com sucos de abóbora e bolo de milho com cobertura de chocolate durante um bom tempo. Ficaram conversando até o relógio marcar 11h30min, quando quatro garotos se aproximaram, e sentaram nas mesas. Imediatamente, Anny levantou-se e sentou no colo de um dos garotos, Sirius, e beijou suas bochechas amigavelmente.
- Ai, você ta pesada, Anny – reclamou o garoto, expulsando Anny de seu colo.
Anny encheu seus olhos de lágrimas.
- Si, você ta me menosprezando? – indagou dramática – Eu não sou “boa” o suficiente pra ter sua amizade? Não sou “boa” o suficiente pra sentar no seu colo?
Sirius ficou com pena de Anny.
Todos caíram na gargalhada, exceto o rapaz que olhava para os outros, curioso.
- Você tava zoando garota? – perguntou ele – Eu jurava que tu tava falando sério.
Sirius colocou seu braço nos ombros de Anny:
- Sério, sem zoa, tu é a melhor atriz que eu já vi!
- Garoto, eu não acredito que você caiu nessa da Anny – admirou-se Lílian.
- É cara, ela já fez isso com todo mundo! – divertiu-se Amber.
- Nem vem, quando ela fez comigo eu cai direitinho! – indignou-se Tiago.
- Só vocês dois pra cair nessa mesmo... – desdenhou Lílian.
- Ô Evans, você não tem censo de humor não? – retrucou Tiago.
- Liga não, ela é apaixonada por você! – brincou Fiona.
Lílian fuzilou Fiona com um olhar cortante, Anny indignou-se silenciosamente arfando bem forte. Tiago apenas riu e abraçou Fiona, fraternalmente.
- Parece que meu comentário não agradou né Ti? – gracejou a garota, rindo.
O rapaz assentiu com a cabeça, dando um daqueles seus sorrisos “arrebenta-corações”.
Fiona, ainda sentia-se ligeiramente desconfortável emocionalmente ao contato físico com Tiago, as lembranças da manhã anterior vinham a tona, e ela sentia-se constrangida, por esse motivo, ela desvencilhou-se de seu abraço de maneira sutil.


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