Segredos e verdades
Era um dia ensolarado, uma brisa suave agitava as copas das arvores, quando uma carruagem parou a alguns metros do portão da escola. Uma mulher bonita, aparentando, um pouco mais de trinta anos, pele clara, cabelos negros e olhos cinzentos, abriu a porta e desceu da carruagem acompanhada de dois jovens em capas negras. Seguiram o caminho ate a entrada do castelo, que pouco havia mudado, desde que se formara. Os jardins bem cuidados, o lago cristalino onde a lula gigante nadava preguiçosamente, forçando um pouco a vista via-se a cabana do guarda-caça, na orla da floresta proibida. Mesmo após muito anos, sentia-se o poder e a grandeza entranhados naquelas paredes de pedra.
Chegaram na entrada do castelo e ela bateu na enorme porta de carvalho, que se abriu e revelou uma bruxa alta, com um rosto severo, com rugas emoldurando aqueles olhos de contas.
-Bem vinda a Hogwarts, senhorita O'Hara.- cumprimentou a mulher, observando a mulher e os dois jovens.
-Obrigada professora McGonagall. Espero estar no horário. Estes são meus filhos Nicolas e Alexandra O'Hara.
-Muito prazer, senhora.- responderam os jovens.
-Muito prazer. Tenham a gentileza de me acompanhar. O diretor a aguarda.
Dumbledore estava em seu escritório examinando sua penseira, enquanto aguardava o momento da entrevista solicitada por sua ex-aluna Amanda O'Hara, que se candidatara para a vaga de professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Remexia suas memórias e via uma bonita menina, que adorava sorrir, por volta de seus dezesseis anos, com o uniforme da Lufa-Lufa, pele clara, olhos cinzentos, longos cabelos negros, tinha aparência frágil, mas o diretor sabia que quando necessário ali se revelava uma firmeza de caráter incontestável.
Quando o relógio soou 14:00 horas, ele ouviu uma batida na porta e disse:
-Entre Minerva.
- Professor Dumbledore, a senhorita O'Hara esta aqui.
Ele estava aguardando sua ex-aluna, e não sabia que ela viria acompanhada por um casal de jovens, que teriam no máximo uns quinze anos.
- Senhorita O'Hara, há quanto tempo, como vai?- disse Dumbledore.
-Bem professor, e o senhor? Espero não estar atrapalhando.- respondeu uma mulher mais velha, mas que o tempo não apagou os traços delicados.
-Vou bem minha cara, dadas as circunstâncias e quem são esses jovens que te acompanham?
-São meus filhos gêmeos Nicolas e Alexandra.
Dumbledore olhou bem e surpreendeu-se. Nicolas era alto, forte, pele clara, cabelos negros que lhe caiam graciosamente na testa e olhos azuis profundos. Por um instante, o velho diretor parecia que olhava a fotografia de alguém, mas não se deixou distrair. Olhou então para a garota e qual não foi sua surpresa e viu-se diante de uma cópia de Nicolas, mas com cabelos que caiam, até suas costas, um pouco mais baixa, mas aquele mesmo olhar que lhe lembrava alguém.Não era, um olhar tímido, que os jovens lhe dirigiam, era um olhar que trazia segredos, medo, expectativa, porém não havia maldade neles. Curioso.-pensou consigo.
-Muito prazer, senhor. - disseram os jovens.
-Muito prazer. Minerva, por favor, mostre a escola a esses dois, enquanto converso com a mãe deles, e depois voltem aqui.
-Pois não, Diretor. Acompanhem-me, por favor.- disse Minerva indo para a porta. Os jovens trocaram olhares tensos com a mãe, e como não havia outro jeito,seguiram a professora.
Amanda respirou fundo, cruzara as mãos sobre o colo com medo que tremessem e revelassem, o quanto ela estava nervosa.
-Pois não, senhora O'Hara, estou todo ouvidos.-disse o velho mago
-Professor Dumbledore -começou Amanda -Tenho vivido os últimos quinze anos na Irlanda, onde lecionei durante os últimos anos, Defesa Contra as Artes das Trevas. Estamos voltando para Londres, e soube através de amigos, que Hogwarts esta renovando o quadro de professores, caso o senhor ainda não tenha preenchido a vaga, gostaria que considerasse o meu nome.
Dumbledore olhou firme para a mulher a sua frente, ela tinha uma postura serena, mas seus olhos mostravam um certo desespero, respondeu:
-O mundo bruxo esta em perigo, agora que Voldemort se revelou, a desconfiança ronda todos, especialmente os recém chegados. Há mais alguma coisa que a senhora gostaria de me contar, senhora O'Hara? - o velho bruxo frisou bem as palavras e olhou bem dentro de seus olhos para ver o que ela escondia.
Não muito longe dali, Minerva McGonagall, caminhava pelo castelo acompanhada dos dois jovens e ia mostrando a escola. Para seu desgosto Pirraça, estava enchendo de chicletes a fechadura do armário de vassouras de Filch.
-Saia daí, Pirraça.- disse McGonagall
O fantasma, fez um barulho mal educado com a boca e começou a mostrar a língua, desafiando-a.
Ela puxou a varinha e disse:
-Ilusious. - E onde estava o armário de vassouras apareceu o Barão Sangrento, todo coberto de sangue prateado e fez o fantasma atravessar as paredes com medo.
-Creio que vocês estejam acostumados com fantasmas?
-Sim senhora, em Ballyhara, temos os guardiões das casas, as almas penadas, alguns espíritos agourentos, e também aqueles que ainda não sabem que são fantasmas, esses dão mais trabalho.-sorriu Nick, o que não foi retribuído.
-Como ela é séria! Será que ela é brava com as detenções? - pensou Nicolas
Alexandra, resolveu quebrar o silêncio.
-A senhora ensina Transfiguração?
-Sim senhorita O'Hara, e como vão vocês em sua escola? Em que ano estão?
-Vamos bem, faremos o quinto ano, os professores sempre nos dizem que somos bons alunos, aplicados nas matérias e no quadribol...
-E umas verdadeiras pestes quando queremos nos divertir um pouco. - completou Nicolas.
Alex olhou para o irmão esperando ver um pouco de constrangimento ali, e o que viu foi seu irmão avaliando a escola e seus olhos brilhando maliciosamente.
-Nick, não teve graça.
-E melhor que saibam o que somos por nós mesmos, maninha.-disse sério. Alexandra sabia ao que o irmão se referia e preferiu ficar quieta.
McGonagall olhou para aquele rapaz e pensou:
-Parece que temos coisas ocultas aqui. Se eles vierem para cá e se juntarem com a turminha de Potter, vamos ter muitos problemas.
Olhando para o lago, Alexandra intimamente fazia uma prece:
-Por Merlym, que mamãe tenha conseguido o trabalho, preciso saber de meu pai.- e seguiu a professora pelo extenso corredor do castelo.
Dumbledore, sentado em sua escrivaninha, encarava Amanda, esperando que ela lhe dissesse os reais motivos, para estar de volta, quando na Irlanda, segundo suas fontes, os poucos aliados de Voldemort, eram fracos e não apresentavam perigo imediato.
Amanda respirou fundo e disse:
-Professor, o senhor lembra como Sirius era, não?,br>
-Claro que sim. Muitos cabelos brancos que tenho, devo a Sirius Black e Tiago Potter.- disse saudoso.
-Em nosso ultimo ano, Tiago e Lílian haviam começado a namorar e Sirius muitas vezes, ficava perambulando sozinho, pelo lago e numa dessas vezes, criei coragem e me aproximei dele. Era um motivo fútil, mas todas as meninas falavam dele, que ele era maravilhoso e olhando para aquele rapaz triste na beira do lago, o que eu vi foi uma pessoa solitária e isso me deixou curiosa.
-No inicio conversávamos sobre nossas casas, nossos sonhos para o futuro e algumas vezes, sobre nossas famílias. Sirius era muito amargurado com a família. Ele era muito respeitoso comigo e pela fama que tinha, eu até achava estranho. Claro que muitas vezes, eu ficava sozinha no lago e via quando, ele saia do castelo com alguma garota. Mas eu não me importava, sabia que tínhamos uma boa amizade e ele voltaria quando quisesse conversar. Afinal, eu sabia que ele nunca ia querer nada comigo, quando ele tinha tantas garotas ricas atrás dele. Todos sempre souberam que os Black, não se misturavam com a ralé e minha família nunca foi do circulo social deles.-Com o tempo, pude ver que aquele Black, era diferente. Não gostava das atitudes da família e com o tempo, nossa amizade, evoluiu para um namoro. Sirius queria contar aos amigos sobre nós e eu confesso: eu tinha medo. Sua família poderia prejudicar meu pai, todos que se punham no caminho deles, eram rechaçados. Bellatrix Black e eu, havíamos tido desentendimentos no passado e ela havia jurado, vingar-se de mim de alguma maneira.
Os quadros ouviam silenciosos e Dumbledore olhava em seus olhos, como se quisesse ler a verdade daquelas palavras.
Amanda continuou o seu relato:
-Conversamos sobre o futuro e eu dizia a ele que gostaria de conhecer outras escolas de bruxaria pelo mundo, talvez até ensinar. Ele dizia que, talvez se tornasse auror como Tiago, e isso me apertava o coração.-Chegou o dia de nossa formatura e combinamos de contar aos amigos dele sobre nosso namoro, uma vez que eles desconfiavam que Sirius escondia alguma coisa ou alguém.-Durante o baile, Sirius foi buscar uma bebida para nos e sua prima Bellatrix veio me dizer que eu saísse da vida do primo dela, pois embora eu fosse puro-sangue, fazia parte da ralé que se misturava aos trouxas e que ele estava passando um tempo comigo, eu jamais seria aceita na família e que quando o dinheiro acabasse, Sirius me deixaria, e voltaria correndo para casa. -Dei-lhe as costas e fui, procurá-lo, e para minha surpresa ele estava beijando Narcisa Black. Aquilo partiu meu coração, me senti humilhada, pois eu tinha sido mais uma idiota na lista dele. -Voltei naquela noite para a casa de meus pais. Meus pais perceberam que havia acontecido algo que havia me machucado profundamente e sugeriram que eu fosse conhecer a Irlanda, terra de nossos antepassados. Tive vergonha de dizer a eles como eu tinha sido estúpida. Ela suspirou, e seu rosto mostrava a decepção. Porém ela continuou seu relato; agora que tinha começado iria até o fim.
- No dia seguinte Sirius apareceu em casa ainda com as roupas do baile e eu o recebi, com a expressão mais fria possível, ele disse que estava preocupado, e que merecia uma explicação sobre eu ter saído daquele jeito, sem avisar. Olhei para ele e ri. Disse que éramos muito jovens pra termos compromisso, que eu queria conhecer o mundo e que, ele não era o bastante para mim. (esse foi o golpe fatal).-Ele ficou ali parado, me olhando como se eu fosse louca. Virou as costas e disse que não seria um estorvo na minha vida. Que eu fosse feliz. -Passados alguns anos voltei para visitar meus pais e fiquei sabendo as novidades. Que Tiago e Lílian, já tinham um filhinho recém-nascido, que Sirius era o padrinho do menino. Fiquei feliz por Sirius estar levando sua vida em frente e fui ate o Beco Diagonal passear. Entrei no Três Vassouras para tomar uma cerveja amanteigada e Sirius estava em uma mesa com Tiago e Frank Longbotton. Tentei voltar, mas ele tinha me visto e já vinha em minha direção, com um olhar determinado.
Neste momento ela fechou os olhos e esperou suas lembranças.
FLASHBACK
Foi como se voltasse no tempo...
Ele veio em sua direção, estava todo de negro, suas botas de couro de dragão reluziam, estava mais forte, seus cabelos estavam um pouco compridos e o deixavam mais atraente, estava barbeado, seus olhos brilhavam, parecia que o tempo havia parado.
-Oi Amanda. Há quanto tempo.- disse rouco estendendo a mão.-(Ela voltou e ainda mexe comigo).
-Ola Sirius, como vai?-respondi, vendo que minha mão ainda se perdia na dele.- (Não posso tremer agora).
-Vou indo.Mandei várias cartas, você não respondeu.-ele disse perigosamente perto. (Ela ainda usa o mesmo perfume)
-Viajei muito, nunca ficava muito tempo em um lugar.-(não posso ficar aqui, vou acabar dando bandeira)- ela pensava febrilmente, o cheiro dele invadindo suas narinas.
-Gostaria de conversar com você, vamos até aquela mesa.- ele disse, pegando em seu braço.
-Você, está acompanhado e eu preciso ir embora.- Amanda respondeu.-(Por Merlym ele está ainda mais bonito).
-É realmente importante o que eu quero falar com você. (Não fique ansioso, senão ela foge de novo).
Sirius olhava para a garota que vivia em seus sonhos e pensava: - Quero abraçá-la, mas como posso abraçá-la, se ela nem é minha?
Olharam-se alguns segundos e ele disse:
-Vamos até um lugar calmo, onde possamos conversar.Você me acompanha até minha casa?Afinal somos amigos, não?
Ela pensava no que fazer mente lembrava como ele era galinha no passado, porém seu coração, se agitou e ela disse sem pensar:
-Ok, não posso me demorar.-(Putz, porque você aceitou sua tonta, ele não merece! Você quer chorar por ele de novo?) seu cérebro gritava.-(Dessa vez, vai ser diferente! (seu coração respondeu)- ela acalmou sua mente e o seguiu).
Saíram para a rua, e andaram até o beco ao lado do bar e com leves estalos aparataram para o apartamento de Sirius.
Aparataram no apartamento, e antes que ela dissesse qualquer coisa, ele a puxou e a beijou avidamente.
Havia uma sede e uma fúria naquele beijo, que assustava Sirius, não era isso que ele tinha planejado, mas ele não queria parar. Ele tinha sentimentos guardados tão fundo, coisas que ninguém iria descobrir, mas ele precisava mostrar a ela, o quanto ele a queria. O quanto precisava dela. O quanto ele sentiu falta dela.
Amanda tinha as pernas bambas, e se ele não estivesse segurando-a com força, ela teria caído. -Porque eu estou fazendo isso? Ela tentou resistir, mas a boca dele era exigente, ela mal podia respirar, e acabou cedendo, suas mãos percorriam o peito dele, e mesmo sob a camisa ela sentia seu coração descompassado. -Ele vai brincar comigo de novo. Eu não me importo.-ela pensava. Ela perdeu a noção de quem era, mas tinha certeza de uma coisa: aquele beijo não dominava somente a sua boca, dominava sua alma também e ela soube que o que quer que aconteça, não tinha mais volta, ela nunca o esqueceu.
NOTA AUTORA: Espero que gostem e comentem por favor.Toda crítica, sugestão, será bem vinda. Agradeço ás minhas amigas Fer_Flores, Jessy P&Black e Madison Black.Um beijo a todos.
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