Capítulo I



Harry acabara de passar pelo buraco do retrato, de volta ao salão comunal da Grifinória. O garoto resolveu dar uma voltinha por Hogwarts, mas não percebera o tempo passar. Quando entrou, já não havia mais ninguém ali; fazia um tempo frio, provavelmente por isso todos se recolheram mais cedo, mas havia uma pessoa sentada num dos sofás em frente à lareira. Era uma garota morena, cabelos castanhos não tão cheios como costumava ser. Hermione segurava um livro aberto em seu colo, ms sua cabeça estava tombada para o lado, e seus olhos, fechados.
Harry tirou a capa da invisibilidade e caminhou até onde Hermione estava. Sentou-se no braço do sofá, ao lado da amiga. Ele ficou admirando Hermione por algum tempo. Será ela o estava esperando pra dar-lhe uma bronca? “Provavelmente...”, pensou ele, sorrindo de leve. Ela parecia tão serena ali, tão... bonita? É, estava linda... na verdade, Harry já percebera há algum tempo, suas atitudes em relação à amiga estavam diferentes, e seus sentimentos também. Odiava vê-la triste, estava sempre fazendo o possível para que Hermione se sentisse bem em todos os momentos. Também começara a reparar mais no corpo da amiga, e sempre que se pegava fazendo isso, sacudia a cabeça, “ela é sua amiga!”. Mas ultimamente estava impossível controlar isso. E ali estava ele, olhando pra ela, admirando-a. Ele precisava contar o que sentia, e aquele lhe pareceu ser o momento perfeito. Então resolveu acordá-la.
Ele aproximou seu rosto do dela e beijou-lhe a face.
- ...Harry? – disse ela, sonolenta – que horas são? Você chegou agora?
- É, quase agora. O que você ta fazendo aqui, Mione? Deveria estar dormindo... – ele escorregou para o lado de Hermione, que se mexeu, dando espaço para Harry.
- O que você acha que eu to fazendo aqui, sr. Potter? – ela fingiu uma expressão séria.
- Sei lá! – ele riu – você só fica lendo...
- Eu tava te esperando, né, seu tonto! – ela deu um tapa de leve no ombro de Harry – e você não devia ficar perambulando pelos corredores a essa hora!
- Ei, não me bate! Isso dói! – ele fez uma careta de dor muito malfeita, que fez Hermione rir – e não ria de mim! Não dói aqui – ele apontou pro ombro – dói aqui! – ele apontou pro próprio peito.
- Ah, desculpa, Harry... – disse ela, forçando uma cara de quem está com dó, e o abraçou.
- Hum... tá certo, eu desculpo... – ele beijou o rosto de Hermione, que ruborizou de leve.
- Harry... você anda muito estranho, sabe? – ela o soltara, mas o braço dele estava sobre seus ombros – faz seis anos que a gente se conhece, e você... – mas faltaram palavras à ela.
- Eu o quê? Continua!
- Ah Harry, você está mais... próximo. Essa não é exatamente a palavra... mas enfim, quero dizer que você está mais... afetuoso, e... – mas ela foi interrompida por Harry.
- E isso te incomoda, Mione? – ele a olhava, os olhos muito verdes pareciam duas esmeraldas.
Ela sentiu o sangue subir pelo seu rosto. Imaginava estar muito vermelha, sorte que a luz da lareira disfarçava. Ela tinha que falar. Era o perfeito momento. Não iria esconder que amava Harry por mais tempo. Sabia que estaria arriscando sua amizade com ele, mas ele estava tão carinhoso nos últimos tempos... quem sabe ele a entenderia? Ela respirou fundo, e continuou a falar.
- Na verdade... não – Hermione sentiu sua garganta secar, mas precisava dizer tudo de uma vez agora, senão desistiria – Harry, eu... eu amo você. Já faz algum tempo, eu percebi, mas nunca quis te dizer, tinha medo de estragar tudo, a nossa amizade, ela sempre foi tão importante, a coisa mais importante da minha vida, e eu não quero perde-la, me desculpe Har – ela falava descontroladamente, até que foi forçada a se calar. Harry a beijara. Quando ela conseguiu entender o que acontecia, colocou as mãos na nuca de Harry, e o correspondeu. Era um beijo calmo, porém intenso e há muito desejado. Pelos dois.
Harry jamais sentira aquilo antes. Era como flutuar, ele não pensava em mais nada, queria apenas ficar ali. Aquela era a certeza que esperava: amava Hermione. Puxou-a para mais perto de si, ela ficou meio que sobre ele, que estava recostado no braço do sofá. Finalmente tiveram que parar para recuperar o fôlego. Eles se olharam nos olhos. Foi Harry quem quebrou o silêncio.
- Hermione... eu amo você também... – ela sorriu. Seus olhos estavam muito brilhantes.
Ela tentou falar, mas quando abriu a boca, não saiu nada. Hermione simplesmente não sabia o que dizer. Estava tão feliz que não conseguia expressar o que sentia em palavras. Ele a amava.
- Eu... Harry, estou tão feliz, faz tanto tempo que... – mas ela se calou. Ainda sorria. Sentiu a mão de Harry tocar seu rosto.
Ele a olhou nos olhos por alguns instantes. Então, tomou uma decisão. Para muitos pareceria extremamente precipitada, mas era o que Harry queria. Ele tinha certeza daquilo, só precisava saber se ela aceitaria. Encheu-se de coragem e começou a falar.
- Hermione... olha, vai parecer que eu sou doido, e eu vou compreender se você não aceitar... mas eu tenho certeza do que eu sinto, e não quero ficar longe de você nunca mais... – ele se levantou do sofá e ficou de frente para Hermione, que o olhava com atenção. Então, ajoelhou-se. Ela fez uma cara de espanto. Será que ele ia...? Não, impossível.
- Hermione Granger – ele recomeçou a falar, ajoelhado ali, segurando a mão dela – quer se casar comigo?
Hermione foi tomada pela surpresa. Piscou várias vezes até que tivesse certeza do que ouvira. Não, seria possível que ele a tivesse pedido em...
- Mione? – ela ouviu a voz de Harry a chamar.
- Harry eu... – uma lágrima rolou pelo rosto dela.
- Eu sabia que você acharia precipitado, mas... – mas ela o interrompeu.
- Claro que eu aceito – formou-se um grande sorriso no rosto de Hermione, e também no de Harry, por conseqüência.
Ele se levantou muito rápido, puxou Hermione e lhe deu um beijo cinematográfico. Não acreditava. Ela seria pra sempre sua. Pra sempre...


Dez anos depois...


Uma mulher de cabelos castanhos não tão volumosos quanto antes estava sentada junto à janela, observando a neve cair lá fora, quando ouviu um barulho semelhante a uma chicotada atrás de si. Sentiu duas mãos tocar-lhe os ombros e sorriu.
- Que bom que você chegou, querido... cheguei há algumas horas... – ele a beijou.
- Saí mais cedo do Ministério. Estava morrendo de saudades... mas você nem me esperou! – ela sorriu.
Uma garotinha de uns cinco anos, cabelos negros e olhos verdes irrompeu pela porta, sorridente.
- Papai, papai, você chegou! – ela abraçou o homem.
- Cheguei sim, filha... – ele deu um beijo na cabeça da garotinha – estou conversando com sua mãe. Por que você não me espera lá na sala? O papai vai te levar pra dar uma voltinha de...
- Vassoura? – ela perguntou, animada.
- Isso mesmo – ele sorriu. A garotinha saiu correndo do quarto, feliz.
- Ah Harry, não vou deixar você levar a Lily pra voar nesse frio. Está nevando!
- Mione, ela gosta, eu prometo que vou agasalhá-la!
- Não deixo mesmo assim – ela cruzou os braços, mas não deixou de sorrir.
- Pois vou convencer você a deixar... – ele a pegou no colo.
- Me coloca no chão, Harry! – Hermione passara os braços ao redor do pescoço do marido.
- Tenho uma idéia melhor... – ele foi até a porta com Hermione nos braços, fechou-a com o pé, e colocou a mulher deitada na cama. Deitou-se de lado, apoiando a cabeça na mão.
- Aqui está bem melhor... – ela sorriu – Harry...
- Que foi? – ele deu-lhe um selinho.
- Hum... se tivéssemos outro filho, que nome você gostaria de dar a ele?
- Não sei... por quê?
Ela levou a mão dele ao próprio ventre e sorriu.
- Acho melhor você começar a escolher...
- Mas... Mione, você não... você... – ele perdeu a fala, olhava ora para o rosto de Hermione, ora para seu ventre. Ela balançou a cabeça afirmativamente, feliz.
- Amo você... – foi o que conseguiu dizer antes de beijá-la intensamente.

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