Capítulo 16: O início de um no

Capítulo 16: O início de um no



CAPÍTULO 16: O INÍCIO DE UM NOVO TEMPO


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***FLASHBACK***


O tempo passou rápido naqueles dias. Cada vez mais depressa se aproximava o momento em que as forças do bem e do mal iriam se enfrentar.

Tudo estava sendo preparado desde que Harry havia destruído o quinto horcrux: uma bela tiara de ouro com turquesa que havia pertencido à Rowena Rawenclaw. Agora só faltavam dois deles: Nagini e o próprio Voldemort.

Snape trouxera informações valiosas à Ordem. Segundo ele, um grande plano estava sendo arquitetado. Haveria diversos ataques à bruxos e trouxas ao mesmo tempo. Isto serviria para desestabilizar os aurores, então Voldermort encontraria Harry pela ligação que eles têm. Seria a batalha final.

A decisão foi rápida. Imediatamente a “Ordem da Fênix” inteira se mobilizou e arquitetaram uma estratégia para o dia anterior ao ataque de Voldemort. Tinham que entrar na fortaleza deles, distrair todos os comensais, dementadores, lobisomens, gigantes e outras criaturas das trevas que estavam lá, enquanto Harry procurava por Voldemort.

Simples assim.

Teriam exatamente três semanas para aprimorar feitiços e azarações. Para isso, a Armada de Dumbledore que treinava constantemente, agora tinha que apertar os horários. Ninguém podia estar despreparado.

Naquela tarde todos se reuniram no quintal do Largo Grimauld. Quando Harry chegou ao treino que seria ministrado por Lupin e Tonks viu Gina conversando com os gêmeos e Luna.

Seus olhares frios se cruzaram por breves instantes, até que ele se dirigiu ao antigo professor.

- Lupin... O que a Gina está fazendo aqui? – disse ele baixinho.

- A mesma coisa que você Harry – ela interveio – Estou me preparando.

- E posso saber para o que exatamente você está se preparando? – ele tentava permanecer calmo.

- Para lutar e defender meus valores no grande ataque.

Todos os olhares apreensivos se voltaram para o casal.

- E quem disse que você vai estar presente no “grande ataque”?

- Eu. – Ela falava em tom de desafio – Não vou ficar parada enquanto as pessoas que são importantes para mim arriscam suas vidas.

- VOCÊ NÃO VAI! – explodiu ele. – NÃO TEM EXPERIÊNCIA SUFICIENTE PARA ESTAR NA ORDEM!

- Quem você pensa que é para falar dessa maneira? – a ruiva o encarava furiosamente – a Ordem precisa do maior número de pessoas possíveis para ajudar e EU VOU!

- EU NÃO VOU PERMITIR ISTO!

- Você não manda em mim Harry Potter – ela disse com a voz mansa – Abdicou deste direito! Lupin, eu continuarei nos treinos – e dizendo isso saiu com o queixo levantado.

- Eu não acredito que vocês concordam com uma loucura destas! – disse ele olhando para o maroto.

- Harry... – começou Remo – Não podemos impedir a Gina de ir... Não depois de o Ministério ter estabelecido 15 anos como idade mínima para realização de feitiços...

- Então quer dizer que tudo o que eu fiz para protegê-la não serviu de nada?! É isso não é? – os olhos de Harry brilhavam das lágrimas que já estavam se formando, o tom desesperado era nítido em sua voz.

- Harry, seja razoável... – Hermione tentava acalmar o amigo, mas este não quis ouvir e se retirou do salão.

Draco, que também havia entrado para a Ordem e para a Armada, olhava tudo no canto da sala. Era estranho ver o Potter se desmontar daquela maneira... Mas ele não riu internamente daquilo. Identificou-se com ele. Então percebeu que nunca seria capaz de seguir o caminho das trevas. Faria qualquer coisa para proteger aquela a quem ama, sua mãe. Draco então se deu conta que havia amor dentro de si.

*********

- MOSMORDRE! – gritou um comensal encapuzado.

O grande dia havia chegado.

Hermione observava o local arfando com sua varinha na mão. A batalha transcorria ferozmente. Feitiços e azarações cruzavam o espaço em flashes velozes. Muitos aurores e comensais estavam ali. Ela tinha acabado de derrubar um comensal enorme e de voz gutural.

Ao longe viu Lupin e Gui lutando ferozmente contra Fenrir. Olhou para o lado e viu Rony duelando com um homem encapuzado. De repente o capuz caiu e ela viu longos cabelos louros... Ele estava duelando com Lucio Malfoy. Ela correu em auxílio do amigo, mas sentiu uma varinha encostada em suas costas.

- Quer ajudar o namoradinho, sangue ruim?

Hermione girou rapidamente no próprio eixo e encarou Rodolphus Lestrange a sua frente que estava com um sorriso debochado no rosto. Ela deu três passos para trás e estendeu a varinha na direção do inimigo.

***

Draco venceu facilmente um duelo contra um Goyle e o estava conduzindo para um lugar de onde ele somente sairia para ir á Azkaban. Mal sabia que alguém o observava ao longe e empunhava a varinha em sua direção.

- Aquele bastardo! Avada...

- Nem pense nisso Malfoy...

Rony se colocou na frente do pai de Draco, dando cobertura para que este continuasse lutando.

- Ora, ora garotinho Wesley... Você cresceu em tamanho, mas duvido que tenha crescido em poder...

- Terei prazer em lhe mostrar o quanto está enganado Lúcio Malfoy.

***

- Por aqui Potter! – gritou Snape.

Seu disfarce não era mais necessário agora. Ele estava encarregado de levar Harry à presença de Voldemort.

Os dois entraram dentro da fortaleza e estavam correndo por corredores escuros, iluminados apenas por pequenos archotes. Tudo era muito sombrio e a cada passo que davam sua cicatriz dava pontadas mais fortes.

Mas isso não importava agora, tudo o que importava era chegar à presença de Voldemort.

***

Gina duelava furiosamente contra Dolohov e ele estava sendo realmente ágil. Ela lançou uma azaração para afugentar bicho papão o que o deixou meio tonto, dando tempo para ela olhar ao seu redor.

Viu quando Hermione lançou um mobiliocorpus em Rudolphus Lestrange e logo após o imobilizou com cordas invisíveis. Também viu Draco correndo em auxílio de Arthur Wesley. Perto dali, Rony atingia Lucio Malfoy com um sectumsempra, e quando este tombou para o lado o ruivo usou o contra feitiço, fazendo com que ele parasse de sangrar, imobilizando o comensal.

- Bella!

Gina virou-se na direção do grito e viu Pedro Pettigrew apontando para onde Snape e Harry haviam ido. Os dois comensais seguiram pelo mesmo caminho. Mais que rápido Gina estuporou Dolohov e correu para dentro da fortaleza.

***

Chegaram diante de uma grande porta na qual havia uma serpente verde de olhos vermelhos.

- É aqui que ele fica... – disse Snape abrindo a porta.

Harry viu um grande salão, ricamente decorado. Com móveis antigos, mas bem cuidados. No teto havia lustres que pendiam derramando uma luz mórbida pelo lugar. Uma grande mesa, que parecia servir para reuniões, a ao redor dela muitas cadeiras de espaldar alto. E no centro, uma poltrona que mais parecia um trono, e nela estava Voldemort com Nagini enrolada aos seus pés.

- Ora, ora, ora... Vejam quem chegou! Sabe por que você é meu melhor servo Severo? – disse Voldemort com sua voz sibilada – Porque até quando você faz algo contra mim, acaba me ajudando... Sua traição me trouxe o Potter, obrigado. Mas eu não posso perdoá-lo. Nagini pegue-o!

A cobra deslizou em direção a Snape a fim de lhe dar o bote, mas Snape foi mais rápido e realizou um feitiço mudo, o qual Harry identificou como sendo o sectumsempra, cortando a cabeça de Nagini que caiu rolando pelo chão formando uma poça de sangue escuro por onde passava.

Os olhos de Voldemort brilharam em fúria.

- Maldito! Avada Kedavra! – gritou enquanto se levantava.

Mas Snape desviou da azaração e correu em direção à porta onde Rabicho havia aparecido.

- Potter! É com você! – gritou para o ex-aluno.

- Isso fedelho! – gritou Voldemort – Agora acabou a brincadeira, vamos agir como adultos!

- Venho esperando por isso há sete anos – disse friamente Harry.

A partir deste momento uma feroz batalha começou. Não havia mais espaço para jogos e piadas. O destino do mundo estava sendo decidido naquele exato momento. Harry havia crescido diante do inimigo e este tinha dificuldades em atingir o rapaz. Este rebatia as azarações e lançava outras de forma bastante ágil.

- Mestre!

A voz de Bellatrix foi ouvida.

- Saia daqui Bella! – Voldemort respondeu – Comande os outros lá fora!

Harry aproveitou a distração do inimigo e lançou-lhe um estupefaça que fez com que Voldemort cambaleasse e voltasse sua atenção para a luta.

Gina chegou ao lugar exatamente quando Bellatrix estava saindo. A ruiva apontou a varinha contra a comensal.

- Onde pensa que vai?

- Sai da frente Pirralha!

- Expelliarmus!

A varinha de Bellatrix voou de sua mão e Gina deu um risinho debochado. Olhou mais adiante e viu Snape arrastando Rabicho já imobilizado. Alongou o olhar e viu que tanto Harry quanto Voldemort haviam percebido sua presença. O olhar de Harry escureceu e suas feições endureceram já Voldemort moveu os lábios em um risinho.

- Há quanto tempo pequena Ginny... Muito tempo mesmo, e você já não está tão pequena assim, não é Potter? – disse ele debochando – Fico feliz que tenha vindo presenciar meu triunfo... Só lamento não poder lhe deixar viva para isso.

E apontou a varinha na direção de Gina. Imediatamente Harry conjurou uma bolha gigantesca ao redor dele e de Voldemort, mantendo-os afastado de todo o resto e fazendo um sinal para que Gina saísse dali.

- Impedimenta! – gritou ela em direção de Bellatrix.

- Vamos Wesley! – disse Snape – temos que levar esses dois lá para fora!

Gina ainda pode ver os dois duelando e flashes passando muito rápidos. Ora acertando um e outro, ora batendo nas paredes da “bolha”. Mal sabia ela que o que Harry havia feito era parte do feitiço protetor que Lílian conjurara no passado e só pode ser realizado hoje por causa do desejo que Harry sentiu de protegê-la. Graças ao amor que ele nutria por ela.

Assim que saíram do salão, a porta se fechou com um baque surdo. Gina voltou e começou a esmurrar a porta e tentar abri-la.

- Venha Ginevra. – falou Snape – Não há mais nada que possamos fazer para ajudar o Potter... Somente ele pode fazer isso.

***

Dentro do salão... Dentro da bolha o duelo continuava sem pausas, sem conversas.

Voldemort tentou invadir a mente de Harry, ao que este bloqueou e imediatamente atacou invadindo a mente do inimigo. Viu toda a vida de Tom Ridlle passar em flashes rápidos. Viu todas as mortes e sofrimento que ele causou. Depois viu a adolescência dele em Hogwarts e o esforço que fazia para ser aceito... Logo após, deparou-se com cenas da infância sofrida em um orfanato... Harry não se conteve... Sentiu pena.

- BASTA! NÃO SE APIEDE DE MIM GAROTO INSIGNIFICANTE!

- Lamento Tom... Lamento que sua vida tenha sido tão ruim... Você podia ter me transformado em alguém igual a você... Mas não conseguiu, sabe por quê? Porque eu sempre tive alguém por mim... Porque eu fui amado. Eu nasci de um ato de amor e não de uma trapaça como você.

- Já chega! Não vê o que esse discurso “cor-de-rosa” lhe trouxe? Onde está Dumbledore? Onde está o tal Black? Onde estão seus pais?

- Meus fantasmas estarão sempre comigo. Me ajudando, me protegendo... Me amando. Enquanto os seus, ou fogem de você, ou vêm lhe assombrar.

- Deixe de conversa Potter! Vamos à ação! Avada...

- Protego!

A azaração de Voldemort ricocheteou e bateu na parede da bolha.

- Ao contrário Tom, chegou a hora de sua alma negra descansar...

Os olhos verdes de Harry brilharam mais forte. E sua figura ficou envolta em uma aura clara que saía diretamente de seus olhos. A varinha não era mais necessária.

- É magia muito forte e antiga que trago comigo. – Harry falava em tom manso – Nem toda força das trevas poderá impedir-me de convocá-la. E é em nome desta magia tão bela que eu conclamo aqueles que têm o direito de lhe tirar o que você mais preza: sua vida.

De repente a bolha se desfez e um clarão foi visto lá fora. Pela janela entraram seis fantasmas que voaram rapidamente para Voldemort e o cercaram. Harry pôde observar o olhar assustado e confuso, que já não parecia ser de cobra, que o Lord Negro lhe lançou.

- Descanse em paz Tom... – desejou o garoto.

Em poucos segundos a alma de Tom Marvolo Ridle foi sugada pelas próprias pessoas que serviram como matéria prima para a fabricação das horcruxes. Seu corpo pálido tombou para o lado e assim como apareceram, as almas de luz se dissolveram no ar.

A justiça havia sido feita.

***

Lá fora a batalha já estava acabando. Muitos corpos caídos pelo chão. Rony procurava desesperadamente uma garota de cabelos castanhos e a encontrou sentada com a cabeça baixa passando a mão em seu tornozelo.

- Mione!

- Ron!

Ele correu em direção a ela, ajoelhou-se e a abraçou.

- Você está bem?

- Estou... Só acho que meu tornozelo está torcido... – ela reparou em uma careta que o ruivo fez, havia muitos arranhões no rosto dele... Talvez também estivesse assim – E você? – perguntou preocupada.

- Acho que algumas costelas quebradas... Nada demais.

De repente viram um clarão no céu e um foco de luz branca cruzou rapidamente o campo de batalha e entrou em uma das janelas da fortaleza. Segundos depois a marca negra desapareceu, não só do céu, mas do braço de todos os comensais.

- O que foi aquilo?

- AQUELA JANELA É O LUGAR ONDE O HARRY ESTÁ!!!

O grito de Gina foi ouvido. Rony pegou Hermione nos braços e sem se importar com a dor que sentia, junto com Lupin, Arthur, Snape e McGonagall, seguiu a irmã em direção ao interior da fortaleza.

Cruzaram corredores escuros e ao chegar à porta com uma cobra em auto-relevo, Arthur gritou.

- Alohomorra!

Correram os olhos apressados pelo salão. Então eles viram.

Harry estava desacordado ao lado do corpo imóvel de Voldemort.


********

Desde o fim da guerra Gina estava trabalhando no St. Mungus. Ela estava ajudando aos médicos e feiticeiros a produzir uma poção que fosse capaz de tirar Harry do estado de torpor no qual se encontrava.

Hermione quis ajudar. Rony também, mas os dois ainda estavam debilitados pela luta que travaram. Além do mais, a garota precisava dar atenção aos seus pais, e Rony não era muito bom no preparo de poções.

Geralmente Gina, Rony e Hermione ficavam no quarto dele após as poções serem aplicadas. Receberam autorização para observar as reações dele, desde que não fizessem muito barulho. Ficavam ali por um tempo, depois eram expulsos pelas enfermeiras e iam cuidar de outros assuntos, referentes à reconstrução do mundo bruxo.

***

Já era tarde da noite. Hermione estava sentada em uma poltrona com a cabeça enterrada em um livro. Rony estava sentado no sofá que ficava encostado na parede e Gina dormia em seu colo.

Hermione ouviu um gemido fraco e fechou o livro. Diante dela Harry estava de olhos meio abertos, com uma expressão confusa e a mão na cabeça.

- Harry! – ela não se conteve.

Gina acordou de um salto e Rony se levantou num pulo. Os três ficaram ao pé da cama do moreno esperando qualquer reação.

- Minha cabeça dói... – ele sussurrou.

Rapidamente Gina saiu para chamar os médicos e avisar que Harry tinha acordado.

- Cara, você tá bem? – Perguntou Rony.

- Eu acho que sim...

- Ficamos aqui esperando você acordar... Até parecia que você não queria voltar – falou Hermione.

Harry deu um risinho.

- E deixar o trio desfalcado? Nunca.

Neste momento, Gina entrou trazendo o médico e duas enfermeiras. Estas se encarregando de expulsar os três jovens do quarto.

********

Gina entrou no quarto, a mando da enfermeira chefe, a fim de verificar os horários e natureza das poções que estavam sendo ministradas ao garoto que sobreviveu. Ele estava dormindo quando ela chegou, mas antes que ela saísse o moreno abriu seus olhos verdes.

- Como se sente? – disse enquanto verificava a temperatura dele.

- Estranho...

- Sente-se mal? – ela estava apreensiva.

- Não. Quer dizer... Sinto-me tão cansado.

- Você lutou 5 horas seguidas contra Voldemort... É claro que está cansado.

- Mas há quanto tempo eu estou aqui? Parece uma eternidade.

- Três meses. – ele arregalou os olhos – Você ficou em coma durante três meses.

- Merlin! O que aconteceu durante esse tempo?

- Coisas normais... Cidades reconstruídas, comensais sendo presos... Dementadores destruídos

- Quer dizer que não precisam mais de mim para colocar ordem nas coisas?

- Você? Você é perfeitamente dispensável agora... – disse fazendo pouco caso com os ombros.

Ele sorriu.

- Onde estão o Rony e a Mione?

- A Mione foi ajudar aos pais a voltar para a casa deles... E o Ron tá ajudando no trabalho do papai.

- Mas... – disse Harry em tom preocupado.

- Não! O Ron não está indo atrás de comensais ou coisa do tipo – ela completou o pensamento dele, ao que o garoto suspirou aliviado – Não deixaram ninguém da AD participar destas missões. Dizem que precisamos de “férias”. O Ron tá fazendo trabalho burocrático... E é óbvio, está achado um saco!

- E você?

- Estou ajudando aqui no hospital. Acho que encontrei minha vocação! A Luna tá ajudando o pai na revista... O Nev está com McGonagall em Hogwarts... E o Draco, está aqui também, ele realmente gosta de poções.

Ao ouvir o nome do louro sonserino, Harry se remexeu desconfortavelmente e tentou erguer o corpo. Entretanto ficou tonto e deixou-se cair pesadamente sobre o travesseiro.

- Harry! Você está bem? – disse Gina correndo ao seu auxílio.

- Fiquei um pouco tonto.

- É normal. Está há três meses deitado... Sua pressão sanguínea está baixa... E causa tonturas.

- Posso levantar?

- Não. Mas quer se sentar um pouco? – ele concordou com a cabeça, ela continuou – Amanhã Dr. Andréas virá e dirá o que pode fazer ou não. Mas por enquanto, venha, deixe-me ajudá-lo.

Gina se adiantou apoiando o corpo de Harry para que ele pudesse se sentar. Enquanto ela arrumava os travesseiros, o garoto percebeu o quanto estavam próximos. Num rompante ele segurou o rosto dela nas mãos e a puxou para um beijo. Mal seus lábios se tocaram, Gina afastou-se devagar.

- Harry... Não...

- Acabou não foi? Eu consegui acabar com a gente...

- Não era essa a intenção? – a voz dela saiu serena, mas com uma nota de mágoa.

Nesse momento uma enfermeira entrou trazendo mais algumas poções. Trocou algumas palavras com Gina que se retirou deixando Harry com seu arrependimento.

********

Rony estava no quarto do hospital com Harry há algumas horas. Eles conversavam sobre tudo. Notícias de Azkaban, do Ministério, quadribol, as garotas bonitas que trabalhavam com o Sr. Wesley, as enfermeiras que vinham paparicar Harry, a imagem da AD junto a opinião pública... Enfim, coisas banais.

De repente a porta se abriu e eles viram uma pessoa, carregando uma pilha de livros tão grande que lhe cobria o rosto, empurrando-a com o pé pequenino. Pelas roupas podiam ver que era uma garota... E só distinguiam Hermione pelos longos e cheios cabelos castanhos.

- Pelo amor de Deus Hermione! – Rony correu e pegou os livros das mãos dela antes que eles caíssem.

- Oi Rony! Oi Harry! – disse ela tirando alguns fios de cabelo do rosto.

Ela correu até a cama de Harry enquanto Rony depositava os livros em cima do sofá. Após abraçar o moreno ela foi até o amigo, mas antes que pudesse erguer os braços para este sua expressão mudou e sua face corou. Então ela desviou o caminho e adiantou-se para ver se os livros estavam bem acomodados. Harry percebeu que as orelhas de Rony ficaram escarlates.

- Pra que isso tudo Hermione? – disse o ruivo tentando puxar assunto.

- São para nossos estudos! – disse ela altiva.

Rony deixou-se cair em uma poltrona. Harry escorregou para debaixo do lençol.

- Francamente vocês dois! – disse ela com as mãos nas cadeiras.

- Ah, não Mione! Não vê que não precisamos mais estudar... Nós temos mais experiência que muito auror por aí... – reclamou o ruivo.

- Certo então... – ela se dirigiu ao sofá e pegou um livro. – Eu não sei quanto a vocês – ela abriu o livro e tirou dois pergaminhos de lá – Mas eu vou adorar voltar à Hogwarts.

Após estas palavras Rony se ergueu no sofá e Harry tirou o cobertor de cima dele rapidamente. Então o que viram fez com que seus olhos ficassem do tamanho de pires e seus lábios se abrissem em sorrisos.

Nas mãos de Hermione havia duas cartas que exibiam o majestoso brasão de Hogwarts.

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Harry tinha se mantido calado durante toda a viagem no Expresso de Hogwarts... Ficara sentado num canto da cabine com medo de ser bombardeado com as típicas perguntas dos colegas de escola, mas por alguma misteriosa razão o que ele esperava não aconteceu.

Desceram do trem e buscaram suas malas. Como sempre, Hagrid chamava pelos primeiranistas. Hermione e Rony, que haviam sido nomeados monitores chefes, também saíram ao auxílio do meio-gigante. De repente Harry se viu sozinho no meio da estação. Aquilo era tão estranho... Ninguém o perturbando... Até que não era tão ruim assim.

Quando estava caminhando para as carruagens, reparou que havia alguém ao seu lado. Fechou os olhos na esperança de que fosse Gina, mas ao abri-los percebeu que estava em companhia de Neville. Sorriu para o amigo e seguiram para as carruagens. Infelizmente, praticamente todos os alunos podiam enxergar seus condutores, os trestálios.

Em pouco tempo Hermione e Rony se reuniram aos dois garotos e as carruagens seguiram. Fazia uma bela noite de lua cheia. Harry pensou em Lupin, que agora não precisava mais se preocupar já que Fenrir estava morto, suspirou feliz.

Hermione abriu um pouco a cortina que cobria a janela e a luz prateada inundou o interior da carruagem. Os garotos perceberam que a respiração dela ficou descompassada ela olhou para os três rapazes, sorriu e abriu completamente a cortina. Então eles viram.

Hogwarts.

Eles olharam para o castelo que se erguia imponente diante deles e não conseguiram segurar os sorrisos. Nem mesmo Harry, que desde o fim da guerra mantinha-se mais distante e fechado do que nunca, sentia um leão rugir de alegria dentro dele.

Não parecia que aquele lugar tinha sido cenário de batalhas tão intensas e sangrentas, que aquelas paredes haviam presenciado a morte de pessoas tão queridas... Definitivamente Hogwarts ainda parecia acolhedora e segura como um verdadeiro lar.

Os alunos adentravam o hall de entrada maravilhados. Bobos. Encantados. Como se fosse a primeira vez que vissem as grandes escadarias, as ampulhetas que marcavam os pontos das casas, os quadros, a entrada do salão principal.

Gina olhou para o irmão e os dois amigos e abriu o maior sorriso que podia, acenou um “tchauzinho” e seguiu junto com seus colegas de turma.

O trio, entretanto, ficou ali um momento parado. Esperando todo aquele tumulto passar. O tórax de Hermione, que estava entre os dois amigos, subia e descia de forma perceptível sob seu uniforme negro, seus olhos cor de chocolate brilhavam, ela não cabia em si de tanta felicidade. Sentiu uma mão segurar a sua e imediatamente olhou para cima. Sorrindo para ela estava Ronald Wesley, os olhos em um tom cristalino que lembrava águas do oceano pacífico. Ele piscou os dois olhos e acenou com a cabeça, ela entendeu e segurou a mão de seu outro amigo, um pouco mais baixo que Ronald. Este lhe fitou e ela enxergou pelos seus olhos verde esmeralda sinal de que ele estava completamente sereno...

- Estamos em casa – a voz de Rony foi ouvida.

Deram o primeiro passo juntos. Como se tudo estivesse combinado, como se tivessem ensaiado. Mas não, não o fizeram. Ergueram os olhos e viram o teto que refletia o a noite maravilhosa que fazia lá fora. Caminhavam em passos lentos e nem sequer percebiam que estavam sendo o centro de todas as atenções daquele salão. Então eles ouviram.

Aplausos.

Muitos aplausos.

Todos os alunos estavam de pé, inclusive os de Sonserina, e os saudavam com palmas. Todos sorriam. Alguns jogavam seus chapéus para cima, outros assoviavam e gritavam o nome dos três. Eles chegaram à mesa de Grifinória e foram recebidos com abraços e cumprimentos de seus colegas de casa.

Harry olhou para a mesa dos professores. Estava incompleta. No local dos que haviam “partido”, encontravam-se rostos novos. Mas alguns já conhecidos permaneciam. Hagrid sorria para os alunos. McGonagall parecia mais cansada, porém seu olhar transmitia esperança. Algumas disciplinas seriam ministradas por professores provisórios, como Snape, que estaria ali somente durante aquele ano, depois seguiria carreira no Ministério; e Tonks que assumiria a cadeira de DCAT

As conversas continuavam pelo salão. Então, Minerva levantou-se e sem que ela precisasse bater com o garfo na taça de cristal, todos se voltaram para ela esperando ansiosamente as palavras que abririam aquele ano letivo.

- Meus queridos alunos, - a diretora suspirou – tempos sombrios estiveram sobre nós. O perigo nos ameaçou de tal maneira que cheguei a pensar que dias como o de hoje jamais voltariam a se repetir. – ela abriu um pequeno sorriso – Mas o perigo se foi. As forças que servem ao bem triunfaram. Houve perdas. Perdas gigantescas. Pessoas que jamais esqueceremos se foram. Deram suas vidas em prol deste triunfo e tenho certeza que estão felizes, onde quer que estejam ao saber que seu sacrifício não foi em vão. E não só a vida dos que se foram foi interrompida. Muitos sonhos e planos foram abandonados e deixados para depois, quando a única coisa que era realmente importante se chamava sobrevivência... Mas hoje, podemos afirmar que os tempos sombrios se foram. A paz voltou a reinar. A esperança ressurgiu. O respeito ao outro, seja ele nascido bruxo ou não, venceu. A vida... O bem mostraram suas forças. Mostraram que por mais sedutoras que as trevas possam parecer, elas sempre serão escuras e responsáveis pela cegueira da alma e sua perdição. Então meus amados alunos, eu os convoco a retomarem suas vidas. Eu lhes peço que voltem aos seus planos, que agarrem novamente seus sonhos e não os soltem. Tornem seus sonhos realidades. Vocês têm o poder de fazer isso nas mãos. Vamos juntos construir um novo tempo de paz e bem-aventurança... Agora é o momento de sermos felizes... E garanto a vocês que dessa maneira estaremos honrando os grandes nomes que partiram na certeza que este novo tempo chegaria. Que deram o que tinham de mais precioso para que nós tornássemos esse novo tempo realidade.

A agora, diretora McGonagall não conseguiu mais falar. Suas palavras foram seguidas de muitos aplausos e ovações. Algumas lágrimas rolaram pelo salão, mas nada se comparou a alegria e esperança que preenchia todos os corações ali presentes.

O som de prata batendo em cristal fez com que todos voltassem novamente a atenção para a nova diretora.

- Silêncio por favor! Agora, tenho alguns avisos de início de ano letivo para dar: aos alunos do primeiro ano devo informar que ainda é estritamente proibida a visita à Floresta da propriedade sem a companhia de um professor ou monitor. Apesar de nossa convivência com os centauros ter se tornado pacífica ainda há algumas espécies selvagens vivendo por lá. Esse aviso também serve com lembrete para alguns alunos já veteranos. – ela piscou na direção da mesa de Grifinória – Os testes para os times de quadribol serão realizados na segunda semana de aula. Os alunos interessados devem procurar os capitães dos times das casas – ela sorriu para Harry, que retribuiu – O zelador da escola, Sr. Filch pediu para avisar que evitem a ala esquerda do 5º andar, pois ainda está em fase de reparos. E... Por fim, mas não menos importante, devo avisar que este ano o baile de formatura será aberto para alunos de todos os anos. Será o maior baile realizado na história de Hogwarts, como forma de agradecimento aos alunos septuanistas de todas as casas que tiveram grande importância para o fim da guerra. Portanto, tratem de se preparar e convidar seus pares. Agora, podemos iniciar o banquete.

O burburinho voltou a tomar conta do local. Mas desta vez estava misturado ao som de pratos e talheres.

- Hermione, oqueachadenósirmosjuntosaobaile? – a voz de Rony saiu rápida como um balaço e baixa como um sussurro.

Harry ficou pensando como ele não tinha morrido sem fôlego ou mesmo explodido, já que ele estava da cor de um pimentão... Apesar de Hermione estar sentada ao lado de Rony, o moreno tinha certeza que ela não tinha ouvido o pedido de tão baixo que ele pronunciara... Não devia nem fazer idéia do que o ruivo estava falando...

- Claro Ron... Eu adoraria. – respondeu ela em um tom de voz doce.

- Legal... – Rony deixou escapar um suspiro de alívio.

Harry ficou observando os amigos em frente a ele e reparou na expressão boba que Rony tinha no rosto. Hermione havia baixado os olhos para seu prato, mas o amigo pôde perceber o sorriso enorme que ela tinha aberto. Harry também esboçou um sorriso. Teve que se segurar para não gargalhar, bater palmas e festejar a iniciativa dos amigos ali mesmo na frente de todo o salão. Isso iria matá-los de vergonha e talvez ainda estragasse tudo. Por isso ficou quieto e afundou o rosto em seu prato.

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- O meu irmão desempaco-ou! O meu irmão desempaco-ou!

Exclamava uma certa ruiva, com um sorriso “tenho 32 dentes” enquanto pulava no colchão de um dormitório reservado às septuanistas.

- Gina... Por favor... – Hermione falava em tom de súplica

- O Rony finalmente tomou uma iniciativa!!!!! E vocês vão ao baile de formatura juntos

- Gina... Controle-se! Ou alguém pode ouvir...

A ruiva parou de pular e encarou seriamente a amiga.

- E quem você tem medo que ouça? A vaca da Lilá?

- Ginevra Molly Wesley! – o tom de Hermione foi reprovador.

Neste mesmo instante Gina deixou-se cair sentada no colchão com a cara de “minipuffy” abandonado.

- Desculpa, Mione... É que eu tô muito feliz por você – levantou-se de deu um beijinho da bochecha da morena – Desculpa, por favor minha querida e adorada... – ela fez uma expressão marota e continuou praticamente gritando – Futura cunhadinha!!!!!

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Os dias passavam calmos naquele ano. Somente aulas, sem aventuras... Embora estivesse achando estranho, Harry estava gostando muito daquele novo modo de vida. Ainda era o centro das atenções, mas isso nunca deixaria de acontecer.

Aquela calmaria estava servindo para uma coisa: dava mais tempo para ele pensar sobre sua vida, sobre o que seria dela dali em diante. Por isso se isolava um pouco, ia a Casa do Gritos de vez em quando. Queria analisar todas as suas atitudes... Estudar... E quem sabe tentar esquecer Gina. O que estava se mostrando realmente muito difícil.

Hermione estava cada vez mais próxima de Gina. Sempre não estavam em aula era possível ver a duas juntas, conversando ou fazendo deveres.

Já Rony, nos momentos de solidão de Harry, se refugiava na companhia dos outros colegas ou então ia para o dormitório ler (escondido), pois, mais que nunca, queria se preparar para os NIEMs.

Certa noite, Harry acordou e não conseguiu mais dormir. Levantou-se calmamente com medo de acordar Rony, que depois da guerra passou a ter o sono bem leve, pegou sua firebolt e desceu para o salão comunal.

Tudo estava escuro. Somente havia algumas brasas na lareira. Ele achou que era seguro e caminhou para a abertura do retrato.

- Os alunos são proibidos de sair pelo castelo a essas horas da noite, Potter.

Ele se virou rapidamente e encontrou a dona daquela voz. Ela estava encolhida em uma poltrona alimentando uma pequena coruja de penugem completamente negra.

- E o que você está fazendo aqui a essa hora?

- Minha coruja está machucada... ficou piando na janela do meu quarto e eu resolvi descer para não acordar minhas colegas. – respondeu a garota com olhos cor de mel e longos cabelos negros.

Era Rebeca Hernandez, do quarto ano. Harry já a conhecia de vista. Era filha de espanhóis, que resolveram matriculá-la em Hogwarts, e eram grandes aurores. Era bonita... alguns garotos comentavam o quanto seria atraente quando ficasse mais velha.

Rebeca tinha amigos, mas preferia ficar sozinha ás vezes. Talvez pelo costume, já que era filha única.

- E onde você pensa que vai? – ela encarava profundamente os olhos verdes do garoto.

Ele olhou para a vassoura e levantou a sobrancelha.

- Meu pai nunca me ensinou quadribol... – disse ela mais para si mesma.

- O quê?

- Nada. – e ela voltou a cuidar da coruja.

Harry ponderou uns instantes. Naquela noite ele não queria ficar sozinho... apenas não queria incomodar ninguém... seria legal ter alguém para conversar.

- Rebeca não é? – ela olhou-o intrigada – Seu nome... é Rebeca não é?

- Sim...

- Eu poderia te ensinar um pouco de quadribol... Se você não estiver com muito sono...

Ela fez uma expressão de incredulidade.

- Sério?

Harry sorriu para ela.

- Vou pegar minha vassoura.

Em poucos segundos ela voltou e os dois se encaminharam para o campo de quadribol. Dali em diante uma bela amizade surgiu. Com Rebeca, Harry podia conversar sobre as coisas mais absurdas, inúteis, interessantes e até sérias. Em pouco tempo a simpatia dela conquistou também Hermione e Rony. Eles conversavam muito sobre a relação de Harry e Gina, e a espanhola tentava de alguma forma ajudar o novo amigo. Infelizmente, não estava tendo muito sucesso. Pelo menos Harry já não ficava tão só, embora não fossem vistos muito juntos, já que devido aos horários apertados, os dois conversavam mais durante as madrugadas.

********

- Estou preocupada com o Harry...

- Não vejo porque...

- Francamente Hermione! Eu sempre vejo o Ron sozinho e você também não está muito perto do Harry...

- Ora Gina, o Harry tem essas fases de querer ficar sozinho, ainda não se acostumou com isso?

- Mas esta “fase” está durando muito! Já estamos quase no fim do ano...

- Ele precisa de um tempo...

- Ele precisa viver! – Gina exaltou-se – Você sabe se ele já tem par para o baile?

- Não, acho que ainda não convidou ninguém. Você vai com quem?

- Combinei com o Collin desde o começo do ano. Se não estivéssemos namorando ninguém iríamos ao baile juntos...

- Você está feliz com isso?

- Estou – o sorriso dela se alargou e os olhos brilharam – Sabe, minha amizade com o Collin é uma das coisas mais preciosas que possuo.

- Então não se preocupe tanto... Se você quer realmente que o Harry supere tudo o que aconteceu, então pare de ser culpar! – Hermione pensou um pouco – Você e o Collin estão...

- Não! – Gina arregalou os olhos – Somos só bons amigos. E o convite para o baile pode ser alterado... Só iremos juntos se não tivermos alguém mais interessante.

Nesse momento Harry e Rony entraram no salão comunal conversando e rindo. Ao ver Gina, o sorriso de Harry esmoreceu um pouco. Rony foi em direção à irmã e lhe deu um beijinho no topo da cabeça.

- Hermione, falei com McGonagall agora e ela disse que hoje é nosso dia de monitoria... – falou Rony.

- É, eu lembro disso – respondeu a morena desviando o olhar.

- Então... A que horas você pensa sair? – disse ele acariciando os cabelos da irmã... que pareciam realmente interessantes.

- Talvez seja melhor eu fazer o primeiro turno e você o segundo – Hermione encarava um livro.

- Certo. Perfeito. – ele disse nervoso.

- Er... eu vou subir. Tenho que arrumar umas coisas.

E Hermione se retirou apressadamente para seu dormitório.

- E eu vou... tomar um banho! – Rony praticamente correu para as escadas.

- Sou só eu, ou você também está percebendo um clima estranho no ar. – perguntou Gina com uma sobrancelha levantada.

- Eu tô percebendo os dois meio distantes desde dias antes da última batalha.

- É, eles não conversam mais como antes...

- Não fazem mais as rondas juntos.

- E eu achava que eles iam se acertar... Mas é como se houvesse uma barreira a qual eles têm medo de ultrapassar.

- Como se qualquer aproximação maior tivesse o risco de tocar em um assunto muito delicado...

- E olha que o Rony convidou a Mione para ir ao baile... Nem sei como vai ser isso...

- Eu estou só aguardando pra ver – disse Harry com um sorrisinho.

- Er... – começou Gina, como quem não quer nada – E você já convidou alguém pro baile?

- Ainda não.

- Tem alguém em mente?

- Não. Acho que não vou sozinho mesmo.

- Harry, ouça... – disse a ruiva preocupada – você não precisa convidar ninguém. Eu posso ir com você, assim você não terá trabalho algum...

- Gina... eu não estou entendendo, eu...

- Não seja burro! Se você não for acompanhado, então o Rony e a Hermione também não irão! Não vê que... Merlin! Eles são totalmente leais a você e não irão deixá-lo sozinho um minuto sequer... ficarão ao seu lado o tempo todo e desse jeito nunca vão se acertar!

- E se eu for com você, não vou resistir a minha vontade de te agarrar! – desabafou ele – será que você não consegue enxergar isso? – ela abriu a boca para responder algo, mas ele não permitiu – A solução é bem simples então. Eu não vou ao baile.

- O que?! Você não vai ao seu baile de formatura? Isso é loucura! Ninguém mais que você merece se divertir no seu baile de formatura... Depois de tudo o que você passou aqui em Hogwarts... Depois de tudo o que você passou por Hogwarts... De tudo o que você abdicou...

- É Gina! Depois de tudo o que eu abdiquei, não vai custar nada abdicar de um simples baile de formatura!

- Será que você não percebe... Se você não for ao baile será ainda pior! Se você não for eles não irão! E não há nada que você diga que os impeça de lhe fazer companhia dentro daquele dormitório durante toda a festa! Você está sendo egoísta! Pense nos seus amigos, faça isso por eles... Por favor.

- Okay Ginevra... Você venceu. Mas não precisa se preocupar em me fazer companhia. Eu acredito que exista alguém dentro deste castelo que queira ser meu par no baile. Divirta-se com o Collin... – Gina suspirou e meneou a cabeça – De verdade – ela o encarou – eu não estou sendo irônico ou coisa do tipo. Eu realmente quero que você se divirta no meu baile de formatura... Você também merece isso. E muito.

E saiu deixando uma ruiva com o coração arregaçado.

********************

Rony desceu as escadas nervoso. Estava vestindo um traje de gala preto, que ganhou da mãe assim que ela soube do baile. Ao chegar no salão comunal encontrou Collin e Gina conversando animadamente.

- Cadê a Mione – disse ele angustiado.

- Calma maninho! Ela tá terminando de se arrumar... Até me expulsou do quarto! – Rony riu nervoso – E você tá um gato!

- Obrigado... Você está deslumbrante – Gina baixou os olhos envergonhada – Cuidado com minha irmã Collin!

- Pode deixar...

Nesse momento Hermione descia devagar as escadas. Ela respirava fundo e estava trajando um belo vestido azul marinho “ombro-a-ombro” que ia colado no corpo até a altura do umbigo e depois se alargava um pouco. Seu cabelo estava meio preso, meio solto com grandes cachos espalhados pelas costas.

- Uau! – suspirou o ruivo.

Gina piscou o olho para Collin que sorriu da cena.

“Calma Hermione Jane Granger... calma” pensava a morena consigo mesma. “É só fingir que nada aconteceu... ele está fazendo o mesmo...”

- Vamos? – disse ela sorrindo nervosa.

- Cla.. claro! – disse Rony dando o braço para a amiga. Ela sentiu que ele estremeceu ao seu toque.

- Espera aí – Hermione parou – Cadê o Harry?

Gina olhou apreensiva para as escadarias que levam aos dormitórios.

- Ele tá se arrumando. Me expulsou do quarto... – disse Rony – pediu que nós fôssemos na frente.

- E se ele não vier? – completou Gina.

- Aí a gente sobe e arrasta ele. – disse o ruivo tranquilamente.

*******************
O salão estava ricamente decorado. As cores e brasões das quatro casas enfeitavam todo o local. Ao invés de velas flutuando, havia pequenos lustres de cristal que pareciam ter luz própria. Não havia as grandes mesas, inclusive a dos professores não estava mais lá, e sim mesinhas redondas com seis lugares cada.
No lugar onde antes era a mesa dos professores estava um palco onde uma banda bruxa “Aurores do Reino”, que apesar de ser nova estava fazendo muito sucesso, tocava baladas.

Deliver me, out of my sadness.
Deliver me, from all of the madness.
Deliver me, courage to guide me.
Deliver me, strength from inside me.


- Você quer dançar?

Hermione se sobressaltou com o hálito quente de Rony em seu ouvido.

- Que susto Rony! – disse ela tentando disfarçar.

All of my life I've been in hiding.
Wishing there was someone just like you.
Now that you're here, now that I've found you,
I know that you're the one to pull me through.


- Des... desculpe... eu... não quis...

- Claro que sim! – ela respondeu de supetão. Ele franziu as sobrancelhas – Dançar! É claro que eu quero dançar... foi para isso que viemos ao baile não é?

- É.

Deliver me, loving and caring.
Deliver me, giving and sharing.
Deliver me, the cross that I'm bearing.


Ele levantou e pegou a mão fria dela. Na verdade, não tinha certeza se eram realmente as mãos de Hermione ou dele mesmo que estavam tão geladas. Não acreditava que depois de um ano inteiro a teria novamente nos braços... Mesmo que parecessem tão distantes...

“Por que as coisas não continuaram perfeitas? Tudo estava tão perfeito aquela noite... Por que ele tinha que chegar e atrapalhar tudo!”

All of my life I was in hiding.
Wishing there was someone just like you.
Now that you're here, now that I've found you,
I know that you're the one to pull me through.


Rony a conduziu para o meio do salão, onde vários casais estavam embalados no ritmo da música. E ela mais uma vez pôde sentir o calor que emanava do corpo dele. Era tão bom... Nem suas mais doces lembranças se comparavam a esta sensação tão real. Ela fechou os olhos e permitiu que ele a trouxesse mais para perto.

“Maldita timidez... por que a gente não toma coragem e acerta logo esta situação! Peraí... mas que situação e se para ele tudo não passou de momento mesmo? De uma curiosidade boba?”

Esta hipótese fez com que Hermione deixasse uma lágrima solitária rolar.

Deliver me,
Deliver me,
Oh deliver me.


Ela desviou o olhar para a mesa reservada aos professores e viu Tonks conversando com alguém... Mas esta pessoa estava olhando para ela e Rony com um sorriso maroto no rosto.

“Merlin! O Lupin tá olhando pra gente! Ai que vergonha!”

All of my life I was in hiding.
Wishing there was someone just like you.
Now that you're here, now that I've found you,
I know that you're the one to pull me through.


Hermione afundou a cabeça no ombro de Rony que a trouxe mais para perto, aconchegando-a entre seus braços. Mas Hermione parou de dançar e olhou séria para ele.

- Tô com sede!

- O quê? – perguntou ele confuso.

- Sede. Vou pegar alguma coisa pra gente beber.

- Não. Deixa que eu pego.

Hermione desviava o olhar dele e, sem querer, olhava para a mesa dos professores. Rony percebeu Lupin e instantaneamente suas orelhas ficaram vermelhas.

- Fica ali com a Gina que eu vou pegar bebidas.

- Certo.

E eles saíram da pista. Enquanto isso, Remo Lupin balançava a cabeça negativamente e se arrependia pela indiscrição.

Deliver me,
Oh deliver me.
Won't you deliver me


Nesse momento todos se voltaram para a entrada do salão. Hermione puxou o braço de Ron que estava de queixo caído.

De todas as pessoas que podiam se par de Harry, ninguém imaginou que ele surgisse no salão principal de braços dados com Rebeca Hernadez. Diversos tipo de comentários começaram a ser sussurrados pelo salão.

Ela é muito nova para ele!

Deve estar se aproveitando da fama dele

Eu não sabia que o Harry era pedófilo!

Como ele pôde convidar essa pirralha insossa?

- Tá todo mundo olhando pra gente... – disse Rebeca corada.

- Bem-vinda à minha vida... Mas não liga não, daqui a dois meses acharão outra coisa sobre o que comentar.

Disse ele rindo para ela. Ela começou a se divertir com o jeito aparentemente despreocupado dele.

Passado o susto, Rony e Hermione riram e chamaram o amigo para sentar perto deles. Gina sorriu para Collin, que ficou feliz pela amiga.

- Devem agora estar comentando sobre a minha preferência por ninfetas! – Disse Harry quando chegou perto dos amigos.

- Até parece quando você foi com o Krum para o baile de inverno. – completou, inocentemente, Rebeca.

Rony se remexeu desconfortável na cadeira.

A festa transcorreu tranquilamente, todos conseguiram se divertir de verdade. Rony e Hermione procuraram não brigar, se bem que não trocavam muitas palavras. Rebeca acostumou-se logo às piadinhas que se dirigiam à ela. E Harry fez o de sempre: ignorou.

********

- Eu preciso ir até o dormitório. – disse Hermione.

- Fazer o quê? – perguntou Rony.

- Pegar uma coisa que eu fiz... Gina, vem comigo?

- Ah, não... por que o Rony não vai com você?

Harry deu uma risadinha pelo nariz.

- Porque eu preciso de alguém que vá comigo até o dormitório... e o Rony não pode fazer isso! – respondeu a morena fixando o olhar da amiga.

- Tudo bem, eu vou...

E as duas subiram rapidamente. Na verdade, Hermione praticamente corria, enquanto Gina tentava acompanhá-la.

- Okay – disse Gina quando chegaram no quarto – O que é que tá acontecendo?

- Do que você está falando – disse Hermione remexendo seu malão.

- Eu acho que tá faltando alguma coisa esta noite, você não acha? – a ruiva levantou a sobrancelha.

- Ah, achei! – a morena com uma caixinha de madeira nas mãos – Eu acho que a festa tá tão bonita... não creio que falta nada...

- Ai! Vocês não são lentos não... estão estacionados! – disse Gina perdendo a paciência – Posso saber por que você e meu irmão já não estão lá nos jardins, escondidos atrás de um arbusto, se agarrando se beijando?

Hermione corou furiosamente.

- Por que... por que.... Ora Gina, quem acha que eu sou? Pra ficar me agarrando escondida pelos jardins? E por Merlin! As coisas não são tão simples... tem muita coisa a ser resolvida...

- Tipo o que?

- Tipo o meu jeito e o do seu irmão! Não é tão simples... quem sabe um dia... mas agora vamos!

Gina olhou compadecida para a amiga... Sabia que ela e o irmão se gostavam muito, mas não tinha idéia de como remover a barreira invisível que bloqueava o “encontro” dos dois.

- Vamos pra onde Mione?

- Eu fiz um elo de ligação pra nós – disse ela mostrando a caixa e sorrindo – Será que você poderia pedir ao Collin para entreter a Rebeca um pouco?

- Claro.

- Ótimo, vamos então.

***FIM DO FLASHBACK***
********

Olá queridos!

Olha eu aqui... Dentro do prazo!

Bom, este capítulo foi o último totalmente em flashback. Eu nem ia colocá-lo, mas achei que a história ia ficar meio perdida sem a última batalha ou o retorno deles à Hogwarts, que é o lugar que eles mais adoram. Se bem que não gostei muito da parte da batalha... sabe, eu acho que não tenho o dom para escrever fics de ação. Enfim... mas está aí né?

Gostaram da Rebeca? Ela é uma garota legal.

A música do baile é “Deliver me” da Sarah Brightman. Linda, linda...

Obrigada a todos que lêem e esperam pela atualização.

Agora o comentário dos comentários:

Emiliana Rosa: Mais um capitolozinho hehehe... tenho uma colega de faculdade que fala assim, tudo no diminutivo. Ri muito quando li seu comentário lembrando dela. Que bom que gostou do dia na praia... Em breve o “encontro” dos dois acontecerá viu? Nos “vemos” no msn! Beijos!

Molly: Fica com saudade não... no máximo de 15 em 15 dias eu estou aqui! Beijos!

Luisão: Bem vindo! Que bom que está gostando das minhas surtações... e se fosse pela minha vontade eu postava todo dia... infelizmente eu não posso =[ Mas farei o possível para não demorar mais. Beijos!

Patricia Cristina Nalini: Tem sempre uma primeira vez para tudo né? ^.^ Que bom! Espero que goste do novo capítulo! Besos!

Gina W.Potter: Tá doida pra ver o circo pegar fogo né? Hehe... pois o momento em que Gina vai “tacar a mão” no rosto de Harry tá chegando... Besos!

Nary: Brigada querida! Pois é, a F&B continua \o/ Nos veremos no Domingo na Praça UHU! Aí eu te explico minha viagem maluca kkkkkkkkkk Besitotitos!

carol cardilli: Tá aqui o capítulo querida! Enjoy! Besos!!!!

L.Käfer: Fiquei tão contente com seu comentário! XD Obrigada de coração!!! Fico muito feliz em estar atendendo às expectativas... Sei que tem muito H/G, mas garanto que muitos momentos R/H virão. Ah, penso em fazer uns 25... quem sabe menos se ficar muito longo... Besito!

LiLi N.: Obrigada pela compreensão e pelos elogios! Estou louca pra que tudo o que imagino aconteça... o que penso, será em breve! Beijos!

Charlotte Ravenclaw: Mais um capítulo para sua diversão! E outros virão em breve, prometo!!! Beijos!

Priscila: Pois é menina, estás bombando na história kkkkk Que bom que gostou das suas participações especiais! Ah, romance na praia é tudo... pena que meus personagens sejam lentos pra perceber isso né? ^.^ Se depender de mim, seu vício (o nosso hehehe) continuará sendo alimentado! Beijão!

Srta. Cotis: Obrigada pelos elogios! E bem vinda ao novo capítulo! Beijos!

lunny lupin: Eu sei que a melancolia voltou um pouco neste capítulo, mas pode deixar, que ela será totalmente descartada da história viu? Beijos!

Srta Lara: Peguei sua expressão “sorriso 32 dentes” emprestada viu? É que eu adoro ela ^.^ Besos!

Esqueci de alguém?

Se sim, desculpa... tenham certeza que estão todos muito guardados em meu coração ^.^

Ah, estou tendo idéias loucas para outras fics (esse negócio vicia)...
Uma contando a história do Sirius (que eu amo!) e outra contando a história dos fundadores de Hogwarts... Se eu tiver mais um tempinho eu vou postá-las.

Beijos a todos!
Até (muito) breve!!!!!

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Hum...quanta coisa aconteceu com esses quatro! *------------------------------------------------------*

    2011-10-02
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