Um ano letivo diferente
01- Um ano letivo diferente
1º de Setembro de 1990.
O tic-tac era o único som reinante no quarto e logo foi interrompido pelo alarme estridente do relógio.
Uma mão surgiu de dentro do amontoado de colchas e lençóis emaranhados e com um único movimento brusco, jogou o pobre despertador no chão.
-Droga de relógio, viu! - a garota resmungou, emergindo de dentro do ninho aconchegante de sua cama. Mas lembrando-se de que dia era, levantou-se de um pulo e foi para o banheiro. Ela parecia uma verdadeira sonâmbula e só foi acordar de verdade, depois de tomar um bom banho. Parou em frente ao espelho e ficou se encarando por alguns minutos. O seu reflexo mostrava uma adolescente de rosto em forma de coração e pele pálida, mas não de um jeito doentio. Os olhos tinham um brilho peculiar e os fechou por alguns segundos. Quando voltou a abri-los, os cabelos que outrora estavam castanhos, agora estavam curtos e azul-cobalto.
-Hmmm...ainda não! - Ela torceu o nariz e se concentrou novamente. Agora as mechas estavam compridas e vermelho-sangue. Ela sorriu satisfeita para si mesma e voltou para o quarto.
Com um olhar distraído, pegou o relógio que ela jogara no outro extremo do quarto e soltou um muxoxo de indignação. Era um relógio cor-de-rosa, com várias fadinhas que dançavam ao redor dos ponteiros.
“Simplesmente ridículo. Às vezes acho que mamãe conviveu tempo demais com Tia Narcisa”.
Reclamou mais uma vez do relógio e olhou as horas. 09:28.
-Ai, caramba! - Reclamou, levantando-se de um pulo, totalmente agitada. - Atrasada, só pra variar um pouco.
A garota saiu aos tropeços pelo quarto para arrumar suas coisas, mas com certo alivio viu que o seu malão já estava arrumado. Coisas de Andrômeda Tonks, mãe da garota, que, aliás, recebia o singular nome de Nymphadora. Ok, esse era o seu nome de batismo, mas a não ser que você queira receber uma bela de uma azaração no meio das fuças, era bom não chamá-la daquele jeito.
Nymph...ops, Tonks correu desesperada para o guarda-roupa e procurou por uma roupa qualquer. Vestiu-se rapidamente e saiu arrastando o seu malão escada abaixo. A casa estava no mais absoluto estado de silêncio. Só então Tonks se lembrou que sua mãe não estaria em casa naquele dia e que ela teria que ir sozinha para a Estação de King’s Cross. Andrômeda não era o tipo de mãe ausente, mas justamente naquele dia havia surgido uma viagem de negócios para Ted (esposo de Andrômeda e, portanto, pai de Tonks), e a mulher teve de acompanhá-lo.
Tonks parou em frente à sua casa, olhou para um lado e para o outro da rua e discretamente retirou sua varinha do bolso de trás do jeans surrado. A ergueu no ar e alguns segundos depois, surgiu um ônibus enorme de 3 andares, totalmente indiscreto.
-Bom dia, Senhorita, bem-vinda ao ônibus Nôitibus Andante, o transporte de emergência par...
-Tá, tá, já sei o que você vai falar... - Ela interrompeu com impaciência. - Toca pra Estação King’s Cross. AGORA!
O rapaz parecia um pouco decepcionado, mas ficou calado. Logo Tonks entrou no ônibus que saiu em disparada, fazendo com que ela se desequilibrasse e caísse de qualquer jeito encima de uma poltrona e o seu malão se abrisse, deixando as suas coisas espalhadas pelo meio do corredor.
Poucos minutos depois, ela já estava caminhando apressadamente na estação de número nove em King’s Cross. Deu uma olhada discreta para os lados, mas os trouxas pareciam não notar a sua presença. Respirou fundo e começou a atravessar a barreira que separava a plataforma nove da plataforma dez e que a levaria até a 9 ½. Mas quando começou a atravessar a barreira mágica, a sensação foi diferente de todas as outras que ela já tinha sentido. Era como atravessar uma barreira de fogo e ao mesmo tempo era como se pequenos cristais de gelo penetrassem na sua pele. No entanto, ela estava com tanta pressa, que nem reparou muito nesse detalhe.
Quando aquela sensação estranha havia cessado, piscou repetidas vezes e viu a imponente locomotiva vermelha que levaria os alunos até Hogwarts, que soltava uma repolhuda fumaça branca e que já estava prestes a partir.
Tonks nem se preocupou em procurar Carlinhos Weasley e Katie Thewlis (os melhores amigos dela). Certamente eles já teriam embarcado e achado uma cabine para eles. Esbaforida e carregando aquele malão enorme, ela finalmente conseguiu embarcar no Expresso de Hogwarts.
“É Tonks, mais uma das suas trapalhadas para entrar pra história”
A garota começou a procurar pelos amigos, mas conforme passava pelas cabines, não viu nem sinal deles e nem de ninguém conhecido. Estranho. E conforme andava, viu pessoas que ela nunca nem tinha visto na escola. E isso era mais estranho ainda, já que Tonks conhecia praticamente a escola inteira e todo mundo a conhecia (uma das vantagens em ser metamorfoga).
Quando já estava chegando praticamente no final da locomotiva, achou uma das últimas cabines vazias. Não tendo outra alternativa, acabou ficando por ali mesmo. E os minutos foram se arrastando lentamente e logo se transformaram em horas, sem que Tonks visse sinal de Carlinhos ou Katie.
“Juro que acabo com a raça daqueles dois por me deixarem sozinha”
Ela estava entediada, olhando desinteressada a paisagem que passava rapidamente pela janela. Foi então que um rapaz da mesma idade que ela, invadiu a sua cabine, com um olhar assustado. Ele era baixinho e gordo, com pequenos olhos aquosos, lembrando vagamente um rato.
-Mas o qu...
-Pelo amor de Merlin - Ele a interrompeu, com um olhar desesperado. - Não deixa ele vir me azarar...
-Ele quem? - Tonks franziu as sobrancelhas.
Mas logo a sua dúvida foi respondida. Um rapaz alto e pálido, de olhos e cabelos negros (que tinha uma aparência bem oleosa), invadiu a cabine e empunhou a varinha na direção do rapaz gordinho, que a essas alturas suava de nervosismo.
-Pettigrew! - o rapaz pálido vociferou - Agora você vai aprender a não ficar debochando de mim pelas costas, seu verme!
Tonks olhou de um para o outro, espantada. Porque ela tinha a sensação de já ter visto o rapaz pálido em algum outro lugar, mas de maneira diferente?
-D-desculpe, eu...
-Ah, agora você pede desculpas? - o outro estreitou os olhos para o tal de Pettigrew - Só porque não está acompanhado de seus amiguinhos, não é?
-Não, Snape...
“Snape?! Ei, eu conheço esse nome”
-Olha aqui! - pela primeira vez Tonks se manifestou e se voltou para Snape - Ele azarou você por acaso? Porque se ele não fez isso, é covardia você fazer isso com ele, sabe...
Snape lançou um olhar de desprezo para Tonks, mas a garota não se intimidou.
-Cale-se, que não estou falando com você - e Snape voltou a apontar a varinha para Pettigrew - Conjuncti...
-Tarantallegra! - Tonks foi mais rápida e atingiu Snape com um feitiço e logo o rapaz dançava descontrolado, com um olhar tão feio que seria capaz de assustar até mesmo o Barão Sangrento. -Isso é pra você aprender a enfrentar alguém a sua altura, entendeu?
Pettigrew abriu um sorriso largo e estava prestes a abraçar Tonks, quando a cabine abriu mais uma vez e mais dois rapazes entraram ali. Um deles era alto e magro, cabelos escuros e totalmente bagunçados e usava óculos de aro redondo. O outro era moreno de olhos negros, assim como o seu cabelo que caia de maneira displicente sobre os olhos. Os dois assim que entraram na cabine mal se agüentaram de rir, ao ver Snape preso no feitiço de Tonks.
-Bem, pelo jeito não foi o Rabicho que fez isso, né, Pontas? - O moreno falou, dando um cutucão em Pettigrew.
-O dia em que o Rabicho azarar o ranhoso e continuar vivo pra contar o resto da história, vai ser um verdadeiro milagre, Almofadinhas! - O de cabelos bagunçados e que atendia pelo apelido de “Pontas” respondeu, os olhos úmidos de tanto rir.
Rabicho soltou um muxoxo de indignação e sentou no banco que ficava em frente ao que Tonks estivera sentada. Pontas e Almofadinhas trocaram um olhar maldoso e idêntico, e com um empurrão, jogaram o pobre Snape para fora da cabine. Só agora os dois se deram conta da presença de Tonks na cabine. Almofadinhas analisou a garota com o seu olhar clinico de alto a baixo. A garota tinha o cabelo vermelho-sangue preso num rabo de cabelo e olhos azuis. Vestia uma camiseta colorida e uma calça jeans com um rasgo no joelho; e pra completar o visual, usava botas de couro de dragão negro, que faria qualquer roqueiro trouxa morrer de inveja.
-Hmm, eu acho que não nos conhecemos. - Almofadinhas abriu o seu sorriso mais charmoso, sentando-se ao lado de Tonks. - Aquele ali é o Peter Pettigrew, ou Rabicho se você preferir. -apontou para Rabicho.
-James Potter, com muito prazer. - Pontas se intrometeu, acenando com a mão.
Almofadinhas revirou os olhos e suspirou. -Também conhecido como Pontas. - E agora Almofadinhas alargou o sorriso. - E eu, Sirius Black, mas se você quiser, pode me chamar de Almofadinhas, ok?
“Sirius Black?! Eu também conheço esse nome! Que estranho...”
Vendo que Tonks estava com uma expressão intrigada, perguntou - E você? Não tem nome, não, gracinha?
“Gracinha? Fala sério, viu...”
Tonks riu e deixou aquele pensamento de lado, certamente achando que era uma paranóia sua.
-Tonks! - disse simplesmente.
-E o que mais? - James e Sirius perguntaram ao mesmo tempo.
-Como assim o que mais? - Tonks se fingiu de desentendida.
-O seu primeiro nome, oras! - Sirius disse, com um meio sorriso nos lábios.
Tonks olhou para Sirius e James, que pareciam extremamente curiosos e interessados no nome da garota. Ela pensou bem no que iria dizer, mas antes que tivesse a oportunidade de formular uma desculpa qualquer, a cabine abriu outra vez.
“Por Merlin, antes ninguém entrava aqui, agora todo mundo resolveu vir pra cá. Mas se é pra não ter que falar o meu nome, é melhor assim”
-Finalmente chegou a vergonha dos Marotos! - Sirius gracejou, com uma fingida expressão pesarosa. - E então, Aluado, pelo jeito já acabou a tão interessante reunião dos Monitores!
O rapaz que acabara de entrar revirou os olhos, e se sentou ao lado de Peter. Ele não era muito alto e era estranhamente pálido. Tinha cabelos castanhos e olhos da mesma cor; e apesar da aparência um tanto doentia, tinha traços bonitos no rosto.
-Então se a reunião acabou, quer dizer que a Lilly já deve estar livre, só esperando por mim. - James estufou o peito e abriu um sorrisão. - Rapazes, cara Senhorita, me desculpem, mas minha doce Lilly me aguarda!
Os rapazes gargalharam abertamente. Tonks não estava entendendo absolutamente nada. James deu de ombros e saiu da cabine.
-Aluado, você não sabe o que perdeu... - Sirius começou a falar, tentando puxar assunto com o outro rapaz, que ficara estranhamente calado.
-O que foi, Almofadinhas? - Aluado perguntou, parecendo desanimado.
-A Tonks azarou o Ranhoso. Você tinha que ver, ele dançando no meio do corredor do trem - Sirius chorava de rir. - Hilário! Aliás, você já conhece a Tonks?
Só agora Aluado se dava conta da presença da garota na cabine. Um parecia curioso com a presença do outro, afinal, eles pareciam ser completamente opostos.
-Não, não conheço. Muito prazer, meu nome é Remus Lupin. - Ele sorriu timidamente, acenando com a cabeça.
-O meu é Tonks. E aí, beleza?
-É, eu acho que sim...
-Tonks... - Sirius balbuciou, olhando para a garota. - Esse nome não me é estranho. Só não consigo lembrar onde eu ouvi isso antes. Bem, deixa pra lá, depois eu lembro. - deu de ombros.
-Escuta, porque aquele cara queria azarar você? - Tonks perguntou pra Peter, que até se assustou por alguém incluí-lo na conversa.
-Ah, o Ranhoso?! - Sirius se meteu. -Ele gosta de implicar com a gente.
-Sirius - Remus lançou um olhar reprovador para o amigo. - Você e o Pontas é que gostam de implicar com ele.
-Mas você sabe que o cara deve tá metido com Artes das Trevas!
-Sério? - Tonks arregalou os olhos, parecendo curiosa.
-Isso é só uma suspeita, Sirius, você nem tem certeza se é verdade.
-O cara pode até não estar envolvido com Artes das Trevas, mas que ele ficou bem nervosinho, ah isso ele ficou. - Tonks falou, soltando uma risadinha. - Mas se ele estiver mesmo envolvido com essas coisas, já não fui com a cara dele. Odeio Artes das Trevas!
-Nós também! - Remus concordou.
O único que parecia incomodado com o assunto era Peter, que dando uma desculpa qualquer saiu da cabine.
-Eu, hein, esse moleque é meio estranho, né? - Tonks perguntou pra Remus, que apenas deu de ombros.
E logo Tonks estava totalmente enturmada com os Marotos, como se os conhecesse desde sempre. Ela e Sirius ficaram conversando sobre Quadribol, enquanto Remus mergulhava em uma leitura silenciosa, que na opinião de Sirius, deveria ser totalmente tediosa.
A viagem transcorreu sem que mais nada de anormal acontecesse e Tonks já tinha até esquecido da existência de seus amigos. Ela e Sirius se deram bem logo de cara.
Quando faltava pouco tempo para chegarem à Estação de Hogsmeade, uma garota ruiva, com profundos olhos verde-esmeralda, apareceu na cabine deles, trajando o uniforme de Hogwarts e com um brasão vermelho-dourado com um enorme M de Monitora. Chamou Remus e os dois desapareceram pelos corredores.
Já havia anoitecido, quando finalmente eles chegaram à Estação de Hogsmeade. Viram os novatos sendo conduzidos pelo Guarda-Caças da escola à tradicional travessia pelo lago. Tonks deu graças aos céus por não ter de fazer aquela travessia outra vez. Lembrou-se do seu primeiro ano, quando caiu no lago, depois de ter se desequilibrado quando ia sair do barco.
Conforme caminhava em direção às carruagens, procurou com os olhos por Katie e Carlinhos, mas não havia sinal deles em lugar nenhum. A única coisa que ela viu, foi o tal de Snape a olhando com um olhar homicida. Mas como ela estava acompanhada de Sirius e James, ela não corria nenhum risco.
Agora Tonks começava a achar que suas paranóias tinham fundamento. Primeiro ela viu um cara chamado Snape, que lembrava absurdamente o seu professor de Poções. Depois foi Sirius Black. Agora ela se lembrava de onde conhecia aquele nome. Aquele era o nome do único primo que sua mãe gostava e que, pelo o que ela sabia, estava preso em Azkaban. Mas o que realmente deixou Tonks apavorada, foi o que ela viu quando estava procurando uma carruagem vazia com Sirius. Uma moça loira de olhar esnobe passou por ela, como se Tonks fosse um vermezinho imundo. O que assustou Tonks, foi o nome da garota - Narcisa - e Sirius comentando que aquela era sua prima.
Quantas Narcisas ela conhecia que tinham um primo chamado Sirius? E pra confirmar as suas bizarras suspeitas, ela fez uma pergunta decisiva para Sirius.
-Em que ano nós estamos mesmo? - Tonks perguntou desinteressadamente, enrolando uma mecha de seu cabelo vermelho-vivo.
O rapaz gargalhou, olhando para Tonks como se ela fosse louca. - Em 1976. Porque a pergunta?
“Merlin, eu estou frita!”
-Nada não, Sirius...
E foi com uma expressão de profundo desespero que ela chegou em Hogwarts e adentrou o Salão Principal, para o tradicional banquete de abertura. Viu que havia professores diferentes sentados na mesa destinada ao corpo docente e que os professores que ela já conhecia pareciam um pouco mais jovens. Tentou parecer natural e conversar normalmente com os Marotos, mas aquilo tudo era muito estranho. Mal notou a cerimônia de seleção das casas dos alunos do primeiro ano. Sua mente trabalhava furiosamente, tentando encontrar uma razão para toda aquela loucura.
Foi quando o banquete já estava chegando ao final, que um minúsculo passarinho de papel pousou na mesa da Grifinória (onde ela havia se sentado com os rapazes), bem em frente à Tonks. Curiosa, ela o pegou e viu que era um bilhete. Numa caligrafia fina, escrita em tinta verde, o diretor da Hogwarts, o profº Dumbledore, pedia gentilmente que Tonks fosse ao seu escritório, ainda naquela noite.
Discretamente, ela guardou o papel dentro de suas vestes, antes que algum dos rapazes perguntasse do que se tratava. Aproveitou a confusão dos alunos se encaminhando para as suas respectivas salas comunais e tomou o caminho que a levaria para a sala do diretor.
Parou em frente às gárgulas que abriam a passagem de acesso à sala do diretor e ficou esperando. Ela não tinha a menor noção de qual seria a senha.
-Geléia de Alcaçuz! - Uma voz suave disse atrás de Tonks, assustando a garota. Quando se virou, deu de cara com o Profº Dumbledore, que lhe sorriu ternamente, por detrás dos óculos em forma de meia-lua.
As gárgulas saltaram para o lado e revelaram uma escadaria em espiral. O diretor com um gesto suave, indicou a escadaria, e ele e Tonks se encaminharam para o escritório de Dumbledore.
Quando chegaram à sala, Tonks não sabia dizer o que a havia deixado mais espantada. Se era o escritório propriamente dito, cheio de objetos estranhos e fascinantes (e que ela preferiu se manter distante para não correr o risco de esbarrar em algo), ou os outros professores que já estavam ali, somente esperando por ela. Tonks estava em pânico.
Dumbledore sentou-se calmamente em sua escrivaninha e indicou a cadeira a sua frente para Tonks.
-Eu notei, -o diretor começou a falar. - que eu nunca havia visto a Senhorita nesta escola. Pode parecer que não, mas eu conheço cada um de meus alunos. Posso não me lembrar os seus nomes, ou a qual casa pertencem, mas ainda sou capaz de me lembrar de seus rostos. E eu com certeza teria me recordado de uma jovem como a Senhorita.
Tonks respirou fundo.
-Olha, Professor, eu não sei como aconteceu, pode parecer loucura, mas... - Ela lançou um olhar nervoso aos outros professores, que permaneciam impassíveis. - Eu não pertenço a esta época.
-Mas como assim? - a Profª McGonagall parecia indignada - Como assim a Senhorita não pertence a esta época?
-Calma, professora, eu já estou chegando lá. - Tonks falava rapidamente, um pé agitado, embaixo da mesa. - Acontece que eu estava no ano de 1990 e vim parar aqui, sabe-se lá Merlin como.
E Tonks contou tudo o que acontecera com ela nas últimas 24 horas. Os professores que estavam ali pareciam incrédulos, olhando para Tonks como se ela realmente fosse maluca ou algo do gênero.
-Qual o seu nome, Senhorita? - Dumbledore perguntou, fazendo com que o burburinho morresse.
-Tonks, senhor. -o diretor lançou aquele olhar de “o que mais” - Nymphadora Tonks, senhor.
-Ah, sim, minha cara Nymphadora - o diretor sorriu, vendo que Tonks fazia uma careta de desgosto por ser chamada pelo primeiro nome. -diga-me, a senhorita usou um vira-tempo?
-Não professor, eu nem sei como arranjar um desses!
Dumbledore ficou pensativo. Levantou-se de sua cadeira e se pôs a andar de um lado para o outro da sala.
-Creio que, por enquanto, a Senhorita vai ter de continuar nesta época, agindo como uma aluna normal. Não que a Senhorita não seja uma aluna normal - Dumbledore replicou rapidamente, um sorriso divertido nos lábios. - Mas devo alertá-la para um detalhe: a senhorita não pode mencionar o que aconteceu depois dessa época. Isso pode influenciar o que irá acontecer na vida dos outros alunos e desencadear efeitos catastróficos.
-Não, não, professor, não vou falar nada.
-Eu sabia que poderia contar com a sua colaboração.
-A qual casa a Senhorita pertencia? - A Profª McGonagall perguntou.
-Grifinória!
-Ah, então ela pertence à sua casa, Minerva! - O Profº de Poções, Horácio Slughorn, falou.
-Então, acho que a Senhorita deve se encaminhar para a sua Sala Comunal. - McGonagall replicou, com sua voz enérgica. - Existe um lugar vago no dormitório do Sétimo ano. Procure pela Senhorita Evans, ela é monitora e irá ajudá-la.
Vendo que aquela era a deixa para que Tonks saísse da sala, levantou-se.
-Nymphadora! - Tonks voltou-se, quando foi chamada pelo diretor. - Não se preocupe, nós daremos um jeito de levá-la de volta à sua época.
-Professor, o que eu vou dizer aos outros? Tipo, ninguém nunca me viu aqui na escola nessa época. O que vou dizer quando me fizerem perguntas?
-Não se preocupe, amanhã nós resolveremos isso. - Dumbledore sorriu serenamente. - Tenha uma boa noite, criança.
Com um aceno da cabeça Tonks se despediu e saiu do escritório do diretor. Se antes ela estava confusa, agora ela já nem sabia o que pensar direito. Suas pernas se movimentavam mecanicamente e quando se deu conta, já estava em frente ao quadro da mulher gorda, que guardava a passagem para a Sala Comunal da Grifinória.
“Maravilha, era tudo o que eu precisava! Não sei a senha e agora vou ter que dormir no meio do corredor”
A mulher no quadro olhou aborrecida para Tonks, que andava de um lado para o outro, tentando acertar qual a senha daquele ano. Mas nem a mulher gorda abria a passagem para Tonks e nem Tonks conseguia adivinhar qual era a senha. Ela já estava pensando seriamente em procurar a Profª McGonagall, quando ouviu o som de passos atrás de si, e foi com profundo alívio que ela viu o Monitor da Grifinória caminhando com passos pesados em sua direção.
-Ah, graças a Merlin você chegou, Remus. - Tonks agitava as mãos nervosamente, enquanto falava. - Eu tive de falar com o Profº Dumbledore e não fiquei sabendo qual era a senha, já estava começando a achar que ia ter que dormir do lado de fora e...
-Tonks, fica calma. - Lupin sorriu vagamente, vendo o jeito afobado da garota. - Hipogrifos galopantes!
E a mulher gorda com um suspiro resignado, abriu a passagem à Sala comunal da casa dos Leões, e Tonks quase deu pulinhos de alegria. Aquele dia havia sido totalmente fora do normal. E olha que se tinha uma coisa que Tonks detestava era rotina.
-Remus, eu vou ser eternamente grata à você - A garota falou com voz solene.
-Imagina, era minha obrigação. Sorte sua que eu estava fazendo a minha ronda, vendo se não tinha nenhum aluno novato perdido no corredor.
-É e pelo jeito você achou. - Ela sorriu pra ele, no pé da escada que levava aos dormitórios femininos. -Mais uma vez obrigada, Remus. Bem, eu posso te chamar assim, né? Eu acho muito impessoal chamar pelo sobrenome.
-Não, tudo bem. - Lupin ficou surpreso em ver como ele estava tão à vontade com uma garota que ele acabara de conhecer. Isso não fazia parte de sua personalidade. - Boa noite, Tonks
-Boa noite!
E cada um se encaminhou para o seu respectivo dormitório, com o coração cheio de expectativa pelo novo ano letivo que estava por vir.
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Notas da Tonks: Definitivamente, isso é o que eu chamo de um ano letivo diferente. Cara, é extremamente bizarro trombar com os adultos que você conhece, na época em que eles são adolescente. Agora eu entendo porque o Snape é tão chato, está na essência dele. Fico imaginando a cara que o Carlinhos faria se soubesse que eu azarei o Profº Snape. (risos). Enfim, mas o pessoal dessa época parece legal. Não tenho muita coisa pra dizer por enquanto, mas estou super ansiosa pelos próximos dias. Bem, acho que é isso. Até mais
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N/A: Sinceramente? Não gostei muito desse capítulo, ficou um pouco chato. Mas começo de fic é sempre assim (eu acho, né). Ah, pra quem queria saber o que o Remus pediu pra estrela cadente, tem um trecho de uma música do Queen que diz exatamente o que ele quer “Can anybody find me somebody to love?”. Acho que isso define bem o que ele queria no momento.
Um agradecimento especial à LadyStardust, Nie Colare, Lara_Evan, Sally Owens, Sônia Sag, Ana Black, Carolzinha, Jé_Bellatrix, Géia, Pazinha, Senhorita Granger, Belzinha, JuLiAnA_PoTTeR_@ e Kurt Black por terem comentado a fic.
Beijos e nos vemos no próximo
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