Encanto



Capítulo 7 – Encanto


“Deixe que um beijo dure...
Deixe que o tempo cure...”


Era uma manhã fria, típica de final de verão na Inglaterra. Aquele outono que estava por vir dava sinais de um inverno próximo muito rigoroso, e as folhas de algumas árvores já começavam a dar sinais de que cairiam em pouco tempo. Hogwarts ficava linda durante o outono, segundo Hermione. As folhas que jaziam caídas nos jardins do castelo graças à estação davam um ar tranqüilo ao ambiente, e isso a fazia se sentir mais em casa do que já costumava se sentir. Ela, como sempre, havia levantado antes de suas colegas de quarto e já se encontrava de banho tomado àquelas horas. Era uma simples questão de bom senso: quando se acorda mais cedo, se tem mais tempo para “despertar” por inteiro, como ela costuma dizer a Harry e Rony sempre que estes a chateiam por levantar todo dia rigorosamente às seis da manhã.

Descera então já trocada para o Salão Comunal da Grifinória, e para sua surpresa, não fora a única a levantar tão cedo naquele dia. Harry se encontrava sentado em sua poltrona predileta perto da lareira, como ela bem se lembrava, com Bichento cochilando em seu colo. Parecia-lhe triste, como há tempos não o via. Seus olhos verdes estavam opacos e fixos nas chamas da lareira, era como se ele dormisse de olhos abertos. Hermione então, preocupada – e talvez um pouco curiosa -, resolveu descobrir o que havia acontecido.

- Harry? – perguntou ela receosa, como se Harry fosse começar a gritar a qualquer momento.

- Mione? – retrucou assustando-se, desviando os olhos da lareira e esboçando um sorriso para a morena – Tudo bem?

- Comigo tá tudo bem sim, Harry... – respondeu, sentando na poltrona ao lado da do garoto – O que aconteceu, por que você já tá de pé?

- O problema é... – ele começou; porém parou em seguida. Respirou profundamente, desviou o olhar e respondeu triste – A Gina, Mione.

- Gina? – arqueou as sobrancelhas, desconfiada – Mas vocês voltaram anteontem, estavam tão bem... O que aconteceu?

- Ela... Disse que não me quer mais. – desabafou o moreno, já às lágrimas – E foi tudo tão perfeito, Mione... Ontem, com ela, era como se eu não tivesse passado por nada do que eu passei nessa vida, ela tava ali, do meu lado comigo pro que acontecesse... Ficamos juntos o dia inteiro, conversamos demais; eu tava muito feliz... Mas daí de noite ela me disse que não era pra ser, que era melhor eu procurar outra menina, que ia ser melhor pra nós dois... – concluiu já abraçado a Hermione, chorando.

- Como ela pode ter feito isso? – perguntou indignada, como queria poder ajudar o amigo... Mas era horrível nesses assuntos de relacionamentos, nunca soube o que fazer e não saberia o que fazer agora. Talvez devesse falar com Gina, ele poderia explicar o que havia acontecido. – Olha Harry, não fica assim, eu prometo que eu vou conversar com ela e ver direitinho o porque disso tudo... Ainda não consigo imaginar o porquê de ela ter feito isso com você!

- Você faria isso por mim, Mione? – ela fez que sim com a cabeça para ele, que já enxugava as lágrimas que lhe manchavam o rosto – Muito obrigado, você é maravilhosa! – sorrira Harry para ela, aquele sorriso infantil e maravilhoso que ela tanto gostava... Como Gina podia ter feito aquilo?

“Acho que consigo imaginar o porquê sim, na verdade” – pensou a morena, em seguida.

- Bom, eu acho que eu vou subir lá pra me trocar, né? – disse o rapaz com um sorriso, apontando seus pijamas de modo brincalhão – A gente se vê no café! - e então se virou e subiu as escadas para o dormitório masculino da Grifinória.

Hermione seguira então seu caminho para o Salão Principal, preocupada com a história toda. Não conseguia acreditar que Gina poderia ter deixado Harry por vingança... Ele não tinha culpa de não ter gostado dela durante todos aqueles anos, seria muita infantilidade da parte dela acabar com os sentimentos do moreno dessa maneira. Preferia pensar que ela tinha um bom motivo. Aliás, um bom motivo não, um ótimo motivo. Porque não se magoa Harry Potter desse jeito. Pelo menos não com Hermione Granger por perto.

* * *

Uma brisa gelada adentrou a janela entreaberta do quarto de Draco, despertando-o devagar de seu sono pesado. Não se lembrava de ter dormido com o violão, nem mesmo se lembrava de ter dormido. A única coisa de que se lembrava era de ter tirado a camisa, que por acaso, fazia-lhe falta naquele momento devido à temperatura do ambiente. O quarto originalmente não era gelado, mas depois de uma noite toda com a janela aberta, era de se esperar que estivesse. Sentindo todos os pêlos do braço arrepiados, o loiro guardou o violão e se dirigiu ao banheiro a fim de tomar um banho, já que ainda não se sentia desperto o suficiente para aparecer em público. Não que ele se importasse com o público, mas não era legal aparecer por aí com remelas nos olhos e com o cabelo despenteado (N/A: Duvido que alguém aí já imaginou o Draco com remelas... XD).

Despiu-se lentamente, ainda meio sonolento: era muito cedo para banhar-se com pressa. Embora nunca tivesse gostado muito de banhos, os matinais eram seus preferidos. Era como se ele abandonasse o mundo dos sonhos e voltasse à vida real, como se nada mais importasse, só ele mesmo e a água. As gotas que provinham do chuveiro batiam com força em sua pele pálida, massageando cada pedaço de suas costas. Gostava disso. Gostava da sensação de tranqüilidade que aquilo lhe proporcionava. Lavou os cabelos o mais devagar possível e saiu do chuveiro o mais depressa que pôde, antes que a brisa fria o congelasse.

Colocou suas vestes habituais e penteou o cabelo de leve antes de ir para o Salão Comunal da Sonserina. Não que lá houvesse algo interessante a fazer, mas talvez houvesse alguém interessante pra conhecer. Era disso que ele achava que precisava, de gente nova. Talvez houvesse alguma garotinha do quinto ou sexto ano com a qual ele pudesse se divertir. Deu uma olhada à sua volta e percebeu que se quisesse conhecer alguém interessante, o horário apropriado não seria exatamente às seis da manhã.

“Droga, por quê diabos eu tinha que ter acordado tão cedo?” – pensou irritado ao sentar-se em uma poltrona perto da lareira. Olhou para os lados procurando algo que pudesse fazer e avistou uma revista sobre Quadribol jogava em uma mesa por ali. Resolveu dar uma olhada, e uma idéia passou por sua cabeça: “Acho que vou tentar fazer um esboço do time desse ano, talvez o tempo passe mais rápido...” – conjurou então uma pena e um pedaço de pergaminho.

- Eu como apanhador, Bletchley no gol... – rabiscou, com intervalos de alguns segundos para que pudesse se lembrar dos antigos jogadores – Urquhart, Vasey e mais alguém como artilheiro, já que não temos mais o Warrington...

- Falando sozinho, Malfoy? – disse um garoto do sexto ano da Sonserina que adentrava a Sala no momento, cujos cabelos eram castanhos e rebeldes e os olhos, verdes.

- Só esboçando o time de Quadribol desse ano... – começou, indiferente, virando a cabeça para ver quem era o indivíduo que o incomodava – Harper. Você jogava, não jogava?

- É, apanhador. – disse, levemente desconfortável - Te substitui no último ano, quando você não pôde jogar.

- Eu lembrei, agora. – disse Draco, se desinteressando levemente pelo garoto e voltando o olhar para o seu pergaminho rabiscado.

- Mas jogo melhor como batedor. – comentou Harper, pouco mais entusiasmado. – Na verdade, eu era substituto do Crabbe, mas como não tinha ninguém pra jogar no seu lugar eu me ofereci.

- Batedor? – respondeu o loiro, com a sobrancelha levemente erguida – Talvez o Urquhart te escolha pra jogador, já que ele prefere os mais velhos.

- O capitão não era você? – perguntou o menino, um pouco intrigado.

- Não, desde o último ano em Hogwarts. – disse calmamente, voltando-se ao pergaminho – Eu abri mão do cargo, já que não podia me dedicar por inteiro...

- É verdade, me lembrei. Mas não há ninguém mais que possa jogar do sétimo ano? – questionou o garoto, que já havia se sentado em uma poltrona próxima à de Draco.

- Ao menos que Bulstrode saiba jogar, não tem mais ninguém. – disse o loiro desgostoso: não gostava de lembrar que só sobrara ele e Mila Bulstrode no sétimo ano sonserino.

- Que pena, Montague era um bom artilheiro. – lamentou-se Harper, ao mesmo tempo em que um garoto loiro e alto de cabelos compridos adentrava a Sala, com calças de dormir.

- Vocês dois, acordados a essa hora da madrugada? – perguntou Steven Pucey, acompanhado de um bocejo.

- Já são quase sete e meia, Pucey. E conversávamos sobre Quadribol. – disse Harper, entusiasmado, enquanto o outro se sentava próximo aos dois garotos já residentes na Sala comunal.

- Eu queria entrar no time, esse ano. – comentou Pucey absorto, atraindo a atenção de Draco – Treinei durante esse último ano que não tivemos aulas, acho que daria um bom batedor.

- Batedor? – comentou Malfoy, já definitivamente acordado – Ótimo, já temos dois candidatos a batedor.

- O que falta então, Malfoy? – perguntou Harper, curioso.

- Eu como apanhador, Bletchley no gol, se forem aprovados vocês dois como batedores, e Urquhart e Vasey como artilheiros. – disse concentrado no papel em que escrevera. – Conhecem alguém que possa vir a ser artilheiro?

- Hum... Não, na verdade. – disse Pucey, observando o crepitar do fogo na lareira. Draco olhou para Harper, em espera de uma resposta.

- Também não. – disse enfim, após alguns segundos de espera – Mas a gente pode esperar os primeiros treinos, e ver se alguém presta não é?

- Talvez seja o que teremos de fazer. – concluiu Draco, olhando para seu relógio. – Já são quase oito horas, acho que vou tomar café. – levantou-se e saiu da sala apressado, deixando Harper e Pucey animados conversando sobre Quadribol.

Não que ele realmente estivesse muito empolgado com o Quadribol este ano. Perdera para Potter durante seis anos consecutivos, não seria no último que ele ganharia. Claro, a idéia de ser melhor do que ele em pelo menos alguma coisa sempre o fazia querer pegar aquele maldito pomo antes da bicha da cicatriz, mas nunca adiantava. Não era esse o estímulo que ele precisava. Não ia adiantar muita coisa querer ganhar, nunca havia adiantado. Há coisas nesse mundo que só o que a gente tem a fazer é abaixar a cabeça e aceitar, e ele já estava praticamente se dando por vencido. Não que ele fosse fraco, mas há horas em que a gente simplesmente cansa de lutar.

Com os pensamentos ainda estagnados em ser inferior a Harry Potter, Draco Malfoy chegou ao Salão Principal, que àquelas horas já se encontrava um pouco cheio. Caminhou devagar até a mesa da Sonserina, e se serviu com a primeira gororoba que havia encontrado. Não que ela não fosse gostosa, mas sua aparência não era exatamente o que se podia chamar de agradável. Ainda comendo, avistou alguns grifinórios adentrando o lugar. Pareciam menos felizes do que no dia anterior, mas decidiu tentar esquecer que grifinórios nasciam, pelo menos naquela manhã.

“Poções é a primeira aula da manhã. Merda”.

* * *

Estava decidida. Desde a hora em que saiu da Sala Comunal naquela manhã, quando seus pensamentos se voltaram para ele, novamente. Não que Hermione realmente quisesse pensar nele, lembrar dele, mas parecia que para ela, sempre que ela queria esquecer de algo, esse algo não saía de sua cabeça. Draco Malfoy. Odiava assuntos inacabados. Deveria com certeza ter pedido desculpas no dia anterior, e não ter esperado até agora. A raiva pode ter aumentado. O perdão pode ter se tornado impossível. Mas ela tentaria, de qualquer jeito. Não se desiste de algo sem tentar pelo menos uma vez, assim pensava.

O café passou rápido. Tão rápido quanto a aula de Poções. Mais rápido que o resto do dia, que voou. É incrível a maneira que o tempo tende a passar mais depressa quando se quer que ele passe devagar. Murphy foi um cara cruel e sem coração. Era confortante repetir isso, a fazia se sentir... A fazia simplesmente não pensar.

O caminho até o sétimo andar era enorme, mas ela o fizera tão rápido que quase se perdeu, antes de avistar a estátua que usualmente ficava por ali. Como podia ser tão orgulhosa àquele ponto? Por que se desesperar tanto por um simples pedido de desculpas? Não era a coisa mais difícil do mundo. Aliás, era a coisa mais nobre do mundo. E ela era boa, sabia que era. Precisava fazer isso o mais rápido possível, antes que seus instintos grifinórios se esvaíssem. Quem ele pensava que era para fazer ela se sentir desse jeito?

“Merda” – pensou nervosamente, assim que avistou Draco a alguns metros de distância.

Ele não parecia se importar com muita coisa. Na verdade, ele parecia não se importar com nada. Estava sentado no parapeito da última janela do fim do corredor, aparentemente pensativo. Mantinha os braços sobre os joelhos levemente cruzados, e seu cabelo dançava os passos do vento leve que adentrava pela janela. Nunca o vira tão lindo daquela maneira. Não que não tivesse se repreendido após pensar isso, mas era verdade, de fato. Confessou até sentir vontade de se transformar em uma pequena mosca para poder observar cada movimento dele, ali, de perto, sem que ele percebesse. Por um momento, até esquecera do porquê estava lá, do lado dele do sétimo andar.

Hermione Granger, encantada por Draco Malfoy. Quem acreditaria?

Tomou coragem. Sabia que teria de lidar com todos aqueles pensamentos “ridículos e sem sentido” alguma hora mais tarde, mas no momento a sua prioridade era reparar o erro. Caminhou devagar até o lugar onde Draco estava, e ficou ali parada ao seu lado. A noite estava realmente muito bela de se apreciar. As estrelas estavam mais vivas do que nunca, e a lua minguante da época exalava uma luz singular sobre os cabelos loiros de Draco.

- Boa noite, Granger. – ele sussurrou devagar, como se tivesse esperado por algum tempo ela dizer algo.

- Boa noite. – ela respondeu, também em um sussurro.

Alguns segundos de silêncio passaram, enquanto os dois observavam o contraste maravilhoso das estrelas no céu. Agora ela só não desconfiava, como tinha certeza de que algo havia mudado. Ela já não tinha mais coragem de insultá-lo, tampouco de agredi-lo. Era como se ele fosse de porcelana, e precisasse de um cuidado especial que ela faria questão de dar, se ele assim quisesse.

- Eu... Queria falar com você, Malfoy. – ela sussurrou hesitante quebrando o silêncio de pouco tempo atrás.

- Pois diga, então. – ele disse calmamente, virando-se de frente para ela.

Não sabia mais como explicar. Como nunca havia reparado em beleza tão exorbitante quanto aquela? A luz da lua refletia em seus olhos cor de chocolate, devolvendo tudo o que lhe havia sido tirado durante todos aqueles anos. Era como se tudo o que ele precisasse estivesse escondido por detrás deles, era como se seu mundo fosse o rubor nas bochechas de Hermione, causado pela leve brisa gelada. Depois de alguns segundos absorto em pensamentos, ele resolveu por fim prestar atenção no que a garota tinha a dizer.

- Eu acho... Acho que devia te pedir desculpas, sabe? – ela começou, um pouco envergonhada – Eu fui grossa com você ontem e... E você só queria me ajudar. – ela já se encontrava mais ruborizada do que já estava antes, o que divertiu Draco levemente – Você me perdoa?

- Quem sou eu pra não te perdoar... – ele disse e em seguida deu às costas a Hermione – Que noite bonita, não? – sussurrou após alguns segundos em silêncio.

- Linda. – ela respondeu, completamente absorta.

- Sabe... Eu também devia te pedir desculpas. – ele sussurrou, ainda olhando para o céu, talvez na tentativa de esconder o pouco de vergonha que sentia – Eu fui um idiota durante tanto tempo, e... – ele virou para ela novamente, e olhou no fundo dos olhos da morena, como nunca havia feito antes – Eu me arrependi.

Era como se ambos desejassem que aquele momento fosse eterno. Como se o mundo tivesse parado para assistir os dois, ali. Não havia no que pensar, não havia mais o que fazer, a não ser observar atentamente cada movimento que o outro fazia. Já não importava mais nada, e eles finalmente perceberam que era aquilo que eles realmente queriam. Finalmente, podiam se sentir livres. Nenhum dos dois saberia explicar a intensidade do sentimento que passou por cada milímetro do próprio corpo, aquilo era simplesmente único.

Draco se aproximava cada vez mais de Hermione, era como se a lei da atração dos corpos agisse de maneira completamente desordenada sobre ele, ele sentia que precisava sentir o calor dela mais de perto, queria sentir o coração dela batendo, queria sentir o cheiro do cabelo dela, do perfume de morango que ela costumava usar. Chegou tão perto, a ponto de seu nariz bater no dela, aquele nariz levemente empinado que ele percebeu gostar tanto, naquela hora. Passou uma mão pela cintura de Hermione, fazendo-a arrepiar-se de leve. Não havia motivo para puxá-la pra mais pra perto, eles já estavam tão grudados que não faria diferença. Acariciou de leve o rosto dela, com aqueles dedos macios e frios no entanto, fazendo-a fechar os olhos automaticamente. Não resistiria. Não daquela vez. Não havia quem os atrapalhasse, e ele ia até o fim.

Beijou-a, então.

(...) Tão juntos que tudo perdia o sentido
Em nossa mente um oceano de palavras
Mas um deserto de silêncio, que calava
E só um beijo ia quebrar.

Era um beijo carinhoso, como ele acreditava nunca ser capaz de dar. Os lábios carnudos e adocicados de Hermione faziam-lhe se sentir completo, feliz. Era como se nada tivesse valido a pena até a hora em que seus lábios cruzaram-se com os dela, era como se ele quisesse que aquilo nunca terminasse.

Sim, ele, Draco Malfoy, se via encantando-se por Hermione Granger.

Ela acariciava levemente os cabelo do loiro, não queria parar, não queria. Nunca havia se sentido assim, até àquela hora não sabia qual era a sensação de beijar alguém, de se sentir desejada daquela maneira. E aquilo a excitava. A fazia querer mais, a fazia esquecer de respirar, esquecer de tudo. Era como se ela fosse dele, e ele dela; era como se tudo o que ela sempre quis estivesse naquele beijo.

A vida é curta para piorar as coisas só vivemos uma
Então temos que aproveitar enquanto é tempo
Somos tão jovens vamos viver o momento (...).

Separam as bocas instintivamente, visto que a falta de ar já não era mais suportável. Olharam-se diretamente. Ela, afundou-se no azul acinzentado dos olhos de Draco, e ele, mirava atentamente as amêndoas cor de chocolate que os olhos dela lembravam. Podia ver o brilho incessante que eles emanavam, ela demonstrava querer mais, demonstrava que para ela não havia sido um erro. Era isso que ele temia. E se estragasse tudo de novo, como sempre fazia?

Era mesmo um idiota... Como acreditara que aquilo podia dar certo? Ele dilaceraria os sentimentos dela mais cedo ou mais tarde, e vê-la machucada o machucaria demais. Não sabia mais o que fazer. Sempre fora tão egoísta, tão egocêntrico, e, no entanto agora não conseguia tomar uma única decisão sem pensar nos outros. Ele a queria, já era impossível negar. Mas será que aquele sentimento desconhecido era suficiente pra fazê-la feliz? Será que ela não ficaria melhor com o Weasley, ou mesmo com qualquer outro que não fosse tão mesquinho quanto ele?

Porque ele a olhava assim, de maneira tão... Fraternal? Ela queria mais, demonstrara isso, será que ele era tão obtuso a ponto de não enxergar? Já não podia mais negar, sabia que o queria, e o queria de todas as maneiras possíveis, em todas as posições e de qualquer jeito. Não valeria a pena não assumir que gostava dele, que gostara do jeito carinhoso que ele a beijara, que gostava do jeito como ele andava, do jeito que ele sorria, do perfume dele... Qualquer um enxergaria, ela sabia.

- Eu... Eu preciso ir. – ele sussurrou, desconcertado, antes de sair andando a passos largos.

- Tchau pra você também. – ela murmurou intrigada quando o garoto já se encontrava distante o suficiente para que não ouvisse, e se virou pra janela.

As coisas ainda estavam muito confusas em sua cabeça, tudo acontecera tão rápido, ela não sabia mais em que acreditar. Não sabia o que sentir, a única coisa que sabia era que gostava dele mais do que deveria. Porque ele fez aquilo? Será que não gostara do beijo, ou será que havia achado que tudo aquilo fora um erro?

“Não, um erro definitivamente não foi.” – pensava absorta, enquanto seguia calmamente em direção ao dormitório da Grifinória.

Como conseguiria dormir, não sabia. Tampouco ele sabia. A única coisa que tinham certeza, era de que a partir daquela noite, tudo mudaria.

Talvez para pior, talvez para melhor.

* * *

N/A:

- Uso excessivo de “Era como se...” (não reparem).

- Idade do Céu - Paulinho Moska; e Apague a Luz – Darvin/Forfun são as músicas que embalam este capítulo.

- Foi um dos meus capítulos preferidos, queria pedir um pouco da colaboração de você para que comentassem;

- Foi escrito em uma época “negra” que eu estive passando, portanto se ele parecer melancólico demais, ou mesmo irritante demais de ler me avisem, que eu vou tentar fazer terapia antes de voltar a escrever. =]


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