A guardiã

Capítulo 29 - A guardiã

As semanas se passaram com Tonks esperando a melhor hora de enfrentar Remo, Pedro receoso sobre a festa (Bellatrix ainda não o apresentara ao seu "par"), e Sirius subindo quase todos os dias à torre de Astronomia, enviando sua coruja sabe-se lá para quem. E assim rapidamente, chegaram as semanas de teste para todo colégio, especialmente os N.I.E.Ms. para o sétimo ano.

Numa quinta feira chuvosa, à hora do almoço, Sirius largou-se à mesa da Grifinória depois de mais um dia estafante de testes. E pensar que ainda tinham quase que o restante do mês inteiro de provas... Tiago e Remo chegaram pouco depois. Finalmente Pedro se juntou a eles, enchendo o prato silenciosamente e começando a comer, enquanto quase toda a mesa conversava alegremente.

Lílian e Edgar Bones entraram no salão, caminhando até a mesa dos professores de onde, após alguns instantes conversando com Dumbledore, seguiram para suas respectivas mesas.

- E então, garotos, animados com os testes? - a ruiva perguntou, sentando-se após ter dado um beijo no namorado.

Apenas Remo não fechou a cara a esse comentário e a resposta veio de Susan, que acabava de chegar, seguida de Selene e Emelina.

- Sabe, Lily, nem todos são insanos como você para gostar de exames. Aliás, hoje à noite vamos ter reunião.

- Eu sei. - a ruiva respondeu pensativa - E lá se vai mais uma noite de sono...

- Vocês não podiam marcar essas reuniões para de dia, não? - Tiago perguntou, mal humorado - Já basta que eu não possa saber o que minha namorada anda fazendo por aí de noite, ainda vou ter que esperá-la de novo até depois da meia-noite?

A ruiva corou enquanto os amigos disfarçavam os risos.

- Tiago, fica quieto ou vai dormir no sofá hoje. - a garota disse entre dentes.

- Eles não são uma gracinha? - Sirius observou, soando como uma daquelas típicas tias velhinhas que adoram apertar as bochechas dos sobrinhos.

A turma riu e quando finalmente voltaram ao silêncio, Emelina virou-se para Sirius.

- Eu me lembrei agora, Sirius, você tinha dito que ia batizar a nossa "banda". E então, será que você já tem alguma sugestão?

- O Sabá do Black! - ele disse, estufando o peito - Vocês podem se vestir de odaliscas e eu fico de sultão no meio.

- Por acaso está propondo que sejamos o seu harém? - Selene perguntou, divertida.

- Porque não?

- Sirius, você se esqueceu que a Alice e a Lílian também estão na banda. - Remo observou, apontando Tiago, que olhava perigosamente para o amigo.

- Sinto muito, Pontas, já que você é egoísta com as suas coisas, também não vou dividir meu harém com você. - Sirius disse sorrindo.

- Meninos, não vamos brigar... - Lílian disse, segurando o namorado.

- Sabe, até que não é uma idéia tão ruim. - Susan observou - Com algumas pequenas modificações, lógico. Em vez de "Sabá do todo-poderoso Black" podemos ser o sabá negro, Black Sabath!

As meninas se entreolharam, sorrindo.

- Taí, gostei. - Emelina disse - Black Sabath...

- Mas será que pelo menos o arranjo de figurinos pode ser mantido? E eu posso ficar como sultão? - Sirius perguntou, humilde.

- Claro que não! - Emelina respondeu.

- Infelizmente nem tudo pode ser perfeito... - Sirius suspirou, enquanto os amigos riam e voltavam a comer.

*****

Firenze entrou pela passagem perto do lago na Floresta Proibida. Depois de caminhar por um longo corredor sombrio, ele afinal desembocou no salão de Hades. O grande dragão branco estava em pé, acordado, e olhou pensativamente para o centauro quando ele adentrou o aposento.

- Chegou a hora, Cavaleiro. - o centauro disse sério - Está mesmo disposto a esse sacrifício?

- Ela precisará dos poderes que encerro comigo, Firenze. Além disso, finalmente poderei descansar. A sua magia terá um novo pilar, e, espero que esse poder não seja a causa da morte dela, como foi a de Helena.

O centauro concordou silenciosamente.

- Essa noite então nós teremos uma nova guardiã. Espero que ela possa suportar o peso dessa responsabilidade.

- Esse é o meu maior temor. - Hades respondeu - Agora vá. Eu darei um jeito de avisar a ela para que venha essa noite. E que traga com ela um novo Vigilante.

*****

- Lily?

A ruiva entreabriu os olhos devagar, mirando-os em Tiago.

- O que aconteceu?

- Você cochilou em cima dos livros.

Ela levantou assustada.

- Os exames!

- Calma, Lily... - o rapaz sorriu - Ainda falta meia hora para começar os testes da tarde.

Ela deu um suspiro de alívio e começou a arrumar os livros que estavam na mesinha do seu quarto. Subira para ler um pouco, já que isso sempre ajudava quando estava nervosa, mas acabara por dormir em cima dos livros. Se Tiago não tivesse subido e a chamado, provavelmente perderia as provas. Enquanto a garota organizava os livros, Tiago a observava compenetrado.

- Lily?

- Sim? - ela disse sem se virar.

- Porque você nuca usou o presente que eu lhe dei no Natal?

Ela imediatamente parou, em choque.

- Errr... Você promete que não vai ficar bravo comigo? - ela perguntou, ainda sem se voltar para ele.

- Porque eu ficaria? - ele devolveu, aproximando-se e praticamente encurralando-a contra a mesa.

- Eu nunca cheguei a abrir seu presente... - ela disse num sussurro.

- COMO?!

Finalmente a ruiva se virou para o namorado.

- Eu joguei o pacote na minha mala no dia em que abrimos os presentes na casa do Sirius. E acabei me esquecendo dele...

- Lílian Evans, como você pôde? - ele perguntou num tom falsamente magoado.

Ela esquivou-se do corpo dele, sorrindo envergonhada.

- Não tem problemam, eu abro agora. Como diz o ditado, "antes tarde do que nunca"...

Ela ajoelhou-se no chão, puxando um malão de debaixo da cama, começando a remexer nas roupas e livros que haviam lá até encontrar o boneco que ganhara de Sirius no Natal e, com ele, um pequeno pacote vermelho. Ela retirou o pacote da mala, rasgando o papel vermelho, revelando uma caixinha de veludo negro. Com o coração aos pulos, como se adivinhando o que ela continha, Lílian abriu a caixinha.

- E então, você gostou? - ele perguntou com um sorriso radiante.

Lílian levantou-se, ainda olhando para o aro dourado com um solitário brilhante encravado nele.

- Muito, Tiago. Mas eu não posso aceitar.

O rapaz murchou.

- Porque não?!

- Isso é um anel de compromisso, Tiago. O que eu disse a você sobre sermos muito jovens para casar?

- Mas...

Ela fechou a caixinha e colocou os dedos sobre os lábios do namorado, impedindo-o de continuar.

- Guarde esse anel. Eu não estou dizendo que não o quero, mas ainda não é tempo. Um dia, você me dará ele de novo. Tenho certeza de que você descobrirá a hora certa.

O garoto suspirou, recebendo a caixinha das mãos dela e guardando-a no bolso.

- Então eu estou lhe devendo um presente de natal.

- Você não está devendo nada. - ela voltou à mesa, acabando de arrumar seus livros e recolhendo o material que usaria à tarde - A propósito, Hades quer que você vá comigo hoje à noite.

- Como se já não bastasse você ter as reuniões com as meninas, ainda tem que ir visitar o dragão. Você vai acabar adoecendo sem dormir direito. - ele observou preocupado.

- Não vou não. Além disso, essa loucura toda já está quase acabando. Agora vamos. Ainda temos teste para fazer.

- Você tinha que lembrar isso?

A garota riu e ele sumiu por debaixo da capa de invisibilidade, seguindo-a pela porta que levava para a sala dos monitores.

*****

Antes, no entanto, que pudesse se acostumar com a falta de claridade, a porta se fechou e ela se sentiu prensada contra a parede, enquanto alguém (que ela tinha plena consciência de quem era) a beijava fervorosamente. Por alguns instantes ela apenas correspondeu ao beijo, sem se importar com os pensamentos estranhos que passavam pela sua mente. Mas aquilo não podia continuar. Camille enlaçou Sirius pelo pescoço, virando o pequeno anel que tinha no dedo, despejando uma descarga elétrica no corpo do pobre rapaz, fazendo com que ele se afastasse. Finalmente voltando a respirar, a corvinal pegou a varinha.

- Lumus!

A sala se iluminou e ela pode ver Sirius parado diante dela com um sorriso maroto.

- Sentiu saudades, Mille?

- Eu ainda não estou usando camisa de força, Black. E você sabe que eu detesto que me chame assim.

- Exatamente por isso é que eu a chamo assim, Mille. - ele disse, dando ênfase ao apelido dela - A propósito, quantas vezes devo dizer que pode me chamar de Sirius?

- Até o fim de seus dias, Black. - ela disse no mesmo tom que ele - Então, pode-se saber o que o levou a me chamar até aqui?

- Você está sabendo do baile de formatura?

- Quem não está? Ainda por cima com Edgar buzinando isso no meu ouvido todo dia.

- Que Edgar? - Sirius perguntou com uma ponta de ciúme na voz.

- Edgar Bones, monitor-chefe. Peça a Lílian para apresentá-los. - ela respondeu sarcasticamente - Era só isso?

Sirius ficou pensativo por alguns instantes. Sim, lembrava-se de Edgar, vira inclusive o rapaz acompanhando Hestia, camille e Marlene em Hogsmeade algumas vezes. Nunca dera atenção ao fato antes, pois sabia que Camille gostava dele, ela mesma se declarara. Na época ele não respondera e desde então provocava a garota sempre que podia, sabendo que ela o estaria esperando quando afinal se cansasse de ser um renomado idiota. Mas talvez estivesse errado afinal, talvez o que Susan dissera fosse verdade, ela não ia esperá-lo a vida inteira. Bem, não tinha problema, ele estava disposto a dar um fim àquela confusão naquela noite.

- Não, Camille. Eu pedi que viesse aqui porque queria saber se você gostaria de ir comigo ao baile. - ele disse sério.

Camille sentiu o rosto esquentar. Por muito tempo esperara por um convite como aquele e logo agora que finalmente desistira, que...

- Sinto muito, Sirius. - ela disse quase num sussurro, aproximando-se da porta - Eu já vou com o Edgar. Boa noite.

Ela não esperou uma resposta para sair, mesmo porque Sirius estava chocado demais para falar alguma coisa. Tarde demais... O rapaz socou a parede antes de se deixar cair no chão. Perdera a única garota de quem realmente gostara. Ele passou a mão pelo rosto, antes de se levantar, decidido.

- Posso ter perdido a batalha, mas não a guerra. E eu não vou desistir de você, Camille.

*****

Remo estava, como sempre, estudando. A sala comunal não estava muito cheia, então ele podia enfim ter um pouco de paz. E, bem, desde que Tiago e lílian finalmente tinham começado a ficar juntos, a torre da Grifinória conhecia o significado da palavra paz. Tanto que quase se dava para sentir falta dos gritos da ruiva e das declarações do maroto.

Mas a tranquilidade do monitor não durou muito tempo. Um barulho insistente vinha da janela próxima ao lugar onde ele estava sentado. Não demorou muito para que ele perdesse por completo a concentração e fosse ver oq ue estava acontecendo. Abrindo a janela, ele acabou por deixar passar uma pequena coruja que sobrevoou o salão antes de voltar até ele, estendendo a pata onde um pergaminho estava enrolado. Ele retirou o pergaminho e a coruja voltou a sair pela janela, voando para a noite escura. Enquanto Remo abria o bilhete, Sirius entrava pela passagem do retrato da Mulher Gorda.

- Remo, eu preciso...

- Agora não, Almofadinhas. - Remo disse antes de simplesmente sair correndo, deixando o amigo assombrado.

- Mais essa agora...

Rápido, Remo seguiu pelos corredores do colégio sem se importar com o fato de que já passara da hora de alunos andando pelos corredores. Já próximo a Torre de astronomia, ele tirou do bolso outro pergaminho. O mapa do maroto.

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom!

O mapa aparareceu no velho pergaminho e ele pôde ver dois pontinhos andando na direção dele. Um era Argos Filch, o detestável zelador e o outro era... Ele não chegou a ver, já que a uma lufada de vento forte atravessou a janela acima dele, fazendo o mapa voar de sua mão. Antes que ele pudesse pegá-lo de volta, no entanto, passos aproximaram-se.

- Droga! - ele apontou a varinha para o pergaminho no momento em que Filch aparecia no corredor - Malfeito feito!

Filch ouviu o grito dele, mas antes que pudesse pegá-lo, Remo escondeu-se na escuridão das escadas que levavam à torre, rezando para que o zelador não o encontrasse ali. Quanto ao mapa, certamente ele o veria. Era uma pena perder uma raridade como aquela, mas nem elen em os outros garotos precisavam mais do mapa para andar por todas as passagens secretas do castelo.

Para sua sorte, Filch pegou o pergaminho, resmungando, enquanto seguia para o corredor oposto ao lugar em que o monitor decidira se esconder. Respirando fundo, Remo subiu as escadas, esperando não estar atrasado. Mas quando chegou ao alto da torre, ainda não havia ninguém ali. Resignado, ele sentou-se, tirando do pescoço o medalhão dourado. Se fosse preciso, esperaria a noite toda.

Enquanto isso, na sala comunal, Sirius observava a noite, levemente tristonho até sentir alguém parar ao seu lado.

- Sirius?

Ele virou-se, encontrando a face preocupada de Susan.

- Boa noite, Susan.

- O que aconteceu?

- Nada, não. - a italiana fez um muxoxo de descrédito e ele deixou-se cair numa cadeira em frente a ela - Você tinha razão.

- Sobre? - ela perguntou, sentando-se à frente dele.

- Camille. Ela vai para o baile com o Bones.

- Sinto muito. Mas, bem, você não queria que ela te esperasse sentada para o resto da vida, não é?

- Você está me consolando admiravelmente, Susan... - ele respondeu com um sorriso fraco.

- Desculpe. Mas, e então, o que vai fazer? Desistir?

Ele ficou pensativo por alguns instantes.

- Eu nunca desisto. Só dou um tempo. Eu vou pensar numa estratégia para reconquistar a camille. Enquanto isso, eu preciso de um par para o baile...

- É bom correr, Sirius. Embora eu acredite que qualquer uma que você convide, se já tiver par, vai dispensar o garoto rapidinho. - ela riu, levantando-se - Boa sorte.

Antes que ela pudesse ir para seu dormitório, no entanto, Sirius a segurou pelo braço.

- Su?

- O que é agora? - ela perguntou num suspiro.

- Quer ir ao baile comigo?

Ela piscou surpresa.

- Ir ao baile com você?

- Você já tem par? - ele perguntou receoso.

- Não. Mas...

- Por favor, Susan, eu queria ir com uma amiga para o baile, não com a primeira oferecida que me surgisse pela frente.

A garota observou atentamente por alguns instantes e acenou timidamente com a cabeça.

- Certo, você me convenceu. Eu vou com você ao baile.

Ele soltou o braço dela e sorriu.

- Obrigado, Susan.

Ela assentiu e voltou a caminhar para as escadas, disposta a ir para o dormitório. Voltando à torre de astronomia, Remo erguia-se ansioso enquanto a porta se abria silenciosamente. Uma sombra penetrou na sala, fechando a porta e virando-se em seguida para ele.

- Boa noite, senhor monitor.

- Quem é você afinal? - ele perguntou depois de ter ensaiado aquela frase muitas vezes enquanto estava sozinho, levantando-se.

- Primeiro, meu medalhão. - ela disse, aproximando-se com a mão estendida, revelando a face ao luar.

Remo observou os olhos castanho-azulados, a boca pequena, cada covinha no rosto emoldurado pelo cabelo negro que se perdia atrás da orelha. A sensação de que conhecia aquele rosto que o perseguia em sonhos e o estava enlouquecendo voltou a invadi-lo.

- Porque eu deveria entregá-lo? - ele perguntou, voltando a se sentar.

- Porque ele me pertence e você sabe que isso não é certo.

- E o que está fazendo comigo é certo?

Ela respirou fundo, sentando-se diante dele.

- Não. Mas eu não tive muita escolha. Escute, eu realmente gosto de você, mas não posso responder suas perguntas agora. Então, por favor, será que pode me devolver o medalhão?

O rapaz observou o olhos dela com atenção por alguns instantes e depositou o medalhão sobre a palma dela, levantando-se em seguida.

- Já conseguiu o que queria, agora, com licença.

- Calminha aí! - ela exclamou, segurando-o e fazendo com que ele voltasse a se sentar - Eu não queria apenas o medalhão. Também quero entender o que está acontecendo com você. Eu já te observo a um bom tempo e notei que está triste. E eu me preocupo com isso.

Ele sorriu tristemente.

- Eu tenho muitos motivos para estar assim. E você é um deles. Pode parecer loucura, considerando que essa é a segunda vez que nos encontramos, mas...

Ela colocou a mão sobre os lábios dele, inclinando-se levemente para sentar-se ao lado dele.

- Um dia, quem sabe, você vai entender porque estou fazendo isso. Agora, se prometer não perguntar nada sobre mim, podemos voltar a nos encontrar.

Ele assentiu, sorrindo sinceramente.

- Mas eu não posso fazer nem uma pergunta?

Ela ficou pensativa por alguns instantes.

- Pode fazer. Mas eu não prometo uma resposta.

- Você aceitaria ir ao baile comigo?

A morena mordeu os lábios.

- Isso é um pouco difícil. Mas eu vou tentar. - ela respondeu sorrindo, enquanto vencia a pouca distância entre eles.

*****

A porta bateu de leve e Tiago imediatamente despertou de seu relaxante cochilo. Lílian sorriu para ele, tirando a bolsa e colocando-a sobre uma mesa.

- Esperou muito? - ela perguntou.

- Não tanto. - ele disse levantando-se - Você não vai mesmo me contar o que tanto faz com as garotas à noite?

- Você vai saber, mas não agora. A propósito, Hades está nos esperando.

O moreno bocejou.

- Será que não pode ficar para amanhã? Faz uma semana que eu não durmo direito, Lily.

- Pois é, não dorme, nem deixa os outros dormirem. Sinto muito, mas Hades disse que era urgente.

Tiago suspirou, colcando um robe sobre o pijama, enquanto recolhia a capa de invisibilidade. Lílian sorriu ao ver os preparativos dele.

- Tiago, não precisamos dessa capa.

- Só por precaução, Lily. Vamos logo, quanto mais cedo formos, mais cedo voltamos.

- Quem diria que eu veria nascer o dia em que Tiago Potter ia se preocupar com precaução... - ela observou, enquanto saía pela passagem.

Os dois seguiram em silêncio e pouco depois estavam no salão de Hades. Mas o dragão não estava lá. Em seu lugar, um centauro esperava, ao qual os dois logo reconheceram.

- O que está fazendo aqui, Firenze. - Tiago perguntou.

- Estou aqui para guiá-los. Hades cumpriu a missão dele, agora é hora de seguir com o legado da Antiga Magia. Lílian?

A ruiva aproximou-se até ficar diante do centauro.

- O que quer dizer com Hades ter cumprido a missão dele?

- Ele deveria orientá-la em seus primeiros passos na sucessão de Helena. Agora você deve escolher o que fará com esse conhecimento e se aceitará o que é esperado de você.

- Do que está falando? - Tiago perguntou, parando ao lado da monitora.

- Vocês sabem porque Saint-Germain e seus aliados tinham tanto receio contra os magos como Helena? - o centauro continuou ao vê-los menear a cabeça. - Existe uma lenda, há muito esquecida. "Entre os mortais se escolherão guardiães para meu legado. Um legado de imensurável poder, uma magia antiga, perdida em algum ponto da história humana. A todos eles será dada a incumbência de proteger, com a própria vida se necessário as passagens para os outros mundos que criei."

- Eu já li isso! - Lílian exclamou - "Meus guardiães hão de proteger todos os mundos que criei, sobretudo aquele onde vivem minhas criaturas mais demoníacas. Meu Inferno de anjos e demônios, meu exército poderoso, estará a mercê de meus guardiães". Os portais do Inferno, é disso que a lenda fala.

- Você está querendo dizer que a Antiga Magia protegia o próprio inferno? - Tiago perguntou abismado.

- Saint-Germain temia que algum mago dominado pelos próprios sentimentos acabasse por abrir os portais, comandando um exército de demônios contra o mundo. À época dele, todos eram obcecados pela religião e Saint-Germain acreditava que o Apocalipse do qual a Bíblia cristã fala, ou Ragnarock entre os antigos vikings, viesse pelas mãos de um elemental. Por isso tentou exterminar a antiga magia, assassinando os guardiães. Mas ele podia acabar com a vida mortal deles, não com seu poder. Sem guardiães, alguns portais se abriram, despejando em todos os mundos criaturas sem mestre, que hoje povoam nossas mitologias.

- Mas o que aconteceu com Hades? - Lílian voltou a perguntar.

- Ele fez uma escolha. Helena era, entre todos os guardiães, a mais poderosa. Quando ela o comprou à Morte, os poderes dela passaram para ele. Você também é poderosa, Lílian, mas talvez ainda não tenha forças para enfrentar o que tem a frente. E Hades temia que Voldemort pudesse descobri-la e tentasse usá-la para conseguir o exército que Saint-Germain e seus aliados lutaram para manter preso. Por isso ele se sacrificou, para que você pudesse ter acesso aos poderes de Helena, e agora não passa de um medalhão que você deverá carregar se aceitar o fardo que lhe é oferecido.

Lílian sentiu os olhos arderem, mas não chorou. De certa forma, o dragão a prepara para aquilo. Não podia decepcioná-lo.

- Eu aceito o encargo, Firenze.

O centauro sorriu tristemente.

- Sigam-me então. Hades pediu que o jovem assistisse à cerimônia, então deve ir também.

Tiago assentiu e o casal seguiu Firenze por uma passagem que os levou a uma clareira da floresta proibida. O centauro fez com que Tiago se sentasse sob uma árvore enquanto Lílian sumia em meio à vegetação, acompanhada de estranhas sombras. Enquanto isso mais centauros aproximavam-se da clareira, assim como outros seres que Tiago nunca vira. Até mesmo unicórnios existiam entre os espectadores do estranho ritual que se seguiria.

Um canto suave soou sobre o rapaz e ele olhou surpreso para uma ave que pousara na árvore sob a qual ele estava. Uma fênix. Passos pararam ao lado dele. Dumbledore.

- Então ela aceitou. - o velho bruxo olhou para o rapaz com um sorriso.

- O que o senhor...

- Acha mesmo que eu não sabia nada sobre toda essa movimentação debaixo do meu nariz? Fawkes me avisou, senhor Potter. Mas não se preocupe, eu não ofereço riscos à sua namorada. Na verdade, penso muito diferente de Saint-Germain, não acho que a Antiga Magia seja uma ameaça. Nas atuais condições, aliás, até penso que pode ser uma grande aliada.

Antes que o rapaz pudesse responder, Lílian voltou a clareira. Os longos cabelos vermelhos estavam soltos, caindo em cachos. No alto da cabeça dela, havia uma rendilha negra com detalhes dourados. No lugar do uniforme da escola, uma longa túnica branca era encimada por uma espécie de sobretudo negro sem mangas, com os mesmos detalhes da rendilha.

A lua apareceu por entre as nuvens, refletindo-se exatamente sobre o meio do lago onde ele e a ruiva tinham trocado seu primeiro beijo. Lílian caminhou lentamente pela água, molhando-se até os joelhos. Mas não parecia se importar com isso. Na verdade, para Tiago, a garota parecia estar em transe. Ela ergueu as mãos e uma luz diáfana a envolveu.

- Pelo poder a mim concedido, eu renovo a magia destes seres. Concedo vida aos sentinelas e morte àqueles que buscam corromper meu sagrado segredo. Pelo sangue inocente aqui derramado, eu peço perdão. Concedo paz aos que aqui foram sacrificados e terror aos que se sujaram com ele. Pela noite de vigília eu invoco os espíritos desterrados. Concedo a eles a chance de se redimirem e proteção aos que a mim se unirem.

As respostas ao encanto de Lílian não tardaram, vindas de todos os pontos da floresta.

- Nós saudamos a nova guardiã, detentora dos poderes antigos, do sangue, da alma, da paixão. Aquela que protege a escuridão para que possa a luz reinar.

- Saudamos a nova magia, união da Alta e da Antiga, daquela que segue o coração usando da inteligência.

Como num coral, mais vozes se sobreporam àquelas.

- Nós saudamos a nova guerreira, que usa espada e varinha, sendo mortal quando quer.

Tiago viu quando Firenze, ao seu lado, começou a falar, junto com os outros centauros, enquanto o mais velho deles, Magoriano, se ele bem se lembrava, aproximava-se da beira do lago.

- Saudamos a nova vidente, capaz de desvendar o destino através de seus sonhos.

Firenze fez Tiago se levantar e o olhou com respeito.

- Você também tem uma escolha para fazer. Ela precisa de um sentinela, alguém com quem dividir seu fardo. Se você aceita, apenas ouça o que a magia lhe sussurra.

Magoriano abriu uma pequena caixa quando Tiago aproximou-se dele, enquanto Lílian se virava para ambos.

- A ti, guardiã... - continuou o velho centauro - ...oferecemos nossa sabedoria, nossa força, nosso poder, nossa proteção, nossa lealdade.

Tiago observou dentro da caixa, pendendo de um cordão dourado, uma forma lapidada no cristal, um dragão. Magoriano acenou com a cabeça para ele, como se a encorajá-lo e Lílian sorriu levemente, encontrando os olhos do namorado.

- Por amor e devoção, eu me ofereço livremente como sentinela da guardiã dos Perpétuos.

A aura prateada dela expandiu-se lentamente, envolvendo o rapaz e, para surpresa de ambos, uma torrente de pensamentos invadiu a mente deles. Era como se pudessem sentir exatamente o que o outro sentia. Mas a ligação logo cessou e Magoriano ofereceu a caixa a Tiago. Lílian caminhou até a beira do lago, parando bem diante dele. Tiago abriu o cordão, envolvendo o pescoço dela com ele, afastando-se em seguida.

- Eu aceito a responsabilidade de guardiã da Antiga Magia e disponho minha vida nessa proteção. Diante de vós fiz meu juramento. Sois testemunha de meu compromisso.

Fawkes desceu até Dumbledore.

- Está feito afinal... - o diretor sussurrou para si mesmo.

No horizonte, o céu começava a nascer.

*****

- Casamento? - Selene perguntou assombrada, olhando para Alice.

O dia do baile afinal chegara e, o dormitório das garotas estava um verdadeiro pandemônio. Alice sorriu levemente.

- O clã dos MacFusty lida com dragões. - ela respondeu - É tradição nossa que os descendentes da família passem pelo menos um ano cuidando daquelas feras. A única maneira de não ser obrigada a isso é deixando de ser uma MacFusty. Então, eu vou me tornar uma Longbottom.

- Realmente, eu não consigo imaginar você cuidando de dragões. - Susan observou.

Emelina, virada de costas para Lílian, para que a ruiva abotoasse seu vestido, olhou para a italiana, que ainda estava no banheiro.

- Vocês têm mesmo certeza que é uma boa idéia irmos as cinco de preto? - ela perguntou - Os garotos podem desconfiar, e, além disso, já vai ter um monte de gente vestida assim...

- Não vai, não, Emelina. - Lílian observou com um sorriso - Eu pedi um favor a uma amiga e ela vai convencer todas as outras garotas a não irem de preto. Nós seremos as únicas assim.

- Se você diz...

A ruiva sorriu, lembrando-se da conversa que tivera com Marlene sobre "sugestionar as patricinhas da escola".

- Muito bem, todas prontas? - Susan perguntou, saindo do banheiro - Então, vamos ao baile!

Bem, espero que tenham gostado. COMENTEM, PELO AMOR DE MERLIN, MORGANA, APOLÔNIO DE TIANA, enfim, eu apelo para todos os bruxos conhecidos ou não do grande público. Não se esqueçam que sou movida a comentários, quanto mais recebo, mais e melhor escrevo.

Beijos,

Silverghost.

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HADES - OS BASTIDORES

(...)

Ti: Vocês não podiam marcar essas reuniões para de dia, não? Já basta que eu não possa saber o que minha namorada anda fazendo por aí de noite, ainda vou ter que esperá-la de novo até depois da meia-noite?

Si: Não se preocupe, Tiaguito, ela vai estar comigo, Hua, hua, hua...

Ti (meio choroso): É verdade, Lily? Você está me traindo com meu melhor amigo? BUÁÁÁ...

Su: Ei, maninha, você está muito gulosa! Deixa para as outras também!

Li: Ai, meu pai, em que lugar eu fui me meter... Ô, autora, será que não dá para você contratar uma dublê para as cenas em que eu tenho que contracenar com essas duas antas?

Au: Lílian, querida, existem milhares de garotas que adorariam estar no seu lugar, então, fecha o bico e continua trabalhando.

Li: Tudo bem então. Essa é a cena que eu faço o Potter se transformar num bule de chá, não é?

Au: Pêra aí só um instantinho. PUCKY!

(aparece um pequenino ser que chega até a canela da autora, Pucky é, muito provavelmente, um parente de Dobby, e é o único que realmente trabalha nessa história)

Pu: Chamou, tia?

Au: Onde eu fui arrumar um elfo doméstico que me chama de tia? *suspiro resignado* Cadê o script?

,b>Pu: Eu usei para aquecer os marshmallows, tia.

Au (congelando): Você está dizendo que usou o script para cozinhar?

Pu (orgulhoso): Sim, tia!

Li: Ótimo, então sou eu que faço o script por aqui. Potter, prepare-se para virar uma ameba nojenta!

Ti (começando a correr): Vamos, Lily, eu sei que você me ama, não faça isso comigo...

Li: EU VOU MATAR VOCÊ!

Au: EI! Essa frase estava no script! Pucky, continue rodando a fita enquanto eu vou lá dentro comer marshmallows.

Si: E a gente?

Au: Ok, pausa para o lanche. Deixa aqueles dois correrem, mais tarde eu dô um jeito nisso...

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