A marca prometida



Capítulo 25 - Presente de Natal - Parte 1 - A marca prometida

Num piscar de olhos as semanas se sucederam aos dia e dezembro chegou. A Grifinória, como sempre, estava em primeiro lugar no campeonato de casas e, no campo de quadribol, a torcida vermelho e ouro compenetrava-se para assistir aquele que seria o último jogo da temporada.

- Porque justamente contra a Sonserina? - Lílian perguntou pela décima vez às amigas.

- Lílian, se você fizer essa pergunta de novo, eu juro que te derrubo arquibancada a baixo e não vai sobrar pedaço para contar ao Tiago depois. - Susan retrucou, começando a perder a paciência.

A ruiva suspirou enquanto os dois times entravam em campo.

- E aí vem o time da Sonserina: Wilkes, Avery, Lestrange, Nott, Dolohov, Travers e Black! E do lado dos leões, Fawcett, Black, Podmore, Shackebolt, Pontner, Lynch e Potter!

Tiago e Dolohov apertaram-se as mãos e o capitão grifinório perguntou-se se o sonserino estava tentando esmagar a pobre mão dele. Madame Hooch, que como sempre apitaria o jogo, deu o sinal e os dois times levantaram vôo.

- Olá, garotas. - Remo cumprimentou, enquanto se sentava com Pedro.

Pouco depois chegaram Frank e Hagrid. Pedro observou o sorriso nervoso de Lílian ao cumprimentá-los ao mesmo tempo em que não desgrudava os olhos da vassoura de Tiago.

- Licença, será que eu posso sentar aqui?

Remo virou-se para a doce voz infantil de uma garotinha da Lufa-lufa. A prima de Sirius.

- Claro, fique à vontade. - ele respondeu.

Tonks sorriu, sentando-se ao lado do monitor.

- Eu estava em dúvida para quem torcia. - a morena confidenciou - Na Sonserina eu tenho uma tia. E na Grifinória, um primo. Minha mãe disse então que eu deveria torcer pelo Sirius porque a "tia" Bellatrix não ficaria muito feliz em me ver...

- Ela provavelmente esganaria você se a chamasse de tia. - Remo observou - Qual é mesmo o seu nome?

- Que cabeça a minha... - ela bateu na própria testa levemente chateada - Ninfadora Tonks, mas me chame de Tonks. Eu não sei onde minha mãe estava com a cabeça quando me colocou esse nome...

O rapaz sorriu com a espontaneidade dela.

- Remo Lupin.

Ela assentiu.

- Eu sei quem você é. Todo mundo na escola conhece os marotos.

O rapaz assentiu, olhando com atenção os olhos dela. Tinha certeza que já vira aqueles olhos... De repente, a torcida ao redor deles se levantou num urro. Remo forçou-se a voltar a atenção para o campo.

Tiago, muito concentrado em procurar o pomo, não vira quando Nott fora para cima dele, atacando-o com o bastão. Por sorte, no último momento, conseguiu se esquivar, mas ainda assim foi atingido no nariz por um murro.

- Mas que jogada covarde! - falou o corvinal que irradiava a partida - O batedor da Sonserina atacou o apanhador sem justificativas. É pênalti para a Grifinória.

Lílian levantara-se assustada, olhando para o namorado que agora sangrava abundantemente. No mínimo quebrara o nariz com o soco do batedor. A parida estava começando a descambar para a violência.

Os olhos pequenos de Pedro, no entanto, não viram isso, pois estavam fixos na única garota do time das serpentes, Bellatrix Black, que, por acaso, também era apanhadora. A falta de Nott dera tempo suficiente para a morena vasculhar o campo mais sossegada. Potter era o melhor apanhador. Mas, dessa vez, era ela quem iria vencer.

O olhar da morena cruzou com o de Rabicho e ele percebeu que o sorriso dela se tornara malicioso. Ele tremeu imperceptivelmente, lembrando-se da noite, há duas semanas, em que se apresentou como discípulo para ela. Bellatrix, é óbvio, ficara encantada. Um traidor no seio dos marotos, na casa mais fiel a Dumbledore era um achado para o Lorde das Trevas. Além de um trunfo contra Sirius, o primo que renegara o próprio sangue.

Nas arquibancadas, Lílian, de mãos dadas com Susan, vasculhava o ar febrilmente. Aquele jogo tinha que terminar de uma vez por todas, antes que mais alguém se machucasse. Finalmente o olhar dela captou o brilho dourado do pomo junto às balizas da Sonserina. Nem Tiago nem Bellatrix tinham tido chance de vê-lo.

- Hora de a Antiga Magia servir para alguma coisa... - ela sussurrou para si mesma. O pomo não se abalaria pelo poder da varinha, mas talvez usando seus outros poderes, conseguisse manipulá-lo - Susan, eu... - precisava desesperadamente de uma desculpa - ...eu vou ao banheiro! Já volto!

Antes que a morena pudesse responder, Lílian saiu pulando sobre os alunos, mantendo seu olhar fixo no pomo e em Tiago, que se desviava dos balaços de Nott e Dolohov. Correndo, a ruiva afastou-se um pouco do campo, até ter certeza de que ninguém estava prestando atenção nela.

Não mais via o pomo, mas sabia que ele continuava parado, esperando. Esperando por uma ordem dela. Os olhos verdes da ruiva dilataram-se. Do campo, gritos começaram a soar. Lílian concentrou-se, sentindo uma sombra aproximar-se do objeto que ela agora controlava. Não era Tiago. Com um sorriso, a ruiva esquivou-se. No campo, o pomo fez o mesmo.

Bellatrix olhou surpresa para o pomo, desviando-se dela a uma velocidade incrível, subindo. Lá em cima, Tiago Potter, que acabara de se desviar de mais um balaço, também viu o pomo. Ele inclinou-se na vassoura e começou a descer.

- Não mesmo, Potter. - ela sussurrou para si mesma - Hojé não vai ser seu dia.

Os dois agora voavam um em direção ao outro, com o pomo subindo entre eles. Mas Bellatrix ainda estava mais próxima do pomo. Sirius sorriu, já próximo aos dois apanhadores.

- Até mais ver, priminha... - ele disse em voz baixa, rebatendo um balaço na morena.

- E POTTER PEGA O POMO! VITÓRIA DOS LEÕES!!!

Lílian sorriu, começando a voltar para o campo. Os amigos pulavam tanto nas arquibancadas que ela não pode deixar de se perguntar como elas ainda não vieram abaixo.

- Lily, você perdeu, foi emocionante! - Selene disse, abraçando a amiga.

- Eu vi de longe. - a ruiva afirmou - Adorei o balaço que derrubou a Black. Quem foi que jogou?

- O Sirius, lógico. - Susan respondeu divertida - Quem mais seria capaz de mandar o cavalheirismo às favas?

Lílian sorriu e voltou a descer, acompanhada pelos amigos dessa vez. O grupo chegou ao campo rapidamente, ao mesmo tempo que o time descia. Antes que a ruiva pudesse perguntar onde estava o namorado, sentiu a terra faltar sob seus pés, enquanto dava um giro de trezentos e sessenta graus.

- NÓS VENCEMOS!!!

A ruiva riu enquanto Tiago voltava a colocá-la no chão, roubando um beijo apaixonado, no qual ela sentiu gosto de sangue.

- Você não tem jeito mesmo... Tem que ir à Ala Hospitalar ver esse nariz.

- Hoje é dia de comemoração. Madame Pomfrey vai querer me trancar na enfermaria! - o moreno respondeu, puxando-a para um grande abraço com o restante do time.

Um pouco afastado, Pedro observava a animação dos amigos, enquanto Dumbledore, com a taça de quadribol, esperava os grifinórios. Bellatrix passou por ele, séria.

- Me encontre hoje na sala vazia do corredor das masmorras.

Ele assentiu, tentando não deixar seu medo transparecer. A morena foi embora, assim como os outros membros do time verde-prata. Com um suspiro de alívio ao ver a garota se distanciar, Rabicho juntou-se aos amigos na comemoração.

*****

Já era bem tarde da noite e a comemoração da vitória se restringia agora a uns poucos gatos pingados. Tiago brindava com Sirius sua centésima caneca de cerveja amanteigada, com um braço ao redor de Lílian, que dormia em seu ombro. Remo sonhava acordado olhando pela janela enquanto perdia espetacularmente no xadrez para Emelina, que jogava pela primeira vez na vida. Susan também dormira, inadvertidamente, com a cabeça no colo de Sirius, que não notara esse detalhe de tão bêbado que estava.

Perfeito. Ele podia sair sem que ninguém percebesse. Pedro subiu as escadas para seu dormitório, mas não chegou a abrir a porta. Assim que se viu longe do olhar dos amigos, ele se transformou num rato, esgueirando-se então para fora da torre grifinória. Já perto das masmorras da Sonserina, ele voltou a ser um rapaz, entrando na única sala vazia do corredor.

- Boa noite, Pettigrew. - disse a voz de Bellatrix das sombras.

- O-olá...

- Como alguém tão covarde quanto você quer se unir ao Lorde? Sinceramente, pensei que os grifinórios tivesssem pelo menos coragem. Eu não entendo... - a morena disse sarcasticamente, revelando-se.

Novamente duvidavam dele. Podia não ser corajoso, mas provaria que era capaz sim de ser útil. Pela primeira vez, Pedro encheu-se de brios para responder.

- Os motivos que tenho para me juntar a você também têm que ser discutidos?

Bellatrix sorriu. Talvez aquele gordinho não fosse assim tão descartável.

- Não. Você tem razão, seus motivos não me importam. O que importa é a sua lealdade.

- Eu juro que...

- Não é a mim que você deve jurar, Pettigrew. - Bellatrix interrompeu-o - É ao Lorde. E ele não vai querer de você apenas uma jura.

Pedro assentiu, embora no fundo de sua alma já não tivesse tanta certeza do que estava fazendo.

- O que devo fazer então? - ele perguntou em voz baixa.

Bellatrix sorriu.

- No Natal, durante as férias, você seguirá conosco. E, se mostrar-se a altura, ganhará de presente a marca negra, a marca do poder e proteção do Lorde. Estamos entendidos?

Ele assentiu novamente e, sem mais palavras, Bellatrix saiu do aposento.

*****

- Mas, Pedro, você tem certeza de que não quer ir com a gente? - Sirius perguntou de novo.

- Minha mãe precisa de mim, Almofadinhas. Eu não posso deixá-la sozinha justamente no Natal.

A entrada da sala comunal se abriu, deixando passarem Lílian, Susan e Emelina. As três se dirigiram ao ponto em que os marotos discutiam, notando a face derrotada deles.

- O que aconteceu? - Emelina perguntou.

- O Pedro não vai passar o natal com a gente na casa do Sirius. - Remo respondeu desanimado.

- Eu não posso deixar minha mãe sozinha. - o maroto desculpou-se - Sinto muito.

- Ei, porque não convidamos as meninas? - Sirius perguntou, apontando para as três.

- O Natal é uma festa para se passar em família, Sirius. - Susan falou, sentando-se ao lado dele - Eu vou viajar para a Itália.

- Eu também vou passar as festas em casa. - Emelina respondeu - Alice e Selene também vão estar fora.

- Lily? - Tiago virou-se para a namorada, que permanecia em pé.

- Minha família atualmente se resume à minha irmã Petúnia. Nós duas estamos sozinhas. Vocês acham realmente que eu deixaria ela passar o natal sem mim? - ela retrucou séria.

- Pelo menos tentamos... - Sirius deu de ombros.

- É CLARO que eu prefiro passar o natal com vocês! - Lily disse alegremente, deixando-se cair no colo do namorado - Eu não quero passar as férias no Inferno anti anormalidades de Petúnia.

Tiago a beijou alegre e Sirius também animou-se.

- Ei, Lily, você vai continuar ensinando a gente a cozinhar?

Emelina e Susan engasgaram, enquanto Remo tentava não chorar de rir. Lily olhou para o moreno e para o namorado, que permanecia muito quieto, fingindo-se muito séria.

- Você ainda não se cansou de explodir sua cozinha?

- Eu quero ver o Remo sofrer agora, Lily. - Tiago respondeu.

Remo conseguiu se controlar.

- Prometo ser um aluno muito aplicado.

A ruiva sorriu em resposta.

- Bem vindo ao time então.

*****

A casa era escura e tenebrosa. Pedro, numa carruagem ao lado de Bellatrix, não poderia ter achado lugar mais propício para ser morada do Lorde das Trevas.

- Vamos logo, Pettigrew!

A carruagem parara e Bellatrix já descera, jogando os soberbos cabelos negros para trás. Pedro a seguiu. Ela o deixou nos aposentos que ocuparia durante todas as férias. Ele dormiu pesadamente naquele dia e, quando acordou, foi porque a morena estava batendo à sua porta.

Era véspera de Natal. Rabicho jamais se esqueceria do primeiro dia de treinamento na sombria mansão do Lorde das Trevas. A dor do Crucio ele sentiu na pele, assim como a força do Imperio. Por várias vezes esteve para desistir, mas sabia que o caminho que escolhera agora já não tinha volta. Se desistisse, seria morto.

Gostaria de estar na casa de Sirius agora. Será que os amigos estavam se divertindo? Como queria estar longe de tudo aquilo. Mas não podia sair, pela mesma razão pela qual entrara: medo. Era tarde demais.

À noite, Bellatrix o ajudou a se preparar com esmero. O Natal seria comemorado em grande estilo pelo Comensais. Na noite da véspera de natal, Rabicho teria o "prazer" de ver seu novo mestre pela primeira vez.

O Salão estava repleto de Comensais quando ele e alguns outros alunos, quase todos muito novos, entraram. Voldemort estava sentado em um trono negro e sorriu ao ver o grupo. Pedro sentiu as pernas bambearem ao ver os intensos olhos vermelhos que o encaravam. O bruxo se levantou.

- Jovens, meus caros jovens... - ele começou a discursar - Estou feliz em tê-los aqui conosco. Hoje começaram a se preparar para se tornarem parte de meu exécito negro. Ainda há muito a aprender e alguns de vocês terão que dar o sangue para isso. Sim, meus jovens comensais, o caminho que escolheram não tem volta, mas lhes dará, com certeza, poder e honra imensuráveis quando, finalmente forem dignos da minha marca.

A um aceno da varinha do bruxo, um fiapo de luz verde projetou-se sobre o salão. Pedro sentiu o coração acelerar enquanto mirava o crânio, morsmodre, a marca prometida. Sim, ele. Rabicho, seria grande. Provaria aos amigos que era forte, confiável, poderoso. Voldemort confiaria nele, nos segredos que ele ouvira no colégio, e faria dele o maior de seus comensais.

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