Helena
Capítulo 17 - Helena
Tiago nunca vira noite tão bela. O céu estava sem lua, de modo que apenas as estrelas brilhavam, sem competir com o satélite. O cenário terreno não era menos encantador. Num vale cercado por montanhas, florestas e prados, ao redor de uma fogueira onde muitos casais dançavam animadamente, com o mar escuro ao longe, ele se perguntava se havia em algum ponto do mundo um lugar como aquele.
Ele voltou-se para Lílian, sentada ao seu lado, os cabelos vermelhos presos num coque frouxo, a túnica leve, vermelha, a contrastar com a pele branca, os olhos brilhantes pelo fogo. Nm as estrelas poderiam competir em beleza com ela, na opinião do maroto. Um pouco mais afastado deles, Hades conversava com outro rapaz. O marinheiro voltou ao ponto em que havia deixado os
dois "irmãos".
- Sammondicus está na cidade, mas quer me ver primeiro e só amanhã irá atendê-los. Vocês podem ficar aqui e aproveitar a festa se quiserem.
Os dois assentiram em silêncio e Hades afastou-se. Lílian voltou-se para o céu. Já estavam naquele lugar há uma semana e ela torcia para que o tempo ali não passasse como no mundo real. Ela tentava imaginar como explicaria às amigas seu desaparecimento. Outra questão também a intrigava. Ela e Tiago falavam inglês ali, e eram respondidos em inglês. Mas ali se falava grego. Talvez para Hades e os outros eles estivessem falando grego. Poderia ser alguma espécie de
feitiço.
- Lily. - o moreno voltou-se para ela, não notando a careta de desgosto dela ao ouvi-lo chamando-a pelo apelido - Você quer dançar?
- Tiago... - ela fez um supremo esforço para não falar "Potter". Afinal, ali eles eram irmãos - ...eu estou ocupada. Estou-
-...pensando, só pra variar. - ele a cortou, levantando-se e estendendo a mão para ela - Ora vamos, Lily, aproveite um pouco a oportunidade de estar aqui!
A ruiva estava pronta para dar uma resposta quando se lembrou de seu primeiro encontro com Helena. Ela precisava ser menos racional, foi o que a mulher dissera. Tinha que "se deixar levar" um pouco. Talvez isso afinal lhe rendesse alguma resposta.
Tiago se surpreendeu quando ela aceitou a mão que ele oferecia. Tinha certeza que ia levar um fora. os dois seguiram para a roda da fogueira, onde todos batiam palmas enquanto cítaras e flautas enchiam de som o ar. Seguindo os movimentos dos outros, os dois grifinórios logo começaram a dançar alegremente.
*****
A casa de Sammondicus era no final da cidade. Hades acompanhou os dois jovens até a porta do mago, mas não entrou com eles.
- Ele disse que tinha as respostas que vocês queriam, mas que eu devia deixá-los aqui quando viesse hoje. Creio que aqui nos despedimos.
Tiago estendeu a mão.
- Obrigado, Hades.
Lílian, sob o olhar resignado do moreno, abraçou o marinheiro.
- Nunca esqueceremos de toda a ajuda que nos deu.
Hades assentiu e saiu caminhando, logo desaparecendo. Lílian e Tiago se entreolharam e o rapaz bateu à porta. Ela se abriu e, dando de ombros, a garota foi a primeira a entrar. Deitado numa cama, um velho respiarava pesadamente. Ele voltou-se para os recém-chegados e sorriu, um sorriso triste e cansado.
- Aproximem-se, meus filhos. Sentem-se aqui perto.
Os dois obedeceram e Lílian voltou-se para Sammondicus.
- O senhor realmente sabe como nos levar de volta?
- Ninguém pode levá-los de volta até que o dragão acorde.
- Mas... - Tiago começou, levemente assustado.
- Tenha calma, meu menino, deixe-me falar, pois vocês têm pouco tempo antes que as brumas voltem para levá-los a outra lembrança. Estão num sonho bobo, mas irão agora para uma das memórias mais importantes que o cavaleiro quer que vejam. Não poderão mais interferir e ninguém irá vê-los até que esteja tudo terminado.
Lílian estava cheia de perguntas para fazer quando percebeu que a névoa começava a cobrir o chão. Tiago também vira, e imediatamente levantou-se. O velho tossiu.
- Não se preocupem, ela não lhes fará mal. Apenas observem e aprendam. Aproveitem o conhecimento que lhe é oferecido.
Antes que qualquer coisa a mais pudesse ser dita, Lílian e Tiago se viram envolvidos novamente pelas brumas. Quando elas se dispersaram, já não estavam na csa do velho mago, mas no alto de uma colina de onde se viam muitos clarões de fogo, sob uma enorme lua cheia.
- Você entendeu alguma coisa? - Tiago perguntou, chateado.
Lílian não respondeu. Já tinha visto aquela cena antes, em um de seus sonhos. Sem se importar com Tiago, ela começou a descer as colinas, ouvindo os gritos de dor soltos no ar.
A escuridão era completa quando ela chegou ao pé da colina. estava num pântano e já não ouvia os gritos daqueles que ela sabia estarem se consumindo nas fogueiras da Inquisição. Ao longe, em meio à névoa que cobria as águas do pântano, sombras começaram a se aproximar, junto com o som de cascos. Lílian sentiu náuseas tamanho o seu nervosismo.
Lentamente, um cavaleiro saiu da bruma. O cavalo negro confundia-se com a noite e seu dono tinha os cabelos quase brancos protegidos por uma cota negra de metal. Ele desmontou do cavalo e a capa rubra deixou-se arrastar pelo chão enquanto ele se aproximava dela, os olhos de um azul profundo e sombrio brilhando. O coração de Lílian deu um salto. Aquele era Hades.
O rapaz passou por ela sem vê-la e caminhou até uma árvore sob a qual, só agora Lílian notava, havia um vulto encolhido. Antes que ele chegasse suficientemente perto, o vulto levantou-se.
- NÃO CHEGUE PERTO DE MIM!
A lua caiu em cheio sobre o rosto do vulto, uma mulher de cabelos negros que caíam em cascata até a cintura e olhos de um verde vivo, como os da ruiva. Lílian ouviu a respiração entrecortada de Tiago logo atrás dela, cansado pela corrida.
- O que está acontecendo? - ele perguntou.
- Helena. - ela respondeu com um sussurro.
Mais um capítulo que acaba misteriosamente... Eu realmente devia ganhar um prêmio de autora maligna... E então, o que estão achando? Não esqueçam de comentar! Lembrem-se que quanto mais comentam, mais rápido escrevo!
Beijos,
Silverghost.
*****
E no próximo capítulo, para deleite daqueles que gostam de Tonks e Lupin... Hum, não vou dizer. Leiam e descubram!
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