Belle Canzoni



- Susan?

A morena abriu os olhos preguiçosamente, virando-se em sua poltrona até o rosto de Lílian entrar em foco.

- O que é? - ela perguntou com a voz sonolenta.

- Olhe pela janela. - Lílian respondeu - Chegamos.

Susan virou-se para a janelinha do avião bimotor, que fazia suas últimas manobras na posta do aeroporto siciliano. Ela sorriu, os últimos vestígios de sono desaparecendo. Finalmente estava em casa.

A morena se levantou tão logo percebeu que o avião cessara de se movimentar. As outras garotas estavam dormindo ainda, visto que tinham embarcado muito cedo - Genaro e Agatha praticamente as tinham carregado da casa de Nice para o aeroporto. Milano e Valentim, que tinham viajado com elas, começavam a tirar as bagagens, enquanto Lílian observava divertida a moreninha.

Susan parou ao lado de Emelina, batendo no ombro da loira de leve, alternando seu olhar nas outras duas amigas que também dormiam.

- Meninas, chegamos...

Pouco depois elas deixavam o avião, com Selene ainda reclamando.

- Meu travesseirinho querido... Meu querido travesseiro...

- Sel, você pode... – Emelina, mal humorada por estar acordada, resmungou pela terceira vez.

- Meu colchão também é legal... Ele é fofinho... É quentinho... E acolhedor...

- Alguém pode, por favor, fazer essa doida calar a boca? – Emelina perguntou, coçando os olhos vermelhos.

Lílian e Susan se entreolharam, sorrindo, enquanto Alice praticamente se arrastava, sem prestar atenção em nada. Agatha, Genaro e os rapazes ainda estavam cuidando das bagagens.

- Também gosto do meu lençol... Ele é legal...

Emelina bufou e as outras não seguraram mais as risadas. Foi quando um homem parou diante delas, sorrindo. Ele piscou os olhos negros para Susan, que imediatamente se jogou nos braços dele.

- Papa!

Marco Matteotti abraçou a filha com força, sorrindo.

- Eu estava quase a ponto de ir atrás de você na Inglaterra. – ele murmurou, soltando-a – Como você está?

- Muito bem. – Susan sorriu de volta, virando-se para as meninas, que agora pareciam bem despertas – E essas são minhas amigas: Lílian, Alice, Selene e Emelina.

Marco assentiu com a cabeça, estendendo a mão para as quatro.

- Sejam bem vindas à nossa Sicília. – ele voltou-se novamente para a filha – Onde está sua mãe?

- Bem atrás de você, caríssimo. – Agatha respondeu.

Marco imediatamente se virou para a esposa, roubando um beijo dela antes de abraçar o pai e os sobrinhos.

- Muito bem, agora que estão todos aqui... Vamos para o carro. Dona Lavina está esperando com o almoço.

Selene franziu a testa, virando-se para Susan.

- Sua avó é com Tia Nice?

A morena sorriu, meneando a cabeça.

- Não se preocupe, ela pode insistir para você comer, mas vai deixar vocês à vontade.

- Então vocês já conheceram minha irmã maníaca... – Marco riu, virando-se para os sobrinhos – Nice não disse nada sobre quando virá?

- Ela não deu certeza, estamos na alta temporada e papai está com um monte de excursões programadas. – Valentim respondeu – Mas ela jurou que pelo menos a última semana de férias ela passa conosco.

- Raul e Catarina chegaram ontem. – Marco observou para o pai, que caminhava um pouco mais à frente – Sabe quando Virgília e Lívia chegam?

- Elas estão dependendo dos maridos. – Genaro respondeu, entrando no carro – Mas acredito que até semana que vem, elas estejam aqui. Mário está tentando conseguir uma licença também.

- Onde vai caber tanta gente? – Alice perguntou, curiosa.

- Nossa família tem uma quinta. – Milano respondeu, acomodando-se em seu lugar – É uma espécie de vila. Cada um dos tios tem uma casa na quinta. E nossos avôs moram na casa principal, no centro da vila. A gente sempre se reúne lá para as refeições.

- Interessante isso. – foi a vez de Emelina se manifestar – Tem uma casa também para os hóspedes?

- A gente vai ficar na casa do vovô. – Susan respondeu – É a maior casa da quinta, e fica mais perto do estúdio.

Milano olhou interessadamente para a prima.

- Vocês vão tocar?

Susan meneou a cabeça de leve.

- Elas não sabem tocar. Mas eu prometi que ia ensinar alguma coisa.

Lílian cruzou os braços, sorrindo.

- Quem disse que eu não sei tocar?

- Você nunca disse. – Susan respondeu, virando-se para ela – Que instrumento você...

- Minha mãe me ensinou piano antes de entrar em Hogwarts. Eu estou meio enferrujada, mas não acho que tenha esquecido de tudo.

- Piano é a minha especialidade. – Valentim observou, encarando Lílian – Susan contou a vocês que todos na nossa família têm inclinação para a música?

- Eu sou saxofonista. – Genaro entrou na conversa dos jovens – Minha esposa foi cantora por muitos anos. Nós nos conhecemos numa apresentação dela, no anfiteatro de Palermo, nossa capital.

Agatha e Marco se encararam nesse momento sorrindo. Susan, percebendo o olhar dos pais, também abriu um sorriso e virou-se para as amigas.

- Meus pais também se conheceram dessa forma. Quando mamãe se formou em Hogwarts, ela decidiu se especializar em canto. E veio para a Itália, estudar ópera.

- Dona Lavina era uma das grandes cantoras líricas da cidade e eu estava disposta a ter aulas com ela de qualquer maneira. – Agatha continuou – Tanto insisti que ela me aceitou como discípula e depois de mais de um ano de estudos, como teste, ela arranjou um jeito de me colocar como a personagem-título de Carmem.

- A cigana? – Lílian perguntou.

- Lily, como é que você consegue guardar tanta informação? – Alice perguntou, olhando espantada para a amiga.

- Eu li o libreto dessa ópera. – Lílian respondeu, corando de leve – Tinha na biblioteca da minha escola trouxa.

- Minha mãe quis que toda a família fosse assistir o triunfo de sua aluna. – Marco continuou depois que as risadas cessaram – Eu não queria ir, na véspera da apresentação eu tinha passado numa noitada com meus amigos. Só o que eu desejava naquele dia era dormir. E isso seria impossível numa ópera.

- Mas a vontade de Lavina é inflexível. – Genaro continuou – Ela obrigou Marco a ir à apresentação. E quando as cortinas se abriram para nossa jovem Agatha...

- Basta dizer que fiquei muito bem desperto quando ela apareceu. – Marco riu – Eu não pude conhecê-la naquela noite porque quando afinal cheguei ao camarim dela, Agatha já estava cercada de pessoas com vestes estranhas.

- Antigos colegas de escola. – Agatha riu – E meus dois irmãos, Christopher e Emily. Christopher tinha se casado há algum tempo com uma de minhas antigas colegas e eu não pude ir ao casamento, de modo que só fui dar os parabéns a ele e Mira naquela noite. Eles me “raptaram” para comemorar e eu não consegui nem mesmo falar com minha professora.

- No dia seguinte, eu me ofereci à mamãe para levá-la ao teatro. E, desse dia em diante, assisti todos os ensaios de Agatha.

Agatha riu ao se lembrar disso.

- E, mesmo tendo ele todos os dias na platéia, só fui ter curiosidade de perguntar quem ele era quase dois meses depois dele começar a aparecer. E isso porque ele me entregou um buquê de rosas brancas e depois sumiu sem falar nada!

- Minha mãe não tinha contado essa parte da história. – Milano observou, passando um braço sobre os ombros da prima.

- O que tia Nice tem a ver? – Susan perguntou, tirando o braço dele de cima dela.

Genaro sorriu.

- Nice era a confidente de Marco. E estava sempre exasperada com o fato de o irmão ser tão devagar e a futura cunhada, tão cega... Foi dela a idéia do buquê. Mas Marco não conseguiu falar nada depois de entregar as flores e praticamente saiu correndo.

- Foi quando minha mãe percebeu que eu não a levava ao teatro por amor filial. – Marco coçou a cabeça, enquanto o carro fazia uma curva, afastando-se da cidade e entrando por veredas cheias de árvores – De início, ela fez um escândalo. Mas depois decidiu me ajudar – ao modo sutil dela, é óbvio. Ela deixou o endereço de Agatha dentro do meu caderno de partituras.

- E, uma bela noite, quando eu estava pronta para dormir... Alguém começa a fazer uma serenata sob a minha sacada. – Agatha olhou carinhosamente para o marido – Eu me senti a própria Julieta.

- Na verdade, eu toquei a abertura de Romeu e Julieta. Tchaikóvski deve ter se revirado na tumba – eu não sabia se prestava atenção no violino ou nela.

- Eu não me lembro de você ter errado. – Agatha franziu a testa.

- Isso é porque o amor nos torna, além de cegos, surdos. – Genaro respondeu, sorrindo.

Marco corou levemente, enquanto os sobrinhos trocavam olhares divertidos. Selene virou-se para eles.

- Então, todo mundo na família sabe tocar?

Valentim assentiu.

- Como eu disse, o piano é minha especialidade. Tio Marco é um violinista de primeira. Tia Agatha e vovó têm vozes de anjo. Vovô é saxofonista profissional. Milano e Susan são especialistas em cordas.

- Violão, guitarra, baixo, cavaquinho, alaúde... – Milano contou nos dedos – Minha mãe é harpista na Orquestra de Roma. E Magno também é violinista. Embora prefira uma bateria.

- Tia Virgília tem um violoncelo. Tia Catarina toca flauta. – Susan continuou – Tio Mário também é pianista. Tia Lívia é especializada em metais, e é uma excelente saxofonista. E tio Raul é regente de uma orquestra na França. Todos os meus primos também têm inclinação a aprender algum instrumento.

- Eu só tenho uma palavra a dizer... – Selene observou, com os olhos brilhantes – Caramba!

Depois disso, o carro voltou a ficar em silêncio. Logo as garotas, assim como Milano e Valentim, caíam em uma gostosa modorra, provocada pelo balanço do carro. Apenas Lílian, que sempre fora acostumada a acordar cedo, tinha os olhos pregados na paisagem que desfilava a sua frente.

Genaro acompanhou o olhar dela por alguns instantes. As orbes esmeraldinas estavam sobre a imponente montanha que se erguia não muito longe deles.

- É o Etna. – ele murmurou, inclinando-se para ela.

Lílian piscou os olhos, um tanto surpresa, como se tivesse saído de um transe, e sorriu.

- O vulcão de Júlio Verne?

Foi a vez de Genaro se surpreender.

- Você realmente gosta de livros, não? Sim, é o Etna pelo qual o professor Lidenbrok sai em “Viagem ao centro da terra”.

- O senhor também gosta de livros ou não teria me entendido. – ela observou.

O olhar de Genaro tornou-se sonhador.

- Você acertou, pequena. Os livros são minha terceira grande paixão. Primeiro está Lavina, depois, a música e, por fim, a literatura. Você gosta então de Julio Verne?

- Eu gosto de quase todos. Sou apaixonada pelos livros de Verne, mas também adoro Shakespeare. E também Oscar Wilde, Moliére, Ovídio, Dumas...

- Você mistura o clássico e o contemporâneo nos seus gostos.

Ela assentiu e voltou a observar o Etna. Genaro se recostou em seu assento, enquanto Agatha e Marco conversavam baixinho na parte da frente do carro.

- Aquelas ruínas que vimos na estrada entre Nápoles e Roma têm a mesma função dos vulcões... – Lílian voltou-se novamente para ele – Passagens para o Inferno.

- O Lago Averno também tinha essa fama até o Imperador Augusto mandar aterrá-lo. Você sabe se esses lugares têm alguma coisa a ver com bruxos como vocês?

Lílian ficou pensativa por alguns instantes.

- É provável. Eu nunca estudei muito sobre a Inquisição, afinal, tenho uma irmã que adoraria me queimar viva e esse assunto me deixa um tanto deprimida. Por isso, nunca pensei se existia alguma ligação entre essas bocas do Inferno e a magia. Tudo bem que somos bruxos, mas não somos imortais... Não consigo imaginar que espécie de louco se meteria na cratera de um vulcão ativo.

O carro começou a diminuir a velocidade até passar por uma cerca coberta de flores. Lílian admirou as casas de madeira envernizada tijolos aparentes que apareciam a intervalos regulares até o carro parar diante de um casarão que parecia ter pelo menos o dobro da idade das outras construções.

- E cá estamos nós. Finalmente em casa. – Genaro observou, sorrindo – Meninos, acordem.

Lílian observou a cena de todos se espreguiçando pela segunda vez desde que o avião pousara na Sicília. Meneando a cabeça, ela foi a primeira a colocar os pés para fora do carro.

O ar era fresco, e mais puro do que ela jamais respirara em Londres. As árvores se balançavam ao sabor do vento e havia um aroma gostoso de torta junto a toda paz que o lugar transmitia.

- Parece que minha avó fez torta de cerejas... – Susan logo estava em pé, ao lado dela – Estou morrendo de fome.

Nesse momento apareceu no enorme alpendre do casarão uma senhora de cabelos muito brancos e olhos castanhos, cheios de doçura. D. Lavina desceu as escadas o mais rápido que seus setenta e seis anos permitiam.

Genaro foi o primeiro a se aproximar da esposa, beijando-a de leve e dando espaço para que ela abraçasse os netos.

- Que Deus ao abençoe! Susan, minha menina, deixe eu vê-la!

A morena abraçou a avó com carinho.

- A senhora está bem? Eu estava com saudades.

Lavina sorriu.

- Eu estou ótima. E você também parece muito bem. – ela virou-se para as outras garotas, que se amontoavam juntos às bagagens, sentindo-se levemente desconcertadas por estarem atrapalhando o reencontro familiar - E essas são as nossas hóspedes. Sejam bem-vindas, meninas. Vamos entrar, o almoço vai sair em um instante.

Milano e Valentim se encarregaram das malas e logo estavam todos na fresca sala de jantar dos Matteotti. Lá eles encontraram mais duas mulheres. As duas tinham os mesmos traços da matriarca da família.

- E essas são minhas tias, Catarina e Angela.

Emelina olhou para Susan, curiosa.

- Seu avô não falou nada sobre ter uma filha chamada Angela.

Angela piscou os olhos negros, jogando a trança dourada para trás.

- Eu sou esposa de Raul. Mas as pessoas geralmente me confundem com tia Lavina. – Angela sorriu – Afinal, ela é minha tia. Eu me casei com um primo.

Emelina assentiu e após Lavina instalá-las nos quartos que já havia separado para suas hóspedes, a família voltou a se reunir na sala. E havia mais um punhado de rostos novos esperando por elas.

- Susan... Você sabe o nome de todos os seus parentes? – Alice cochichou, enquanto três crianças corriam para elas.

Susan apenas sorriu em resposta e se abaixou até ficar no mesmo nível dos primos. A única menina do grupo logo se jogou nos braços da bruxinha, os cabelos negros presos em uma delicada trança. Os dois meninos apenas observaram em silêncio, embora tivessem sorrisos muito suspeitos nos rostos.

- Olá, Lorena! Como está indo?

- Su!!! Você vai fazer muitas mágicas pra gente hoje, não é?

- Que tal transformar a Lori em sapo? – um menino mais velho que Lorena perguntou, e pelo perfil Lílian suspeitou que era irmão de Lorena.

- Sinto muito, Lorena... Mas eu não posso fazer mágicas fora da escola.

- E suas amigas? – o outro menino, que tinha os mesmos cabelos dourados de Angela olhou para as meninas inquisidoramente.

Selene meneou a cabeça.

- Se fizermos magia fora da escola, seremos chamadas pelo Ministério. E como não estamos em nosso país... Poderiam até nos deportar!

Susan voltou a se levantar, sorrindo para os outros adultos na sala.

- Vejamos... Meninas, esses são meus primos, Lorena e seu irmão Francesco e o filho de tia Angela, Augusto. Aquele ali é meu tio Raul e tio Andrea.

Os dois homens cumprimentaram com a cabeça e Lavina reapareceu da cozinha, segurando um enorme prato de panquecas.

- O almoço está na mesa!

Susan observou as amigas se sentarem e seu olhar se perdeu por uma porta lateral. Emelina também olhava para lá.

- A praia é bem pertinho!

- Depois a gente pode nadar um pouco. – Susan observou, sorrindo – Mas agora... Vamos às panquecas.

- Às panquecas! – Milano e Valentim ergueram seus garfos como se fossem espadas, arrancando risos de todos.

- Eu pensei que vocês iam se comportar para elas não pensarem que vocês são loucos. – Susan disse para eles.

Milano deu de ombros enquanto Valentim ria.

- Vocês são bruxas... Porque não podemos ser loucos?

O almoço transcorreu alegremente. Eram quase duas horas da tarde quando elas se viram afinal desocupadas, já que cada um dos Matteotti agora estava em suas próprias casas na quinta.

Estavam as cinco na sala de estar da casa principal, jogadas nos sofás. Dona Lavina subira para descansar em seu quarto e Dom Genaro estava agora no estúdio – uma casinha de tijolos aparentes a poucos passos do casarão.

- Vocês querem dormir? Os quartos estão prontos, se estiverem, cansadas... – Susan observou, estendendo as pernas para o colo de Lílian, a única que não estava esparramada no sofá.

- Porque não vamos assistir o nonno? – Selene perguntou, espreguiçando-se.

- Até que não é má idéia... – Emelina se levantou – E então?

As outras concordaram e logo estavam no estúdio. Antes mesmo de entrarem, elas já podiam ouvir os acordes harmoniosos do sax. Lílian piscou os olhos confusa, virando-se para Susan.

- Eu conheço essa música. Mas eu imaginava que seu avô gostasse de clássicos.

- Do que vocês estão falando? – Alice perguntou quando Susan deu um risinho abafado.

- Meu avô aprendeu a gostar de Queen com minha mãe. Apesar dela ser cantora lírica, ama de paixão as músicas de Freddie Mercury.

- Você conhece essa música, Lily? – Selene perguntou, enquanto empurrava delicadamente a porta para permitir a passagem deles.

A ruiva pigarreou antes de começar com uma voz doce a cantar.

- Each morning I get up I die a little
Can barely stand on my feet
Take a look in the mirror and cry
Lord, what are you doing to me?


Susan continuou, a voz ligeiramente mais pesada que a da amiga.

- I have to spend all my years in believing you
But I just can’t get no relief Lord
Somebody… Oh, somebody…
Can anybody find me somebody to love…?


Outra voz, ainda mais suave que a das duas garotas, soou logo atrás delas.

- I work hard every day of my life
I work till I ache my bones
At the end of the day
I take home my hard earned pay all on my own
I get down on my knees
And I start to pray – praise the Lord!
‘Til the tear run down from my eyes
Lord, somebody… Oh, somebody…
Can anybody find me somebody to love?


Agatha as encarou com cuidado, enquanto Genaro apoiava o sax e as recebia no estúdio. As garotas observaram os vários instrumentos que estavam guardados no estúdio. Os olhos de Susan brilharam ao olhar para o piano.

- Lily, você disse que sua mãe te ensinou piano... Então, não se importa em tocar para nós, não?

A ruiva sorriu.

- Está tentando me testar, Su?

Susan cruzou os braços.

- Talvez... E então?

Lílian permaneceu pensativa por alguns instantes enquanto Genaro retirava a capa que guardava o piano de causa.

- Fique à vontade, minha jovem. – ele sorriu, oferecendo o banquinho.

- Bem... Aceito o desafio. – Lílian respondeu, sentando-se no lugar indicado pelo avô de Susan – O que quer que eu toque? Chopin?

Emelina meneou a cabeça, sorrindo com a perspectiva de um pouco de diversão.

- Alguma música trouxa no estilo do que o nonno estava tocando.

Enquanto Lílian corria os dedos pelas teclas do piano, como se tentasse se lembrar o lugar das notas, Selene avançou para a bateria, parecendo encantada com ela.

- Você gostaria de aprender a tocar nela? – Agatha perguntou, sorrindo.

Os olhos acinzentados de Selene brilharam de expectativa.

- Claro!

- Sente-se no banquinho.

Selene obedeceu. Agatha foi para trás da garota, fazendo-a segurar as baquetas e posicionando os braços dela. Selene observou os movimentos que a mãe de Susan lhe ensinava, deliciada com o som que arrancava dos pratos e tambores.

Alice e Emelina observaram Susan tirar uma guitarra do suporte e prendê-la ao redor do pescoço. Em seguida, do bolso da calça, ela tirou uma paleta branca e, enquanto afinava o instrumento, Genaro ligava tudo ao equipamento de som.

Finalmente um sorriso apareceu nos lábios de Lílian.

- Vocês estão prontas?

Genaro também prendeu o sax novamente junto ao corpo e assentiu com a cabeça. Susan sorriu enquanto Agatha segurava firmemente as mãos de Selene. Lílian correu os dedos sobre o teclado.

- We are family
I got all my sisters with me
We are family
Get up everybody and sing!


Susan sorriu, puxando um microfone para si. Genaro indicou para Alice e Emelina alguns pandeiros e um tambor.

- Apenas sigam o ritmo da música. – ele recomendou, voltando a colocar o sax nos lábios.

- Every one can see we’re together
As we walk on by
And we fly just like birds of a feather
I won’t tell no lie
All of the people around us they say…


Emelina e Alice começaram a cantar com Susan e Lílian enquanto Selene tentava dominar a bateria, já começando a pegar o jeito.

- Can they be that close
Just let me state for the Record
We’re giving love in a family dose

We are family
I got all my sisters with me
We are family
Get up everybody and sing!


Agatha soltou Selene e puxou um microfone para ela também. Susan sorriu para mãe, que balançava o corpo de acordo com a música.

- Living life is fun and we've just begun
To get our share of the world's delights
High hopes we have for the future
And our goal's in sight
No we don't get depressed
Here's what we call our golden rule
Have faith in you and the things you do
You won't go wrong, oh no
This is our family Jewel, yeah!

We are family
I got all my sisters with me
We are family
Get up everybody and sing!


Aos poucos, Lílian foi suavizando a melodia. Ao final da canção, as amigas se encararam com sorrisos idênticos.

- Vocês levam muito jeito para isso. – Agatha observou.

- Gostariam de aprender música, meninas? – Genaro perguntou, guardando novamente seu sax.

- Pode ter certeza que sim! – Selene respondeu por todas, jogando as baquetas para o alto em comemoração.

Aquelas férias certamente seriam inesquecíveis...




N/a's: Bem, passando rapidinho só para dizer que as músicas utilizadas nesse capítulo são "Somebody to love", do grupo Queen e "We are family", das Sister Sledge. Espero que tenham gostado!

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