O Largo Grimmauld



Os meninos chegaram bem cansados a casa de Hermione. Eles comeram alguma coisa e resolveram descansar. Menos Hermione. A menina ficou na sala lendo os livros que comprou.
Harry se deitou, mas resolveu não dormir. Ficou lembrando do sonho que tivera aquela noite. Quem seria aquele homem que aparecera no sonho? Ele era parecido com Sirius. Será que era algum parente dos Black? Desistiu de ficar se remoendo com isso. Pensou então em se comunicar com Gina, mas ela deveria estar chegando à estação de Hogsmeade por aquela hora. Iria aguardar até a noite.
Abriu sua mochila para pegar uma roupa e viu o falso horcrux que ele e Dumbledore acharam na caverna. Apanhou-o. Ficou olhando-o por um momento. Será que o tal R.A.B. já havia destruído o verdadeiro? Colocou-o no bolso e acabou descendo, deixando Rony descansando. A amiga continuava lendo, concentrada.

- A essa altura você já sabe tudo das artes das trevas. – ele disse chegando com um sorriso.

- Tudo não, mas pelo menos alguma coisa. – ela disse devolvendo o sorriso.

- Você devia descansar, Mione. As coisas lá no Beco não foram fáceis.

- Se eu descansar, quem vai ler isso? Você e Rony? Eu duvido!

Ele teve que concordar.

- De qualquer forma, você vai ficar muito cansada.

- Se a gente estivesse em Hogwarts, eu estaria pior ainda. Esse ano seria nosso ano dos NIEM’s, lembra? – e ela completou – E você? Por que não está descansando?

- Ah, eu estava pensativo.

- Pensando em Gina?

- Também. – ele disse triste.

- Você não preferiria que ela estivesse conosco? – ela perguntou.

- Se as coisas fossem diferentes... – ele baixou os olhos.

Ficaram em silêncio por alguns momentos. Depois Hermione disse:

- Ela me contou... que você e ela..., bem..., você sabe.

Harry olhou para ela.

- Contou? – ele perguntou surpreso.

- Nós somos amigas, Harry. A gente conversa certas coisas.

Harry novamente olhou para baixo.

- Você não precisa ficar sem graça. Essas coisas são normais entre duas pessoas que se amam. Vocês não cometeram nenhum crime. Se você quer saber, eu acho que ela te ama mais ainda depois daquela noite.

- Ela disse isso a você? – ele perguntou com um sorriso.

- Não com essas palavras, mas do jeito que ela estava nas nuvens. Estava na cara!

Ficaram novamente em silêncio. Harry se sentia o mais feliz dos homens.

- Você não contou ao Ron, contou? – ela perguntou.

- Não! – ele disse – Você acha que eu devo?

- Em algum momento sim. Mas acho que você saberá o momento certo.

- Eu tenho medo da reação dele.

- Você conhece o Ron, não é? Ele vai esbravejar durante uns 15min, depois vai esquecer. Você e a irmã dele se amam. Ele sabe disso. Além do mais, você é o melhor amigo dele. – ela continuou – Você sabe que eu sempre digo a ele que ele é um insensível, mas ele não é tão insensível assim. Eu falo só para provocá-lo um pouquinho. Ou será que ele acha que vocês esperariam até casar? Eu não acredito nisso! Afinal em que século nós estamos?

Harry se animou um pouco. Ele olhou para amiga.

- Sabe, ficaria mais fácil se ele também estivesse com alguém, assim... bem... assim...

- Você quer dizer... se ele estivesse transando com alguém? – ela completou por ele.

- Eu ía dizer namorando, mas... isso também.

Ela corou um pouco, mas perguntou:

- Harry, você sabe se ele e Lilá..., bem... se eles...

- Ele nunca me contou nada! – ele disse de pronto.

- Mas o que você acha?

- Você quer a verdade?

- Claro! – ela largou o livro na mesa ao lado e o encarou.

- Bem, a Lilá dava um mole danado. Assim, qualquer garoto com os hormônios à flor da pele poderia facilmente sucumbir...

- Então você acha que sim? – ela interrompeu.

- Você não deixou eu completar. Eu acho que com o Ron foi diferente.

- Tem certeza? Pelo show que eles davam no Salão Comunal, às vezes me dava a impressão que a coisa iria acontecer lá mesmo.

- Hermione, ele gosta de...bem..., de outra pessoa. Eu acho que ele se segurou.

- E..., você..., bem..., você sabe de quem ele gosta? – ela perguntou sem encará-lo.

- Você não sabe? – ele devolveu a pergunta.

Nesse momento o ruivo apareceu na sala.

- Ei vocês dois! Qual era o papo por aqui?

- Estes livros! – disse Hermione disfarçando e mostrando os livros para ele.

- Xiii, eu deveria ter ficado lá em cima então. – ele riu, acompanhado dos outros.

Após alguns minutos, Hermione disse:

- Eu estive pensando... assim... no que aconteceu hoje. Fred disse que a explosão foi uma distração e que na verdade os Comensais queriam fazer algo com eles.

- Sim, mas o que você quer dizer? – perguntou Rony.

- Ron, eu acho que Voldemort vai usar de tudo para atingir Harry. Primeiro foram os tios e o primo, agora... – ela parou e olhou para baixo.

- Fala Mione! – insistiu ele.

- Eu acho que ela quer dizer que ele vai me atingir, machucando ou matando as pessoas que eu quero bem, que eu gosto. - falou Harry pela menina – Meus parentes e meus amigos! Ele vai me atingir, atingindo meus amigos.

O ruivo olhou para Hermione, como se esperasse a confirmação dela.

- Sua família, Ron. – disse ela.

Rony se levantou imediatamente do sofá, muito vermelho.

- Vou voltar para Toca! – ele disse de repente.

- Ron, olha só – Hermione levantou e segurou no braço dele – não adianta você voltar para Toca. Você não vai poder fazer nada.

- Vou ajudar a protegê-los.

- Eles estão mais protegidos do que nós, Ron! Lembre que sua casa só não tem mais proteção do que Hogwarts. O pessoal da Ordem está de olhos abertos. Mais do que nunca! Não vai acontecer nada.

O garoto pareceu se acalmar.

- Hermione – disse Harry – você também é minha amiga, esqueceu?

- Não, Harry! Eu não esqueci. Ainda bem que meus pais estão em Dublin.

- Será que eles atacariam aqui? – Rony disse.

- Apesar da proteção que colocaram, eu pensei nisso. – a menina falou – Mas para onde iríamos?

Todos se entreolharam, até que Harry sugeriu:

- Largo Grimmauld?

- E Snape? – disse o ruivo – Ele sabe onde fica a sede da Ordem.

- O local está protegido pelo feitiço Fidelius e Snape não é o fiel do segredo, Ron. – disse Hermione e depois virou-se para Harry – Tem certeza que quer ir para lá? Você sabe, com as lembranças...

Harry pensou no padrinho.

- Não temos alternativa, temos? A casa que era dos meus tios não tem proteção alguma.

Os outros concordaram. Harry então disse:

- Aproveitando o assunto: eu tive um sonho bem esquisito esta noite. E foi lá com a sede da Ordem. – ele contou rapidamente o sonho.

- Você acha que este sonho tem algum significado especial? – perguntou Rony.

- Não sei! – disse ele – Mas já que vamos para lá, achei bom contar a vocês.

- Acho melhor pensarmos nisso quando estivermos lá. Não é bom ficarmos muito mais tempo aqui. – disse Hermione – Vamos pegar tudo o que precisarmos e dar o fora logo.

Os garotos aparataram próximo à sede da Ordem. Não muito depois, ele já estavam dentro da enorme casa. Estava tudo muito escuro. Eles conjuraram velas para iluminarem os aposentos.

- Ainda não acredito que Sirius me deixou este lugar. – comentou Harry.

- Acho que esta deveria ser sua residência, Harry. Definitiva. – disse Rony.

- Concordo com o Ron. – disse a menina.

- Eu tenho que pensar. Ainda não sei se quero ficar aqui.

Eles se encaminhavam para os quartos, quando Rony, sem querer, esbarrou na cortina do maldito quadro, abrindo-a levemente.

- Ai, droga! – disse ele.

- Quem é que está aí? – gritou a Sra. Black – São os malditos traidores do sangue! Imundos! Nojentos!

- Cala a boca! – disse Hermione.

- Como ousa pisar na minha casa, sua Sangue-Ruim! Sua ralé! Suja!

- Deixem ela! A gente vai acabar com este quadro brevemente. – disse Harry fechando a cortina e calando-a.

- Você acha que conseguiremos isso por causa do seu sonho?

- Não sei, quem sabe? Mas não quero pensar nisso agora. Vamos colocar nossas coisa nos quartos.

Harry e Rony escolheram um dos quartos e Hermione ficou com um outro, ao lado do deles. A casa não estava limpa. Na verdade, estava bem suja.

- Bem, agora poderemos usar magia para limpá-la. – disse Rony.

- Vamos dar um jeito, só para não ficarmos no meio da poeira. Harry, você e Rony dão um jeito aqui em cima. Eu fico com a cozinha e as salas lá de baixo. – disse Hermione, descendo as escadas.

Então, com simples feitiços, a poeira foi acabando e as coisas indo para o lugar. Meia hora depois, a casa já estava pelo menos apresentável para alguém ficar por ali.

- A cozinha está limpa! – Hermione disse – Limpa em todos os sentidos. Não há nada para comer. Ainda bem que eu trouxe algumas coisas lá de casa, mas vamos precisar comprar também.

- Puxa, ficar sozinho tem suas desvantagens. Com Molly Weasley por perto, a gente não precisaria se preocupar.

- É verdade! – suspirou Harry.

- Ah parem com isso, vocês não são crianças! – disse a menina.

Ela preparou algo e eles comeram. Logo em seguida, Rony foi tomar um banho e Hemione foi ajeitar as coisas no quarto dela. Harry seguiu até o quarto de Sirius. Rony havia limpado por lá. Harry abriu a porta devagar e ficou se lembrando do padrinho. Lá estavam algumas coisas dele. Harry decidiu que não tiraria nada daquele quarto. Olharia as coisas, mas deixaria tudo lá. Andou até a escrivaninha do padrinho e abriu algumas gavetas. Viu que havia um álbum de fotos. Abriu-o. Quase todas as fotos eram do tempo de Hogwarts e outras em família. Viu Sirius ao lado do seu pai, de Lupin e do maldito Pedigrew. Viu-o com uma garota muito bonita, de rosto sorridente. Em outra, ele estava com a mesma garota e mais outra menina. Harry olhou mais de perto e identificou as duas. Eram Bellatrix e Narcisa. Pareciam ter cerca de 15, 16 anos. Harry sentiu o ódio começar a brotar dentro do peito. Mudou rapidamente de página. Viu então Sirius segurando um bebê, ao lado de sua mãe, seu pai e sua tia. Era o seu batizado. Harry sorriu instintivamente. Mais adiante viu o padrinho abraçado a um garoto mais novo. Ele achou-os bem parecidos. Na verdade, ele se parecia muito com o homem que aparecera no seu sonho, porém estava mais jovem na foto. Harry retirou-a com cuidado e olhou atrás. Estava escrito Sirius e Regulus. “Então o homem do sonho deveria ser o irmão de Sirius? Que coisa estranha!” Ele pensou. Foi passando outras páginas do álbum. A última foto era do padrinho com ele, há dois anos, na própria sede da Ordem. Fechou o álbum com tristeza. Saiu do quarto e foi andando pelo corredor. De repente ele passou por uma porta que ele jurava nunca ter visto por lá. Achou esquisito. Ao se aproximar dela, viu que não tinha maçaneta, nem fechadura. Tentou empurrá-la, mas estava trancada. Levantou a varinha.

- Alohomora!

Nada aconteceu. Tateou a procura de alguma coisa que abrisse a porta, mas não achou. Então ele viu uma luz vinda por baixo que apagou-se de repente. Ele tomou um susto! Novamente tentou empurrar a porta, mas ela não se moveu. Resolveu, então, chamar os amigos.

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