Na Casa de Hermione
Assim que aparataram, Hermione levou os garotos até o quarto para que colocassem suas coisas lá.
- Aqui é o meu quarto. Vejam, há uma cama extra embaixo da minha. Vocês podem ficar aqui. Eu fico no quarto dos meus pais.
- Não queremos tirar você do seu quarto, Mione. – disse Harry.
- Não se preocupe. – ela olhou para eles sorrindo – A não ser que vocês prefiram dormir juntinhos na cama de casal deles.
- Não! – exclamaram os dois ao mesmo tempo.
- Ah, bem! Então está decidido! – ela disse pegando algumas roupas no seu armário e carregando para o quarto dos pais.
Harry e Rony ficaram um pouco olhando a decoração do quarto da garota. Havia uma estante lotada de livros, uma cômoda com uma coisa em cima que Harry explicou a Rony ser um abajur, juntamente com algumas fotos. A maioria era deles três em Hogwarts, Hogsmesde ou na Toca. Do outro lado havia uma pequena TV com um aparelho de DVD player. Harry prometeu a Rony explicar a ele depois o que eram os aparelhos. Havia alguns quadros na parede em frente à cama. Rony se espantou, pois as figuras não se moviam.
- São pinturas trouxas Ron. – explicou Harry.
Para completar, havia um pequeno banheiro. Os garotos largaram as mochilas e vassouras e desceram. Hermione estava na cozinha preparando algo.
- Com a despedida de hoje cedo, só deu tempo de bebericar um gole de café. Vocês então, nem isso! Vou fazer algo para a gente comer, antes de qualquer coisa.
Não demorou muito, ela colocou na mesa ovos mexidos e torradas, junto com suco de laranja. Eles devoraram a comida, famintos. Ainda sentados, Harry disse:
- Hermione, você está pensativa. O que houve?
- Estava pensando na carta que Dumbledore deixou para os pais do Ron.
- O que tem? – perguntou Rony mastigando uma torrada.
- Não sei se vocês repararam a mesma coisa que eu.
- O quê?
- É uma pena que não a tenhamos trazido conosco. Escutem, em várias colocações que fez, Dumbledore usou o tempo presente ou futuro.
- Ah não! Aula de inglês agora não, Mione!
- Não fala asneira Ronald! Pensem bem nisso, se Dumbledore sabia que morreria quando escreveu a carta, por que ele se incluiu na ação? Ele usou “precisaremos nos unir”, “possamos resgatar” “todos estamos”. Entendem? 1ª pessoa do plural, presente e futuro.
- Você decorou a carta? – Perguntou Rony aturdido.
- Não! Apenas tenho boa memória.
- Como se já não soubéssemos... – ele suspirou – mas eu ainda não estou entendendo. – completou o garoto.
- Estou querendo dizer que parece que Dumbledore ainda está por aí. Não parece que se foi. É como se ele estivesse entregando isso na carta. Você me entende Harry? – virou-se para o garoto.
- Mione, eu entendi, mas talvez tenham sido apenas expressões aleatórias, não quis significar nada. Você se esqueceu que eu vi aquele seboso matá-lo?
- É... bem... talvez não signifique nada mesmo, mas... ah deixa para lá! Acabem logo que eu quero mostrar algo a vocês.
Os meninos foram com Hermione até uma saleta que, ao que parecia, funcionava como um escritório ou gabinete. Era repleto de livros. Em um canto havia uma mesa com computador e impressora. Hermione ligou o computador.
- Vejam! - ela disse mostrando vários arquivos em uma pasta chamada Hogwarts.
- O que são estes arquivos? – perguntou Harry.
- Sempre que estou em casa, nos feriados ou nas férias, eu escrevo tudo o que acontece conosco. Tudo que descobrimos ou fizemos. Para não perdermos o fio da meada deste emaranhado chamado guerra. Há também anotações sobre as aulas e tudo que eu acho relevante guardar. – ela respondeu.
- Puxa! Que coisa legal! – disse Rony olhando a tela – Tudo fica registrado aqui nesta caixa? – ele deu uma tapinha no monitor.
- Fica no HD. Aqui dentro. – ela mostrou o gabinete do computador – A gente explica melhor uma outra hora.
- Mas o que está escrito neste arquivo chamado Ronald ponto doc? – ele apontou para a tela curioso.
- Nada! – ela corou e mudou rapidamente de tela.
Harry segurou uma risada.
- Mas você tem algo escrito com meu nome aí! – ele insistiu.
- Tem do Harry também, do Neville, da Gina. São só registros.
- Eu não vi meu nome aí. – Harry provocou.
- Você não viu direito! Ah, olha vamos ao que interessa e ao que eu vim mostrar. – ela abriu um arquivo chamado “Morte de Dumbledore” e outro com o nome de “Horcruxes”
- O que tem aí Hermione? – Harry perguntou.
- Tudo o que você nos contou a respeito desta busca aos Horcruxes. Tudo o que Dumbledore descobriu está aqui. E neste outro arquivo, eu escrevi tudo o que você viu acontecer quando Dumbledore morreu e tudo o que se passou depois disso. Devem haver ainda algumas coisas que você omitiu ou não lembrou de contar. Acho importante que você procure se recordar e veja se falta algo aqui. Precisaremos muito disso. Por que você não senta e dá uma olhada. Se você lembrar de alguma coisa, relevante ou não, acrescente aí. Eu vou buscar uns livros lá em cima. – e saiu.
- Harry, essa menina às vezes me assusta. – disse Rony.
- Por quê? – perguntou Harry rindo.
- Ela pensa em tudo! – concluiu ele.
- Ron, parece até que você não conhece a Hermione! Não se acostumou ainda? Ainda bem que ela está do nosso lado. Imagine se ela fosse da Sonserina?
- Deus me livre! Imagina como eles seriam? E aquele idiota do Malfoy? – ele ficou vermelho – Talvez estivesse até namorando ela! – ele cerrou os punhos.
- Calma Ron, foi só um pensamento.
- Eu sei, mas só de pensar no Malfoy encostando a mão na Mione, eu...
- Quem vai encostar a mão em mim aí? – perguntou ela, chegando na sala.
- Ninguém! Você está ouvindo demais! – Rony se apressou em responder, com as orelhas em fogo.
Ela olhou desconfiada para ele, mas não retrucou. Pousou alguns livros na mesa.
- Harry, você não se lembrou de nada? – perguntou ela, quando viu que Harry não digitara nada.
- Eu acho que está bem completo isso aqui. Se eu lembrar, a gente acrescenta depois. – ele disse.
- Ok então.
- Mas como a gente vai ler isso depois? A gente vai ter que levar o contupador junto? – perguntou o ruivo.
- Computador, Ron! – corrigiu ela – Não! Não precisaremos levá-lo. A gente imprime o arquivo. – ela disse dando o comando de impressão.
Para espanto do garoto, uma máquina ao lado começou a “cuspir” folhas brancas com letrinhas pretas.
- É só a impressora, Ron. – riu Harry.
Nesse momento, o pingente no peito de Harry começou a emitir uma luz azul.
- O que é isso brilhando no seu peito? – perguntou Hermione.
- Ah, esqueci de mostrar para vocês. Gina me deu. Vejam só! – ele disse segurando o pingente.
De repente, a imagem de Gina apareceu de corpo inteiro na frente dos garotos.
- Mas que diab...
- Olha a boca irmãozinho! – disse Gina no holograma.
- Gina! Isso é... é...
- Fantástico, não é amiga? – disse ela para Hermione.
- Mas como..., como?
Harry e Gina explicaram tudo aos dois.
- Uau! É realmente impressionante! – disse Hermione – Eu nunca tinha lido sobre isso.
Harry virou-se para a imagem da menina e disse:
- Não agüentou nem 3 horas sem me ver, hein?
- Bem, posso dizer que há um pouco de verdade aí, mas não é só por isso que eu estou me comunicando. Lupin saiu daqui agora há pouco. Queria falar com você.
- Comigo? – perguntou ele.
- Isso! Ele ficou indignado porque meus pais deixaram vocês saírem por aí, mas mamãe mostrou a carta de Dumbledore e ele pareceu compreender.
- Mas o que ele queria falar comigo?
- Ontem a Sra. Figg esteve lá na Rua dos Alfeneiros para checar como estava o ambiente, depois do que houve com seus tios. Parece que dois homens bateram lá na casa dela, procurando por você.
Harry olhou confuso para Hermione e Rony e depois voltou a falar com Gina.
- Mas quem estaria procurando por mim? Eram Comensais, Gina?
- Não! Eram trouxas! A Sra. Figg disse que eles se identificaram como divigados, dovogados, não lembro o nome direito.
- Advogados, Gina? – arriscou Hermione.
- Isso! Advogados! Eram advogados dos seu tios, Harry. Eles disseram que a casa era de propriedade da sua tia Petúnia e você, como único parente vivo, é, a partir de agora, o novo proprietário do nº 4 da Rua dos Alfeneiros. A chave está com a Sra. Figg. Se bem que você não vai precisar muito da chave para entrar, não é? – ela deu um sorriso.
Harry ficou aturdido por um momento e disse meio ríspido:
- Não quero aquele lugar! Quero que aquilo pegue fogo, que exploda, qualquer coisa. Eu odeio aquela casa!
- Calma, não precisa descarregar em mim! Eu sou só a porta-voz da notícia! – disse Gina com as mãos na cintura.
- Desculpe. – ele disse – É que isso me pegou de surpresa. Eu nem sabia que a minha tia era a dona da casa. Achei que fosse do tio Válter. De qualquer forma, avise a Lupin que eu assino qualquer coisa para me desfazer daquele lugar.
- Harry, acho que você está se precipitando. – falou Hermione.
- O quê?
- Pense bem. Aquele lugar esteve sob proteção por 16 anos, desde que você foi morar lá. Nada, nem ninguém poderia ferir você, enquanto estiv...
- Hermione, essa proteção acabou no dia em que fiz 17 anos! – interrompeu o garoto.
- Eu sei, eu sei, deixa eu terminar! Dumbledore fez o feitiço com data para acabar. Mas uma magia forte assim, deixa marcas Harry. Sua mãe deu a vida dela por você. Você sobreviveu por causa do amor da sua mãe. Por isso Dumbledore escolheu a família dela para abrigar você. Sangue Harry! Sua tia tinha o mesmo sangue da sua mãe!
- O que você quer dizer, Hermione? – Rony perguntou, curioso.
- Que talvez possa haver algum tipo de ligação. – ela se virou para Harry – Eu sei que você não gostava dela e odeia aquele lugar, mas acho que você deveria dar uma olhada no local. Sei lá! Dar uma vasculhada na casa, ver se há algo que ligue à sua mãe ou até aos seus avós, que você não sabe quase nada. Não custa, Harry.
- Eu acho que a Mione tem razão, meu amor. – era Gina quem falava.
- Bem, eu tenho que concordar. – disse Rony – Podemos ir até lá, damos uma olhada e depois você faz o que quiser com a propriedade. É sua mesmo.
Os três ficaram olhando para ele aguardando uma posição. Ele pensou um pouco.
- Ok, Hermione está certa. Para variar né? Vamos até lá! Mas vamos logo, para sair logo também, porque não quero muito contato com aquele lugar.
- Está bem! – disse Hermione e se virou para Rony – Venha Ron, vamos nos preparar para sair! – ela completou, puxando o braço do garoto.
- Mas eu já estou pronto! E você também! – ele disse.
Hermione revirou os olhos.
- Ai Ronald, francamente! Você não entende mesmo as entrelinhas das coisas. Não tem desconfiômetro? – finalizou arrastando Rony para fora da saleta.
- Desconfiômetro? É algum aparelho trouxa? – Rony conseguiu dizer antes de sair.
Harry não pôde deixar de sorrir. Claramente Hermione queria deixá-lo sozinho para conversar com Gina. A ruiva então falou:
- Meu irmãozinho continua lerdinho, lerdinho, o coitado.
Harry riu.
- Harry – Gina disse – você estava certo. Eu já morrendo de saudades!
- Eu também!
Ele levantou a mão tentando tocá-la através do holograma. A menina fez o mesmo e, por um instante, pareceu que suas mãos se tocariam, mas Harry só sentiu o ar. Viu uma lágrima escorrer pelo rosto da menina. Ele também sentia-se triste, mas procurou se fazer de forte e tentou animá-la.
- Bem, ainda bem que você não conseguiu tocar minha mão, acabei de sair do banheiro e não a lavei. – brincou ele.
- Harry, seu bobo! – ela riu, enxugando a lágrima.
- Gina, nós vamos tentar com acabar tudo isso o mais rápido possível. Também não quero ficar longe de você. Olha, amanhã você vai para Hogwarts e vai ter outras coisas para pensar. Vai desanuviar um pouco.
- É, você tem razão. Vai lá, não vou ficar atrasando vocês. Boa sorte!
- Te amo! – ele disse.
- Também! Tchau! – ela lançou um beijo para ele, soltou o pingente e a imagem sumiu.
Harry olhou absorto para o local onde estava o holograma. “Ficar longe dela vai ser mais difícil do que eu imaginei.” Pensou ele. Tentou afastar isso da cabeça e saiu da saleta atrás dos amigos.
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