A metamorfomaga



"Em meio a toda a anarquia que reina graças aos vários ataques de Comensais, alguns liderados pelo próprio Você-sabe-quem, enfim uma notícia feliz. Anunciaram ontem na casa de campo da tradicional família Bones o casamento de Edgar Bones, que se formou auror nesse final de ano, e Camille Dearborn, filha única do renomado auror Carátaco Dearborn. A cerimônia está marcada para 12 de junho, sendo aberta apenas aos parentes e familiares do feliz casal."

Sirius leu essa notícia no Profeta Diário e não se sentiu nem um pouco feliz com o fato de que Camille estava de casamento marcado. Ele enrolou o jornal, guardando-o na sacola de compras e voltou a caminhar sob uma fina garoa, abaixando a cabeça. estava quase chegando em casa quando um suave tilintar soou na frente dele.

- Bom dia, Sirius. - ele virou-se para Susan, que vinha montada numa bicicleta, enrolando-se numa capa de chuva - Fazendo feira?

- O Remo vai passar o feriado lá em casa. Tentei convencer o Tiago e o Pedro, mas a Lily está doente e o Pedrinho não quer deixar a mãe sozinha. E o Remo parece estar passando por alguma crise existencial...

- Por isso está tão tristonho? - ela perguntou, tirando um guarda-chuva da cesta na frente da bicicleta e entregando a ele.

- Obrigado. - ele recebeu o guarda-chuva, abrindo-o.

- E então?

- Não é nada, Su.

Ela o observou atentamente e encontrou o jornal que aparecia saindo da sacola. Lera o Profeta Diário antes de sair de casa e imediatamente se lembrara do moreno.

- É por causa da Dearborn, não? Eu soube que ela vai casar. - ela sorriu tristemente - Pensei que tivesse superado essa "derrota". Afinal, você nunca passou mais de um mês pensando na mesma garota...

- Nesse ponto eu sou muito parecido com o Tiago. Mas não quero falar sobre isso.

A italiana assentiu.

- Se precisar de ajuda, sabe onde me procurar. - ela disse piscando o olho.

- Certo. - ele refletiu por alguns instantes enquanto Susan voltava a montar na bicicleta.

- Su?

Ela parou, voltando-se para ele.

- Sim?

- Mais tarde, se não tiver nada para fazer, pode ir lá em casa, para "rompermos o ano".

A garota sorriu, meneando a cabeça.

- Infelizmente não vai dar, eu já combinei de ir tocar com a Selene e umas amigas dela naquela discoteca perto daqui. Mas se quiser, pode ir lá assistir a gente.

- Vou ver se consigo fazer o Remo sair de casa.

- Eu vou visitar a Lily. Se quiser ir, a apresentação começa às dez. Tchauzinho!

Susan saiu novamente pedalando e Sirius observou o céu nublado. Porque Londres tinha que ser tão úmida? Sorrindo, ele finalmente chegou em casa, encontrando Remo sentado no sofá, observando o teto. Ele virou-se ao ouvir a porta se abrir, encontrando Sirius.

- E então?

- Eles não vêm. Lílian está doente, a mãe do Tiago está lá cuidando dela... E o Tiago não vai abandonar a mãe e a namorada em pleno ano novo. - Sirius respondeu, pondo as compras sobre a mesa e jogando-se ao lado do amigo - Então, o que fazemos com a nossa festinha?

- Que tal esquecer festa e simplesmente irmos dormir?

- Aluado, você voltou muito chato dessa sua "temporada ao redor do mundo". Até o Rabicho parece ser melhor companhia que você... - Sirius disse, emburrado.

- Então porque não o chamou? - perguntou o rapaz, mau humorado.

- Ele tinha compromissos mais importantes, como cuidar da mãe. Se esqueceu que ela está inválida?

Remo assentiu resignadamente, recostando-se ao sofá. Sirius observou o amigo com curiosidade.

- Afinal, Remo, o que está acontecendo?

O rapaz respirou fundo. Era melhor contar logo o que tinha acontecido ou acabaria enlouquecendo. Talvez Sirius pudesse ajudá-lo a compreender o que estava acontecendo.

- Você se lembra da minha aparição?

- A que te agarrou na Torre de Astronomia e que passou o baile de formatura com você?

- Exatamente. Bem, ela passou os últimos três anos se correspondendo comigo com a condição de que eu não perguntasse coisas pessoais sobre ela.

- Ou seja, você se correspondia com a garota sem sequer saber o nome dela. E depois reclamava de mim e do Tiago...

- Sirius...

- Certo, eu fico quieto.

- Continuando, eu a vi no dia em que Dumbledore nos convocou para a Ordem. E acabei descobrindo por qual nome ela atende.

- E qual é?

- Ninfadora Tonks.

Sirius observou o amigo espantado.

- Mas a Tonks era muito criança na época da nossa formatura...

- Eu sei. Ela talvez tenha tomado uma poção para envelhecer. O caso é que eu a reconheci. Ela está exatemente com a aparência de quando a conheci.

- Uma poção para envelhecer é muito complicada para uma primeiranista. Talvez ela tenha tido ajuda... - Sirius levantou-se resoluto - Vamos pôr essa história a limpo, Aluado. Mas hoje, nós ainda temos uma farra para fazer.

Remo sorriu, sentindo-se bem mais leve.

- E lá vamos nós de novo...



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- Eu juro, a senhora não precisa se preocupar, eu já estou bem melhor, D. Miriam.

- Lily, querida, eu já não pedi que me chamasse de Mimi? Você é praticamente da família. E é claro que eu tenho que me preocupar, você ainda está febril. Vai continuar nessa cama até se reestabelecer por completo. Eu inclusive já escrevi para Bagnold para avisar que você não irá trabalhar por esses dias.

- A senhora escreveu para a ministra por causa de um simples resfriado?

- Não é apenas um simples resfriado. Se você não se cuidar direitinho, pode virar algo pior, pois isso é uma gripe mágica.

Lílian suspirou resignada, voltando a se recostar nos travesseiros, enquanto a mãe de Tiago tricotava um enorme suéter que a ruiva ainda não tivera coragem de perguntar para quem era. Nesse momento, a porta se abriu e Tiago passou por ela, radiante.

- Consegui a semana de folga para ficar com vocês. E o papai também disse que vinha pra ca hoje à noite. Isso não é maravilhoso?

Miriam abriu um grande sorriso, abraçando o filho enquanto Lílian tentava imaginar como sobreviveria a toda a família Potter a mimando, sem poder sair da cama nem para pegar um mísero copo d'água. Aquela seria uma longa semana...



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Susan observou ansiosa a platéia enquanto Selene dava os últimos acordes da canção que fechava o "show" delas. Vira muitos morenos na luz mortiça da discoteca, mas nenhum era quem ela esperava. Finalmente elas foram dispensadas do palco. Ia começar a contagem regressiva. Susan e Selene foram para a pista, recebendo os parabés de todos que tinham assistido à apresentação.

- Realmente... Vocês sempre estão surpreendendo a gente...

Selene virou-se, envolvendo Remo num enorme abraço, enquanto Susan observava Sirius. Ele viera! O moreno aproximou-se dela sorrindo e abraçou-a.

- O Remo tem razão. Vocês tocam muito bem.

Susan corou ao sentir-se envolvida pelo amigo e sentiu-se muito grata pelo fato de que o salão estava quase na escuridão.

- Obrigada. Vocês assistiram todo o show? - ela perguntou, virando agora para Remo.

- Desde o começo. Vocês foram espetaculares. Como sempre. - Remo respondeu, também abraçando a morena.

- Quem eram as outras garotas com quem vocês tocaram? - Sirius perguntou, dirigindo-se para Selene.

- Minha nova banda. Como da turma antiga apenas a Susan ainda toca, eu precisei arranjar outras pessoas. É uma pena que Mina e Lui tivessem que ir embora. Gostaria de apresentá-las a vocês.

- E como se chama a banda? - Sirius perguntou - Ainda são o meu sabá?

- Chama-se "as esquisitonas". - Susan respondeu - Gostaria de saber de onde Selene tirou esse nome...

- É... original. - Remo observou tentando esconder o riso.

- E atenção, pessoal, convidamos todos para a nossa área aberta para a contagem regressiva. - disse um homem no palco.

- Não sabia que eles tinham uma área aberta. - Sirius observou, seguindo as duas.

- Inauguraram faz pouco tempo. - Selene respondeu - Vai haver uma queima de fogos lá.

Sirius sorriu e aproximou-se de Susan.

- Eu nunca assisti uma queima de fogos. Dizem que é muito bonito.

A garota abriu seu melhor sorriso, apoiando-se no braço que ele acabara de oferecer.

- E é. Por isso que eu gosto de ser "meio-a-meio". Faço parte de duas culturas. Três, se contar a herança italiana...

Sirius assentiu, sorrindo e a contagem começou.



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Lílian acordou sobressaltada ao ouvir o barulho de uma explosão ali perto. Tiago, que estava em pé junto à janela, virou-se para ela. Apesar da escuridão do quarto, ela pode ver o sorriso divertido dele.

- Achei que acordaria. Esse negócio faz muito barulho...

Ela levantou-se, caminhando até ele, enquanto observava o céu se encher de luzes coloridas. Fogos de artifício. Há muito tempo que ela não assistia uma queima de fogos, desde que entrara em Hogwarts, para ser exata. A ruiva olhou para o relógio na mesa da cabeceira e encostou-se de costas no peito do namorado.

- Feliz ano novo, Tiago.

- Feliz ano novo, Lily. - ele respondeu, enquanto tirava a varinha do bolso do pijama - Aceita dançar comigo?

- Dançar? Mas não tem música.

Nesse instante a velha vitrola que Sirius dera para Tiago no natal passado começou a tocar. Lílian sorriu, reconhecendo a música. Fora ao som daquela balada que dançara pela primeira vez com Tiago, há cinco anos. Ela fez uma reverência cômica e colocou uma mão sobre o ombro dele, enquanto ele envolvia a outra com sua própria mão. Eles começaram a valsar ridiculamente e logo Tiago estava rodando com ela nos braços por todo o quarto. Lílian riu, enquanto tentava fazê-lo parar, mas ele a tirara do chão.

- Tiago, pára, está me deixando tonta!

Ele riu e voltou a colocá-la no chão. Lílian envolveu o pescoço dele com os braços, deixando-se estar bem mais próxima dele. Eles voltaram a dançar, dessa vez mais lentamente, quase sem sair do lugar. A garota fechou os olhos e Tiago sorriu, encostando o rosto ao dela. A sensação de tê-la entre seus braços era melhor que qualquer outra coisa. Porque eles tinham demorado tanto tempo para se acertar?

Lílian sentiu a respiração de Tiago junto ao seu pescoço e, logo depois, os lábios dele estavam sobre a pele dela. Um arrepio percorreu sua espinha e ela deixou uma das mãos escorregar ao longo do peito do namorado, começando a abrir os botões do pijama que ele usava. Tiago afastou-se ligeiramente, encarando divertido os olhos verdes da namorada antes de beijar os lábios entreabertos dela.

- Lily, eu posso fazer uma pergunta? - ele falou meio rouco quando finalmente se separaram.

- Você acaba de fazer uma, mas eu permito que faça outra. - ela disse rindo, meio sem ar.

- Até quando você vai me amar? - ele perguntou sorrindo.

A garota olhou-o por alguns instantes tentando descobrir se ele estava brincando ou falando sério.

- Até... - ela fechou os olhos, refletindo por alguns instantes - Até ficarmos bem velhinhos, você com o cabelo todo branco e com uma barriga enorme de quem engoliu uma melancia, e eu toda encurvada, cuidando dos netos, bisnetos, tataranetos...

- Então, eu amo mais você do que você me ama. - ele disse divertido.

- Como? - a ruiva perguntou, sem entender aonde ele queria chegar.

- Eu vou amar você até que não exista mais uma única partícula de memória do que eu fui um dia. - ele sussurrou junto ao ouvido dela - Você vai me amar até a morte, e eu vou amar você até depois da morte.

- Você é ridículo. - ela disse no mesmo tom - Mas, mesmo assim, eu amo você.

O moreno sorriu, voltando a beijá-la enquanto a pegava no colo, derrubando-a na cama.

- Eu não poderia ter encontrado melhores palavras para você também...



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Dois dias se passaram desde a festa de Ano Novo. Tonks estava caminhando despreocupadamente pelo castelo, pensando no que fazer em sua última semana de férias quando, inesperadamente, alguém apareceu em seu caminho.

- Olá, Tonks. - o rapaz disse com um sorriso maroto.

- Olá, Sirius. O que está fazendo por aqui? - a morena respondeu, sorrindo também.

- Eu estava com saudades dos velhos tempos. Pensei em vir aprontar um pouco aqui, em memória dos meus tempos de maroto.

- Em memória? Pensei que uma vez maroto, sempre maroto.

Sirius pareceu meditar por alguns instantes.

- Bem, você tem razão. E a senhorita, porque não está em casa?

- Meus pais ganharam num bingo um cruzeiro pelas ilhas mediterrâneas, digamos assim, uma espécie de segunda lua-de-mel...

Ele observou atentamente o olhar divertido da garota.

- Você, por acaso, não tem nada a ver com eles terem ganho, não é?

- Digamos que eu tenha dado uma "ajudinha" ao bingo. - ela confessou, piscando o olho - Ou melhor, Roddy fez isso para mim, se não, do jeito que eu sou atrapalhada...

Sem perceber, os dois começaram a caminhar.

- Quem é Roddy?

- Roddy Pontner é meu vizinho e colega de casa.

- Seu namorado?

A garota ficou vermelha, continuando a seguir o rapaz, sem perceber que estava subindo as escadarias da torre de Astronomia.

- Não, ele é um amigo. Nada mais que isso.

Finalmente Sirius parou, abrindo uma porta ao chegarem ao fim da escadaria. Tonks sentiu o coração disparar ao perceber que estava na sala de astronomia e, sem saber o que fazer, decidiu se despedir, mas antes que pudesse falar algo, Sirius assoviou baixo.

- Aluado... Aqui está a nossa ilustre visita.

Tonks se perguntou se aquilo se tratava de uma das famosas peças dos marotos e estava para perguntar quem era Aluado quando, diante dela, surgiu Remo Lupin.



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Tiago Observou divertido Lílian continuar a bater um bolo à moda trouxa enquanto sua mãe tentava tirá-la da cozinha a todo custo.

- Mas, Lily, você ainda está doente!

- D. Mimi, eu só volto para aquele quarto se for amarrada! Eu não aguento mais ficar sem fazer nada, eu vou endoidar!

- Mas, Lily...

Uma hora e meia depois, após terem jantado na sala (nos últimos dias, Miriam levava uma bandeja com o jantar para o quarto ), Lílian cedeu aos pedidos da "sogra" e foi se deitar. Eram quase dez horas quando Tiago foi se juntar à namorada, e ela já estava dormindo profundamente, deitada de bruços. Ele se deitou ao lado dela, observando-a com atenção. Os cabelos delas escorriam por todo o travesseiro, contrastando com o branco imaculado das fronhas. Ela respirava suavemente, os lábios entreabertos revelando os pequenos dentes perolados.

Ele adorava observá-la dormir. Ela ficava tão serena daquele modo, tão frágil e delicada... Ele passaria a vida a contemplá-la, se pudesse. Lentamente, Tiago comçou a enrolar o cabelo dela entre os dedos, fazendo pequenos cachinhos que iam se aninhar mimosamente sobre o rosto de Lílian.

A ruiva mexeu-se lentamente e Tiago sentiu-se paralisar. Não queria que ela acordasse. Por sorte, ela apenas deitou-se reta na cama, deixando a cabeça pender para o lado dele, com um dos braços sobre o ventre. O lençol subia e descia compassadamente com a respiração dela e, pra supresa de Tiago, com o coração dele.

Ele virou-se para o teto, colocando uma das mãos sobre a cabeça. Já a alguns dias sentia-se levemente tenso. Por algum motivo que não conseguia entender, algo o inquietava. Ele sabia que tinha a ver com Lílian. Ela estava tendo pesadelos de novo. E, de alguma forma, isso também estava se refletindo nele.

Tiago olhou para a mesinha ao lado da namorada. Havia um frasco ali, uma poção para impedir a ruiva de sonhar. Talvez devesse tomar um pouco daquilo também, afinal, precisava dormir, no dia seguinte voltaria ao trabalho. E Lílian provavelmente daria um jeito de ir também, já que detestava ficar inativa, mesmo ainda estando meio doente.

Ele fechou os olhos, sentindo mais do que nunca aquela sensação de urgência. Mas, poucos minutos depois, a respiração dele se tornara suave o suficiente para se ter certeza de que ele adormecera, profundamente.



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- E então? - Remo perguntou.

- Eu já disse que não sei de nada.

- Se realmente não soubesse de nada, não teria essa cara de culpada. - Sirius observou - Eu sou um Auror, lembra? Tenho treinamento nesse tipo de coisa.

Tonks respirou fundo, baixando a cabeça. Lentamente, o cabelo dela começou a encurtar, indo do negro para o rosa chiclete. O corpo dela também mudou, tornando maior e mais roliço. Diante dos dois surpresos rapazes, Tonks voltou a levantar-se e Sirius jurou para si mesmo que se Rabicho tivesse uma irmã, aquela seria a imagem perfeita dela.

- Eu sou uma metamorfomaga. - ela respondeu enfim, enquanto voltava ao normal - Minha mãe não queria que eu contasse para ninguém. É isso.

- É uma pena que isso não seja um dom de família, finalmente eu veria alguma utilidade em ser um Black. - Sirius observou, impressionado - Teria ajudado um bocado no meu curso. Já pensou em ser Auror, Tonks?

Antes que ela pudesse responder, Remo abriu a porta da sala.

- Sirius, será que você pode nos dar licença?

O moreno deixou morrer o sorriso e acenou com a cabeça para a prima, saindo em seguida. Tonks observou tristemente o ex-monitor. Remo puxou uma cadeira, sentando-se de frente para a morena, toda a concentração de seus olhos âmbar sobre ela.

- Acredito que você tenha consciência do que fez, não?

- Lupin, eu...

- Você me enganou.

Se tivesse dito isso gritando, não teria doído mais. Remo tinha o mesmo dom de Dumbledore, de despertar os remorsos de alguém apenas com seu olhar. Aquele tom calmo, quase suave, conseguia machucá-la ainda mais.

- Você nunca teria me notado se eu não fizesse isso. - ela disse num sussurro, voltando a abaixar a cabeça.

Remo respirou fundo. Era melhor terminar com tudo aquilo de uma vez. Não queria magoá-la, mas...

- Eu não vou sair por aí espalhando o seu segredo, embora devesse. Mas acho que essa conversa bastará para que não volte a enganar ninguém com esse dom. O que você fez foi errado e, nos nossos tempos, as pessoas não têm muita paciência com quem faz coisas erradas.

- Você não precisa falar comigo como se eu fosse uma criança pequena.

- Ótimo. Então acho que vai entender se eu disser que não quero mais que me escreva ou que me procure. - ela levantou-se indo em direção à porta, ficando de costas para ela - Siga sua vida, Ninfadora Tonks. E, por favor, esqueça de mim.

Ele saiu e Tonks caiu num pranto silencioso. Estava tudo acabado agora.

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