De frente com o passado.



Tudo ou absolutamente nada!



A neve caia pesada sobre Londres, quase toda a população isolara-se em casa naquele dia, as ruas eram habitadas por apenas uma minoria, que aceitava o desafio de enfrentar o frio.

Uma linda mulher caminhava tranquilamente pela calçada, desprezando a presença do frio. As memórias que aquele lugar lhe trazia eram muito fortes, de maneira que sempre que estava ali, esquecia-se de tudo e de todos.

Sim, embora não gostasse de admitir, ela visitava o local quase todos os dias, sempre que podia estava ali, relembrando aqueles momentos que lhe assombravam até agora. Como poderia ser possível ainda pensar nele depois de cinco anos? Ele, que a machucara tanto, que partira seu coração sem piedade, aquela pessoa que há anos atrás abrira seus olhos para um relacionamento que não daria certo, mas que no final a abandonara, justificando tal ato com seu medo, medo de perdê-la.

Ela ainda podia se lembrar como se fosse ontem da raiva que sentira naqueles dias, ele a iludira para depois fugir e no final de tudo, ela ficara sozinha, sem absolutamente ninguém.

A guerra que acabara anos atrás, havia levado consigo seus pais e depois de se isolar do mundo bruxo, ela perdera a tudo e a todos.

Ficou algum tempo parada ali, olhando o alto daquele prédio, ou pelo menos, das ruínas que anos atrás haviam sido um prédio, onde, alem da guerra que já acontecia, começara a guerra que realmente destruira sua vida.

Ela, Rony e Harry haviam acabado de se formarem em Hogwarts e foram morar em Londres, cada um em uma casa própria, onde ficariam mais a par dos passos que Voldemort tomava.


FLASHBACK


– Vai, vai, vai – gritava para o amigo, correndo na rua deserta, tentando fugir de dez homens encapuzados.

– Você já ouviu a expressão “eu estou cansado”? – perguntou, virando mais uma esquina e puxando-a para junto dele, o que impediu que um lampejo de luz verde a atingisse.

– Obrigada, mas vem logo – disse pegando a mão do amigo e correndo até um beco escuro.



I know when he's been on your mind

{Eu sei quando ele esta na sua mente}

That distant look is in your eyes

{A distancia esta nos seus olhos}



Fugir por ali parecia ter sido uma boa idéia, haviam se distanciado um pouco dos comensais. Os dois corriam o mais rápido que podiam.

Hermione se perguntava como não teria percebido a emboscada, se perguntava onde estaria Rony, o namorado havia fugido para outro lado, junto à Gina.

– Ótimo! – exclamou sarcástico – “Vamos por aqui Harry” – disse imitando-a – Mais alguma idéia brilhante, Hermione?

Só então Hermione voltou à realidade e notou a imensa parede a sua frente, dando fim ao beco. Olhou para os lados, havia apenas dois grandes prédios, um de cada lado, e quando se virou para voltar, os comensais já estavam ali.

Os bruxos encapuzados ergueram novamente a varinha e dispararam as faíscas verdes. Hermione pulou contra o amigo, salvando-o do raio que quase o atingira.

– Pra ser sincera, muitas – sussurrou em seu ouvido, fazendo-o estremecer-se.

A morena apontou a varinha para a sacada mais alta do prédio.

– Carpe Retractum! – bradou, antes que os comensais atacassem novamente.

Uma língua de fogo elástica saiu da ponta da varinha da garota e fixou-se na grade da sacada, a língua se contraiu e encolheu-se, erguendo-os a altura do prédio. Ela sacudiu a varinha novamente, e a língua elástica desapareceu, deixando-os cair no topo do prédio.

– Você esta bem? – perguntou, ajudando Harry a se levantar.

– Graças a mais uma das suas idéias brilhantes – respondeu sorrindo.

Hermione sentiu-se hipnotizada pelo olhar do amigo, sentiu-se livre para mergulhar nos lagos de águas esmeraldas que eram os olhos dele. Parada, encarando-o, ela não percebeu que ainda segurava forte os braços dele, nem ao menos notou que as mãos do amigo postaram-se em sua cintura. A distancia entre os dois não era grande, o que ajudou Harry a apreciar cada pequeno detalhe do rosto dela.

Ele desejou não ama-la tanto quanto o fazia, daquela maneira ficava difícil se segurar, mesmo sabendo que ela namorava seu melhor amigo. O moreno não conseguiu evitar se aproximar mais, tornando a distancia entre eles quase inexistente.

– Harry, eu... Eu tenho namorado – disse com a voz falha, sentindo a respiração ofegante dele.

– Ex-namorado – disse, olhando-a serio.

Ela rapidamente notou o que ele queria dizer com aquilo, mas não fez nada, apenas o esperou quebrar a distancia que ainda existia, cobrindo os lábios quentes da morena com os seus.

Um beijo começou tímido, mas depois de sentir Hermione envolver seu pescoço, Harry perdeu o medo, e entreabriu os lábios, pedindo permissão para explorá-la, a morena, sem hesitar, concedeu, deixando-o percorrer cada canto da sua boca.

O que começara tímido, agora se tornava avassalador, inibindo os próprios sentidos, esvaindo-os de razão.


FIM FLASHBACK


Aquele dia fora a primeira vez que realmente amara alguém, que realmente havia experimentado o mundo de prazeres que o amor abrira para ela. Ela tinha que admitir, nunca havia feito algo tão bom, ou cometido as loucuras que cometeu no topo daquele prédio com Rony.

O ruivo nunca lhe dera, em quase um ano de namoro, o que Harry lhe deu naquela noite.

Aquela lembrança era maravilhosa, mas desencadeava algumas outras memórias tristes, de alguns dos piores momentos de sua vida. Entregar-se ao amor que brotara em seu peito, foi maravilhoso, mas como ela mesma costumava dizer, para toda ação há uma reação.




I thought with time you'd realize it's over, over

{Eu achei que com o tempo fosse descobrir que estava acabado}

It's not the way I choose to live

{Não é assim que eu escolhi viver}

And something somewhere's got to give

{E em algum lugar, algo ira fazer...}

As sharing this relationship gets older, older

{Esse relacionamento amadurecer}




A mulher voltou a andar, pensando nas varias conseqüências que aquela noite trouxera, e na que mais influenciara sua vida.

Chegou em frente ao prédio onde morava, onde passara a morar quando se isolara. Entrou dando um singelo “oi” ao porteiro e subiu ao quinto andar. Abriu a bolsa e começou a procurar a chave do apartamento. Não estava dentro da bolsa, nem nos bolsos. Teria perdido novamente?

Ela se abaixou e procurou a copia da chave que sempre deixava em baixo do tapete, não havia nada, claro, Morgan deveria tê-la pegado para entrar em casa. Tocou a campainha varias vezes, ninguém atendeu. Consultou o relógio, àquela hora Morgan já deveria ter ido embora, até as cinco não haveria ninguém em casa.

Irritada, abriu novamente a bolsa, procurando agora no bolso lateral interno, ela apalpou a procura das chaves, duvidando que estivessem ali, mas logo pode ouvir o barulho que o chaveiro fazia quando chacoalhado.

Puxou o molho de chaves e quando foi separar a da porta da frente, viu o que tinha vindo junto.

“Ótimo!”, pensou irônica, mais uma das suas “fontes mágicas” de lembranças ruins. Aquela foto, a foto que fora tirada no dia em que a confusão começou, em que sua vida começou, aos poucos, desabar.

Ela tentou, mas não conseguiu deixar de se lembrar daquele dia.


FLASHBACK


– Vamos, vamos – chamava a Sra. Weasley, juntando Gina, Luna, Rony, Harry e Hermione para uma foto.

Todos se apertaram e a foto foi tirada. Logo, cada um foi para seu canto, fazia uma semana que Harry e Hermione não conseguiam se encarar. Rony parecia não ligar de tem achado os dois na manha seguinte do ataque, Hermione com a blusa amarrotada e Harry com a camisa quase totalmente desabotoada.

Aquilo irritava a garota, ela queria evitar Harry e fingir um relacionamento perfeito com Rony, mas o ruivo não ajudava, não mostrava nenhum tipo de ciúmes, ou sequer incomodo, muito pelo contrario, deixara a namorada sozinha depois da foto, para ir conversar com Luna.

Ela agora se encontrava servindo-se de mais um pouco de ponche, não era todo dia que tinham uma festa comemorando a captura de 20 comensais, tinha que aproveitar.

Enquanto se servia na cozinha da Toca, todos estavam lá fora, conversando animadamente. Ela sentiu-se sendo envolvida pela cintura por dois braços fortes, que a seguravam como se ela pudesse fugir a qualquer momento.




You know I'd fight for you

{Você sabe que eu deveria lutar por você}

But how can I fight someone who isn't even there?

{Mas como posso lutar com alguém que sequer estava lá?}

I've had the rest of you now I want the best of you

{Eu tive o que restou de você, agora eu quero o melhor de você}

I don't care if that's not fair

{Eu não me importo se isso não esta certo}



Virou-se e deparou com aqueles olhos verdes que constantemente invadiam seus sonhos.

– Oi – disse Harry, sedutor.

– Er... Oi Harry – ela parecia incerta, sim, incerta era exatamente a forma como se sentia naquele momento, incerta se era, realmente, feliz ao lado de Rony, incerta de quem, realmente, amava.

– Parece preocupada – disse beijando-lhe o pescoço.

– Harry, para com isso, eu tenho namorado – disse desanimada, tentando não mostrar isso ao garoto.

– Pensei que já era “ex” – disse franzindo a sobrancelha, e beijando-lhe com fervor.

Ela primeiramente se entregou ao beijo. Agora sim, conseguira tirar aquele peso das costas, conseguira responder a pergunta que fazia a si mesma.

Amava Harry Potter, amava como sabia, agora, que nunca havia amado Rony antes e como nunca amara ninguém.

A razão porem, uma grande amiga de Hermione, se voltara contra ela, impedindo-a de fazer o que queria, impedindo-a de amar quem queria ou de ficar com quem queria. Ela apenas pousou as mãos no peito do rapaz e o empurrou de leve.

– Para, eu não terminei com o Rony – disse, como se preparasse para dizer algo a mais, mas o que fez em seguida foi somente um sussurro rouco – E não pretendo terminar.

– O que? – perguntou incrédulo, desvencilhando-se dela.

– Desculpa Harry, mas não posso terminar com o Rony, sabendo que você pode me rejeitar como fez como a Gina – justificou.

– Hermione, é diferente, a Gina foi uma aventura, você, eu... Bem, eu te amo – disse irritado, não podia acreditar que ela o estava rejeitando, não depois da noite que passara junto dele.

– Eu não quero ter que sofrer como a Gina sofreu – disse, mantendo-se firme.

– Não seja idiota – disse exaltado – A questão não é somente eu, você sabe que o Rony não te faz feliz, sabe que não gosta dele da mesma maneira que gosta de mim, você não pode ficar com alguém que te faz sofrer – disse, ele já elevara a voz, e estava a pouco de gritar com ela.

– Você não tem o direito de me ofender dessa maneira – disse nervosa – Você não sabe nada da minha relação com o Rony.

– A não? – ele pegou o braço dela de maneira violenta e levou-a para o andar de cima, no quarto que Rony dividia com ele – Olha se eu não sei nada.

Ele apontava para a janela que dava para o outro lado da cara. Ela o olhou, apavorada e, hesitante, foi até a janela.

Ela chocou-se ao deparar com Rony beijando Luna, de maneira selvagem, entre algumas arvores. A janela do segundo andar lhe fornecia uma visão panorâmica daquilo.

Hermione recuou e sentou-se na cama, desolada, a garota começou a chorar desesperadamente. No fundo, já esperava por aquilo, Rony sempre tivera fama de galinha, mas ver a cena, daquele ângulo, era muito diferente de só imaginar.

Harry sentou-se ao lado dela, e passou o braço por de traz dos ombros da garota. Ela o olhou. Não conseguia dizer exatamente o que sentia, se era ódio ou tristeza.

O moreno se aproximou e beijou-a e antes que ela pudesse resistir ele se afastou novamente.

– Eu te amo, Mione – disse carinhoso.

– Para! – exclamou nervosa – Eu... Eu tenho nojo de você.

Ele olhou-a incrédulo. Se perguntava por que ela gostava tanto de complicar as coisas.

– Porque diz isso? –perguntou, alterando-se novamente.

– Se não me “amasse” nunca teria aberto meus olhos não é? Deixaria o Rony fazer isso, como você pode se quer, se dizer meu amigo?

– Hermione, para com isso! Será que você não consegue reconhecer que errou em relação a ele? – gritou – Deixa eu te explicar uma coisa, você não é perfeita!

– Se parar com isso significa te agradecer por isso e pedir que nunca me deixe, pode tirar seu cavalinho da chuva – gritou aos prantos – Esqueça que eu existo, ok?

– Vai seu um prazer não ter que olhar pra sua cara nunca mais – gritou, cuspindo cada palavra da maneira mais grosseira possível.

Dito isso, Harry saiu apressado, batendo a porta com força.

Hermione sentou-se na cama e, cansada, fechou os olhos, deixando pesadas lagrimas escorrerem pelo rosto junto a soluços desesperados.


FIM FLASHBACK





Cause I want it all or nothing at all

{Por que eu quero tudo ou absolutamente nada}

There's nowhere left to fall

{Não há outra saída}

When you reach the bottom it's now or never

{Quando se atinge esse ponto, é agora ou nunca}

Is it all or are we just friends?

{Isso é tudo ou nós somos apenas amigos?}

Is this how it ends with a simple telephone call?

{É assim que termina, com uma simples ligação?}

You leave me here with nothing at all

{E você me deixa aqui sem absolutamente nada}




A lembrança daquela briga ainda desencadeava outra. Sim, a briga que tivera com Rony no dia seguinte, quando terminara tudo que tinha com o ruivo. As imagens da reação violenta do ruivo, quando disse que queria terminar, eram tão claras em sua mente quanto as dele implorando perdão por traí-la.

Daquela atitude ela se orgulhava, fora quando deixara de ser tonta e dissera a Rony tudo que estava entalado em sua garganta, absolutamente tudo! Diferente do que pensara, o ruivo ficara realmente abalado com o termino, mas ela não se arrependia, um mês depois Rony assumia namoro com Luna, assim como Gina, que começara, inesperadamente, a namorar Neville.

Hermione balançou a cabeça, tentando afastar essas memórias de sua mente, girou a chave na fechadura e abriu a porta. O lugar estava como deixara, limpo e arrumado. Entrou e fechou a porta novamente, foi para seu quarto e abriu seu guarda-roupa.

Queria tirar aquela roupa toda que tinha que usar todo dia para ir ao trabalho. Pegou uma calça jeans e uma blusa de manga comprida. Olhou-se no espelho. Não era mais aquela garota de 18 anos que se envolvera em problemas amorosos e em guerras violentas que mudaram sua vida, não era nem ao menos uma garota tola no quesito: relações amorosas, agora era uma mulher, uma linda mulher de cabelos castanhos, trabalhadora e com uma vida estável, onde todo dia vivia a mesma coisa, sem nenhum daqueles problemas e contratempos do passado, mas acima de tudo, era uma mulher desejada pelos homens que a viam, diferente da garota rejeitada que fora há cinco anos.

Voltou para sala e sentou-se, exausta, no sofá, queria apenas descansar, talvez dormir para acordar sem aquelas memórias horríveis, só não o fez, pois sabia que não adiantaria, vinha tentando isso há cinco anos sem nenhum sucesso.

Ela apenas fechou os olhos, tentando se esquecer daquilo, de qualquer modo, não queria aparentar estar triste quando fosse buscar David, as cinco na escola.

Sim, David era, justamente, o fruto daquela noite com Harry, da noite mais linda de sua vida. Agora com cinco anos, seu filho era a coisa mais linda e maravilhosa de sua vida, talvez, a única coisa realmente boa.

O menino lembrava muito Harry, tinha os mesmos olhos verde-esmeralda do pai, tirando o rosto, que lembrava muito o dele, da mãe, o garoto tinha os cabelos castanhos e a inteligência e sagacidade, que impressionava a todas as professoras com que estudava.

Faltava meia hora e o garoto sairia de mais um dia de aula. Hermione tinha sorte, o filho nunca lhe perguntara sobre a ausência do pai, sabia que era filho de Harry Potter, e, por enquanto, isso bastava, talvez, quando o menino fizesse uns 14 ou 15 anos lhe contasse a historia inteira, mas agora, já sabia mais do que o necessário.

Ela olhou novamente aquela foto. Chega, era hora de acabar com aquilo, foi até a cozinha e voltou com uma caixa de fósforos, amassou a foto e jogou-a no cinzeiro, em cima da mesa, acendeu um fósforo e colocou fogo na foto. Encostou-se novamente no sofá, enquanto o fogo consumia a foto no cinzeiro, transformando-a em cinzas.

Fechou os olhos, cansada, e suspirou profundamente. Será que aquilo iria algum dia acabar? Bem, era o que ela havia pedido da ultima vez que vira uma estrela cadente, pedira para que fosse feliz e que aquelas lembranças se tornassem apenas passado.

O despertador tocou alto, fazendo-a abrir os olhos e consultar o relógio. Cinco horas, tinha que buscar David na escola, geralmente era Morgan, sua empregada, que fazia isso, mas prometera ao filho ir conhecer a nova professora.

Levantou-se e se calçou, pegou novamente a bolsa, arrumou o cabelo em frente ao espelho e deixou o apartamento.

Apresada, foi até a escola onde o filho estudava. O tempo estava piorando e buscar filhos na escola era o único motivo pelo qual, algumas poucas pessoas ainda saiam de casa. Em alguns pontos da cidade a neve chegava a quatro metros de altura.

Pensando nisso outra memória lhe invadiu a cabeça, a memória da ultima vez que Londres tivera um inverno tão rigoroso quanto esse, a memória da ultima vez que falara com o homem que amava até hoje, o mesmo homem que a tratara tão mal, que a rejeitara, que fora um completo covarde.




There are times it seems to me

{Ás vezes me parece}

I'm sharing you with memories

{Que eu estou misturando você com recordações}

I feel it in my heart but I don't show it, show it

{Eu sinto isso em meu coração, mas não mostro}

And then there's times you look at me

{Em outros momentos você me olha}

As though I'm all that you can see

{Como se eu fosse tudo o que você pode ver}

Those times I don't believe its right I know it, know it

{Aí eu nem acredito que seja certo, eu sei disso, sei}




FLASHBACK



– O senhor não esta entendendo – dizia irritada, ao porteiro do prédio em que ele se mudara depois de sair de Hogwarts – Eu preciso entrar!

– Desculpe Srta. Granger – lamentou-se o velho homem – Eu tenho ordens do Sr. Potter para não deixa-la entrar, ele não quer nem ao menos que a senhorita seja anunciada.

– Olha, sinceramente, não me interessa o que o “Sr. Potter” lhe disse, eu preciso vê-lo com urgência – argumentou.

– Mas...

– Eu não saio daqui até falar com ele – insistiu, mantendo-se firme – Espero que o senhor não deixe uma garota de dezoito anos, grávida, esperando aqui nesse frio.

O porteiro olhou-a apavorado, fazia meia hora que aquela garota estava ali, pedindo para entrar. Ele não queria desobedecer Harry, mas não podia ser demitido por somente uma reclamação sendo que varias pessoas moravam ali, assim como não podia deixá-la lá fora. A consciência do velho senhor pesou, e ele a deixou entrar, dando-lhe instruções sobre qual era o apartamento do garoto.

Sem paciência de esperar o elevador, que descia lentamente do décimo terceiro andar, Hermione correu escadas acima, até o sexto, onde, segundo o porteiro, morava Harry.

Pronto! Estava parada em frente à porta do rapaz, exatamente o numero que o porteiro citara, exatamente no mesmo andar. Não se conteve, precisava contar pra ele, ele tinha, não só o direito, mas também a obrigação de saber daquilo. Sem hesitar, bateu na porta.

– Quem é? – perguntou a voz dele, vinda de dentro do apartamento.

Hermione não respondeu, sabia que se dissesse ele a mandaria embora e não a deixaria entrar. A voz não voltou a ecoar de dentro do lugar, mas o barulho da chave abrindo a tranca da porta foi bem audível.

– O que veio fazer aqui? –perguntou surpreso, em um tom frio, ao vê-la parada na frente de sua porta.

– Falar com você!

– Veio em má hora, volte depois – disse fechando a porta.

A morena, rapidamente colocou o pé na frente, impedindo-o de fechá-la totalmente. Ela novamente o surpreendeu quando, bruscamente, empurrou a porta, escancarando-a.

– Eu vou falar com você e vai ser agora!

Ele lançou-lhe um olhar fuzilante, mas ela não perdeu a compostura, de maneira que depois de se encararem por algum tempo, ele saiu da frente, deixando-a entrar.

– Pensei que não queria me ver mais – disse sarcástico.

– E não queria – admitiu, tirando um sorriso maldoso do rosto do rapaz – Mas as circunstancias atuais me trouxeram até aqui.

– E quais são estas circunstancias? – perguntou, ligeiramente mais interessado.

Ela agora deixou de lado a expressão severa e se aproximou do rapaz, tocando, carinhosamente suas mãos.

– Harry, eu nem sei como dizer isso, eu... Eu estou tão confusa, não sei o que fazer. – confessou.

Agora a expressão do rapaz também mudou. Queria ser severo com ela, queria magoá-la, mas simplesmente não conseguia, não conseguia nem ao menos tentar não prestar atenção nas palavras dela. Ele era indefeso, o que sentia por ela o tornava tão indefeso dessa maneira, as vezes desejava não ama-la tanto quanto fazia, mas a melhor coisa era quando ela lhe abria um sorriso feliz e sincero.

– Calma, senta aqui – disse indicando o sofá – Agora me diz o que esta acontecendo?

– Eu, bem eu... – ela suspirou pesadamente, não podia mais demorar-se e sabia disso – Harry, você se lembra daquela noite, lá no prédio, sabe... A noite que nós...

– Claro – respondeu sorrindo – Foi a melhor noite da minha vida.

– A minha também – disse num sussurro, corando.

Harry sentiu-se de animo renovado ao ouvir isso, seu coração batia tão forte, que de onde Hermione estava ela podia ouvir as batidas aceleradas.

– Então? –perguntou franzindo a testa.

– Você lembra de como a gente fez... Tudo, muito rápido, quero dizer, foi uma surpresa pra nós dois.

– É, foi realmente uma grande surpresa – comentou vagamente.

Mais uma vez, a morena soltou um suspiro angustiado.

– Bem, Harry, ultimamente eu tenho tido uns enjôos, umas tonturas e dores de cabeça, sabe o que isso significa – Hermione disse, hesitante.

– Você esta doente? –perguntou inocentemente.

Ela riu para si mesma, o amigo era realmente um garoto ingênuo. Bem, tirando os momentos com ela em cima de um prédio, mas ela preferiu deixar isso de lado e ser mais direta.

– Eu não chamaria de doença, chamaria de milagre – disse, deixando algumas lagrimas escorrerem-lhe suavemente a face – Eu estou grávida, Harry, grávida de um filho seu!

O rapaz continuou calado, estático. Sua verdadeira vontade era gritar, ou talvez pular, só assim conseguiria expressar a felicidade que o invadira naquele momento. Beijar, foi essa a primeira coisa que lhe passou pela cabeça, beija-la como nunca fizera antes. Agora que tinha terminado com Rony não haveria pesares, não havia medo, não haveria nada que impedisse.

Seu cérebro demorou a processar aquele excesso de informação. Hermione, a garota que mais amava, grávida, de um filho seu, esperando para dar a luz ao fruto daquele sentimento.

Foi então, em meio a esses pensamentos que o faziam flutuar, que veio o pensamento que o fez cair no chão, como se pesasse toneladas. Voldemort, o que o bruxo faria a Hermione se descobrisse que o filho que ela carregava no ventre era seu?

Mata-la talvez fosse pouco, talvez a torturasse até perder a criança, para depois mata-la lentamente, só para atingi-lo. Afasta-la, era essa a única e mais lógica solução.

– V-você, você tem que tirar essa criança – disse, martirizando-se pelas próprias palavras.

– O que? – perguntou quase gritando.

– Eu... Não posso ter um filho agora – justificou cabisbaixo.

– Harry! Eu não posso tirar essa criança, ela faz parte de mim, ela... É parte de mim, é parte de nós!

– Hermione, você pode imaginar o que Voldemort faria com você se descobrisse a sua situação? – perguntou, temendo que ela pensasse que ele não a amava.

– A culpa não é dele – gritou, pousando as mãos sobre o ventre já crescido – A culpa é nossa Harry, nossa!

– Eu sei.

– Então eu não estou entendendo aonde você quer chegar, porque eu não vou tirar ninguém de lugar nenhum – declarou.

– Vai ter que fingir que é filho de outra pessoa – disse, seu cérebro trabalhava a mil por hora.

– Você esta louco? – gritou, deixando pesadas lagrimas fugirem-lhe dos olhos – Harry, você não entende, essa criança veio pra fazer a gente se entender!

– Hermione, se Voldemort souber que você esta esperando um filho meu, ele... Você pode imaginar o que ele faria? Eu não quero te perder.

– Você já esta me perdendo – disse triste.

– Por favor, entenda – pediu, enxugando, carinhosamente, as lagrimas da amiga.

– Ele só quer te afugentar e agora, olhe para você, esta exatamente como ele queria, com medo do que venha acontecer amanha – disse pegando a bolsa em cima do sofá.

Ele permaneceu calado, sem encará-la.

– Vai mesmo deixar essa chance que nós ganhamos escapar por entre seus dedos? – perguntou séria, acariciando o próprio ventre.

– Escuta – começou, elevando o tom de voz. Infelizmente ele precisava soltar tudo que andava reprimindo e, apesar de não querer que ela fosse essa pessoa, começou a despejar tudo, gritando frustrado para ela – Você acha que eu gosto disso? Acha que eu me divirto sabendo que não posso ficar com quem eu realmente gosto por causa dele? Hermione, você esta vendo ele me tirar o direito de ter um filho.

– Eu sei que não é fácil, mas o que você espera? Que eu simplesmente diga que te entendo e nós ficamos somente amigos sabendo que temos um filho juntos? – gritou, chorando aos prantos – Você não pode deixar que ele te intimide dessa maneira!

– Eu já decidi – gritou nervoso, fazendo-a calar-se imediatamente – Vai embora, por favor.

– Sabe, não foi ele que lhe tirou todos esses direitos – disse passando por ele – Foi você mesmo.

Harry não disse nada, continuou calado, de costas pra ela.

– Não espere me ver, porque eu nunca mais quero me aproximar de você – decretou, permitindo que uma ultima lagrima triste deixasse seus olhos, enquanto fechava a porta com um baque.




Don't make me promises

{Não me faça promessas}

Baby you never did know how to keep them well

{Querida, vou nunca soube mante-las}

I've had the rest of you now I want the best of you

{Eu tive o que restou de você, agora eu quero o melhor de você}

It's time to show and tell

{É hora de mostrar e dizer}




FIM FLASHBACK



Fora depois desse dia que nunca mais vira o garoto. Meses depois ela teve seu filho, a quem deu o nome de David, e depois ainda lutou ao lado dos aurores, mas sempre longe de Harry. Logo, Voldemort foi derrotado e a guerra terminou, deixando aquelas marcas fortes e nítidas em sua vida.

Quando deu por si, já estava em frente ao portãozinho da escola de David. Querendo ser rápida e voltar logo para casa, ela atravessou o jardim enfeitado por algumas pequenas estatuas em madeira rústica e um arco-íris de flores coloridas.

Entrou na escola e procurou pela sala que o filho estudava, mas antes de achar foi surpreendida pelo mesmo.

– Mamãe – gritou um garotinho de cabelos castanhos e desarrumados correndo em sua direção.

O garoto abraçou a cintura da mãe, onde alcançava. A mulher retribuiu. Se ainda tinha alguma lembrança boa dos tempos de guerra era sua gravidez, depois da briga com Harry, da primeira vez que vira seu filho abrindo os olhos ou a primeira vez que ele sorrira só para ela.

– Como foi a aula? – perguntou carinhosa, abaixando-se para pega-lo no colo.

– Foi ótima, a minha nova prefessora é muito legal.

– Se diz “professora” – corrigiu, sorrindo – Mas me diz, quando vou conhecê-la?

– A minha sala é ali – disse apontando para uma porta aberta no final do corredor, onde uma mulher de cabelos vermelhos ajudava uma criança a arrumar a mochila.

Hermione sorriu para o filho e foi até a porta da sala, onde o colocou no chão e bateu de leve no batente.

– Tia – disse David, correndo em direção à ruiva. A mulher se abaixou e sorriu para o menino, murmurando alguma coisa, enquanto ajeitava a mochila em suas costas – Minha mãe esta ali.

A mulher beijou-o na bochecha e levantou-se, indo até Hermione.

– Sra. Potter – cumprimentou, sorrindo travessa.

– Perdão? – exclamou a morena, assustada, imaginado o porquê daquela mulher que nunca vira antes, chama-la de “Sra. Potter”. Será que estava sendo confundida com a atual esposa de Harry? Preferiu pensar que não – Desculpe, deve ter me confundido, sou Hermione Granger.

– Eu sei – disse gesticulando vagamente e piscando cúmplice para a morena – Acredite, ninguém te conhece tão bem quanto eu?

Hermione olhou-a confusa. Sim, conhecia aquela mulher de algum lugar, talvez o jeito dela, ou talvez os cabelos, alguma coisa nela lhe aguçava as memórias da guerra.

– Eu te conheço? – pergunto da forma mais educada possível.

– Bem, eu acho que foi você que uma vez me disse alguma coisa do tipo: “Você pode não acreditar, mas ele é perfeito, o toque dele, o beijo dele...” – disse divertida.

– Gina? – gritou perplexa.

A ruiva sorriu, e virou-se para David, que esperava ao lado da mãe.

– David, querido, preciso conversar um minutinho com sua mãe, porque não vai brincar lá no parquinho?

– Posso mãe? – a mulher sorriu diante da pergunta do pequeno, seu filho sempre fora, alem de esperto, muito educado e carinhoso com ela, o que lhe rendia elogios das mães dos seus colegas e das professoras.

Ele olhou hesitante para Gina e depois de um tempo calada, voltou-se para o filho.

– Pode querido.

Ela viu o menino desaparecer pela porta e voltou a atenção a mulher, que supostamente, era Gina Weasley. Bem, era com certeza Gina, só ela sabia daquelas coisas.

– Anda – disse ansiosa – Pode ir desembuchando, como me achou? Porque? Pra que?

– Calma ai, amiga – disse, divertindo-se com a ansiedade de Hermione – Vamos por partes, uma pergunta de cada vez.

– Como?

– Bem, quando disse que ia sumir você não estava brincando, teria sido mais fácil matar Voldemort de novo que foi te achar, mas digamos que quando se tem, um amigo aqui, outro ali, e um registro da sua licença de aparatação no ministério, bem... Isso ajuda bastante! Daí eu to fingindo ser professora pra conseguir com o David mais algumas informações, alias, devo te dizer que ele é uma gracinha.

Hermione bufou irritada e fechou a porta atrás de si. Escondera-se por cinco anos do mundo bruxo, do passado que a machucava, e agora, alem das memórias daquele ano que pareciam ter sido trazidas pelo vento, Gina Weasley estava a sua frente, fingindo-se de professora do seu filho.

– Ótimo – disse sarcástica – Por quê?

– Bem... Sabe o negocio de amigos lá e aqui? Então, eu estou fazendo um favor para um amigo meu! Ele quer muito te ver, mas não sabia onde você estava, logo, ele me pediu e a “Super Gina” entrou em ação – disse brincalhona.

– Ah! Um amigo seu? E por acaso, já que eu sou a pessoa investigada, eu poderia saber quem é o seu amigo?

– Claro – disse alargando o sorriso – Ele se chama Harry Potter.




Cause I want it all or nothing at all

{Por que eu quero tudo ou absolutamente nada}

There's nowhere left to fall

{Não há outra saída}

When you reach the bottom it's now or never

{Quando se atinge esse ponto, é agora ou nunca}

Is it all or are we just friends?

{Isso é tudo ou nós somos apenas amigos?}

Is this how it ends with a simple telephone call?

{É assim que termina, com uma simples ligação?}

You leave me here with nothing at all

{E você me deixa aqui sem absolutamente nada}




Ficou estática! Harry Potter estava a procura dela? O que afinal ele queria com ela depois de tanto tempo? Depois de tê-la rejeitado daquela maneira, era ela que não queria mais nada com ele.

A mulher sentou-se em uma cadeira para não cair, ouvir aquele nome sempre lhe causara uma misteriosa fraqueza nas pernas, mas ouvir alguém dizer que ele a estava procurando, adormecia todo o seu corpo quase que instantaneamente.

– Porque ele... Porque ele quer me achar? – perguntou abismada.

– Nunca imaginei a pessoa mais inteligente que já conheci, que tem um filho com o QI lá em cima, me perguntando isso – disse entre risadas.

– Me fala Gina - insitiu irritada.

– Mione, larga de ser boba, o Harry esta te procurando porque ele te ama!

A morena sentiu o coração bater mais forte. Droga, porque ele ainda causava todo esse efeito nela? Porque ela ainda se importava tanto? Porque ela ainda o amava daquela maneira? Ela não queria, mas era simplesmente inevitável!

– Ele não me ama, não!

– Como? – perguntou a ruiva, incrédula.

– Se ele realmente me amasse Gina, teria ficado comigo cinco anos atrás, comigo e com o David, mas não, nem o fato do David ser filho dele o convenceu, quanto menos o fato de ele me amar – comentou triste.

– Mi, naquele tempo tomar essa decisão era mais difícil, o próprio David estava em jogo, como você se sentiria se o Voldemort tivesse tirado seu filho de você?

– Gina, o medo dele não justifica nada! Eu lutei na batalha final pouco tempo depois do nascimento do David, consegui acabar com boa parte dos comensais e por fim, estou aqui, viva e vivendo com meu filho, que é tudo que eu preciso.

– Bom, ele tentou falar com você depois que Voldemort foi destruído e a guerra acabou, mas você desapareceu sem deixar rastros, exceto é claro, o negocio da licença de aparatação, mas, bem, mesmo assim, sumiu.

– E você acha justo eu ter tido que esperar toda a minha gravidez mais o final da guerra pra isso? – perguntou exaltada – Me desculpe, mas se ele achou que eu ia correr para os braços dele quando ele pedisse perdão, ele era realmente muito ingênuo.

– Bem, então você vai ter que me perdoar – disse consultando o relógio – Porque a essa hora ele já deve estar vindo pra cá.

– O que? – perguntou incrédula – Gina, por acaso esses cinco anos te enlouqueceram?

– Não, mas eu me casei com o Neville, apesar de nós ainda não termos tido nenhum filho – disse sorrindo.

– Ai! Você é louca – exclamou, levantando-se e indo em direção à porta.

– Aonde vai?

– Pegar meu filho e ir embora! – exclamou abrindo a porta.

Gina levantou as sobrancelhas sorrindo, murmurando um “Você não deveria fazer isso” inaudível.

Hermione não deu atenção para a expressão reprovadora da ruiva, apenas se virou para sair dali, esbarrando com tudo em alguém, que pelo visto, estava prestes a entrar na sala.

– Desculpe – disse um homem de cabelos negros e olhos verdes, enquanto estendia a mão para ajudá-la a se levantar.

Ela aceitou o gesto educado do homem e se levantou, fazendo menção de ir embora, quando ele entrou na sua frente, impedindo-a de sair da sala.

– Licença – pediu educada, sem olhá-lo direito – Preciso pegar meu filho.

– Nosso filho – corrigiu o homem, olhando-a com ternura.



Cause you and I

{Por quê você e eu}

Could lose it all if you've got no more room

{Podemos perder tudo se você não me der mais espaço}

No room inside for me in your life

{Espaço pra mim na sua vida}



Hermione levantou o olhar, o analisado lentamente.

O moreno calçava um tênis esportivo, calça jeans, uma camiseta de manga longa, coberta por uma jaqueta azul escura, usava também um óculos de formato redondo e os cabelos totalmente desarrumados.

Era ele! Harry Potter estava a sua frente depois de cinco anos, ele não parecia o Harry medroso que a rejeitara, parecia mais aquele que sempre se importara com ela nos anos de Hogwarts, aquele Harry que lhe dera o prazer de carregar uma criança no ventre e depois dar-lhe a luz e cria-la.

A mulher não conseguiu sustentar as pernas, o ar esvaiu seus pulmões e o sangue parou de correr, ela sentiu a vista ficar turva, e os sons se abafarem. Ouviu por fim Gina gritar seu nome e desmaiou nos braços de Harry.






Ela abriu os olhos lentamente, uma forte tontura a fez levar as mãos à cabeça. Levantou-se e se viu no sofá de seu apartamento, enquanto se lembrava do ocorrido na escola de David.

– Mamãe – gritou o menino ao vê-la acordada, correndo ao encontro dela e pulando em seus braços.

– Eu, eu estou bem – disse abraçando o menino e olhando-o carinhosamente.

Só então notou os olhos vermelhos e inchados dele, que indicavam o quanto havia chorado.

– Mãe, porque você caiu? – perguntou, olhando-a inocentemente.

– A mamãe se sentiu mal, mas já passou, não precisa se preocupar – disse sorrindo, enquanto brincava com os cabelos do filho.

– Ele é muito apegado a você – comentou uma voz, atrás dos dois.

Ela pegou o filho no colo e virou-se para encarar quem falava. Ali estava ele de novo, sentado na poltrona, olhando-a com aquele olhar carinhoso e terno.

– O que faz aqui? – perguntou calma.

– Ele que trouxe você, mãe – disse David, deitando a cabeça no peito da mãe.

Harry apenas sorriu para o menino e consentiu com a cabeça.

– Manhê, ele disse que ele é o Harry Potter – disse parecendo confuso – Então ele é o meu papai?

A mulher lançou um olhar mortífero ao homem à sua frente, mas já contara ao filho que Harry Potter era seu pai, negar ou mentir não seria a solução.

– É sim, filho – disse sorrindo para o menino, enquanto levantava e, inesperadamente, colocava o filho no colo de Harry – Esse é seu pai.

O menino, agora no colo de Harry, abraçou o pai, que retribuiu com carinho, enquanto Hermione olhava os dois, com uma expressão seria, mas sorrindo por dentro.

– Pai, porque o senhor não mora aqui comigo e com a mamãe? – perguntou, lançado um olhar inocente aos dois.

Tanto Harry, quanto Hermione coraram bruscamente. A mulher temeu a resposta do moreno, não queria que seu filho, aos cinco anos, soubesse de brigas, guerras ou confusões, mas não podia impedir Harry de responder aquela pergunta como bem entendesse.

– Eu tive que ficar esse tempo fora, mas agora voltei pra ficar – disse olhando para o filho, e terminou a frase levantando o olhar a morena à sua frente.

O garoto apenas voltou a abraçar o pai, que ficara algum tempo sentindo o calor daquela criança que tanto amava, mesmo tendo a visto pela primeira vez naquele momento.

Depois de algum tempo desfrutando daquele abraço, Harry sentiu-se obrigado a afastar-se do menino e entrega-lo a Hermione.

– Posso falar com você? – ela apenas assentiu – Er... A sós.




Cause I want it all or nothing at all

{Por quê eu quero tudo ou absolutamente nada}

There's no where left to fall it's now or never

{Não há outra saída, é agora ou nunca}




A mulher ficou um tempo encarando-o, parecia pensar, mas logo colocou David no chão.

– Filho, mamãe e papai têm que conversar, vá brincar no pátio, lá embaixo.

– Ta – disse abrindo um sorriso.

O garoto deu um beijo na bochecha da mãe e saiu pela porta da frente, fechando-a em seguida.

– Sabe, ele é maduro demais para a idade dele, quero dizer, Gina me disse que ele era um gênio, mas não imaginava que fosse realmente uma criança tão esperta!

– Ele é – disse vagamente – Mas aposto que não me procurou pra elogiar o David.

– Realmente – disse num suspiro – Eu vim falar de nós.

– Não existe ‘nós’, Harry – disse seriamente.

– Claro que existe, sempre existiu.

– Ótimo – disse desejando evitar uma discussão – Então me diga, o que tem para dizer sobre ‘nós’?

– Queria te pedir perdão e, bem, explicar pra você que eu tentei me explicar pra você, mas você sumiu e... – dizia rápido, aparentando estar nervoso.

– E você acha que o fato de ter me procurado 10 meses depois da briga justifica o que você me disse naquela noite?

– Eu sei que não – disse cabisbaixo, com as mãos nos bolsos da calça – Mas eu só disse aquelas coisas pensando na sua proteção e na do David.

– Pensou demais e deu no que deu – lamentou

– Será que você não podia deixar o passado para traz? – perguntou carinhoso, se aproximando e pegando suas mãos.

– É difícil Harry, é muito difícil pra mim.

– Eu sei que eu fui um cretino com você, mas lembra como tudo terminou? Depois de um ultimo telefonema você nunca mais apareceu, me deixou sem você e sem meu filho.

– E você acha que tinha direto de sequer ver seu filho? Depois de rejeitá-lo? – perguntou, deixando lagrimas escorrerem-lhe pela face delicada.

Ela soltou as mãos de Harry e voltou-se para a porta, ficando de costas para o homem.

– Sei que não tinha nem ao menos o direito de estar aqui, mas eu tinha que te dizer que eu te amo, eu passei cinco anos pensando em você, sem parar, sem conseguir te tirar da minha cabeça – disse, expressando o sofrimento que fora viver sem ela – Eu paguei pelo maior erro que cometi na vida, mas agora, não pude deixar de vir aqui te dizer isso – ele agora pegava novamente a mão dela e colocava em seu peito, mostrando o quão forte seu coração batia forte – Eu não posso mais viver achando que você não sabe disso.

– Sei... – ela engoliu em seco – Sei do que?

– Que eu te amo – disse, rompendo a distancia entre eles e confortando sua boca nos lábios macios de Hermione.

Harry deslizou as mãos no corpo da mulher, parando-as na cintura, de onde a puxou para mais perto, tornando o beijo mais profundo e urgente. A morena não resistiu, subiu as mãos, do peito do homem até seu pescoço.

A cada momento, a cada toque, ela estremecia, demonstrando o quando aquele homem ainda era importante em sua vida, logo, retribuiu os carinhos na mesma intensidade, mostrando-lhe o sentimento que conservara por ele durante os últimos cinco anos.

Passados minutos, ou talvez séculos, finalmente aquele momento mágico e extraordinário acabou.

– Harry, eu... – ela estava confusa, os sentimentos em suas cabeça entravam em conflito, terminando a batalha em uma indecisão.

– Espera – interrompeu – Não quero cometer o mesmo erro uma segunda vez.

Ele colocou a mão no bolso, de onde tirou uma pequena caixinha de veludo, branca, e ajoelhou-se diante da mulher.

– Eu não quero ser somente seu amigo, então, me diz... Quer tudo ou absolutamente nada?

– Esta me pedindo em casamento? – perguntou surpresa, ao vê-lo abrir a caixinha, revelando um lindo anel de ouro branco enfeitado por pequenas pedras reluzentes de diamantes.

Ele apenas sorriu, assentindo com a cabeça.

– Sabe o que eu mais odeio em você – disse sincera, fazendo-o lançar-lhe um olhar confuso – A forma como, perto de você, eu não consigo cumprir as minhas promessas!

Harry sabia o que ela queria dizer, aproximou-se e, ternamente, colocou o anel no dedo dela, selando ali, um contrato de amor eterno que lhe fora proposto há anos, mas que nenhum dos dois tiveram coragem de assinar.

Ela sorriu e pulou em cima dele, derrubando-o no sofá enquanto o beijava ardentemente, deixando nítido o amor e desejo que sentia por aquele homem.




Is it all or nothing at all

{É tudo ou absolutamente nada}

There's no where left to fall

{Não há outra saída}

When you reach the bottom

{Quando você chega a esse ponto}

It's now or never

{É agora ou nunca}

Is it all or are we just friends?

{Isso é tudo ou somos apenas amigos?}

Is this how it ends with a simple telephone call?

{É assim que termina, com uma simples ligação?}

You leave me here with nothing at all…

{Você me deixa aqui sem absolutamente nada}





Detrás da porta da frente, alguém espiava tudo pelo buraco da fechadura. A pessoa desceu até o térreo e pediu permissão ao porteiro para usar o telefone. Com esta concedida, discou o numero que ela lhe dera, para manter informada, e ouviu o telefone chamar.

– Alô! – exclamou a voz de Gina, do outro lado da linha.

– Oi, prefessora? Sou eu!

– Ah! Oi querido, e ai? Ela respondeu tudo ou absolutamente nada?

– Nenhum dos dois – disse David, olhando na pequena televisão do porteiro, a câmera mostrar a porta do apartamento onde morava com sua mãe... E seu pai – Respondeu absolutamente tudo!



All...

{TUDO}






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