O Resgate
Cap. 16 – O Resgate
Lílian saiu em disparada pelos corredores e deu um encontrão com alguém. Por sorte era James.
- James, eu estava mesmo atrás de você!
- Diga – respondeu ele friamente, mas Lílian não se importou.
Ela resumiu rapidamente toda a história. James aceitou ajudá-la, então foram a um lugar propício para aparatar, ou seja, que fosse fora das propriedades de Hogwarts. Foram direto à Mansão Malfoy, onde Draco disse que Severo estaria.
Aparataram diretamente no salão da casa sem se importar com quem poderia estar lá. Deram de cara com um Lúcio Malfoy se divertindo com uma trouxa.
- Ora, ora, Malfoy. Eu achei que seu Mestre o tivesse mandado vigiar Severo Snape – disse Lílian com um sorriso malicioso no canto da boca.
- Ah, olá, Milady. O que devo à sua ilustre visita? – perguntou ele quase que casualmente.
Lílian não gostou do título pelo qual Lúcio a chamou. E ela sabia que ele só estava provocando. Ela quis avançar nele, mas James a segurou pelo braço.
- Sr. Kurthney, você por aqui! – disse Malfoy irônico. – Por acaso é sua querida irmazinha que está zelando pelo traidor do Snape.
- Não tenho irmã, Lúcio. Ela morreu há 10 anos atrás – disse James notavelmente alterado.
- Ora, não engane a si mesmo, James. Há 10 anos que sua amada irmã teve o bom senso, ou mal, de servir ao Lord das Trevas. E por ter certeza que isso não a matou, está bem viva, apesar de estar no andar de cima, hehehehehe. Perdoem-me pelo trocadilho.
- Maldito dia! – murmurou James para si mesmo.
- E então… se tornou Auror na esperança de um dia pegar sua irmã, mas acabou como um professorzinho qualquer de Hogwarts.
- Quer calar a boca? Não preciso de você para me contar como é minha vida!
Lúcio Malfoy olhou para a trouxa e simplesmente a matou, usando a varinha, sem a menor cerimônia, deixando James e Lílian horrorizados.
- Mas e então – disse Lúcio indiferente ao que acabara de fazer –, o que os traz aqui exatamente?
- Viemos buscar Severo! – disse Lílian num tom mandão, quase gritando.
- Oh, que tocante! – e apontou a varinha para ela, mudando totalmente a expressão de sarcasmo para seriedade. – Já que veio até aqui, fique e espere o Mestre. Ele deve estar louco para ver você, Lílian.
- Pois já nos vimos em Hogwarts. E duvido muito que aquele bastardo volte. Dumbledore e Riddle travaram uma batalha, e, francamente, aquele idiota é fichinha perto de Alvo Dumbledore.
Lúcio pareceu se alarmar. Ele sabia que Voldemort estava mais forte, mas ainda assim Dumbledore tinha mais chances de vencer, devido a sua astúcia e calma, além dos infinitos poderes.
James, percebendo o estado preocupado e pensativo de Lúcio, aproveitou para desarmá-lo.
- Expelliarmus!
A varinha do homem voou da mão dele e ele caiu no chão, batendo a cabeça e desmaiando, permitindo a Lílian e James que continuassem. Eles seguiram pelo hall e subiram pela escada principal, dando num corredor cheio de portas.
- E agora, James? – perguntou Lílian desesperando-se ao ver tantas portas. Queria sair logo dali. – Como vamos saber qual das portas nos levará até Severo?
- Não sei, Lílian – respondeu o outro andando vagarosamente pelo corredor, com sua varinha empunhada e apontando para as portas. – Estão todas protegidas; não posso ver através delas.
Eles param e se entreolharam, preocupados.
- Lílian, há um banheiro aqui.
Mas ela não teve tempo para dar qualquer resposta; uma porta próxima se abriu e dela saíram vozes. James puxou Lílian pelo braço e a levou junto para dentro do banheiro.
- Não devíamos deixá-lo sozinho, Bella – disse uma das vozes.
- Pare de ser sempre certinha, Vívian, ele está desacordado e não vai a lugar algum!
E dentro do banheiro…
- James, era Bellatriz Lestrange e…
- Minha irmã – respondeu deprimido.
- Será que falavam de Severo?
- Provavelmente, por isso temos de ir rápido, elas podem voltar a qualquer momento ou, pior: podem achar Malfoy desmaiado lá em baixo.
Eles esperaram os barulhos cessarem e, cuidadosamente, saíram do banheiro.
- Mas de qualquer forma, acho que elas não são tão burras a ponto de deixar a porta destrancada. Como vamos saber qual é?
Antes que pudessem pensar em algo, uma porta se abriu. Desta vez não deu tempo de se esconderem, mas por sorte, quem saía da porta era Severo Snape.
- Severo! – chamou Lílian, mas em voz baixa.
- Lílian! O que faz aqui? – mas viu James e fitou-o com ódio. – E com ele?
- Viemos te buscar, Severo – e avançou nele, beijando-o. Ele soltou um gemido de dor. – Ah, perdoe-me – ela deu uma olhada nele. – Você está horrível!
- Tive sorte de não enlouquecer como os Longbotton depois de tantos feitiços.
- Hum-hum – pigarreou James para chamar a atenção do casal. – O papo está muito bom, mas realmente precisamos ir.
- Sev, cadê sua varinha?
- Obviamente que tomaram de mim. Mas se está pensando em aparatar, esqueça, a casa tem proteções contra isso.
- Mas chegamos assim!
- Para entrar dá, para sair não.
Os três se entreolharam, um buscando achar a resposta no olhar do outro. Severo se apoiou na parede e colocou a mão na cabeça, sentindo dor. Lílian se aproximou e passou a mão pelo rosto do amado, um rosto cheio de cortes sangrando. Ele ainda tinha um de seus pulsos fraturado e respirava com dificuldade.
James resolveu ir dar uma olhada na sala da qual Severo saiu. Enquanto isso, o casal conversou baixinho.
- Lílian, por que ele?
- Como? – perguntou ela desacreditando nos próprios ouvidos.
- Por que ele? Por que não veio com qualquer outra pessoa? Tinha que ser logo ele?
- Por Merlim, Severo, não acredito que está me dizendo isso! Ele veio com a melhor das intenções, veio salvá-lo!
- Pois eu preferia morrer na mão desses idiotas daqui do que ser salvo pelo homem que cobiça a minha mulher.
- Está sendo injusto!
- Ei, vocês dois, há duas vassouras lá dentro e uma janela suficientemente grande. Até chegarmos a um lugar propício para aparatar, servem.
Severo e Lílian trocaram olhares bravos. Ele se apoiou nela e os dois foram em direção ao quarto. Lá dentro havia duas vassouras arrebentadas, apoiadas na parede, perto de uma janela grande o bastante para uma pessoa magra e alta passar.
- Severo, venha na minha vassoura.
Eles se arrumavam para sair, quando ouviram vozes se aproximando.
- Eles devem estar lá em cima!
Os três trataram de se apressar, subindo de qualquer jeito nas vassouras.
- Eles estão escapando! Eles estão escapando!
Bellatriz Lestrange, Vívian Kurthney e Lúcio Malfoy haviam chegado no quarto um pouco tarde; os fugitivos já estavam no ar: James à frente, Lílian logo atrás com Severo sentado de lado na parte da frente da vassoura. A mulher ainda virou o rosto e mostrou e fez um gesto obsceno para os Comensais da Morte.
- Lílian, vamos pousar lá! – gritou James depois de alguns minutos, apontando para um lugar no chão.
Eles finalmente pousaram; James teatralmente, Lílian e Severo um tanto desajeitados por conta do peso.
- Todos pousaram bem?
O casal afirmou com a cabeça. Os três então aparataram em Hogsmead e lá usar uma lareira. James foi primeiro. Lílian abraçou Severo e aparataram. Só que aparatar sozinho é uma coisa, aparatar duas pessoas consome muita energia de quem praticou o feitiço.
Quando chegaram a Hogsmead, Lílian estava pálida, conseguiu dizer apenas:
- Chegamos, Sev… conseguimos – e desmaiou.
Não imaginaram que ela fosse chegar a desmaiar. Consequentemente não puderam chegar até Hogwarts via lareira, então a solução era Severo tentar se agüentar sozinho, e James carregar Lílian nos braços – a contragosto de Severo, que ficou com raiva por não estar em condições de o fazer.
Nisso, Harry e Dumbledore estavam na sala desde último, olhando incansavelmente para o Mapa do Maroto à espera da chegada do trio.
O garoto queria ir até a Mansão Malfoy ajudar de alguma forma, mas achou melhor ficar e esperar Dumbledore. E quando ele chegou, disse para Harry que seria mais prudente que ficassem ali e esperassem.
Logo os dois viram três pontinhos intitulados de “Lílian Roberts”, “Severo Snape” e “James Kurthney” aparecerem na fronteira de Hogwarts.
Dumbledore e Harry desceram correndo (Dumbie correndo?!), levando consigo Madame Pomfrey e Hagrid caso fosse necessário.
- Professores! Professores! Conseguiram!
- Por Merlim, Severo, o que fizeram com você? – perguntou Pomfrey assustada com o estado do homem.
- Nada, estou bem… Lílian está desmaiada…
- Por feitiço? – perguntou Pomfrey.
- Esforço – respondeu Severo simplesmente.
Hagrid assumiu o posto de carregar Lílian; Severo, muito relutante, seguiu apoiado em Harry e Madame Pomfrey.
O casal foi conduzido até a Ala Hospitalar. E só depois de muita insistência James deixou-se ser examinado também. Lílian logo melhorou, mas Severo teve de passar mais tempo para se recuperar.
- Desculpe, Alvo, mas eu estava tão preocupada com Severo que acabei me esquecendo de lhe perguntar… como foi lá com ele?
Dumbledore sorriu triunfante e seus olhos azuis brilharam por trás dos óculos de meia-lua.
- Fugiu – respondeu calmamente.
- Fugiu… simplesmente, assim, sem mais nem menos?
- Sim, como um covarde, mas prometeu que voltaria.
- Mas… o senhor foi atingido?
- Nada que um velho como eu não suporte.
Lílian ia protestar, mas foi interrompida por Madame Pomfrey.
- Srta. Roberts, o Prof. Snape acordou. Talvez você queira vê-lo…
Ela olhou para Dumbledore, que lhe devolveu um olhar de incentivo, então ela foi.
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