Não dá pra não pensar
Olhou assustada, a professora a fitava bem de perto.
_Algum problema, Srta. Granger?- perguntou austeramente.
Discordou com a cabeça, sentia que a sala inteira a olhava, alguns até rindo. Corava.
Tentou parecer convincente. A verdade é que havia um problema, de fato. Ele.
"Não dá pra não pensar em você
Tá cada vez mais difícil
Não poder te ver"
Malfoy não parava de assaltar seus pensamentos. Era de uma hora para outra. Rondava sua mente, lhe tirava toda a atenção.
E o mais absurdo é que agora lhe dava uma impressão de que se encontravam a toda hora, em todo lugar.
"O tempo e a distância entre nós
Não vão arrancar
A vontade que eu tenho aqui no peito
De te amar
De te amar"
Sabia que não teriam uma chance. Sobretudo, ele era um Malfoy, dos que odiavam os sangue-ruim, mestiços. Ela não mudaria isso.
Sendo assim se martirizava do pior modo, isolando-se dos amigos e se perdendo com os estudos. Harry e Rony não a reconheciam mais.
"Já senti teu cheiro solto no ar
O teu gosto não saiu da minha boca"
Ao toque da sineta, que avisava o término da última aula do dia, seguiu para a sala comunal de sua casa. Ia devagar, seguindo o caminho maquinalmente, tal o conhecimento sobre o castelo.
Num surto de volta a realidade se deu conta de que suas pernas tinham levado-a para outro lugar. A Biblioteca. Lugar em que tinham se beijado.
Seu perfume se espalhou como veneno mortal. Suave, trazendo consigo aquele gosto de menta, o gosto de sua boca naquela noite.
"Fecho os olhos e posso te tocar
A saudade tá me deixando louca"
Entrou no recinto. Madame Pince, a bibliotecária, passava pelos corredores numa inspeção entediante.
Ela seguiu para o fim do terceiro corredor, onde ficavam os livros de feitiços da 6º série, fora bem ali...
Encostou-se na parede, olhos fechados, sentindo como se ele a encostasse, a beijasse, tudo como fizera da outra vez... Perdia o raciocínio.
"Diz pra mim que a gente vai se encontrar
Que esse dia já tá quase chegando"
Vozes. Três vozes de garotos. Duas que mais pareciam grunhidos. E uma terceira... meio arrastada, rouca, que lhe produzia um efeito escaldante. Tirava o fôlego.
Podia ouvi-lo ralhar com os amigos. Queria que fosse com ela. Não se importava com o conteúdo das palavras, desde que fosse com ela...
"E o meu coração enfim vai respirar
Vem que a nossa história tá começando"
Tornou a abrir os olhos, o ar lhe faltou. Ele estava parado ali, a pouco mais de três metros de distância. Oculto por dois brutamontes, que eram Crabbe e Goyle. Só se podia ver uma nesga de seu rosto pálido: os olhos claros sob um ar ligeiramente irônico, as sobrancelhas arqueadas.
Precisava falar com ele...
"E se você não vier
Eu não vou agüentar"
Achou que fosse demorar mais tempo, ou que nunca viesse a acontecer. Mas na noite seguinte sentiu-se preparada para chamá-lo para uma conversa, nem que ele não aceitasse.
No café da manhã seguinte escreveu um bilhete rápido, pedindo que ele fosse à torre de astronomia à meia noite se pudesse. Assinou com "H.G.", era óbvio que ele saberia quem era.
Podia estar colocando tudo a perder. Para ele talvez tivesse sido só um momento íntimo e nada mais. Um desvio de atenção, afinal, estavam discutindo antes daquilo acontecer.
O bilhete chegou a ele por meio de um feitiço prático, apareceu simplesmente no meio de seu jornal na manhã seguinte, e ela, observando tudo de longe, viu que ele o lera com aparente atenção e o guardara disfarçadamente em seu bolso.
A resposta veio dentro de um livro, curta, em três palavras. Ele iria...
"Se você demorar
De tristeza eu vou chorar"
De repente sentiu-se muito insegura, ele demorara exatamente seis horas para lhe enviar um resposta, não que estivesse ocupado. Afinal, era Sábado.
E se ele lhe desse um bolo? Ou pior, levasse alguém consigo ou até a humilhasse? Talvez só estivesse pagando para ver...
Naquela noite foi deitar-se mais cedo, não que fosse conseguir dormir, ou que quisesse. Seus olhos estavam bem abertos.
Pôde ouvir as outras meninas deitarem-se, dormirem.
Levantou-se e saiu.
Ficou esperando. Os minutos pareciam se arrastar lentamente, mas na verdade era ela quem estava adiantada. Uma angústia começou a invadir-lhe.
"Não dá pra não pensar em você
Tá cada vez mais difícil não poder te ver"
O vento lhe acariciava o rosto, a ausência de janelas lhe dava uma sensação de abandono a uma liberdade reprimida.
Um perfume suave, porém, muito claro. Um receio de se virar.
Fizeram isso por ela. Um simples gesto. Uma mão firme que a tratava com delicadeza. Se via tremer.
Estavam sozinhos...
"Não dá pra não pensar
Não dá, não dá..."
Ele não disse nada, ela se contentou. Estava bem mais que suficiente Ter aquele sorriso sincero, raro.
Achou que sonhava, não podia ser real, se lembrava que já sonhara com aquilo diversas vezes depois daquele encontro.
Mas simplesmente era...
Malfoy desfez o sorriso, aquela expressão séria assustou-a um pouco. Ao contrário do que chegou a recear ele esboçou outro sorriso e aproximou o rosto lentamente, deixando seu coração na mão.
Um toque de lábios...
"Não vão arrancar, não
Eu só quero te amar"
Aquele beijo se intensificou muito. De uma simples junção de lábios à um verdadeiro "ausência de palavras".
Havia muita coisa ali, era um jogo. Os dois ganharam. Os dois perderam.
Ela pediu segredo, ele não viu necessidade de contar...
Fim..
Ps`s: Essa é a minha primeira fic de Malfoy + Granger, espero que tenham curtido.. Ah, eu odeio Sandy & Junior...
Tô pensando numa continuação...
comentem, plis
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