Feridas
Feridas
by surviana
Aviso: Todas as personagens do universo Harry Potter, assim como as demais referências a ele, não pertencem ao autor deste texto, escrito sem nenhum interesse lucrativo, mas a JKR.
Por favor, não me processem! Só peguei emprestado para me divertir e divertir os outros!
Snape transfigurou as vestes para roupas novas assim que conseguiu apagar o fogo. Demorou mais tempo do que pretendia para isso, porque aquelas tontas das alunas ficaram dando gritinhos ao seu lado. Assim que a multidão começou a se dissipar, seguiu a passos largos para as masmorras, amaldiçoando com todos os feitiços malévolos que conhecia a criatura recém saída do inferno que provocou o incêndio em suas vestes. Passou por Filch no corredor de acesso ao Salão Principal.
- Filch! – O zelador encaminhou-se ao mestre em poções. – Quero que venha direto a mim se alguém estiver perambulando pela escola à noite. Qualquer pessoa.
- Sim senhor, professor. Pode deixar que o avisarei.
Continuou seu caminho em direção as masmorras. Pensando alto:
- Fog Zux. Tenho que sondar os alunos do terceiro ano em diante, principalmente os que pareçam mais interessados em magia antiga.
Começou a se divertir formando imagens em sua mente de como torturar um aluno. As detenções mais maldosas que pudesse aplicar passaram por seu pensamento, desde algumas lesmas podres para serem cortadas sem luvas, até uma noite inteira recolhendo excrementos de Trasgo. Aqueles pensamentos o ajudaram a despistar sua principal preocupação. Quem estaria por trás da azaração lançada no estúpido do Potter? Ele achava que quem estava querendo roubar a Pedra Filosofal a queria para si próprio, afinal era um elemento mágico de muito poder. Mas por que atacar aquele inútil? Ele sentira quando a magia fora lançada. Conhecia muito além da magia negra que precisava para ensinar a tão desejada matéria de Defesa Contra as Artes das Trevas. Aquela era uma azaração maligna, e não poderia ser lançada por qualquer um. Tinha sido um adulto, aquele adulto. Conseguiu evitar dessa vez. Era o único que conseguiria lançar a contra-azaração dentre todos que estavam presentes, afinal Dumbledore não estava na partida.
Uma batida na porta o fez despertar de seus pensamentos. Com um leve acenou da varinha abriu a porta do aposento. Viu a figura alta do diretor, sorridente como sempre.
- Boa tarde, Severo. Vim até aqui conversar um pouco com você.
- Não poderia me chamar para conversamos no seu escritório, diretor? – perguntou desconfiado.
- Não, Severo, lá existe muita formalidade, e prefiro o conforto dos seus aposentos – o velho bruxo respondeu já se acomodando em uma das poltronas próximas à lareira, que há essa hora ainda estava apagada. – E além do mais, Severo, tenho um outro assunto a tratar com você que não precisa ser ouvido por todos os ex-diretores.
- Obrigado pela precaução, diretor. – O tom de sarcasmo na voz não abalou o sorriso no rosto de Dumbledore.
- Vamos aos assuntos mais confortáveis primeiro, Severo, diga-me o que achou da partida?
- Nem um pouco interessante, diretor.
- Vamos, Severo, esqueça o resultado. Soube por algumas outras pessoas que também estavam presentes que aconteceu alguma coisa durante a partida que o fez desligar-se dela. O que foi?
- A vassoura do Potter foi atacada por uma azaração.
- Que tipo de azaração, Severo?
- Barzul.
- Tem certeza? – Os olhos azuis agora já não demonstravam estarem se divertindo.
- Absoluta. O senhor sabe que reconheço qualquer uma delas de olhos fechados. Foi uma sorte estar assistindo, e próximo do ponto de partida dela, ou o Potter teria caído da altura que estava. Assim que a senti, lancei a contra-azaração e consegui algum tempo, mas não detectei quem a lançou por conta de um pequeno incidente que aconteceu em seguida. Embora eu tenha absoluta certeza de quem esteja por trás disso.
- Não havia ninguém estranho assistindo a partida?
- Não foi alguém estranho, diretor.
- Quando puder me provar, Severo, atenderei prontamente às suas suspeitas.
- Espero que sua confiança excessiva não o faça perder a vida de inocentes. Um aluno morreria hoje se não houvesse alguém competente por perto. Não são obrigações de um professor ficar vigiando feitiços hostis lançados aos alunos durante uma diversão.
- São obrigações de um professor o bem estar de todos nessa escola, Severo. Ainda mais de um professor que sabe detectar ameaças e combatê-las perfeitamente bem.
- Poderia ensinar os próprios alunos a combatê-las, se o diretor não insistisse em subjugar-me pelas minhas atitudes passadas.
- Isso é um outro assunto que teremos tempo de discutir.
- Nós o discutimos há onze anos, diretor.
- E o discutiremos por quanto tempo eu achar necessário, Severo. E chega desse assunto, ele somente é necessário antes do ano letivo começar. Agora, se me permite, devo informá-lo que seu prazo se esgotou. Aproveite o domingo de folga e vá ao St. Mungus. Assim que estiver de volta, quero vê-lo em meu escritório para ter a certeza que esteve lá.
- Se não confia em minha palavra, mande uma de suas molduras me vigiar. Elas adorariam servirem para alguma coisa.
- Talvez eu faça mesmo isso, Severo. Só para você saber que costumo seguir seus conselhos. E quanto à azaração, na próxima partida poderá ser o juiz e eu estarei assistindo; terá a chance de capturar quem está tirando seu sono. Tenha uma boa noite, professor.
- Boa noite, tirano – completou, assim que a porta fechou-se. Porque me deixo ser tão manipulável? Isso está me cansando.
Passou ao aposento do lado onde sua cama espaçosa esperava-o. Tratou da higiene e de trocar as bandagens na perna ferida. Apanhou o frasquinho com a poção do sono na mesa ao lado e tomou de um gole. Fechou os olhos esperando-o chegar, o que não veio até a madrugada cair.
Hagrid preparava um chá forte para os três garotos em seu casebre, logo após a partida.
- Foi Snape. Hermione e eu vimos. Ele estava azarando a sua vassoura, murmurando, não despregava os olhos de você.
- Bobagens – disse Hagrid. – Por que Snape faria uma coisa dessas?
Hermione se entreolhou com os garotos, imaginando o que contar a Hagrid, já que ele não notara nada do que acontecera ao seu lado nas arquibancadas. Ela ouviu Harry contar a Hagrid o que sabiam sobre o cachorro de três cabeças e sobre Snape. Hagrid ficou tão surpreso de saber que eles tinham conhecimento do “Fofo”, como ele chamava aquele cachorro monstruoso, que deixou o bule de chá cair no chão.
- Bobagens, Snape é professor de Hogwarts, não faria uma coisa dessas.
Hermione não agüentou mais ouvir Hagrid defender o professor, quando ela mesma havia visto a azaração que ele lançava na vassoura de Harry.
- Então por que ele tentou matar Harry? Eu conheço uma azaração quando vejo uma, Hagrid, já li tudo sobre o assunto! A pessoa precisa manter contato visual e Snape nem ao menos piscava, eu vi!
Não adiantou muito, pois Hagrid continuou afirmando que Snape era inocente. A única coisa boa daquele encontro foi que os três conseguiram descobrir um nome que podia ajudá-los a desvendar o mistério sobre o que o cachorro estava guardando, mas não amenizou a tristeza que se instalou em seu coração após a constatação mais cedo no jogo.
Voltou com os garotos para sala comunal da Grifinória e deu uma desculpa de que estava muito cansada para subir imediatamente para o dormitório feminino. Jogou-se na cama e sentou-se no meio dos lençóis, abraçada aos próprios joelhos. As outras garotas no dormitório comentavam ainda sobre a partida de quadribol, não exatamente sobre “a partida”. Ela vasculhou o livro de feitiço que havia pegado na biblioteca, e lançou um anti-sons em suas próprias cortinas para evitar as risadinhas e comentários que elas falavam.
Não sabia o que sentia dentro de si. Era tão deslumbrada pelo professor Snape que a descoberta do que fizera mais cedo corroia seu coração. Não só o admirava por ter sido seu primeiro contato com a magia, mas havia acertado quando dissera a ele que era um excelente professor. Suas aulas eram as mais difíceis, o que a tornavam umas das mais produtivas; o jeito como ele exigia a perfeição de cada um dos alunos, principalmente os grifinórios, era gritante. Ela já havia aceitado esse fato como a forma que ele encontrara para mostrar a eles que não precisavam ser protegidos por nenhum professor para serem capazes. Sonserinos eram os que precisavam de indulgências.
Quanto ao fato dele a ignorar, aceitou a teoria do preconceito aos nascidos trouxas por parte dos sonserinos, embora esse fato estivesse contribuindo para a tristeza que sentia agora, ela já o havia perdoado por isso. Preconceito era uma força muito potente no caráter de quem o mantinha, a tradição milenar da Casa de Sonserina devia ser algo marcado na vida do professor Snape desde sua infância. Ela o perdoava por não ter sido educado a vencer as barreiras impostas pelo racismo. Era uma questão de valores, estava impregnado na alma dele, se até hoje não havia mudado, não haveria de ser ela, que nem ao menos tinha mentalidade suficiente para entender, quem tentaria tirar a venda do preconceito que havia diante dos olhos do professor.
O que fazia aquela lágrima teimosa descer por seu rosto era a dor que a seta da decepção abrira em seu peito; decepção de admirar alguém muito perto da idolatria e descobrir nessa pessoa defeitos. Mas defeitos todo mundo tinha, seu pai tinha o terrível defeito de viver sempre no limite de seu tempo, sempre correndo. Sua mãe o de querer abraçar o mundo com os próprios braços. Ela própria tinha o terrível defeito de querer andar de mãos dadas com a perfeição. Mas o seu exemplo de “bruxo adulto perfeito” tinha o defeito de roubar o que não lhe pertencia, e o que era pior, o de tentar matar as pessoas.
Um arrepio percorreu sua espinha com esse pensamento. Ele teria coragem para tanto? Outra lágrima escorreu pela sua bochecha ao lembrar que uma vez ele já havia falado em fazer Zumbis, então poderia muito bem fazer poções letais. Ainda mais horrível era a frieza que ele mantinha num momento desses. Estava tentando matar Harry e fazer parecer um acidente! Afinal, era só colocar a culpa na vassoura maluca do Harry e todo mundo acreditaria. Todo mundo menos Hermione. Ela viu seus olhos pregados nele, viu os lábios movendo-se. Um garoto... um garoto de onze anos... Que tipo de pessoa tentaria matar um garoto? Ainda mais com uma azaração daquele calibre?
Um monstro! De repente sentiu seu estômago embrulhar ao perceber isso. Dava-lhe repugnância pessoas tão covardes a ponto de se trocarem por outras, muito menos experientes. Podia ser em qualquer mundo: trouxa ou mágico; as pessoas mais velhas, e conseqüentemente mais fortes, com muito mais conhecimentos de vida, se voltarem contra alguém que não tem a mínima chance de defesa, era inconcebível! Uma atitude totalmente antiética! Será que existia essa palavra no vocabulário dele? Ética?
Seu estômago continuou embrulhado e ela sentiu-se indisposta a continuar pensando naquelas barbaridades que sua razão mostrava-lhe. Deitou-se na cama bem encolhida e puxou as cobertas acima de sua cabeça, ainda sentiu algumas lágrimas molharem seu travesseiro, mas desistiu de pensar. Ocupou sua memória com o rosto dos dois amigos, agora estariam muito mais juntos. Aquela atitude repugnante do mestre em poções havia contribuído para ficarem mais unidos ainda. Ela e Rony perceberam o real motivo da vida tê-los trazido para junto de Harry, e agora ele não deixaria de tê-los por perto. Hermione jurou para si mesma que protegeria o garoto. Ele não tinha ninguém por ele. Perdera sua família. Ela assumiria o papel de cuidar dele o tempo que fosse preciso, cada dia que passassem juntos.
- O que é isso?
- Calma, Snape, é apenas uma pasta curativa.
Severo Snape encontrava-se em uma das enfermarias do primeiro andar do hospital mágico de Saint Mungus.
- Que belo esclarecimento, eu poderia jurar que estava derramando chá sobre a minha perna.
- Quanta simpatia! Estou impressionado. Posso imaginar como seus alunos sofrem.
- Não é hora para piadas, Scraugir. Do que é feita essa droga de pasta?
- Não vai aprender a fazê-la, Snape. Eu mesmo já tentei e mesmo sendo Curandeiro não consegui. Somente as bruxas encarregadas dos boticários no centro mágico da Finlândia sabem sua mais pura essência. Posso citar alguns dos ingredientes como: acônito lapelo, pó de garra de hipogrifo, sangue de dragão, até um pouco de veneno de acromântula, hemeróbios e alguns elementos trouxas como: Aloe Vera e coca em pó.
- Não compare seus conhecimentos medíocres por ser um Curandeiro com minhas habilidades, terei que lembrá-lo quem era o melhor aluno em Poções de Hogwarts durante os sete anos que estivemos lá?
- Não – respondeu Scraugir com um tom de amargura na voz –, mas estudamos muito, mesmo após terminarmos Hogwarts, para seguir essa profissão, Snape. Então, sobre elementos, misturas e poções, poderei dizer que sei um pouco mais que você.
- Não o responderei como merece somente por estar me prestando este favor, mas poderei reconsiderar minha decisão se continuar bancando o espertinho da vez para cima de mim.
- Que bicho lhe mordeu, Snape? No sentido “real” da pergunta.
- Também lhe devo explicações? Deveria saber, afinal estudou muito mais que eu. Não foi o que acabou de dizer?
- Impossível manter um diálogo sociável com você, Snape. – Scraugir colocou umas folhas por cima da pasta e apertou o ferimento empurrando os elementos para dentro da ferida.
Snape sentiu uma dor fina subir do ferimento e parecer tomar sua perna inteira. – Pare de apertar! – vociferou.
- Não doeu mais que na hora, Snape. Se você conseguiu agüentar a dor no momento da mordida e durante uma semana inteira com medidas caseiras, pode agüentar mais.
Scraugir não viu o olhar mortífero lançado em sua direção. Apertou ainda um pouco mais a ferida, e começou a empapar algumas bandagens com um líquido verde oliva que estava num frasco apoiado na mesa junto a cama. Encostou a ponta da varinha no local coberto pela pasta e pelas folhas. Snape sentiu os elementos começarem a esquentar e se transformarem aos poucos em pequenos pontos brilhantes, que foram absorvidos pela pele e deixaram a ferida totalmente seca. Com um leve aceno da varinha, o Curandeiro trouxe as bandagens empapadas para junto à ferida e espremeu o líquido sobre ela. Poucos segundos depois, sua pele voltara a ser como antes, e sem nenhuma cicatriz.
- Pronto, Snape. Curado!
Snape passou os dedos pela pele e sentiu o local totalmente limpo, sem nenhuma imperfeição.
- Obrigado.
Levantou-se da maca e seguiu em direção a saída.
- Só mais uma coisa, Snape. – O bruxo parou a porta e virou-se. – Da próxima vez tenta as gatinhas, são menos ariscas que os cachorros.
- Estúpido!
Ouviu o riso do Curandeiro atrás de si enquanto descia as escadas até o saguão. Assim que chegou no pátio externo do hospital, aparatou, mas não para Hogwarts. O lugar onde o bruxo reapareceu era uma bela paisagem campestre. A pequena elevação que se erguia a sua frente era um pequenino chalé. Parou para observar a fachada e o pequeno lago ao fundo. Respirou o ar limpo do ambiente. Alguns pássaros brincavam na água, o vento balançava as folhas das árvores que circundavam a pequena cerca em volta do chalé. O sol atravessava as folhas e brincava com a terra no chão.
Uma criatura estava curvada entre as ervas do pequeno canteiro próximo ao lago. Elevou os grandes olhos para o homem que apareceu repentinamente e sorriu para ele, curvando-se mais ainda numa longa reverência. Snape fez um movimento simples com a mão indicando ao pequeno elfo para voltar a sua procura no canteiro. O elfo atendeu prontamente e voltou a sua atenção novamente para as ervas.
Snape entrou na casa. A mesma simplicidade da natureza que circundava o chalé fazia-se presente lá dentro. No primeiro cômodo não havia muitos móveis, apenas um pequeno sofá e uma mesa com duas cadeiras dividindo espaço com um pequeno fogão a lenha a um canto, no qual alguma comida fervia e o cheiro invadia o ambiente.
Snape seguiu até o cômodo seguinte, também com pouca mobília; a espaçosa cama de casal destacava todo o espaço. Uma mulher estava deitada nela, seus olhos fixos no teto não se moveram para encarar o professor. Ele parou bem próximo a ela e admirou pela milésima vez aquelas feições. O rosto comprido, agora muito mais pálido que antes, destacava ainda mais as espessas sobrancelhas. Snape deslizou a mão para acariciar os longos cabelos negros que destacavam vários fios brancos e ajoelhou-se ao lado da cama para cheirar a mecha que trouxe na mão.
A mulher continuou imóvel, observando o teto. Ele olhou seus olhos que expressavam o vazio de qualquer sentimento no interior daquele corpo. Sem se dar conta, seus próprios olhos tornaram-se ainda mais frios que de costume e brilharam com os sentimentos de ódio e tristeza que inundaram seu peito. Evitou deixar que seus olhos piscassem para não ter seus sentimentos expostos de uma forma tão fraca como a de lágrimas. Manteve a expressão dura e impassível. Direcionou sua mão para a mãozinha magra e enrugada pelos anos. Ele a segurou firmemente entre as suas próprias mãos e brincou com a fragilidade dela, que se perdia entre seus longos dedos. Com seu dedo indicador acariciou cada linha da vida que se destacava na palma da mão dela, cada veia que se destacava na pele tão frágil. Deixou-se ficar sentindo o calor da mão dela, que junto com as pulsações que vinham do seu coração que batia ritmicamente, eram umas das poucas indicações de que ali naquela pessoa havia alguma vida. Apertou ainda mais a mãozinha entre as suas e a elevou até seus lábios beijando-a docemente.
- Amo você – sussurrou.
N/A: Espero que curtam o capítulo.
Os seguintes diálogos pertencem à história original:
- Foi Snape. Hermione e eu vimos. Ele estava azarando a sua vassoura, murmurando, não despregava os olhos de você.
- Bobagens – disse Hagrid – Por que Snape faria uma coisa dessas?
- Bobagens, Snape é professor de Hogwarts, não faria uma coisa dessas.
- Então por que ele tentou matar Harry? Eu conheço uma azaração quando vejo uma, Hagrid, já li tudo sobre o assunto! A pessoa precisa manter contato visual e Snape nem ao menos piscava, eu vi!
anúncio
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!