A Festa





Era um dia quente em Londres, início das férias de verão. Todos pareciam apressados. Uma garota atravessava a praça, sem prestar atenção nas pessoas a sua volta, pensava no que faria durante as férias, além de ter que passar horas fazendo suas lições extras.

Sem aviso, ela bateu em alguma coisa, ou alguém, e o choque fez com que os livros que carregava se esparramassem pelo chão.




- Ai! Desculpa, eu não estava prestando atenção.

- Ah?!... O quê? - disse a pessoa com quem trombara, ainda se recuperando do choque - Eu...eu te ajudo com os livros.


A garota resolveu erguer a cabeça, e só então viu em quem batera. Era um rapaz de uns vinte e dois anos, alto e forte. Possuía profundos olhos azuis, cabelos ruivos e longos, presos em um rabo de cavalo na altura da nuca, e um brinco de argola com algo que parecia um pequeno dente, na orelha direita.

“Hum... ele é muuuito bonito, eu namoraria um cara desses sem perguntar de onde veio! De onde veio... é mesmo, quem será ele? É mesmo muito bonito...”, pensou a garota.

Só então ela percebeu que mantinha seus olhos fixos nos dele e que ele fazia o mesmo, o que a fez corar como uma garotinha.



Enquanto a jovem estava perdida em pensamentos, o rapaz também não deixara de reparar nela, que também era muito bonita. Devia ter uns dezesseis anos, não era muito alta, tinha cabelos na altura do ombro, muito negros, e olhos castanhos, levemente puxados, devia ser mestiça.


- Ah, não. Eu estou atrasado - disse ele, se levantando e ajudando a garota a fazer o mesmo.- Ainda preciso passar em Hogs... Bom, eu preciso ir, tenho algumas coisas para comprar. Tomara que você não tenha amassado seus livros. Tchau!

Ela ficou ali, de pé, novamente com os livros na mão, observando o homem se afastar e pensando: “Ah, ele foi embora tão rápido! Não deu nem pra perguntar o nome dele. Não que eu fosse realmente fazer isso sem antes explodir de vergonha, mas...”

Só então ela notou que, na pressa, o rapaz derrubou o que parecia ser um convite, feito de um material que lembrava rolos de pergaminho, mas na cor azul, com letras douradas, que dizia:



Reunião de ex-alunos



Gui



Sexta- feira, Dia 3 de Julho

Rua das Rosas, n.º 111, às 22 horas.






“Hum, ótima idéia, eu tenho que devolver o convite para ele, senão ele não irá à festa, mas como???” pensou a garota.

Não sabia onde morava e muito menos aonde o rapaz tinha ido. A única solução seria ir ela mesma à festa. Não era costume dela ir atrás de qualquer cara que aparecesse no meio da rua, mas alguma coisa naquele cara a deixara curiosa, que a fez ficar horas a pensar: “Quem era ele??? Com certeza ele não era como os outros t... como as outras pessoas aqui de Londres, tá bom que ruivos são comuns aqui e que o inglês dele é perfeito, mas ele é diferente de qualquer pessoa. Não, na verdade, ele me lembra alguém, mas quem? Bom, pelo menos o nome dele é bonito, Gui. Gostei!”


Enquanto isso, não muito longe dali, em um lugar desconhecido à maioria das pessoas de Londres, um jovem rapaz não conseguia parar de pensar, sua cabeça funcionava a mil, com as mais impossíveis teorias imagináveis.


- Hum, talvez ela more por aqui mesmo, em Londres. Eu até podia ir procurá-la, não, muita preguiça, nem vou. Mas seria bem melhor se morasse no Egito. Muuuuuuito melhor... Ou talvez, ela tenha trombado comigo de propósito, talvez seja o destino e...

- Você disse alguma coisa, rapaz?- perguntou uma senhora com uma aparência muito bondosa, que se encontrava atrás de um balcão, numa estranha loja de doces.

- Ah... não. -disse ele, pensando “Eu devo ter pensado em voz alta, nossa, essa menina tá me deixando louco... hehehe.”

- Será que a senhora poderia me dar umas dez bombinhas dessas aí?



...



Finalmente, a noite de sexta-feira chegara. Ela havia contado as horas, que pareciam se arrastar e desdobrar com uma imensa lentidão.



- Por que é que eu estou assim??? Eu estou parecendo uma criança que está prestes a ganhar o brinquedo que sempre quis... Ow, essa não sou eu! Ah... droga! - pensou ela, porém, em voz alta.

- Falando sozinha, minha filha?!- indagou uma mulher à porta do quarto da garota.

- Ah, oi mãe- cumprimentou ela.- Olha, eu vou a uma festa, acho que não volto muito tarde, certo?

- Certo, tome cuidado e divirta-se.- disse a mãe.

- Brigada -disse a filha. - Tchau!



A garota saiu de casa e foi caminhando calmamente até o lugar da festa, que não era muito longe daquela praça em que encontrara o suposto Gui, alguns dias atrás. Ao chegar no lugar, ela entrou sem problemas, não havia seguranças. Mas, uma vez dentro da casa, ela mal conseguia se mover, tamanho o número de pessoas que havia no salão.

“Ai, ai, ai ,ai ,ai... vai ser muuuito difícil achar alguém no meio desta multidão, mesmo que ele seja alto, ruivo, e muuuito bonito.” Pensou ela, relutante.

Mas, quando ela olhou para cima, pôde ver um cara sozinho, no andar de cima da casa. Era ele, só podia ser.

Mesmo já sabendo onde Gui se encontrava, ela demorou muito para chegar até lá. Havia muita gente no salão, no térreo. E, por sorte, ninguém notara sua presença e fizera perguntas que a forçariam a dizer quem era e por que estava ali.

Quando ela chegou perto das escadas, percebeu que o rapaz não se encontrava mais lá em cima, mas, dessa vez, não foi difícil encontrá-lo.


- Gui, Gui! - gritou ela , tentando inutilmente se sobrepor à algazarra.


Por sorte, ele a ouviu e virou-se para ver quem o chamava:



- Você??? - perguntou ele, surpreso.- Quer dizer...ah...oi! Como sabe meu nome? O que está fazendo aqui? - disse Gui, corando tão furiosamente que parecia estar em chamas.

- Meu nome é Lucy. Eu sei seu nome porque quando você saiu andando, deixou cair esse convite - explicou a garota, estendendo a mão para entregar o convite a ele. - Então eu pensei que você não poderia entrar sem ele e resolvi vir até aqui pra te entregar. Mas parece que tá tudo bem, então eu vou indo...

- Não! - gritou Gui, num momento de pânico.- Quer dizer, que bom que você achou o convite, mas eu tinha outro, esse era para acompanhante, que eu não tinha e não ia servir pra nada mesmo... - de repente, uma idéia brilhante veio à cabeça do jovem ruivo.- Ah... por que você não vem comigo? A festa tá meio chata, eu tava querendo ir embora.

“Nosssaaaaa, ele não pode estar falando sério! Eu mal sei o nome dele e ele já tá... ah, dane-se as boas maneiras ou qualquer outra coisa! Como se eu fosse perder essa chance!!!” pensou ela, convencida, dizendo:

- Ah... claro!



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N.A.: Critícas, sugestões e elogios são sempre bem vindos rpinciplamente o último!!) [email protected]

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