O Retorno de Dumbledore



— CAPÍTULO TREZE —
O Retorno de Dumbledore




Hermione suou frio e começou a tremer. Agarrou o braço de Rony e os dois continuaram encarando Snape, sem saber o que fazer. Se Snape estava ali, então quem entrara antes deles? Seria o próprio Voldemort?
— Corram já lá para fora! — ordenou Snape.
Os dois correram, e em seguida Snape se juntou a eles. — Que diabos vocês dois pensam que estavam fazendo lá?
— Estávamos... Nós... — começou Rony, mas Hermione teve mais coragem.
— Estávamos praticando mágicas, não sabíamos que aquele cachorro enorme estava ali. E então, acabamos caindo em um buraco, por sorte achamos vassouras e conseguimos voltar...
— Potter estava com vocês?
— Não, de jeito nenhum! — ela apressou-se em dizer. — Você poderia nos levar até a torre da Grifinória? Estamos muito assustados...
— Ora essa, Srta. Granger. Poupe-me! Vão, corram, tenho mais o que fazer.
— Não se o senhor não vier com a gente.
— Como ousa, pirralha? Quer que eu tire o resto de pontos que a casa de vocês ainda tem?
— Não deixaremos que você machuque Harry — disse Rony, pondo-se na frente de Hermione. — E nem que roube a Pedra Filosofal.
— Machucar? Pedra Filosofal? Vocês ficaram malucos? Venham até aqui, eu vou levá-los até a sala da profa. McGonagall e me certificar de que ela expulsará os dois! Como ousam me acusar desta maneira?
Snape puxou-os pelas vestes bruscamente, e pôs-se a arrastá-los. Hermione não se importou, o que era realmente importante é que Snape estava indo para longe de Harry e da pedra. Algo interrompeu Snape, porém.
— Prof. Snape! — era Argo Filch. — Deixe que eu cuido dos alunos desordeiros.
— Não é necessário, não vê que estou fazendo isso?
— Mas... Bem... Pirraça entrou na sua sala, pode destruir seus ingredientes de poções...
Snape largou os dois, furioso, e saiu em disparada. Era a chance deles. Hermione puxou Rony e correram a toda velocidade. Filch tentava alcançá-los, mas corriam muito à frente dele.
— Vamos direto ao corujal... — Hermione sibilou. — Já não temos mais nada a perder!
Mas haveriam de encontrar mais alguém, e nesse alguém trombaram em uma curva, caindo no chão após o choque. Era Dumbledore, que continuava em pé, e perguntou com urgência.
— Harry está lá?
— Sim! — Hermione respondeu, e Dumbledore saiu apressado em direção ao corredor proibido do terceiro andar. Filch parou ao ver o diretor, que disse apenas:
— Deixe os dois em paz. Estão autorizados por mim.
Hermione respirou aliviada, enquanto Filch deu as costas a eles, indignado.
— Venha, Rony! Preciso levá-lo à ala hospitalar.

E assim Hermione permaneceu tensa ao lado de Rony na ala hospitalar. Ele dormia, e Madame Pomfrey cedeu aos pedidos encarecidos dela de ficar ali, apesar de não estar muito machucada e ter condições de dormir na torre da Grifinória.
— Estamos esperando por uma notícia muito importante... Dumbledore permitiu que saíssemos da torre fora de hora. Deixe-me esperá-lo aqui... — foi o que ela disse.
— A senhorita se arrependerá muito se eu perguntar ao diretor e ele me disser que isso era mentira.
Mais tarde, então, o próprio Dumbledore entrou na ala hospitalar, trazendo Harry desacordado em seus braços.
— Ele está bem, tudo está bem. — disse a Hermione. — Fique sossegada, a Pedra Filosofal foi destruída.
— Mas, professor...
— Srta. Granger, preocupe-se agora apenas em descansar. Amanhã saberá dos detalhes.
Madame Pomfrey surgiu e começou a tratar de Harry. Hermione fez menção de levantar-se, mas Dumbledore impediu-a com um gesto.
— Faça com que os três durmam aqui esta noite — disse Dumbledore a Madame Pomfrey. — E a senhorita trate de se deitar e dormir.
Hermione concordou, ainda que contrariada. Tinha Harry de um lado e Rony do outro, desacordados. Só lhe restou deitar, mas demorou muito a dormir.


Hermione abriu os olhos com a nítida impressão de que não dormira por mais de cinco minutos. No entanto, já amanhecera e os raios de sol invadiam a ala hospitalar. De um lado, Harry continuava dormindo. Do outro, Rony estava sentado e Madame Pomfrey trocava o seu curativo da testa.
— Rony... Está melhor? — murmurou.
— Estou... E você?
— Estou bem.
Madame Pomfrey deu alta aos dois a tempo de participarem do café da manhã no salão principal. Perguntaram sobre Harry, mas ela disse que ele ainda precisava repousar mais.
O assunto mais comentado na escola eram os acontecimentos da noite anterior. Hermione e Rony ouviram diversas versões sobre o que acontecera com eles e com Harry, mas em todas uma coisa permanecia a mesma, e não fazia sentido: ao invés de Snape, o professor que tentava roubar a pedra era Quirrell. Eles acabaram indo procurar Dumbledore, e deram sorte de encontrá-lo em um corredor.
— É isso mesmo Sr. Weasley, Srta. Granger. O prof. Quirrell estava ajudando Lord Voldemort em sua tentativa de retomar o poder.
Dumbledore foi capaz de desbancar plausivelmente todas as evidências que eles apresentaram contra Snape. Desde a azaração da vassoura — na verdade quem a azarava era Quirrell, e Snape retardava o efeito com um contrafeitiço; até a presença dele tocando para Fofo, na noite anterior — segundo o diretor, Snape estivera vigiando Quirrell e, ao saber que ele tinha recebido uma coruja (que depois se descobriu falsa), resolveu verificar se o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas iria tentar roubar a pedra.
— O prof. Snape tentou me alertar sobre o prof. Quirrell — continuou Dumbledore. — Incerto da veracidade das desconfianças de Severo, resolvi dar mais uma chance. Errei, pois essa chance quase custou a vida de Harry.
— E onde está agora o prof. Quirrell? — Hermione perguntou.
— Morto. Voldemort o abandonou à beira da morte, e ele não resistiu.

Dois dias depois, Harry finalmente acordou e pôde confirmar a história para Hermione e Rony. Conforme o que ele contou, após Hermione ter voltado para buscar Rony, ele avançou até a última porta e lá encontrou Quirrell, junto com o Espelho de Ojesed, no qual vira seus pais nas férias de Natal.
Quirrell estivera fingindo o tempo todo. O que havia embaixo de seu turbante roxo era, afinal, uma espécie de “máscara viva” de Voldemort, em sua nuca. O rosto macabro falava e tinha uma espécie de sobrevida através do corpo do professor, e fugiu depois que Harry conseguiu recuperar a Pedra Filosofal e Dumbledore apareceu para salvá-lo.
No dia seguinte, houve a festa de encerramento do ano letivo. Como Harry estava hospitalizado, não participara da última partida de quadribol, acabando com as chances da Grifinória de vencer. A decoração da festa era em tons de verde e prata, em homenagem a Sonserina, à frente na soma de pontos das casas.
Depois do banquete, Dumbledore chamou a atenção de todos. Segundo ele, tinha pontos de última hora a conferir. E começou:
— Primeiro: ao Sr. Ronald Weasley... — Neste momento Rony ficou escarlate, e com uma expressão de total espanto. — ...pelo melhor jogo de xadrez presenciado por Hogwarts em muitos anos, eu confiro à Grifinória cinqüenta pontos.
Aplausos e vivas irromperam fervorosamente da mesa da Grifinória. Percy dizia aos outros monitores: “É o meu irmão, sabiam? Meu irmão caçula”. E depois que o silêncio se refez, Dumbledore continuou.
— Segundo: à Srta. Hermione Granger... — Hermione sentiu o coração saltar dentro do peito. — ...pelo uso de lógica inabalável diante do fogo, concedo à Grifinória cinqüenta pontos.
Mais comemorações na mesa da Grifinória. Hermione sorriu, sentindo algumas lágrimas lhe aflorarem aos olhos. E então Dumbledore retomou a palavra.
— Terceiro: ao Sr. Harry Potter, pela frieza e excepcional coragem, concedo à Grifinória cinqüenta pontos.
O barulho foi ensurdecedor. Com os cento e cinqüenta pontos recém ganhos, a Grifinória subia de último lugar para o primeiro, empatada com Sonserina. Mas Dumbledore ainda tinha uma última consideração a fazer.
— Existe todo tipo de coragem — disse. — É preciso muita audácia para enfrentarmos os nossos inimigos, mas igual audácia para enfrentarmos os amigos, na tentativa de defendê-los. Portanto concedo dez pontos ao Sr. Neville Longbottom.
Balbúrdia geral. Grifinória vencera o Campeonato das Casas. Neville não podia acreditar que ganhara pontos para a casa. Hermione abraçou-o, alegre. Quando voltou ao seu lugar, Rony tinha uma expressão esquisita no rosto.
— Isso significa — disse Dumbledore, por fim. — que precisamos alterar um pouco a decoração. — Com o bater de suas palmas, a decoração mudou de verde e prata para vermelho e ouro, as cores da Grifinória.
Depois disso seguiu-se o banquete. A festa foi maravilhosa, Hermione não cabia em si de tanta felicidade, assim como o resto dos colegas da casa.


Antes de deixar Hogwarts, os alunos ainda receberam as notas. Enquanto Neville passou raspando e Harry e Rony tiveram notas razoáveis, as notas de Hermione foram as melhores de todo o primeiro ano. Tinha certeza de que seus pais ficariam muito felizes.
A viagem de volta a Londres passou rápido, pois Hermione ficou conversando alegremente com os amigos, comendo feijõezinhos de todos os sabores e sapos de chocolate e aproveitando para praticar feitiços antes de deixarem o trem, já que nas férias eram proibidos de fazer mágicas. Quando desembarcaram do trem, ela se sentia levemente triste.
— Vocês precisam vir passar um dia na minha casa, os dois. — disse Rony. — Vou mandar corujas.
— Obrigado, Rony — Harry agradeceu.
Hermione limitou-se a sorrir, com os olhos marejados. Não queria realmente despedir-se deles. Nesse momento, porém, viu seus pais. Percebeu então a saudade que sentira deles. Antes de ir até eles conheceu a família de Rony, e pôde constatar que suas suspeitas estavam certas; aquela mulher bondosa e a menininha ruiva que vira na estação no dia primeiro de setembro eram mesmo a mãe e a irmã de seu amigo. Agradeceu à Sra. Weasley pelo suéter.
— Então você é a Mione? — perguntou ela. — A coruja que Rony mandou foi engraçadíssima... Pediu encarecidamente que eu fizesse um suéter bonito para a Mione, como se os suéteres que eu faço não fossem bonitos!
Rony corou, e Hermione achou que devia ser pela questão da beleza dos suéteres.
— Adorei, Sra. Weasley. Ficou muito bonito — disse.
— Que bom que gostou.
— Já vou indo, obrigada mais uma vez.
Os tios de Harry deviam ser aquele casal esquisito com um filho gorducho, que esperavam entediados em um canto. Hermione puxou os dois amigos pelo braço.
— Harry... — disse. — Rony... Nos vemos em um mês.
— Até lá — disse Harry, sorrindo.
— Boas férias, Mione... Tente não estudar tanto, e descansar um pouco. — disse Rony.
Ela riu. Antes que os olhos marejassem novamente, saiu correndo em direção aos pais. Eles a receberam com um carinhoso e demorado abraço.
Era maravilhoso estar de volta, mas Hermione tinha certeza absoluta, agora mais do que nunca, de que não era àquele mundo que ela pertencia.

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