Uma Nova Amiga
No trem vermelho que ia para Hogwarts, dois jovens conversavam numa cabine.
Um era uma garota de cabelos castanhos longos e lanzudos, magra e com olheiras fundas. O outro era um rapaz igualmente magro de aparência abatida e deprimida.
Harry Potter e Hermione Granger.
Normalmente os dois estariam conversando, mas naquela cabine faltava alguém. Um grande amigo que fora dado como morto no ano passado, decerto morrera para proteger Mione quando havia notado que a amava e começara a namorá-la.
Mione desde então, emagrecera e ficara deprimida. Mudara muito e se tornara um tanto irresponsável e rebelde. E Harry só alimentava mais ódio por Voldemort.
O pior era que não tinham achado corpo algum e ela alimentara (ainda alimentava, talvez) a esperança de que ele estivesse vivo.
De súbito, a porta da cabine se entreabriu timidamente. Mione e Harry desejaram que fosse Draco Malfoy. Precisavam de um jeito de desabafar a raiva e a tristeza reprimida que pesava e eles não sabiam como por pra fora, exceto numa luta.
Mas não era Draco. Era uma garota com a qual eles nunca haviam conversado.
Harry achou-a muito bonita. Era branca como neve, com olhos cinzentos claros. Os cabelos eram muito lisos, compridos (chegavam quase a cintura dela) e finos, de um negro azulado. Pareciam água e se agitavam no menor movimento de cabeça que ela fizesse. No seu peito, suspensa por uma correntinha prateada estava uma medalha de prata que parecia ter sido cortada ao meio.
-Ops. Foi mal, achei que a cabine estava vazia...-Desculpou-se ela, começando a ir embora, mas Harry, por um impulso e esperança de quebrar o gelo entre ele e Mione, a chamou de volta.
-Pode sentar com a gente...Hã... Quem é você?
Com um agradecimento, ela sentou ao lado de Mione e se apresentou. Os olhos dela brilhavam e pareciam prateados. Agora, via-se que na medalha estava gravado a fogo, metade da face de um lobo e na borda da medalha, o que deveria ser uma serpente. Harry perguntou-se porque ela só tinha a medalha pela metade e onde deveria estar a outra metade.
-Sou Opala... E vocês, bem não tem quem não saiba quem são... Hermione Granger, a garota mais inteligente da escola e Harry Potter, ambos da Grifinória.
Mione sorriu um pouquinho e ficou vermelha, mas ainda havia lágrimas em seus olhos. Opala notou e segurou a mão dela e murmurou numa voz calma.
-Eu lamento pelo Rony...
Mione a olhou surpresa.
-Você o conhecia?
-Não, mas conheço bem Gina Weasley e por conseqüência, cheguei a conhecer Rony... Ele era um cara legal.
Começaram a conversar e Opala contou a eles toda sua historia, ou quase toda. Era órfã e vivera na rua até os nove anos, quando conhecera McGonnagal. Ela se recusara à adoção e viva em Hogwarts com Hagrid.
A irmã mais velha, Michele, cuidara dela desde que Opala se via no mundo, mas morrera quando ela tinha cinco anos e nunca falara muito na família delas, a não ser para xingar o pai e dizer que a mãe morrera. Mas lhe dera aquela medalha na hora da morte dizendo que o pai ainda vivia e tinha a outra metade, mas não aconselhava Opala a procurá-lo.
Os três conversaram longamente, Opala demonstrava pesar por Rony e simpatia pelos novos amigos, por sua vez, ambos ficaram encantados com o humor de Opala. Harry achou que talvez, fosse ser Opala que tiraria Mione daquela fossa.
Quando os três chegaram ao castelo, Harry e Mione se chocaram ao ver que Opala se dirigia a mesa da sonserina, decidida, e se sentou lá.
Os dois se entreolharam antes de sentar a própria mesa. Não haviam imaginado que aquela menina fosse da sonserina.
Então, eles se sentaram à mesa da Grifinória, começaram a se perguntar sobre o novo professor de DCAT, mas assim que Dumbledore se ergueu, o olhar de Harry cruzou com o de Snape, que sorria. Ele teve um péssimo pressentimento.
-Boa Noite e bem vindos. Gostaria de ter o prazer de informar que o novo prof de DCAT, a maioria dos alunos já conhece, Severo Snape.
Poucos aplausos ecoaram no salão, mas a mesa da Sonserina prorrompeu em vivas, com raiva, Harry notou que Draco parecia mais alegre do que nunca. Opala era a única que não aplaudia, ao contrario, seu queixo estava caído e seu olhar estava cheio de choque.
A porta do salão se abriu com um estrondo. Quando todos olharam, um silencio pairou no ar como uma fumaça.
Um homem atravessou o salão. Seus olhos se detiveram em Harry e Mione. Ele os encarou imperiosamente mas os dois devolveram-lhe o olhar. Quando ele parou diante da mesa dos professores, Dumbledore sorriu.
-Dêem boas vindas ao novo prof de poções, Lucio Malfoy.
Desta vez, Harry e Mione não aplaudiram nem por educação. E Opala murmurava toda sorte de xingamentos, a julgar pelo modo como olhava o homem com desprezo.
O jantar foi menos saboroso do que parecera a inicio e quando Harry disse a Mione para ir andando, pois ele ia falar com Dumbledore e tentar entender alguma coisa. Por coincidência, Opala se aproximou e ouviu tudo.
-Somos dois, cara! Não consigo engolir essa do Malfoy como Prof de Poções!- Disse ela, sem notar que Mione e Harry estavam espantados.
-Mas você é da sonserina!- Exclamou Mione- Todos de lá adoram Snape e o Draco é bem popular!
Disse a coisa errada. O olhar de Opala tornou-se frio como gelo e Mione se encolheu toda. Opala pareceu um pedaço de gelo, indiferente e fria.
-E daí? Ele foi, e pra mim, ainda é, Comensal da Morte! Por mim, os tranquem em Azkaban e joguem a chave fora. Eles deviam apodrecer lá, isso sim! – Contou ela, com raiva. Harry gostou do que ela disse e se perguntou porque cargas dágua o Chapéu Seletor a colocara na sonserina.
A passos firmes, os três se dirigiram até a mesa dos professores, já se esvaziando. Opala hesitou na hora de falar e até Harry não quis tomar iniciativa. Os olhos de Dumbledore estavam enevoados e pálidos. Ele estava magro e sem expressão. Parecia mais um robô.
-Hã... Com licença, Professor Dumbledore, mas queríamos... Queríamos... Falar com o senhor sobre...- Mione gaguejava e Harry não a culpava, Lucio podia muito bem estar por perto, embora só Hagrid estivesse mais ou menos perto, e mais interessado em acabar de comer um peru colossal.
-Sobre o que senhorita Granger? –Perguntou o diretor friamente, mas antes que eles pudessem falar, ele ergueu a mão- Seja o que for, sei que pode esperar. É tarde e amanha, voces terão aula. Hagrid, leve-os até seus dormitórios.
E ele se levantou e foi embora, deixando os três ali plantados e chocados. Nunca, nem em um milhão de anos, Dumbledore falara assim com eles.
Só saíram dali, quando Hagrid os chamou pela terceira vez.
-Hei, voces vem ou não? –Chamou ele. Os três caminharam com ele emudecidos, o cérebro de Harry trabalhava loucamente, tentando entender alguma coisa.
-Oi, Harry, Mione, Opala- Cumprimentou Hagrid, calorosamente e os três responderam em uníssono. Ele bem que tentou conversar, mas os garotos davam respostas curtas e ele também parecia preocupado.
-Hagrid, porque, raios que me partam, Dumbledore contratou o senhor Malfoy? Já não basta o Snape, agora mais um comensal aqui é?- Perguntou Opala, irritada. Hagrid a olhou sem espanto algum e deu de ombros. Parecia tão confuso quanto os amigos.
-Sabem que eu não sei? Não posso dizer que não estou chocado. Quer dizer, em Snape podemos confiar, ah podemos, sim- Afirmou ele, erguendo um dedo grosso quando os três abriram a boca para protestar- Dumbledore confia nele. Mas em Malfoy? Ele é comensal sim, Harry o viu no ressurgimento do você-sabe-quem! Não estou entendendo que diabos o diretor está pensando!
-Lamento dizer, mas para mim, aquele velho careca está louco de vez.- Resmungou Opala e recebeu uma repreensão por falar assim de Dumbledore, não era bem o que se podia chamar de gratidão, mas ela deu de ombros sem se importar.
-Mas numa coisa Hagrid está certo, Opala, podemos confiar no Snape... Afinal, o Dumbledore confia... Então- Começou Mione, mas Opala a cortou com impaciência.
-Ah, pode parar! Corta essa! Sabe, Mione? Uma coisa que minha irmã, Michele, vivia me dizendo: ‘Não confie no julgamento de alguém sobre uma pessoa, faça seu próprio julgamento’. Ou seja, não confio em nenhum dos dois. Uma vez comensal, sempre comensal, ponto final! Aquele loiro oxigenado falseta do caramba é muito
Opala se calou bruscamente. E Harry logo viu porque. Lucio Malfoy estava parado diante deles e os encarava como um leão encara carneiros.
-Vá dormir Hagrid, eu me encarrego deles agora.- Disse ele. Hagrid argumentou como pode, mas Lucio acabou ganhando essa. Entretanto, ele não poderia fazer mal a eles em Hogwarts, murmurou o gigante nos ouvidos dos amigos ao abraçá-los e ir embora.
Como se isso fosse bem tranqüilizador. Os três se voltaram e não tiveram outra escolha a não se acompanhar o homem pelos corredores vazios.
-As coisas estão mudando muito, se já notaram- Disse ele. Opala, falante e saidinha como sempre abriu a boca, mas a um olhar de Harry, a fechou. O silencio, pelo menos neste caso, era a melhor política.
Mas no olhar de Opala havia uma chama de um vermelho-cru que faziam seus olhos ficarem de um cinza avermelhado horroroso.... E estranhamente familiar.
-Não pensem que não notei que queriam falar com o diretor e posso bem adivinhar o porque. Mas se querem saber mesmo, não vai adiantar nada. Porque ele ouviria a voces? E mais, se começarem a falar demais, farei com que se calem para sempre e nem eu nem meu mestre ligaria de eu ser despedido, contanto que os seus corpos fossem parar a sete palmos abaixo do chão como o do seu amiguinho traidor de sangue.
Mione estremeceu, mas Harry apertou-lhe a mão. Não devia ouvir isso, mesmo que fizesse alguns meses, Rony ainda podia estar vivo... Um mês e meio, mais ou menos... Não era muita coisa.
-Então, estejam avisados disso. Sei que vai ser duro para cabecinhas tão fúteis e tacanhas entenderem algo assim, mas mais simples que isso, nem tem como dizer.
Harry começou a ferver de raiva. A idéia de ter que aturar pai e filho Malfoy era demais! Afinal, o que ele fizera? Jogara pedra na cruz ou coisa assim?
Lucio deixou ele e Mione no quadro da Mulher Gorda e foi embora, seguido de Opala que parecia brava mas preocupada. Harry não a culpou, estar sozinho com aquele homem era bom sinônimo de perigo.
Entraram e verificaram os horários... Primeiro, DCAT e depois, Poções.
-Belo começo de ano- Resmungou Harry de mau humor. Pouco depois, deitado na cama, ele não conseguia parar de pensar em Opala.
Porque ela estava na sonserina? E porque Lucio agora era professor? Alias, porque não, mas sim, como... COMO Dumbledore pudera fazer isso? E porque fora tão seco com eles?
Harry entendeu. Havia alguma coisa acontecendo... Alguma coisa grande.
Mas ele não fazia idéia do quão grande era isso.
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