Esclarecimentos



Os Weasley demoraram muito para chegar no Largo Grimmauld naquele dia, pois ainda tiveram que levar Hermione para o St. Mungus e tratar o seu corte. Mas entre todos eles, Harry era o mais desligado. Ele ainda não entendia porque havia beijado Juliana na bochecha. Depois que chegou em casa naquele dia, nem conseguia prestar atenção na bronca da sra. Weasley. Fred e Jorge haviam gozado de sua cara durante horas, mas ele não se importou. Agora, só queria entender a sua atitude, e saber muito mais sobre o paradeiro dos Comensais da Morte e de Voldemort.

Fred e Jorge haviam finalmente entrado para a Ordem, depois do incidente do Beco Diagonal. Enquanto Hermione estava sendo tratada e a sra. Weasley dava uma bronca nos garotos, os membros da Ordem souberam que os logros dos gêmeos haviam ajudado Jac e Tonks a se comunicarem, e foi feita uma reunião. Os garotos foram aceitos na Sociedade, que por sinal estava crescendo muito, agora que existiam mais aurores que queriam ajudar a derrotar Voldemort. Muitos foram aurores que acreditaram em Fudge e agora queriam se redimir, e Dawlish era um deles. Estava até sendo cogitada a possibilidade da Ordem sair da clandestinidade e se tornar oficial. Mas mesmo com todas essas boas notícias, Harry não parava de pensar em Juliana.

E na casa da família Grove, uma outra jovem estava muito estranha também. Juliana não parava de passar a mão na bochecha onde foi beijada por Harry Potter, como se conferisse se tudo aquilo foi verdade. Os irmãos e a prima perceberam a sua atitude, e escondidos atrás da cama, comentaram entre si:

_ O que houve com a Jú? - perguntou Gustavo

_ Ela está tão estranha ultimamente, desde que voltamos do Beco. - disse Letícia

_ Eu sei por quê. - disse Mariana, sorrindo.

_ Por quê? - perguntou Gustavo

_ Vocês não viram porque estavam tontos ainda, mas na hora que a gente tava indo embora, o Potter beijou a Jú na bochecha.

_ O quê? Harry beijou a Juliana? - perguntou Letícia, perplexa.

_ Beijou.

_ Ah, só por isso? - perguntou Gustavo - E eu aqui pensando que foi algo mais emocionante.

_ Gustavo, você realmente é muito insensível. Vou lá falar com ela. - disse Letícia, dando as costas para os primos e indo falar com Juliana - Jú, tudo bem com você?

_ Ah... tudo.

_ Tem certeza? Você está tão estranha...

_ Não é nada...

_ O Harry abalou seus pensamentos, não foi?

_ Quê?

_ Ora, eu já soube do "grande" beijo na bochecha... olha só, minha priminha está apaixonada!

_ Não diga besteiras, Lê...

_ Vai dizer que não é verdade? Ele também ficou bem estranho quando te segurou lá na Floreios e Borrões...

_ Você acha?

_ Há! Então você tá realmente gostando dele? Eu sabia, sabia, sabia...

_ E se tiver? Qual o problema?

_ Nenhum... mas é estranho ver você assim... estou realmente ficando velha.

_ Mas não conta para ninguém, tá?

_ Oh oh... acho que não vai dar.

_ Por quê?

Letícia olhou para trás da cama, onde Mariana e Gustavo estavam escondidos:

_ Gustavo... Mari... vocês não ouviram, ouviram?

_ Na verdade... - disse Mariana - a gente até que não ouviu muito.

_ É! - disse Gustavo - Só a parte que a Juliana está apaixonada pelo Potter...

_ O QUÊ? - gritou Juliana - Ah, que vocês...

Ela partiu para cima deles, mas começou a fazer cócegas em todo mundo. Estava tudo bem até a sra. Grove chamar eles:

_ LETÍCIA, GUSTAVO, JULIANA E MARIANA; DESÇAM AQUI AGORA MESMO!

_ Eu acho que agora é a hora da bronca! - disse Gustavo - Vamos, quanto mais cedo a gente descer, mais cedo acaba.

Os quatro desceram as escadas, e se sentaram nos sofás. A sra. Grove estava lendo o Profeta Diário do dia anterior, enquanto o sr. Grove escrevia uma carta muito extensa na escrivaninha da sala. Os quatro se sentaram na ordem de costume: Mariana e Gustavo, os mais argumentadores, sentavam no meio; Letícia sentava no lado de Mariana, que era a mais esquentada, enquanto Juliana sentava no lado de Gustavo, que era mais calmo. A sra. Grove olhou bem fundo nos olhos de Mariana e Letícia, e depois para os olhos dos gêmeos. Voltou a ler o jornal. Quem começou a falar alguma coisa foi o sr. Grove:

_ Muito bem, expliquem-se.

Os quatro se olharam. Os olhares dos irmãos se voltaram para a prima. Ela quem geralmente começava a falar:

_ O senhor... quer que nós expliquemos por que decidimos sair da loja?

_ Obviamente, Letícia. Quero que expliquem por que desobedeceram a nossa ordem de se manterem na loja, sabendo que Belatrix Lestrange, assassina, torturadora e Comensal da Morte, estava na região.

_ Bom... acho que o maior motivo foi que queríamos ajudar Harry, talvez até convencê-lo a voltar para a loja.

_ E desde quando Harry Potter é amigo de vocês? - perguntou a sra. Grove, ainda olhando para o jornal.

Letícia olhou para Juliana. A prima fez um gesto com a cabeça, incentivando Letícia a contar como conheceram o menino:

_ Na verdade - disse Letícia, ainda com certo receio - conhecer ele já conhecemos de vista há algum tempo. Ele está na mesma série que eu e temos algumas aulas juntos...

_ Isso é óbvio, Letícia. O que eu quero saber é como vocês quatro se tornaram amigos dele a ponto de querer ajudá-lo a derrotar Belatrix, o que é um absurdo ele achar que pode derrotá-la...

_ Ele já a derrotou há alguns meses atrás! - disse Gustavo - Lá no Ministério da Magia, no dia em que o Fudge finalmente acreditou que Você-Sabe-Quem havia voltado...

_ Eu não lhe perguntei nada, senhor Gustavo Grove. Estou falando com sua prima ainda! - e a sra. Grove soltou um olhar de extrema fúria para o filho. Ele se calou. - Continue Letícia. Como ficaram amigos de Potter?

Letícia respirou fundo. Não era fácil falar tudo aquilo:

_ Amigos, amigos, nós não somos; mas hoje, lá na Floreios e Borrões, ele salvou a vida da Juliana, quando ela caiu do alto de uma escada...

_ Caiu do alto de uma escada? Sei... então, a senhorita mesmo confirma que vocês quatro não são amigos dele?

Juliana, Mariana e Gustavo olharam para Letícia. Em outras discussões como aquela, a sra. Grove costumava encurralar a sobrinha em perguntas desse estilo, e até que Letícia conseguia sair ilesa na maioria das vezes. Mas dessa vez, ela talvez não conseguisse se safar:

_ Se podermos considerar que pessoas que se conheceram hoje são amigas, sim, nós somos. Mas se esse não for o caso...

_ Não, não é caso, Letícia. O caso agora é a realidade.

_ Então, não somos. Apenas nos conhecemos porque ele segurou a Juliana na Floreios e Borrões quando ela caiu da escada.

A sra. Grove olhou para o marido. Ele ainda estava escrevendo a carta, mas também olhou para ela:

_ Você não acha que os nossos filhos e a sua sobrinha são muito solidários, Charles? Nem são amigos do menino Potter e mesmo assim foram ajudá-lo nessa loucura...

_ Não fomos ajudar só o Harry, fomos avisar e ajudar a Jac! - disse Mariana, em disparada. Letícia olhou feio para ela: não era a melhor hora para envolver Jac na história.

_ A Jac? - repetiu a sra. Grove - Então, senhorita Mariana Grove, será que esqueceu que a Jac já é uma bruxa formada e treinada especialmente para exercer essa função de derrotar Comensais da Morte?

_ Não, não esqueci. Acontece que...

_ E você, Mariana, me responde uma coisa: você sabe algum feitiço pra poder ter saído naquela hora, por debaixo das minhas pernas, e "ajudar" a Jac, como mesmo falou?

_ Não, não sei.

_ E mesmo assim insistiu em sair, não foi?

_ Insisti mesmo, porque a Jac precisava saber que o Harry tinha saído da loja, e só a gente podia avisar...

_ Só vocês? Têm certeza?

_ Temos. Ela fez a gente prometer que iria avisar ao Harry...

_ Avisar o Harry! E não avisá-la, né Mariana? - ela tirou o jornal do rosto e olhou para a filha mais nova- Acho que isso significa que, se vocês tivessem pedido para alguém mais velho e treinado para isso avisar a Jac, tudo estaria bem, não?

_ Você não entende, mãe, tem muito mais coisa envolvida nisso... - começou Juliana.

_ A senhorita trate de ficar calada, Juliana. A sua ação e a de seu irmão Gustavo não foram as melhores também. Imagine só: vocês dois mais aqueles dois jovens saírem por um túnel secreto...

_ Eles só queriam ajudar, tia...

_ Cale a boca, Letícia. Até aí você também me garantiu que ia me ajudar, trazendo a Mariana de volta, mas o que você fez? Traiu a confiança que eu tinha em você, por ser a mais velha, e foi junto com a Mariana nessa loucura... justo você, que eu trato como filha...

_ Espera aí! - Mariana se levantou do sofá, começando a ficar alterada - Você está querendo dizer que, só por que ela vive aqui, ela não pode ter a sua própria opinião?

_ Mariana, calma! - sussurrou Letícia para ela

_ Calma, nada! Você não vive aqui porque quer, e sim porque precisa. Quando o papai e a mamãe te aceitaram, foi de coração. Não é justo que ela jogue isso na sua cara, só porque você fez o que achava certo...

_ Mariana, faça o favor de se sentar e calar a boca? - disse a sra. Grove, alterada - Eu não estou jogando nada na cara da sua prima, apenas que ela traiu a minha confiança, dizendo que ia atrás de você, enquanto eu confiei nela como confiava em vocês...

_ Confiava? - disse Juliana, assustada.

_ Sim, confiava. A partir do momento em que todos saíram daquela loja, simplesmente para tentar "ajudar" Potter, o que eu sinceramente acho que foi uma ação para se aparecer...

_ Se aparecer? - disse Gustavo, se levantando também - Nós só quisemos ser úteis, e queríamos ajudar a nossa irmã, que nos fez prometer que iria contar ao Potter para ele não se importar com uma coisa que a Tonks disse e que poderia fazer ele ir atrás da Belatrix...

_ Mais uma nessa história?! E que coisa era essa, hein, senhor Gustavo?

_ Não sabemos. Ela não nos contou, e nem quisemos saber...

_ Então, pelo amor de Deus, me digam: se a Jac não contou o que era essa bendita coisa, e era uma coisa entre essa tal de Tonks e o Potter, por que vocês se intrometeram nisso? É não ter nada o que fazer, francamente...

Nessa hora, Jac entra pela porta de casa, com uma cara muito espantada e feliz. Todos olharam para ela, inclusive o sr. Grove, que parou de escrever a carta, agora arrastando no chão. Ela olhou para a mãe, que disse, muito brava ainda:

_ Ah, Jéssica, que bom que você chegou. Estávamos falando de você nesse exato momento...

_ Eu sei, mãe. Estava ouvindo a conversa de vocês lá fora.

_ E o que você tem a dizer disso?

_ Simples: o pessoal não fez nada além de me ajudar e ajudar a Ordem da Fênix.

_ A Ordem do QUÊ? - perguntaram Letícia, Gustavo, Juliana e Mariana juntos.

_ Uma história muito complicada, e o que faz com que eles tenham sido até heróis hoje.

_ Então, a senhorita pode nos explicar o que essa tal Ordem da Fênix é? - disse a sra. Grove.

_ Uma ordem criada por Dumbledore para reunir aurores e outros bruxos que estejam dispostos a enfrentar Lord Voldemort. - Nessa hora, Letícia, Gustavo e Juliana se arrepiaram, mas Mariana ficou normal - Essa Ordem foi criada há alguns anos, e no ano passado voltou a ativa (embora na clandestinidade, por causa do idiota do Fudge), para tentar conter Voldemort. O problema é que, há alguns meses atrás, naquela confusão que teve no Ministério, Voldemort enganou o Potter e o fez ir até o Departamento de Mistérios para pegar uma profecia para ele, - nessa hora, Letícia abaixou a cabeça - que seria muito útil para descobrir porque o menino o derrotou quando pequeno.

_ Enganou como, filha? - perguntou o sr. Grove, de boca aberta.

_ Fez com que ele sonhasse que o padrinho dele, Sirius Black...

_ SIRIUS BLACK ERA PADRINHO DE HARRY POTTER? - gritou a sra. Grove, espantada.

_ E isso não é nada. Sirius Black sempre foi inocente. Na verdade, quem matou aquele mundaréu de gente foi Pedro Pettigrew...

_ Como, se ele morreu no meio desse ataque? - perguntou o sr. Grove

_ Morreu nada! Ele é um animago, e na hora se transformou em rato para sair, deixando o dedo para acusar o pobre do Sirius.

_ Ai meu Deus! - disse Juliana, com a mão na boca - Isso explica muita coisa.

_ Explica o quê? - perguntou Gustavo

_ A Di-lua me falou alguma coisa sobre essa tal Ordem, quando me contou como Sirius Black morreu. Ela me disse que essa Ordem foi ajudar eles no Ministério, e o Sirius foi atingido e entrou no véu... isso explica porque ele estava do nosso lado.

_ Por que ela te contou isso, Jú? - perguntou Jac

_ Porque eu ouvi uma conversa dela com Gina Weasley, por isso ela me contou. Agora, tudo está se encaixando.

_ Mas, continua a história, Jac. - disse Mariana - O Harry sonhou com Sirius Black e...

_ Sim, claro.. Voldemort fez com que Harry sonhasse que Sirius estava preso e ia ser morto no Ministério. Aí houve todo um complô e Sirius acabou morrendo na mão de Belatrix... e o Harry pensou que foi por culpa dele, porque ele foi enganado e levou todo mundo pra lá. Por isso, quando o Harry quis ir atrás da Belatrix hoje, a Tonks disse pra ele não ir e ... como posso dizer... o “chantageou”, dizendo que, se ele não quisesse ver mais ninguém morto, era para ficar na loja. O garoto ficou realmente chateado e eu temi que ele pudesse fazer alguma besteira.

_ E de fato ele fez. - disse a sra. Grove

_ Por isso eu pedi para o pessoal dizer a ele para não ligar pelo o que a Tonks disse e se acalmar, mas como ele saiu da loja, Tonks e eu realmente precisávamos ser avisadas que ele tinha saído... mas como nós tínhamos nos separado, ficou bem grave. Sem o aviso deles, eu não ia ter entendido a mensagem da Tonks quando eu vi os fogos de artifício e ter relacionado que o Harry estava com ela. No mínimo, se eu não tivesse sido avisada, iria pensar que ela encontrou um Comensal qualquer e teria mandado outra pessoa no meu lugar.

_ Sem o aviso, o Harry poderia ter morrido? - perguntou Juliana

_ Poderia. Ele e Dumbledore fizeram com que Voldemort fosse descoberto e ela quis se vingar por isso. Iria matar ele a todo custo.

Todos ficaram calados. A sra. Grove respirou fundo e disse para os garotos:

_ Muito bem, dessa vez passa, mas só porque vocês realmente ajudaram. Mas agiram mal e vão pagar por isso. Gustavo e Juliana estão proibidos de jogar Quadribol durante um mês.

_ Um mês? - disse Gustavo, perplexo

_ Isso mesmo. E eu saberei se vocês dois encostarem numa vassoura. Quanto a você, Mariana, vai ter que limpar o jardim e tirar os gnomos de lá até o dia da partida da escola.

_ Ah não. - reclamou ela

_ Ah sim. E o castigo da Letícia, o pai dela vai decidir.

_ Meu pai? - perguntou Letícia, estranhando a situação.

_ Isso mesmo. Ele acabou de mandar uma coruja avisando que está vindo para cá, para ter uma conversa com você e lhe dar o seu castigo.

_ Papai está vindo para cá?

_ Está. Mas não diria que essa era a melhor hora, Letícia. Ele realmente está muito bravo com você.

_ Não importa. Contanto que ele venha, já está muito bom. - ela se levantou e começou a pular, subindo as escadas - Papai está vindo, papai está vindo...

_ Essa menina não tem jeito! - disse o sr. Grove, não conseguindo segurar um sorriso - Pra ver o Billy, ela não se importa com as condições.

_ E vocês três... - disse a sra. Grove, apontando para Juliana, Mariana e Gustavo - subam. Daqui a pouco o jantar está pronto.

Os três subiram. Jac se sentou no sofá e olhou para os pais:

_ Assustados com a bomba que eu dei?

_ Com certeza! - disse o sr. Grove - Há muita coisa envolvendo o pobre do menino Potter.

_ Se há. O que eu contei é só o básico. Há muitas outras coisas além disso. Se os meninos e os amigos do Potter não tivessem me avisado... eu nem quero pensar no que poderia acontecer. A vida do menino está de cabeça pra baixo...

_ E era só isso que Dumbledore queria te contar? - perguntou a sra. Grove

Jac soltou um sorriso:

_ Não. Teve uma outra coisinha que ele me contou.

_ O quê?

_ Ah, isso já é surpresa. Não posso falar.

_ Jac...

_ Desculpa, mamãe, mas é segredo. Daqui a mais ou menos um mês, eu conto, tá? Agora, deixa eu ir dormir, porque estou exausta. Boa noite.

Ela subiu, muito feliz também. O casal Grove se olhou:

_ Essa mania deles é coisa da sua família, Charles.

_ Mania do quê?

_ De ficar guardando segredos, subir escadas felizes, ajudar os outros... isso é uma coisa típica sua e do Billy...

_ Sei não... acho que é coisa sua, viu?


_ Eu simplesmente NÃO ACREDITO! Mas não acredito MESMO... como mamãe pode fazer isso com a gente? - reclamou Rony, quando ele e Harry entraram no quarto frio do Largo Grimmauld.

_ Do que você está reclamando, Rony? - retrucou Harry, deitando-se em sua cama dura - Até que a sua mãe foi bem flexível com nós dois...

_ Flexíveis? Desgnomizar os jardins e desinfetar a casa todos os dias, o dia todo, até o dia de voltar pra escola? Você acha isso flexível?

_ Ela podia muito bem ter feito a gente comer aquelas bombas surpresas do Fred e do Jorge... a ouvi falando nisso lá no St. Mungus, que esse seria o nosso castigo.

_ Como você pôde ter ouvido isso? Estava no mundo da lua... pensando na tal da Juliana...

_ Eu?

_ É, você. Ficava olhando pro nada, pensando na vida, com cara de peixe morto.

_ Estava mais atento que você, que não parava de olhar para a sala onde a Mione estava. Por que tanto interesse, hein? - Harry estava começando a se irritar.

_ Eu não estava olhando para a sala da Mione.

_ Estava sim, e muito preocupado, por sinal.

_ Porque ela é nossa amiga, não posso me preocupar? - Rony também começou a se irritar, de modo que suas orelhas ficaram vermelhas. Ele deitou na cama, emburrado, enquanto Harry foi trocar de roupa. Ele estava muito dolorido, a luta havia sido bem intensa. Só que, como sempre, todos achavam que ele tinha feito aquilo só para se aparecer, ou porque se achava forte o suficiente para derrotar Belatrix. Mas eram poucas as pessoas que sabiam os seus motivos, e essas poucas pessoas não queriam ajudá-lo. Ao contrário, tinham pena dele.

Tudo estava claro, Fudge estava errado, e ele ainda era taxado de louco. Quando isso ia acabar? Ele já tinha dezesseis anos... mas todos o tratavam como um garoto de onze. Ele estava exausto, cansado, e com muita raiva... de tanta raiva e canseira, ele dormiu.

Estava no lugar escuro de novo. Dessa vez, ele sequer saiu do lugar. Precisava falar com Sirius, ele talvez o entendesse:

_ SIRIUS!!!!!!!! CADÊ VOCÊ?

_ Vá embora, Harry. Ainda não é seguro você ficar aqui.

_ Eu preciso falar com você. Saber onde você está... preciso saber para...

_ Eu sei porque você quer me encontrar. Mas se eu fosse você, não se preocuparia.

_ Não? Duvido se estivesse no meu lugar...

_ Eu sossegaria se fosse você. Você ainda não teve muito contato com os bruxos depois que voltou para a casa dos seus tios. Sossegue até voltar para Hogwarts. Verá como tenho razão. Agora, saia daqui. Você ainda precisa achar a pessoa que vai te ajudar a me tirar daqui...

_ Quem é ela? Quem é essa pessoa?

_ Vai embora, Harry. VÁ!

Harry acordou muito suado. Ele olhou para o céu. Já tinha amanhecido, mas ainda estava nublado. Rony estava dormindo. Dormia tanto que roncava. Harry levantou e andou pelo quarto. Pensou em toda a sua vida até o dia anterior. Graças a isso, se lembrou de Juliana. Pensava se ela havia recebido algum castigo também.

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