Epílogo
Epílogo
Já era tão tarde! Tonks olhou para o relógio na parede, e constatou, não muito surpresa, que passava das duas da madrugada. Espreguiçou-se mais uma vez e deixou de lado o livro que fingia estar lendo há horas. Não tinha avançado nem uma página desde que fora deitar, simplesmente não conseguia se concentrar.
Naquela noite, como em tantas outras, a lua cheia brilhava no céu repleto de estrelas, inundando o quarto de luz. E Tonks pensou, olhando para ela, que faltavam apenas mais algumas horas para aquela tortura mensal terminar. Mais algumas horas e o sol nasceria, dando fim a mais um ciclo da lua, a mais um ciclo da maldição. Ela achava que àquela altura já devia ter se acostumado...
- Mãe? – veio o resmungo choroso da porta do quarto.
A garotinha de cabelos castanhos, de uns sete anos de idade, deu alguns passos incertos para dentro do quarto. Tinha olhos grandes, de cor de mel, que pareceram refletir a lua lá fora. Seu nome era Alice. Tonks a chamou silenciosamente para o seu lado, e, em poucos segundos, já abraçava o corpo frágil da criança de encontro ao seu, acariciando os cabelos lisos e perfumados, segurando as mãozinhas pequenas.
- Que horas são? – perguntou a menina, com um fiapo de voz aguda, trêmula.
- Duas e meia – murmurou a mãe em resposta.
Houve um minuto de silêncio em que as duas olharam a lua. Tinham as feições parecidas, aquela aparência frágil ao primeiro olhar, mas, se vistas com atenção, havia esperteza e força escondidas em cada canto. Nas sobrancelhas arqueadas, idênticas, ou no modo como os lábios se voltavam um tantinho pra cima naturalmente. Do pai, a pequena tinha a cor dos olhos e cabelos, e o ar gentil com que tratava todos a sua volta. Ela se mexeu debaixo das cobertas, aconchegou-se perto de Tonks e olhou em seus olhos com seriedade.
- Já está acabando – sussurrou – Ele vai voltar logo, não vai?
- Vai, sim - respondeu, beijando-lhe a face – Vai, meu amor.
- Ele disse que podíamos ensinar Sirius a jogar quadribol nesse fim de semana. Ele não sabe. Fica caindo pelos lados da vassoura – explicou, com paciência – Mas, se ele quiser descansar, tudo bem. Podemos deixar para outro dia... – ela fazia um esforço enorme para não parecer magoada, e Tonks prometeu a ela que o pai já estaria bem o suficiente para jogar quadribol no final de semana. Esta sorriu, mas não pareceu totalmente convencida.
- Olhe, não se preocupe com isso agora. O papai vai chegar logo, está bem? Por que não vai dormir?
- Posso dormir aqui com você?
- Claro. Eu vou buscar o Sirius, então, e ficamos todos juntos. Pode ser?
A menina sorriu e concordou, então Tonks buscou o caçula, que dormia profundamente no quarto ao lado. Sirius – o nome era uma homenagem a seu primo e melhor amigo de Remus – tinha cabelos negros olhos que, embora ele já estivesse com três anos, mudavam constantemente de cor – o que podia ser um sinal de que ele herdara os poderes da mãe. Sequer se mexeu quando foi tirado da cama, ou quando a mãe o colocou na sua e o ajeitou embaixo dos cobertores.
- Eu te amo – murmurou Alice, já de olhos fechados.
- Amo vocês – Tonks disse em resposta.
Ela ainda demorou a dormir, mas o nó em sua garganta parecia diminuir quando olhava para as crianças: o menino de dois anos, faces coradas ressonava, o peito subindo e descendo, acompanhando o ritmo da respiração. Também nele podia ver um pouco de Remus. Já Alice – bem, ela podia jurar que a filha continuara acordada por tanto tempo quanto fora capaz, cuidando dela, vigiando-a: sempre ficava preocupada nas noites de lua cheia, queria fazer companhia à mãe até o pai voltar. Como mãe, Tonks apenas esperava que a menina não sofresse, queria que ela esquecesse e dormisse tranqüila, mas, sendo apenas ela mesma, podia admitir que gostava do aconchego da pele macia e quente da criança, da vozinha doce consolando-a, daquele pedacinho de Remus Lupin que podia acompanhá-la a todo momento. Sorriu, abraçada aos filhos, e, perto das quatro da manhã, finalmente adormeceu.
Quando o relógio anunciou sete da manhã, e o sol surgia colorindo o céu de vermelho, os três já haviam acordado para realizar o ritual que repetiam uma vez por mês. Remus voltou, como em todas às vezes, cansado e abatido. E, como sempre faziam, os filhos o encheram de carinhos, e Tonks cuidou dele, como sempre dissera que faria, e como continuava fazendo. Mês após mês, ano após ano, aquilo acontecia sempre durante a lua cheia. Era angustiante ver a lua redonda zombar dela lá em cima, implacável, bela e aterrorizante, e um alívio quando finalmente ela partia, deixando Tonks respirar em paz. Mas era assim que funcionava sua vida ao lado do homem que amava, ela concordara com isso, não importava o quão difícil fosse.
E, acontecesse o que acontecesse, ela podia ter sempre uma certeza: no dia seguinte, o sol nasceria mais uma vez.
*
THE END!!!!! Espero que tenham gostado desse finalzinho da história... É estranho acabar essa fanfic, foi a mais longa que já escrevi (antes de começar a escrever como Holly Granger eu tive outros nomes, mas essa ainda assim foi a maior e melhor de todas, na minha opinião), e eu vou sentir muita falta dos comentários, de vir postar capítulos novos... Provavelmente ainda vai demorar até eu começar alguma outra fanfic, porque eu não ando tendo muito tempo para escrever...
Mas sem tristezas!! Eu quero agradecer a todos vocês que comentaram: Fafa, Morgana Black, LadyStardust (que já mudou tanto de nome que eu não sei qual ela está usando agora...), Su Catherine, Gabriela Black, Ana L. Weasley, Fernanda, Diana Black, Amanda, Bella, Juliana, Regina... me desculpem se estou esuqecendo alguém! A todos que lera, mas não comentaram, eu também agradeço muito! Vocês todas me incentivaram a continuar escrevendo, me deixaram feliz a cada elogio, e me fizeram crescer com críticas! Eu vou sentir muita falta dessa fic, e muita falta de vocês!
Beijos e abraços para todas,
Holly Granger
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