No hospital



Era mais ou menos 4 horas da madrugada. Gina e Luna estavam sentadas em uma mesa de plástico na cantina do hospital central de Londres, a última com uma bolça de gelo na cabeça e um café amargo na sua frente.

- Caracas, parece que minha vida se passa toda em hospital...
- Dessa vez não foi culpa sua, Gina. Quem mandou a Mione ficar mais bêbada do que todo mundo?- Resmungou Luna.

As duas pararam de falar e se levantaram num pulo - Luna balançando perigosamente – quando viram uma enfermeira gorducha vindo até elas.

- As senhoritas estão acompanhando a paciente Hermione Granger...?
- SIM, COMO ELA ESTÁ??? – responderam em coro.
- Bom, ela acabou de sair da operação e esta sendo encaminhada para o UTI...
- Como assim UTI? O que aconteceu? –Perguntou Gina, já temendo o pior.
- Não se preocupem, é o tratamento básico. Ela fraturou o braço direito, a perna esquerda e torceu o pescoço. É uma cirurgia muito complexa. De qualquer forma, ela está tendo uma boa recuperação. Ficará sobre observação durante uns dois dias, mas estou certa de que logo ela acordará.
- Mas, quero dizer, por escolha da família, ela pode ser transferida para um hospital... particular? - Disse Gina, com cara de inocência.

A enfermeira a olhou de cima a baixo:

- Bom, se a família quiser e com a autorização da médica que está cuidando do caso, não vejo motivo para não se levar a senhorita Granger para outro hospital. Contudo, devo admitir que o Hospital Central de Londres tem uma excelente estrutura. Não há o que temer.

Dizendo isso a enfermeira saiu de cara fechada.

- Como assim, hospital particular? – Perguntou Luna, com seus olhos mais esbugalhados do que o normal.
- É que estava pensando em levar ela pro Sr. Mungus. Mas isso resolvemos depois, é melhor eu comunicar ao senhor e a senhora Granger. Fica ai tomando seu café, falo?

*****
I’m not afraid of anything (Não tenho medo de nada)
I just need to know that I can breath (Só preciso saber que posso respirar)
And I don’t need much of anything (Não preciso muito de nada)
But suddenly, suddenly...( Porem de repente, de repente...)

I am small and the world is big (Sou pequena e o mundo é grande)
All around me is fast moving (tudo a minha volta move-se rapidamente)
Surrounded by so many things (Envolvida por tantas coisas)
Suddenly, suddenly... (De repente, de repente...)

Avril Lavigne, How does it feel?(Como se sente?)

*****

Era um lugar muito claro, um corredor limpo e iluminado. Havia muitas portas. Porem Gina queria abrir só uma . Ela queria descobrir quem a chamava. O ajudar, se possível. Mas ela não encontrava. E já havia muito tempo que ela estava procurando.

Ela entrava em desespero, porque achava que jamais conseguiria. E a voz que a chamava estava mais forte, mais necessitada...

- Gina... Gina... me ajuda!
- Eu estou tentando, eu juro!
- Eu sei que você esta perto. Me ajuda!

Ela forçava as portas sem sucesso. Ela sabia que quando fosse a porta certa ela se abriria com facilidade.

Ela chegou ao fim do corredor: não tinha saída. A voz estava mais forte a cada instante. Ela estava perto.

Gina forçou a fechadura da porta a direita: nada. Então se virou e deu de cara com a ultima porta que tinha o numero 313 gravado em uma plaquinha preta. Era essa!

A ruiva entrou de uma vez. Era um lugar escuro, não se via nada nem lá dentro.

- Gina...

A voz estava clara, porém fraca, como se estivesse doente. Gina se virou para ver o rosto que tanto procurava...

- Gina, ACORDA!!!

*****

Say goodnight (Diga boa noite)
Don’t be afraid (Não tenha medo)
Calling me, calling me as you fade to black (Me chame, me chame enquanto você some na escuridão)

*****

- NÃO!... O que, ... com,... Ah Luna, porque você me acordou, em? – Perguntou Gina, com cara de sono.
- Ai, não precisava ficar nervosa! É que a Mione acordou e o Sr. e a Sra. Granger pediram pra você dar uma olhada nela enquanto eles vão avisar o resto da família. Mas porque você está tão brava? Foi só porque eu te acordei?
- Não, é que eu estava quase descobrindo quem me chama durante o sono...
- Ho, o sonho do corredor! E ai, o que aconteceu?- perguntou Luna, enquanto caminhavam em direção ao elevador – a UTI ficava no 2o andar.
- Bom, eu consegui encontrar a porta, mas quando eu ia olhar pra ver quem estava lá, você me acordou!
- Ah, puxa Gina, me desculpa por ter te interrompido. Você já pensou em ir a uma clarividente? Talvez ela consiga ver alguma coisa...
- Eu não acredito nisso! Eu acho melhor é esquecer. Acho que tem a ver com a minha solidão, e que eu procuro alguém... sabe, pra poder desabafar, entende? –Disse Gina, o que era mentira, pois ela sabia que era alguma coisa mais seria.
- Acho que sim.- Encerrou Luna, olhando pra algum lugar muito alem da porta do elevador...

*****
As duas entraram em um lugar menos iluminado. Uma recepcionista olhava algumas fichas no balcão de atendimento.

- Por favor, é possível dar uma olhada na paciente Hermione Granger? Nos trouxemos ela pra ca, é nossa amiga, e os pais dela pediram para vigia-la por enquanto...
- Espere só um minuto... - A recepcionista pegou uma ficha debaixo do balcão. - Ah, sim, vocês são...
- Gina, Ginevra Weasley e Luna Lovegood, aqui as carteiras. - Respondeu Gina
- Esta aqui o nome... –confirmou a atendente – Bem, podem entrar, mas antes vocês precisam vestir uma roupa especial. Por aqui, por favor.

As mulheres seguiram para uma saleta reservada, onde vestiram um tipo de avental e uma mascara. Depois foram para um corredor onde havia vários leitos, cada um com uma abertura de vidro, certamente para os casos de isolamento. Elas chegaram ao fim do corredor e pela abertura viram Hermione, que parecia bem machucada.

- Podem entrar, ela não esta no isolamento. – Disse a moça da recepção.

Gina e Luna entraram com cuidado no quarto. Ao lado da cama de Hermione havia uns aparelhos e soro, que estava ligado em seu braço. Havia ainda uma mesinha de cabeceira com alguns remédios e um abajur, que parecia fornecer a única luz do quarto. E do lado tinha uma porta que deveria levar ao banheiro.

A professora estava com varias marcas no rosto. Também havia cortes profundos na extensão dos braços até onde se era possível ver, pois um deles estava em uma tipóia, engessado. O pescoço se encontrava em um colar cervical, enquanto a perna esquerda era sustentada por um tipo de suspensório, que a fazia ficar mais elevada que o corpo.

Hermione estava com os olhos fechados. Gina, querendo deixar a amiga dormir sossegada, pronunciou num sussurro para Luna:

- Vamos deixar ela dormir em paz, o.k.? Depois voltamos...
- Eu estou acordada, meninas!

Hermione tinha aberto os olhos, e seu tom de voz era o mais cansado possível. Também, depois de uma madrugada como aquela...

- Oi, doida! Beleza? – Disse Luna, como se aquilo fosse um encontro normal depois do trabalho.
- Definitivamente, não estou bem, né? Mas, to indo... Nossa que moleza que estou sentindo... – exclamou Mione, lembrando o seu inconfundível tom de voz responsável.
- É normal, senhorita Granger. O efeito da anestesia ainda esta muito forte. – Disse uma voz firme e feminina.
- Ah sim, a senhora é... – Perguntou Gina
- Dra. Claudia Bernardes. – Disse a medica, apertando a mão de Gina. - Eu sou nova aqui, vim de Portugal, e tenho muito prazer de dizer que a minha primeira cirurgia aqui em Londres foi um sucesso! A senhorita tem muita força.
- Obrigado! – Disse Hermione.
- É o meu trabalho. Mas devo afirmar que a senhorita precisa de repouso. Se não, precisara ficar mais tempo aqui na UTI...
- Ah... bem, nos só viemos aqui porque estávamos preocupadas... Bom, nos já vamos embora. – Disse Gina.
- Por favor, voltem logo, ta? – Pediu Mione
- Claro!!! Pode deixar! – Terminou Luna.

*****
Bring me home or leave me be (Leve-me para casa ou deixe-me sozinho)
My love in the dark heart of the night (Meu amor no coração escuro da noite)
I have lost the path before me (Perdi-me no caminho a minha frente)
The one behind will lead me (Aquele atrás de mim me guiará)

Nightwish; Ghost love score (A partitura do amor fantasma)

*****

1 mês depois...

- É hoje que a Hermione volta do hospital, né?
- Graças a Merlin, é sim!
- Que bom, por que ficar num hospital de trouxas, deve ser dureza.
- É sim, Tony. Mas isso acaba hoje.
- Beleza. Aquela sua amiguinha repórter d’O pasquim, A Luna, que foi nossa colega, vai lá?
- Ela não é só repórter, ela é a dona! Vai sim.
- Nossa, ela ficou bem bonitona. Lógico que não chega aos seus pés, na verdade, nenhuma mulher consegue ser mais bo...
- CHEGA, TONY!!!
- Ta bem, ta bem. Desculpa.

Estavam em pleno trabalho, checando a ficha de uns caras que haviam feito uma confusão no metrô de Londres quando...

- Gininha, o chefe está te chamando. E você também, Morgan.
- O.k., Neville, estamos indo. – Disse Gina.
- E a Mione, já saiu do hospital? As aulas em Hogwarts vão começar daqui três dias, né?
- Pois é, ela está quase pondo fogo no hospital, disse que precisa analisar uns planos de aula e que não sei o que... – Gina ia ditando, enquanto ela e Tony saiam do cubículo da ruiva.
- Eu sinceramente vou dar um jeito de ir lá, lógico que também to devendo uma visita pro Rony. E ele, como vai?
- Outro que vai ter alta essa semana ainda. To tão feliz... – Gina disse, fazendo cara de criança quando ganha doce, saltitando de um lado pro outro, fazendo os dois homens rirem.
- Aqui está, boa sorte!
- Vamos precisar, Longbottom. – Exclamou Tony.

Entraram. Era uma sala não tão grande, nem tão pequena. Havia vários prêmios e diplomas nas paredes. Na mesa perto da parede, no fim da sala, se encontrava sentado o chefe de Gina, de Tony, de Neville e de todo o quartel de aurores do ministério, David Felton. Ele não parecia muito feliz...

- Muito bem. Eu lembro que disse a vocês dois que lhes aliviariam da missão dos vampiros revoltados já que cumpririam uma tarefa muito mais importante, porem já faz um mês que nada de ser cumprido o propósito, não é Weasley e Morgan?- Disse o homem, energético.
- Bom, na verdade o senhor não deu o lugar pra nos irmos investigar, né?- Disse Tony
- Bom, mas vocês poderiam Ter mais interesse. Você, por exemplo, Weasley, esta tão desligada este ultimo mês, que pessoalmente estou começando a me preocupar. Onde esta aquele espirito guerreiro, em?
- Bom, é que ando meio distraída, de fato. Meu irmão acordou do...
- Coma, eu já sei, saiu no jornal. Mesmo assim... Espero mais empenho da senhorita.
- Bom, então pode passar a tarefa logo. Vamos realiza-la o mais depressa possível!
- OK, vocês vão para o ...

*****

- ... Hospital Central de Londres! Eu não acredito!
- Que coisa, né Gininha? O mesmo hospital da sua amiga! – Disse Tony provocando.
- Caladinho, ta? – Exclamou Gina, com cara de poucos amigos. - To com dor de cabeça. Francamente, fazer isso a noite... Vou cobrar hora extra.
- Eu também.

Chegaram ao Hospital. Gina decidiu que veria Mione sair do Hospital, ai que começaria a procurar o que estavam procurando. Nem que tivesse que entrar em todos os leitos de pessoas em coma ou desacordados a mais de 6 meses.

E Gina estava mentindo. Ela não estava com dor de cabeça. Ela não parava de pensar nos seus sonhos, que a cada dia eram mais freqüentes. Na noite passada, ela estava tão perto... O despertador que sofreu as conseqüências... ficou em pedacinhos!

Entraram e foram direto para o 3 andar pegar uma Hermione toda arregaçada. A jovem professora estava melhor, apesar de que ainda usava o colar cervical e o tipóia no braço. Luna também estava lá.

- Então, cadê ela? - Perguntou Gina
- Bom, ta terminando de se arrumar... Olá, Tony Morgan! – Cumprimentou Luna, como se nunca tivesse visto o seu antigo colega de escola antes.
- Olá, Luna! Como você esta, vejo que muito bem, não é? – Disse Tony, todo pomposo.
- To indo!
- Aqui estou, turma! – Apareceu Hermione, com um grande e esforçado sorriso.
- Ah, você não ta tão esbagaçada igual tava antes, mas da pra começar o ano letivo! – Disse Luna
- Obrigado pelo elogio, Luninha! Mas cadê meus pais? – Disse Hermione, preocupada.
- Vão te esperar em casa, estão arrumando pra você ficar lá os três dias que faltam pra você voltar a Hogwarts . – A ultima parte da frase Gina disse baixo, já que seu parceiro já estava chamando bastante atenção com uma gravata Lilás com bolinhas laranjas e a cueca por cima das calças de ´´ cowboy ``. Sinceramente, ate Gina acharia que era caso de internação.
- OK. Bom, vocês vão comigo, né? – Perguntou Hermione com cara de cachorro pidão.
- Ah, Mione, eu preciso trabalhar. Não vou poder! Perdoe-me!
- Ta bem. Essa passa. – Disse, por fim, Hermione, triste e desapontada.

*****

Já se fazia duas horas que Gina e Tony pesquisavam pelo hospital as pessoas que estavam internadas ali por mais de 6 meses. Eles iam de apartamento em apartamento, pesquisando nas fichas e em tudo que encontrassem. Para eles era fácil, já que uma alta funcionaria do hospital era filha aborto de uma grande bruxa do ministério.

- Bom, esses são os últimos lugares. Aqui se encontram as pessoas que não tem família, que ninguém veio procurar, entendem? – Disse a medica, chegando em um corredor claro. Viraram a esquerda. Se depararam com um outro corredor claro, só que esse não havia enfermeiras nem cadeiras espalhadas. Só haviam portas, não havia saída do outro lado...

Gina sentiu que já andara por aquele lugar. E então reconheceu! Como poderia ser isso... Ela estava tão perto durante dias! Era como se tudo ao seu redor zombasse da sua cara.

- Tony, eu acho que eu sei o que esta acontecendo. Vamos ate o final, eu sei onde é...
- Como assim, você sabe? Já veio aqui ou...
- Eu nunca vim aqui, Tony. Mas eu sonho com esse corredor a quase um ano!

.*.*.*.*.

No próximo capitulo:

Gina descobre o lugar em que percorria em seus sonhos. Mas o que o seus sonhos tem a ver com um bruxo desaparecido? E uma voz lhe disse ´´Entre ai dentro``. Ela obedece e terá o que se assustar!

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