O despertar de Rony



O despertar de Rony

Já estava amanhecendo quando Gina chegou ao Hospital St. Mungus para doenças e acidentes mágicos. Depois de ficar mais de meia hora estatelada no chão ela caiu na real: seu irmão acordou depois de quase sete anos de coma profundo.

Ela se arrumou do jeito que conseguia e foi correndo (ou melhor, aparatando) para o Hospital. Quando chegou, a primeira coisa que viu foi sua mãe e seu pai; um casal de senhores chegando na velhice sentados de mãos dadas que, quando viram Gina, correram ao seu encontro.

- Gina, minha filha! – A senhora Weasley veio na frente – Desculpe por eu ter te acordado...
- Não, mãe. Eu já estava acordada aquela hora. Desculpe digo eu pela demora. Como ele esta?
- Meio aéreo – Disse o senhor Weasley – Ele não sabe que passou tanto tempo dormindo. Pensa que aconteceu tudo aquilo ontem. Mas os medi bruxos já estão explicando pra ele.
- Mas ele esta normal, né? Digo, não se esqueceu de quem é nem esta doido...
- Não. Graças a Deus ele esta bem. - Concluiu a senhora Weasley, com um sorriso no rosto cansado.

De repente um estalo e aparece Hermione, com um sobre-tudo por cima da camisola escocesa, usando nada mais que pantufas de coelhos pardos. Os cabelos estavam cheios e avoados, parecidos com os da época de colégio. Estava na cara que acabara de acordar e que nem ligou para, pelo menos, pentear os cabelo. Um aparência estranha para a rígida professora de transfiguração...

- Oh, meu deus, como ele esta? Ele se lembra das coisas? Ele esta se sentindo bem? Ficou com alguma seqüela? Por Merlin, eu só soube agora! Ele esta assustado? O que...
- Calma, Mione, querida! Ele esta bem. Daqui a pouco liberam a entrada de visitas...
- Como assim?- Já disparou Hermione – Mas ele tem que ficar em observação! Eles tem que examina-lo, ver se ele esta com tudo o.k.!
- Calma, Mione. Eles já estão verificando isso tudo. É praticamente um milagre, depois de tanto tempo.
- É que sete anos é um numero místico, mamãe. – Disse uma voz familiar.
- É mamãe. As coisas vão começar a acontecer. Daqui a pouco os defuntos de 7 anos atras vão levantar das covas. Buuuuuu!!!

Gina olhou para trás e deu de cara com Fred e Jorge. Depois de tudo que aconteceu, era esperado que eles virassem homens sérios de negócios, e que abandonassem as brincadeiras. Porem, os dois continuavam como se fossem adolescentes: adolescentes de 27 anos no couro.

- Oh, meninos! Que bom que vocês vieram. Eu pensei que iriam esperar dar mais tarde.
- Que isso, mãe. – Disse Fred.
- Pô, mãe. Nos sempre nos preocupamos com o Rony querido! Ate parece que somos irmão desnaturados!- Concluiu Jorge, fazendo beicinho.
- Ora, meninos, vocês sabem o que eu quis dizer e...

A senhora Weasley foi interrompida por um alto bruxo de vestes verde limão.

- Com licença, senhora, é que esta liberado as visitas ao paciente do quarto 105, o Sr. Ronald Weasley. Mas é recomendável que entre de três em três.
- Oh, mãe. É melhor você, o papai irem primeiro. E também seria bom que a Hermione fosse primeiro. Ela é... mais equilibrada.

Era lógico que Hermione não estava equilibrada. Ela andava de um lado pro outro roendo as unhas.

Talvez, depois de tantos anos ela conseguisse se expressar sobre o que sentia sobre o Rony. Talvez, pensou Gina, eles consigam seguir em frente juntos e serem felizes, apesar de tudo que aconteceu a tantos anos atras. Talvez eles ate se esqueçam.

Não, eles nunca esqueceriam. Aquilo levou muito mais do que sangue e cortes profundos que nunca se cicatrizaram, como a marca da mão de rabicho, quando ele apertou o pescoço de Mione, antes deles entrarem dentro da sala onde se encontrava Voldemort, ou ate como o coma de que Rony, por um milagre, saiu ileso.

Aquilo, que aconteceu a quase 7 anos levou um amigo especial, um verdadeiro irmão. Aquilo matou um herói, matou um amor...

- O. K. Vamos Mione, querida.
- Ah, claro. Sim, vamos agora.

Gina despencou no sofá da recepção. Fred e Jorge fizeram o mesmo, porem, com 15 minutos adormeceram. Porem, Gina ficou observando o relógio da sala. Eram 4:42 da madrugada.

5:00. A primeira coisa que vou fazer quando ver o Rony é dar-lhe um belo soco na barriga pensou Gina, sorrindo.

5:30. Meu Deus, elas devem esta repassando um relatório completo do mundo magico, desde quem ganhou a copa mundial de quadribol ate quem é o sorriso mais encantador pelo semanário das bruxas.

5:32. Eh, Gina não agüentou e dormiu igual a uma pedra.

7:53.

- Gina, minha filha. Acorda!
- Que, não, como?
- Minha filha, você dormiu igual a uma pedra. Tava ate roncando! – Disse o senhor Weasley, sorrindo.

Gina levantou de um pulo. Ela estava toda dolorida.

- Cadê o povo?
- Bom, nos saímos do quarto umas 5:40 da manha. - Disse a senhora Weasley – Seus irmãos já conversaram com ele e tiveram que ir cuidar de um carregamento de pó de riso que chegou direto da Argentina. Mione foi descansar na casa dos pais e volta de tarde. E você, vai fazer o que agora, criança?
- Ah, mamãe. Não me chama de criança. Eu vou ir pra casa, tomar um banho e ir trabalhar. No final da tarde eu venho, o. K?
- Claro, filhote. Vá com Deus.

******

- Gina, você ta bem? Ta tão avoada...
- Eu estou ótima, Tony. Só to cansada.
- Não, eu te conheço desde que você era uma garotinha apavorada com o chapéu seletor em Hogwarts, e porque eu fico o tempo todo babando por você. Eu te conheço melhor do que a mim mesmo.
- Olha, eu só to cansada. Pronto. Agora eu vou pra casa e vou me ferrar no sono. Aquele caso de vampiros rebeldes em Bristol esta me dando dor de cabeça.
- Então ta. Se não quer contar...

Gina parou de repente, esbarrando no monte de Aurores que saiam do trabalho. Ela se virou para ficar frente a frente com Tony.
- Olha, Tony. É serio. Não é que eu não quero te contar, é que eu não posso te contar. Pelo menos por agora.
- Relaxa, Gininha. Quando quiser, eu to ai.
- Falo, obrigado cara. Você é D+.
- Ate amanha. Te amo!
- Vai a merda!

Gina entrou no elevador apinhado de gente e de memorandos. Bateu o ponto e já ia pegar uma lareira para ir pra casa quando lhe chamaram.
- Weasley, eu preciso falar uma coisa com você.
- É rápido? Eu tenho um compromisso inadiável.
- Sim, é rápido.

Gina virou-se e deu de cara com o seu chefe. Um bruxo gordo e careca, que usava veste de aurores de nível baixo. Eram parecidas com as roupas dos policiais trouxas, só que no lugar da estrela de delegado, havia um distintivo onde se lia Chefe do quartel de Aurores – Ministério da magia. Era um cara pratico, e dispensava luxos, como as roupas melhores da equipe avançada.

- Parece que o Ministério detectou a presença de auto nível de magia num hospital trouxa. Estamos suspeitando que possa haver algum tipo de maldição no lugar, ou que um bruxo poderoso esteja estalado ali. Você vai lá depois de amanha com o Tony. Se a coisa for seria, colocaremos reforços.
- Ah, qual é? Isso é serviço para o pessoal mais light. Pra que isso tudo?
- Por que, Weasley, o nível de poder que cerca aquele lugar esta mais forte do que ate o seu próprio nível de magia. Talvez haja uma arma ou um bruxo muito, mais muito poderoso naquele lugar.
- OK, chefinho. Vou resolver a brincadeira de criança. Mas, por Deus, me alivia dos vampiros doidões.
- Esta certo.
- É só isso?
- Sim. Dispensada.
- Obrigada.

Gina deu as costa para o chefe, e ainda ouviu ele resmungar menina rebelde, mas ela não estava nem ai pra ele ou para aquele serviço idiota. Ela tinha coisas mais importantes pra resolver do que desarmar uma brincadeirinha de um debilóide ou ir resgatar algum bruxo maluco.

Mas ela nem desconfiava, nem imaginava que aquela missão seria uma das mais importantes de sua vida.

******

- O paciente Ronald Weasley, por favor!
- Quarto 105, liberado para visitas.
- Obrigado.

Gina subiu pela escadaria que já conhecia a mais de 6 anos, ate chegar em um corredor de apartamentos, para vitimas com seqüelas, entre outros. Foi ate a 3 porta a esquerda. Quando estava prestes a entrar, Hermione saiu do quarto, com lagrimas nos olhos.

- Oh, Gina... sua mãe disse que a qualquer momento você chegaria... pode entrar, ele... ele esta acordado e... doido pra conversar com você... sobre... sobre...

Hermione saiu correndo, aos prantos. Gina pensou em correr atras dela, mas decidiu que a amiga precisava ficar sozinha. Entrou no quarto de uma vez, se preparando para o que iria ver.

Sentado na cama, encostado na cabeceira com travesseiros ao seu apoio, se encontrava Rony Weasley. Parecia que tinha envelhecido uns 30 anos, e não 7. Encontrava-se com uma barba emaranhada, que Gina viu crescer, já que os medi bruxos preferiram não mexer em sua aparência, e estava muito magro. Porem continuava sardento e ruivo como sempre fora.

Logo que viu sua irmã caçula, Rony abriu um enorme sorriso, o que fez com que ele parecesse aquele adolescente brincalhão que sempre fora.

- Olha que decidi dar o ar da graça por aqui – disse Rony, com a voz rouca, com se não a usasse a séculos – decidiu visitar o seu irmãozinho dorminhoco?
- Oh, Rony...

Gina não agüentou: correu para o seu irmão e o abraçou aos prantos. Como era bom saber que agora tinha com quem dividir o peso de tantos anos, em que só ela suportou.

- Calma, Gininha... Po, eu também to feliz, ... não faz assim que eu também vou chorar... Gina, você ta me sufocando!
- Ah, desculpe! É que, poxa, eu...
- Não precisa se desculpar. Eu entendo. Pra mim eu não te vejo desde de ontem, mas eu já estava com saudades...

Gina conseguiu se acalmar, e sentou-se em uma confortável cadeira ao lado da cama de Rony.

- E então, meu irmão, eu vi a Mione saindo chorando daqui. Será que você pode me explicar...?
- Ah, as coisas mudaram tanto. Mas por enquanto eu gostaria de guardar isso só pra mim, seria possível?
- Claro! Mas eu tenho tanta coisa pra conversar com você...
- Beleza, pode começar com a sua bem sucedida carreira de Auror. To sabendo, ehn...

Então Gina contou tudo para Ron, desde do dia que acabou Hogwarts ate então. E ele só ouvia, a cada palavra ficando mais impressionado.

- ...mas eu não to nem ai com aqueles prêmios e as matérias nos jornais. Na verdade, eu quero e que eles vão... quero dizer, eu quero que me deixem em paz, só isso, sabe? Mas eu estou tão feliz por você esta bem e acordado...
- O engraçado é que eu ainda não consigo dizer que sou eu, com essa barbona. Eu to parecendo aqueles velhos de não sei quantos anos, sabe? E também parece que eu não mexo os ossos por décadas...

Rony olhou para Gina. Ambos caíram na risada, como se fossem duas crianças.

- Agora, Gina, eu preciso falar uma coisa muito seria com você. E é sobre o Harry.

Gina parou de rir no mesmo momento e percebeu que o irmão tomara feições serias.
- O que foi? - disse Gina, em um mero sussurro.
- Gina, a Mione me falou algumas coisas que você se lembrou. E creio eu que esses foram um dos motivos por ela Ter saído chorando daqui. Ela me disse que você acha, mas não contou a ninguém que eu entrei na sua frente para te proteger e que a maldição me atingiu em vez de você, por isso eu fiquei tanto tempo dormindo.
- Sim.
- E que você acha que Harry aproveitou o momento para assassinar Voldemort.
- É isso mesmo.
- E que foi Belatriz que matou Harry?
- Tenho quase certeza.
- Gina, ta tudo errado. Belatriz não matou Harry. Eu tenho certeza.
- Rony, você foi atingido por uma maldição muito forte, você não deve se lembrar direito das...
- Não, Gina. Eu tenho certeza. Eu vi tudo antes de apagar de dor. Belatriz atingiu a mim. Voldemort não iria só te enlouquecer, ele iria te matar!
- Mas, se fosse assim, você é que estaria morto. Ron, eu vi você correndo para me proteger...
- Não de novo, Gininha. Não foi eu que corri pra te proteger. Foi o Harry. Ele, antes de te alcançar, jogou o Avada em Voldemort. Quando o feitiço lhe atingiu, bom os dois foram atingidos juntos. Teve um clarão muito doido e Belatriz deu um berro. Olhou pra mim e, bem, dói só de lembrar...

Gina ficou muda. Nem piscava. Nada funcionava no seu cérebro. Só conseguia registrar as ultimas palavras de Rony. Foi o Harry... Não foi eu que corri pra te proteger...
Harry morreu por Gina. Isso era fato.

- Gina, Gina... Ginevra Weasley, acorda!

Gina só conseguia escutar a voz do irmão, muito distante. Talvez em um canto inexplorado de seu cérebro. Ela só soube naquele momento que pegou a sua bolsa e saiu do quarto de seu irmão. Não soube como, nem para que. Só soube que precisava ficar sozinha.

*.*.*.*.*.*.*

No próximo capitulo:

As coisas mudaram completamente a louca vida de Gina. A garota aceita o convite das amigas para irem beber, só que a noite acaba desastrosa. Mas a males que vem para o bem...



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