Voltando à Vida
Mel...
Mel...
Mel...
O nome ressoava na escuridão profunda em que ela estava. Mel.
Sua cabeça latejava incomodamente.Harry.
Os olhos pareciam pesados e as pálpebras grudadas. Remo.
E as coisas foram voltando. Uma a uma. Anos. 10. 15. 20 anos de memórias. Toda uma existência de memórias. Memórias de antes dela ser vítima do feitiço que lhe bloqueava, de depois que ela foi vítima do feitiço, e foram se entrelaçado, e ela foi fazendo associações.
Sirius. Ainda de olhos fechados lágrimas foram se formando.Sirius, seu amado Sirius. Onde estaria ele agora...? Tinha medo de imaginar...
Alice. Sua doce amiga. Frank. Seu dedicado amigo. O que tinha acontecido com eles...?
Lily. Sua amiga e cunhada. Morta.James. Seu irmão, seu “porto seguro”. Morto.
Só morte. Só devastação.
Lágrimas escorreram mesmo ela estando de olhos fechados.
Tony. Seu filho. Morto há tantos anos...? Nunca.
Pra que se lembrar disso...?Era isso que ela tinha passado tantos anos se esforçando pra retomar...? Uma vida de fantasmas...? Mortos todos eles! Pra quê...? Por que voltar...?
Harry. Neville. Por eles.
Sentiu alguém acariciar sua mão. Se esforçou ao máximo pra abrir os olhos, pra retomar sua vida a tanto perdida.
Olhos verdes fitando olhos azuis.
- Os olhos da Lily. – ela murmurou com o que lhe restava de voz
Harry sorriu em resposta.
- Eu fui a primeira pessoa a falar isso, sabia...? – ela perguntou, sorrindo pro sobrinho.
- Não... – ele disse, até seu tom de voz lembrava o do pai. – até quatro dias atrás eu não tinha nem idéia de que tinha uma tia...
- Quatro dias...? – ela se assustou
- Achávamos que você não ia... acordar mais... – o suave tom de pânico em sua voz. Pânico de quem já havia perdido pessoas de mais.
Ela sorriu, esticou a mão e tocou o rosto dele. Depois uma lágrima desceu.
- Sirius... – ela pediu, a voz fraca. – Você pode me dizer o que aconteceu com Sirius, Harry...?
Ele desviou o olhar. Sentiu que ela segurou com mais força na mão dele:
- Harry, você sabe de quem eu estou falando não...? – A voz dela tinha claros indícios de quem ia chorar – Sirius Black, seu padrinho...?
- Eu sei. – Harry não queria ter que contar aquilo a ela. Não depois que tinha descoberto quem ela era.
- Harry, o Sirius não está morto... está...?
Confirmou com a cabeça, sem olhá-la. Ela soltou a mão dele, encolheu-se na cama e chorou baixinho por um longo tempo.
Morto. Sirius estava morto. Uma crescente revolta apareceu dentro de si.
Ela ouviu barulho de uma porta se abrindo. Levantou a cabeça pra olhar. Era Remo. Ela jogou as cobertas que a cobriam pro lado e se levantou num salto, passando pelo sobrinho e agarrando o amigo pelos braços:
- Todos mortos Remo! Todos eles...! James, Lily, Sirius...!
- Mel, acalme-se…!
- Acalme-se?! Como?? – ela sentiu lágrimas pelo rosto – Alice e Frank? Onde estão?
- Eles...
- Morreram?! – ela ficou desesperada. Pensou em Neville.
- Não. – Remo se apressou em dizer – mas...
- Oh Mérlin! Mas o que? – lágrimas já corriam pelo rosto dela.
- Foram torturados até enlouquecer... estão no St. Mungus Mel, e há anos não reconhecem ninguém...!
- Não... – ela sussurrou. Sua mente tentava cogitar o que era pior: a morte ou isso – Nem Neville...?
- Nem Neville...
- Mas ele, Neville, está bem não está...?
- Está. – Foi Harry que respondeu – Está vivo.
Mel o olhou, soltou Lupin devagar. Olhar seu sobrinho era como olhar seu irmão. Ela foi até ele e o puxou da cadeira, fazendo com que ele se levantasse. O abraçou de maneira maternal, enquanto alisava seus cabelos.
- Desculpe-me Harry... me desculpe meu amor...! – ela murmurou pra ele, que a abraçava sem jeito. – me perdoe por isso... é que... é tudo tão...
- Cruel...? – ele sugeriu
- Cruel. – ela repetiu o abraçando mais forte – Principalmente pra você. – foi o soltando devagar, olhou pros lados sem saber onde estava – Onde estou...?
- Na casa dos Weasleys. – Lupin respondeu a olhando atentamente.
- Weasleys...? – sua memória, boa como nunca agora. E o melhor: sem dor. O feitiço havia sido rompido. – Molly e Arthur Weasley?
- Eles mesmos.
- O que foi Remo...? – ela parou na frente dele – Por que você tá me olhando assim...?
Ele ficou sem jeito, olhou pros lados:
- Eu não acredito que é você... não depois de todos esses anos... !
- Sou eu aluado...! Eu...!
- Mel....! – ele a abraçou. – o que aconteceu todos esses anos...? Onde você estava...?
- Perdida. Não me lembrava de nada, nem do meu próprio nome. Só agora que as coisas estão fazendo um pouco mais de sentido...! – ela se afastou, sentou-se na cama com as mãos na cabeça. – Naquela noite eu fui raptada por uma penca de Comesais. Me feri muito lutando com eles. E eles acabaram conseguindo me levar. Eu me lembro agora que fui parar numa espécie de castelo e depois não vi mais nada. Só sei que fizeram uma espécie de ritual comigo, pra bloquear parte da minha mente, minhas lembranças pessoais...
- Voldemort queria que você não se lembrasse de ninguém, pra poder agir do lado dele.
- Exato. Queria que eu ficasse selvagem, que tivesse só os meus instintos grays... – Ela levantou a cabeça. Percebeu que Harry pouco entendia da conversa. – por isso ele me mandou pra Escócia, pra floresta em que eu nasci.
- Não... – Lupin sussurrou surpreso – não pra...
- Pra minha mãe. Ele conseguiu encontrá-la e me mandou pra junto dela.
- Mérlin...
- Ela adorou me ver, eu me lembro agora.... – Mel sorriu, um pouco de sarcasmo – se vingou daquele dia no povoado há tantos anos atrás...! Eu tenho algumas marcas, até hoje...!
- E você ficou presa por ela?
- Por dois anos, até que Angie me achou. – Mel parou assustada – Mérlin, Angie! Ela deve estar me procurando! Eu passei todos esses anos com ela e só voltei pra Inglaterra porque... – ela se calou, lembrando-se exatamente do porquê dela estar de volta à Inglaterra. Imediatamente seus olhos encheram-se de lágrimas. – Não... Alvo também não...!
- Eu tinha esperanças de que você ainda não soubesse... – Lupin murmurou.
- Há quanto tempo...? – ela perguntou sentindo uma lágrima quente no rosto
- Quase um mês...
- Como...?
- Snape o matou. – Harry disse, o tom claro de ódio na voz.
Mel o olhou rapidamente, e ele esperava que ela o fizesse, mas a expressão que viu no rosto dela não foi de raiva como ele esperava, foi de surpresa e pesar.
- Não. – ela disse firme – Você tem certeza do que tá me falando Harry?
- Absoluta. Eu vi acontecer.
- Mel, não é a primeira vez que ele te decepciona... – Lupin sugeriu calmamente – ele enganou Dumbledore, enganou todos nós...
- Ele não podia Remo. Simplesmente não podia!
- Por que não?
- Porque havia uma promessa, ele me prometeu que seria fiel a Alvo, ele fez isso na minha frente! Eu selei a promessa com uma Dívida de Honra!
- Ele nunca respeitou essas coisas Mel..! – Lupin tinha um ar cansado, como se aquela conversa fosse a repetição de muitas outras que já haviam passado.
- Honra é uma coisa que ele não tem!! – Harry, mesmo sem entender do que eles falavam, resolveu se manifestar. Mel olhou pra ele. Além de ser igual ao pai, falar igual ao pai Harry também pensava igual ao pai.
- Certo... – ela murmurou, mais pra si do que pros outros – tudo bem... Eu já fui boazinha de mais...não foi a primeira nem a segunda vez... Espero que Severo se lembre que agora a vida dele é minha. – ela fechou os olhos, uma expressão de dor – Merlin! Há tanta coisa a perguntar...! E mamãe, como está?
- Abalada, mas bem. – Lupin respondeu, por um momento ignorando os olhares interrogativos de Harry – Em Hogwarts.
- É claro...! Eu a vi, Angie foi até lá verificar se era verdade que Alvo tinha... morrido. Hagrid também está bem não?
- Sim.
- E Pedrinho...? – ela pediu inocentemente. Lupin a olhou, depois olhou Harry que estava pasmo. Ficaram em silêncio. – O que aconteceu com ele Remo...? Ele era o fiel do segredo, Sirius me disse isso. Se eles chegaram a Lily, James e Harry tiveram de fazer alguma coisa com ele, pra que ele contasse! Ele está vivo?
- Mel, não fizeram nada com Rabicho. – Lupin tinha um tom de voz amargo – Ele entregou Harry a Voldemort.
- Ele o que?!
- Disse a Voldemort como nos encontrar... – Harry respondeu
Mel fechou as mãos convulsivamente, ali perto um vaso se quebrou. Isso significava claramente sua raiva crescendo e seus poderes se descontrolando. Ela caiu sentada na cama.
- Ele era o espião...! Merlin como nós fomos idiotas! – ela olhou Lupin – Você se lembra, toda vez que ele se aproximava de Harry um ataque acontecia. Que nojo...!
- Mel... é melhor você se deitar, se acalmar. Você está fraca, foram quatro dias desacordada...!
- Tanta coisa... tanta tragédia... – ela murmurava pra si.
- Deite-se Mel...
- Não Remo... – Ela se levantou – eu tenho que encontrar Angie, preciso falar com ela. Eu quero ver Neville, quero ver mamãe... tanta coisa...!
- Mas... – Harry tentou protestar: olhava pra tia e ela parecia que desmaiaria a qualquer momento.
- Tudo bem Harry... – Ela foi até o sobrinho, o abraçou e deu um beijo na testa dele – Mérlin como você tá grande...!
- Bem... fazia dezesseis anos que você não o via. – Lupin sorriu fracamente – Era de se esperar que ele tivesse crescido não?
- Era...! – ela sorriu, olhando com lágrimas nos olhos o menino.
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Sim pessoas, eu NÃO morri! Rs... Mas essa falta de tempo é por causa da faculdade... sabe como é... eu tô ficando mais perto de terminar e aí o tempo fica ultra escasso! Mas prometo que vou deixar de ser uma autora má e vou postar com mais frequencia (e é melhor eu começar a rezar pra conseguir cumprir essa promessa!)!!!! Mas enfim, orbrigada por todos os comentários! BJUS!
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