uma longa noite



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Seria mais uma noite normal em Hogwarts se não houvesse três meninos e uma menina fora de suas devidas casas. Era mais de uma hora, o trio havia saído para uma volta noturna pelos corredores do castelo. Harry tinha quase certeza de que vira, em uma das salas do sexto andar, o tão famoso espelho de Ojesed, ele e Rony o conheciam perfeitamente, porém Hermione ainda não, obrigando-os assim a levarem até lá.
Caminhavam silenciosamente, tomando cuidado a cada esquina que viravam, se escondendo nas sombras das paredes e estátuas a cada som suspeito, tudo isso por que a capa da invisibilidade havia sido rasgada por uma briguinha mal sucedida entre os dois meninos antes de saírem do salão comunal.
O sexto andar estava tenebroso, o luar era a única iluminação, uma luz fraca que penetrava com dificuldade pelas pequenas janelas, o que deixava as sombras dos mais simples objetos, parecerem monstros esperando uma infeliz vitima entrar em seus domínios. Andavam praticamente às cegas, Hermione estava agarrada no braço de Rony, ela, uma aluna exemplar, quebrando as regras da escola, só por causa de um espelho bobo e tudo por sua própria teimosia.
- Harry, tem certeza que é aqui? – Sussurrou impaciente – Não vejo nada de anormal...
- Calma, eu sei que é por aqui!
- Sssshhh! – Sibilou Rony levando o dedo em riste aos seus lábios – Ouçam!
Os dois fizeram silêncio no mesmo instante, apurando seus ouvidos. Logo se pode distinguir o som que se aproximava cada vez mais deles: passos se aproximavam velozmente e vinham por trás, em suas direções.
- Venham! – Disse Harry afobado, puxando os dois amigos pelo braço com urgência, indo em direção a uma porta estreita entreaberta – Aqui dentro!
Eles se apertaram no armário de vassouras desajeitadamente. Se ainda tivessem onze anos caberiam normalmente dentro do cubículo, porém agora eram adolescentes encorpados, três adolescentes de dezesseis anos, esmagados uns contra os outros. Por mais que fosse difícil, eles se mantiveram no mais absoluto silêncio, mal respirando. Se fosse Filch estavam ferrados, pior seria se fosse Snape, pois era do costume dele dar umas voltinhas da meia noite algumas vezes, principalmente em noites de lua cheia.
Os passos foram se intensificando com uma velocidade assustadora, Hermione mantivera a porta um pouco aberta, para assim, poder espiar pela pequena fresta e ver quem era. Rony encontrava-se esmagado contra a parede de cimento pelo corpo de Harry, que por sua vez, estava com o cotovelo da menina no seu rosto, e a perna entrelaçada na dela. Um vulto negro encapuzado passou velozmente por eles, respirava fortemente, e junto com ele se seguiu um barulho de chinelo raspando no chão, seguindo para o outro extremo do corredor.
- Ele já foi! – Cochichou Hermione, virando o rosto um pouco para trás, tentando olhá-los.
- Quem era? – Perguntou Rony empurrando as costas de Harry para longe de si, tentando respirar – Para onde ele foi?
- Não deu pra ver que era, estava envolto em uma capa. – Ela empurrou lentamente a porta do armário, mas do mesmo jeito acabou caindo de joelhos no chão, com um Harry por cima e um Rony de quatro ao seu lado – Ai, ai sai de cima, ele foi para lá! – Disse apontando para a direita com a mão trêmula.
- Era para onde a gente ia, não é? – Perguntou Rony ajudando Hermione a se levantar, segurando-a pelo braço.
- Sim, mas quem será que é? Será que mais alguém sabe?
- O que você pretende fazer Harry? – Hermione o repreendeu – E se for um professor?
- Não deve ser! – Concluiu Harry – Nenhum professor faz aquele estardalhaço quando anda!
Eles ficaram a esmo por alguns segundos, mergulhados em um silêncio profundo e constrangedor, cada um com seu próprio pensamento. Hermione consentiu que o que o amigo acabara de dizer era de certa forma verdade, nunca ouvira um farfalhar de chinelos no andar de um professor, seria então um aluno? Harry foi o primeiro a andar, estava curioso de mais para conseguir se segurar, e se a pessoa soubesse do espelho? Os dois amigos o seguiram sem contestar, também se roíam por dentro de curiosidade. Caminharam juntos lado a lado, com os ombros roçando, os três pares de olhos bem abertos para qualquer movimento e ouvidos atentos para algum ruído suspeito.
- É ali! – Disse Harry apontando para uma porta entreaberta – Venham!
Pé ante pé eles se aproximaram, empurrando a porta vagarosamente, tentando não fazer nenhum barulho que os delatassem. Na frente de um grande espelho rústico havia um vulto negro e irreconhecível sentado no chão, aos seus pés. Quando se aproximaram, com a luz bruxuleante verde que vinha do próprio espelho, eles puderam reconhecer que era um garoto loiro parado a frente do espelho, os cabelos platinados denunciavam sua identidade.
- Malfoy? – Sussurrou Hermione no ouvido de Harry e Rony – É o Draco não é?
- Ssshhh! Silêncio se não ele escuta... – Porém a repreensão de Rony foi alta de mais.
No mesmo instante o temor de Harry se concluiu. Quando o garoto olhou para trás, virando o rosto lentamente, os três se esconderam o mais rápido possível nas sombras das paredes.
- Quem está ai? – Indagou Draco com a voz rouca, não conseguindo esconder a fraca nota de pânico em sua voz – Seja quem for, apareça! – Ele se levantou rapidamente, empunhando sua varinha perto do peito, pronto para disparar um feitiço, seu olhar não se demorava em um único lugar, invés disso, giravam nas órbitas sem ponto fixo, percorrendo todo o aposento –É você Potter? – Perguntou duvidoso com um sorriso fraco. No canto escuro o coração de Harry deu um pulo descompassado, junto com um calafrio na boca do estômago.
O menino avançava sorrateiramente, o coração palpitando ferozmente, desejando internamente que fosse mesmo Potter, esse seria seu menor problema. Os relevos que existiam nas paredes proporcionavam muitas sombras e ótimos esconderijos naquela escuridão.
- Lumos! – Murmurou de modo imperceptível, logo a luz da varinha acendeu, iluminando todo o lugar por onde passava, até parar nos três rostos pálidos e assustados – Só podiam ser vocês... – Disse em ironia – O que fazem aqui?
- Nada que seja da sua conta Malfoy! – Bradou Hermione constrangida de ter sido pega ‘aprontando’ – Nos é que perguntamos o que você faz aqui?
- Não devo explicações para sangues-ruins e pobretões!
- O que? – Gritou Rony avançando até onde Draco estava – O que foi que disse? – Agora sua voz estava muito rouca e baixa, dando-lhe um toque selvagem – Do que você chamou a minha namorada?
Malfoy sorriu desdenhoso, sabia que havia atingido certeiramente a ferida de Rony, seu olhar recaiu sobre Hermione e Harry, ambos com caras preocupadas, que se confundiam um pouco por causa da raiva e do nervosismo. Ele voltou a olhar para Rony que agora estava a polegadas dele.
- Eu disse que a sua namoradinha é uma sangue-ruim e você um pobretão que não tem onde cair morto...
Mal terminou de falar quando se viu no chão de barriga para cima, o nariz sangrando assim como a boca, que internamente estava inteira cortada, reparou também que sua varinha fora jogada para longe de seu alcance com sua queda, devido ao soco violento que acabara de receber de Rony. Passou a mão no sangue que escorria por cima de seu lábio, o vermelho contrastando com a sua palidez natural, levou o dedo a boca e o chupou mantendo o olhar no rosto do agressor.
- Que coragem que você tem Weasley – Disse com voz arrastada, como se não estivesse ligando para o que acabara de acontecer. Gostava de provocar – Vamos ver se você é tão bom assim!
Antes que pudesse se defender, Rony voou para trás batendo suas costas e cabeça numa pilastra dolorosamente. Draco ainda no chão, lhe dera um certeiro chute no estômago, empurrando-o para longe. Hermione soltou um gritinho sufocado e correu para Rony preocupada com seu estado, faltando apenas chorar. Harry se sentiu queimar por dentro, um pouco por raiva, outro por que se sentia estranho ao lado de Draco. Sentia dó dele e por este sentimento insano ele não se perdoava, devia estar sentindo dó de Rony e dando um murro na cara desdenhosa de Draco. Mas não, em vez disso ficou parado, olhando estático para os dois, viu Hermione se levantar e encarar Draco olho no olho apesar do garoto ser maior do que ela, fuzilando-o apenas por este olhar penetrante. Era a terceira vez que ele a vira tão furiosa e sabia internamente o que ia acontecer.
- Seu riquinho repugnante! – Gritou indo contra Draco que recuava no mesmo ritmo. Ele ainda se lembrava perfeitamente do tapa que ela lhe dera um dia em seu terceiro ano, havia doído pra caramba e com certeza não iria poder atacá-la, não queria ficar com fama de covarde, preferia se humilhar apanhando, apesar desta também não ser uma boa alternativa – Como ousou encostar esses pés imundos no meu Rony! – Grunhiu. Parecia uma fera enlouquecida, aceitava numa boa as ofensas dirigidas a ela, mas não suportava que ofendessem os seus amigos.
- O que pretende fazer Granger? – Perguntou incerto – Vai me bater? – Arriscou desafiador, apesar de se sentir acuado.
- É a coisa que mais me daria prazer – Sorriu maliciosamente, acertando no mesmo instante um soco no meio do estômago do menino, que sem ar, caiu de quatro no chão sentindo a dor se espalhar pelo seu ventre, podia ver os pés de Hermione por baixo da camisola, ergueu o rosto sofrido para encara-la, adoraria que ela fosse um menino agora. As mãos de Hermione tremiam, ela mesma mal acreditava no acabara de fazer, seu corpo estava quente.
- Estava louquinha para fazer isso não é, Granger? – Indagou arrogante se levantando com dificuldade – Sua sorte é que você é mulher, adoraria dar um soco bem no meio dessa sua cara asquerosa!
- Hum! Que lindo! – Disse sarcástica e provocante – Sempre se faz de forte e poderoso, apesar de estar tremendo na base! – Ela deu uma risada curta e seca – Vêm! – Atiçou-o cerrando os pulsos em forma de defesa – Esquece que sou mulher, me bate, isso é...Se tiver coragem?
- Se é isso que quer Granger? Com muito prazer! – Mas antes que pudesse erguer um dedo contra a garota, foi obrigado a parar por causa do susto que levou ao ouvir o grito de alerta pronunciado por Harry.
- Silêncio! – Falou asperamente, postando a mão no ar para calá-los – Tem alguém vindo!
Todos pararam, Hermione saiu rapidamente de perto de Draco, mas sem se esquecer de lhe lançar um último olhar azedo, indo se juntar aos amigos que já se amontoavam perto da porta. Draco ficou estático no mesmo lugar em que estava, extremamente decepcionado, adoraria ter tido mais tempo para acertá-la em cheio, mas conseguiu reter e canalizar sua raiva, se contentando em ir até perto do espelho e pegar sua capa.
- É o Filch! – Disse Harry com urgência, olhando exasperado para os rostos aturdidos de seus amigos – Vamos embora antes que ele chegue! – Agitando os braços em direção a porta, esperou até Hermione e Rony saíssem, porém quando chegou sua hora de sair uma pontada no seu consciente o prendeu no aposento fazendo-o voltar – Vem logo Malfoy! – Apressou-o, não acreditando no que dizia, isso era uma grande loucura, além de estar se arriscando, salvava a vida do seu pior e mais odiado arquiinimigo – Anda logo não temos todo o tempo do mundo ao nosso dispor, anda! – As palavras saíam de sua boca espontaneamente.
Mesmo chocado pela apreensão que Harry demonstrava, Draco o seguiu em silêncio com os olhos arregalados, sem acreditar no que ocorria. O zelador vinha da direção da escadaria por onde eles haviam chego até lá, e aquela era a única saída. O homem vinha conversando alegremente com sua gata, que apenas ronronava em resposta.
- É aqui que você viu aqueles arruaceiros, minha fofinha? – A voz áspera dizia melosamente, num contraste que doía nos ouvidos – Hoje a noite vai ser boa então, né? – Então ele gargalhou, sua voz saindo falha.
Os dois ainda estavam parados perto da porta da sala, não havia como sair de lá, todas as outras portas do corredor estavam trancadas e eles não podiam usar o Alorromora sem fazer barulho. Foi então que Harry se lembrou de um lugar. Sua última esperança, e a de Draco também: era o armário das vassouras, local que Filch nunca fiscalizava. Harry buscou cegamente o braço de Draco, puxando o menino para o corredor às pressas.
- Você é doido? – Sussurrou Draco assustado, sendo completamente arrastado – Vamos dar de cara com o aborto do Filch!
- Cala a boca, Malfoy!– Resmungou – Ainda que eu estou salvando sua pele!
- Fui eu que pedi por acaso? – Disse manhoso, agora se deixando levar – É você que está me puxando, não o contrário!
Naquele momento Harry teve uma vontade imensa de soltar o braço do garoto e desaparecer da visão de Filch, mas se fizesse isso sabia que não se perdoaria, por isso, continuou a puxá-lo junto consigo. Quando chegaram no armário, içou seu braço para frente, impelindo junto com ele Draco que voou para sua frente. Apressado, Harry empurrou-o para dentro, entrando logo após, só que como não olhara antes de entrar, não vira que Draco havia sido arremessado contra a parede e caído no chão esparramado, o que fez com que tropeçasse nas pernas do menino, caindo sobre ele dolorosamente.
- Huf! Ai!– Gemeu Draco de dor, empurrando Harry pelo peito, tentando tira-lo de cima de si, sentia seu rosto corar, afinal de contas, o menino estava encaixado entre suas pernas – Olha onde cai Potter...
Foi brutalmente calado pela mão de Harry, que sufocou sua voz de tal jeito, que o deixou sem ar. Os dedos do menino estavam frios como gelo, e a mão era bruta, mas ao mesmo tempo macia, diferente da de Pansy, que era delicada e ossuda. “Oras, por que eu estou comparando a mão da Parkinson com a do Potter?” Interrogava-se atordoado “O soco do Weasley me afetou mesmo”. Pensou nervoso, porém seus pensamentos foram arrancados do primeiro plano quando Filch passou por eles, carregando sua gata cinza no colo. Enquanto coçava a orelha da Madame, Harry podia ouvi-lo dizer docemente.
- Desce meu docinho de coco, foi aqui que você viu os pestes? – Um ronronado – Então vamos ver...
A porta rangeu de forma dolorosa a qualquer ouvido, informando aos dois a entrada do zelador na sala. Harry levantou-se desajeitadamente, o que ocasionou sua perca de equilíbrio. Harry tentou ainda se segurar em algo, mas acabou caindo do mesmo jeito encima das vassouras e baldes fazendo o maior estardalhaço possível. O tilintar dos baldes de alumínio e o baque seco das vassouras chamou a atenção da gata que, sorrateiramente, veio até a porta, farejando toda a frente do lugar, proferindo então um miado fino e estridente, chamando seu dono. Draco ao se ver naquela situação não pensou duas vezes, se levantou de solavanco puxando Harry pelo colarinho da camisa praticamente o arrastando. Violentamente abriu a porta, sem medir suas forças, acertando o focinho feio da gata que ali estava, prensando-a com um grande impacto entre a parede e a madeira da porta, ela apenas soltou um miado fraco. Draco rompeu pelo corredor correndo velozmente para longe dali, descendo de três em três degraus a escadaria, sem nunca soltar a roupa de Harry, que estava com o pescoço dolorido e mal conseguia respirar por causa da pressão em sua traquéia.
Acabavam de chegar no terceiro andar quando finalmente Draco o soltou, estava arfante e suas pernas tremiam, podia sentir o coração palpitando nas têmporas, martelando-as, sentia sua blusa colar em sua pele banhada de suor. Escorregou pela parede completamente exausto, sabia que Filch logo chegaria, mas carregar um Harry três andares seguidos não era fácil, ainda mais quando este não ajudava em nada.
- Você está bem Malfoy? – Perguntou se agachando do seu lado – Parece exausto!
- Guarde as brincadeiras para depois – Disse ofegante, seus olhos insistiam em manterem-se semicerrados, o que para Harry lhe davam uma beleza inocente e, por que não dizer, tentadora. – Daqui a pouco o Filch vai chegar aqui e se aquela gata estiver machucada aí sim vamos estar ferrados...
- Pobre Madame Nor-r-ra, depois daquela portada nunca mais vai ser a mesma – Disse rindo, ao imaginar a gata com o nariz enfaixado – Tenho que admitir que seu plano foi bom!
- Não foi um plano, foi um improviso! – Corrigiu levantando o dedo – Meu plano era matar você sufocado com a própria camisa...
- Pena que não deu certo... – Harry parou subitamente de falar quando um urro de Filch ecoou pelas escadarias do castelo – Epa, melhor a gente ir indo!
- Vai você, eu não me agüento em pé!
- Deixa de ser estúpido! – Redargüiu Harry abismado com a falta de senso do outro – Vem eu te ajudo... Pelo menos até algum lugar seguro onde possamos ficar até as coisa se acalmarem!
Sem esperar uma resposta da parte do garoto, Harry passou um de seus braços pelas costas úmidas de Draco, que não pode deixar estranhar a “gentileza” de seu inimigo, foi então que uma pergunta surgiu em sua mente, será que ainda eram inimigos? Não podia negar que estar em companhia dele era bom, trazia, de uma certa forma, paz e conforto, apesar da situação alarmante que se encontravam e de sentir o gosto metálico do sangue na boca e ter a roupa empapada pelo mesmo.
- Vem, a torre da Grifinória é aqui perto... – Murmurou puxando-o.
- E daí? – Perguntou abobado, sem notar o quão ingênuo estava sendo – Eu não posso entrar! A minha casa fica nas masmorras!
- Deixa de ser burro! – Praguejou sem conter o riso sarcástico – Ou por acaso você prefere ficar com o Filch e explicar o que você fez com a gata dele? – Parou um minuto para tomar fôlego apoiando-se na parede, Draco pesava e muito – Qual é a sua resposta, se for ‘não’ já vou te deixar aqui...
- Tá, tá eu vou!– Aderiu impaciente voltando a andar – Mas e os seus amigos? O Weasley e a Granger? Acho que eles me matariam... Acho não, tenho certeza que eles me matariam se me vissem dentro da Grifinória!
- Eu livro a área antes de você entrar! – Sorriu ele – É ali na frente! Tampa os ouvidos!
Draco obedeceu sem questionar apesar de se sentir estranho fazendo isso. “Estou entrando em território inimigo, junto ao meu inimigo e não estou com medo, o que esta havendo com você Draco? Se teu pai te pega abraçado com Harry Potter ele te come vivo! O que é que eu estou fazendo aqui?” Ele maneou a cabeça, sentia-se completamente perdido em suas próprias ações e emoções, ia recuar, ir embora o mais rápido possível antes que Harry pudesse voltar, porém um novo urro de fúria de Filch, que agora parecia estar mais perto, o fez se encolher temeroso atrás da estátua mais próxima, tremendo na base, assim como a trouxa havia dito.
- Malfoy? Você ainda esta aí? – Indagou Harry pondo a cabeça para fora do quadro, olhando para os lados atrás do menor vestígio de cabelos loiros.
- Aqui! – Disse com a voz fraca, andando rapidamente até o quadro – Sai da frente e me deixa entrar! – Disse apressado, postando uma mão para frente empurrando Harry para trás, que quase caiu sentado no chão - O doido do Filch está aqui! – Disse urgente.
Harry riu tolamente ao ver o jeito excêntrico que Draco entrou no salão, para ele era um modo todo afetado, misturado com um pouco de desespero. Foi então que reparou direito no menino, Draco estava inteiro sujo de sangue, sua roupa tinha uma aparência lastimável, com certeza ele precisava de um bom banho, e rapidamente.
- Precisa de um banho Malfoy? – Disse Harry analisando-o dos pés a cabeça.
- Faço isso na minha casa! – Disse rispidamente cruzando os braços, tentando manter o controle de seus próprios sentimentos, era tanto medo misturado com ódio que o estava deixando louco – Quando é que aquele aborto vai embora, eu ainda tenho que fazer o dever de poções! Merda! – Blasfemou num murmuro, chutando o chão, desapontado – Odeio aquele cara, desde o dia da floresta tenho vontade de acabar com aquele sorriso debochado dele!
- Quer tomar banho aqui? – Indagou Harry tentando mudar de assunto.
- Você endoidou de vez ou coisa do gênero?
- Acho que sim! – Disse brincalhão se sentando numa poltrona vermelha, esparramando-se nela – Desde a hora em que eu te salvei!
- Engraçadinho! – Zombou Draco quase rindo, tendo que fazer um esforço terrível para manter-se impassível, pois aquela fuga fora realmente engraçada. – Acho que também sou um insano, já que estou falando com você amistosamente, na sala da Grifinória, é... Pelo jeito psicose pega!
- Vai tomar aqui ou prefere ficar assim, parecendo Jack, o estripador?
- Quem? – Interrogou com a voz aguda, pensando não ter ouvido direito.
- Um assassino trouxa! – Disse fazendo um gesto impaciente com a mão, às vezes achava os bruxos puro sangue um tanto desinformados, para não dizer burros – Sim ou não?
Ele pensou um pouco, pelo jeito ia ter que passar a noite lá, pelo menos uma boa parte dela, e tudo por causa daquele maldito espelho, que o encantava de tal forma que o fazia esquecer da realidade. Porém não tinha como não se render aos encantos dele, o espelho mostrava exatamente o que ele queria ver, sabia que o iludia, mas gostava do mesmo jeito, seus segredos mais secretos se tornavam realidade na frente de seus olhos, e de um modo muito realista.
- Acho que sim...– Ele parou de falar subitamente, olhando fixamente para o rosto de Harry, que se sentiu incomodado com aquela observação, era como se tivessem acendido uma chama dentro de seu corpo, viu-se então, de uma hora para outra, louco de vontade de saltar sobre Draco, e sentir assim a maciez de seu corpo jovem, coisa que provara há alguns minutos atrás quando havia caído sobre ele e então...”Mas que diabos estou pensando!” Admoestou-se se sentindo envergonhado por seus pensamentos obscenos, ainda mais por ser com um outro homem. Foi então que sua linha de pensamento foi interrompida pela voz de Draco que voltara a falar, sem notar a coloração em seu rosto – Só que você vai ter que me mostrar primeiramente onde fica o banheiro, e depois me emprestar uma toalha e uma roupa... Que não tenha o brasão da Grifinória de preferência! – Completou.
- Mais alguma coisa, senhor? – Avacalhou Harry ainda com aquela sensação estranha no corpo, que insistia em continuar – Posso te servir uma toca de banho também?
- Cala a boca, Potter! – Disse ele finalmente se sentando em um sofá próximo ao do garoto.
Harry permitiu um sorriso torto “Por que me trata assim? Me chame apenas de Harry! E assim que eu gosto que me chamem! Mas... Mas eu tenho vergonha de te pedir!” Pensou triste.
- Hei, Potter tá dormindo acordado, é?
- Hã? Ah, sim um minuto! – Subiu no mais absoluto silêncio as escadarias que levavam ao dormitório, tomando cuidado para não acordar ninguém. Viu, ou melhor, ouviu com satisfação que Rony roncava dentro de seu dossel, indicando o seu sono profundo. Harry havia dispensado-o com a primeira desculpa que lhe veio à cabeça: disse que iria tomar um banho antes de ir dormir, alegando estar sujo. Pegou uma toalha e as roupas de Duda, que por sinal ele havia ganhado de presente dos Dursleys no seu ultimo aniversário, de dentro de seu baú, depois de uma cansativa busca. Com certeza ela iria ficar larga em Draco, já que o corpo do menino era muito parecido com o seu: Alto, magro e com ombros largos, enquanto Duda era baixinho e gordo, bem gordo.
- Toma! – Disse tacando um bolo de roupas coloridas em cima de Draco, que foi pego de surpresa – O banheiro é lá! – Apontou para a porta.
- Valeu Potter! – Agradeceu simplório, amassando as peças em suas mãos. – Depois eu te devolvo! Ah, e não se esqueça...Isso é só uma trégua! Ouviu?
- Claro, Malfoy, claro! – Respondeu internamente desapontado, se jogando novamente no divã.

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