Primeiras Lembranças



"Eu nunca tive muito a ver com ela,
o livro que ela ama eu não li,
Eu nunca tive muito a ver com ela,
o filme que ela adora eu não vi.
Como chegar nela , eu nem sei,
ela tão interessante, e eu aqui, pichando um muro.
Logo eu que sempre achei legal ser tão errado,
Eu que nem sempre calmo, mas nunca preocupado." Vícios e Virtudes- Charlie Brown

Dor. Muita dor. Podia sentir seu corpo ser cortado, enquanto alguém ria dele, ali indefeso no chão. Draco acordou assustado, suando frio. Olhou em volta, aliviado. Estava no quarto de hotel em Roma, o sol entrava pela fresta da janela. Olhou para a cama e viu uma cabeça ruiva, descançando tranqüila em seu peito, um braço branco e delicado o abraçando. Gina. Ele sorriu com a lembrança dos momento que passaram juntos, e beijando-a no topo da cabaça, a afastou delicadamente. Ela resmungou algo, sorrindo, e se encolheu debaixo dos lençois.
Vestindo sua roupa, Draco sentiu sua mão tremer. Apertou o pulso tentando se controlar. Fazia muito tempo que não sonhava com as torturas que sofrera nas mãos dos Comensias da Morte, após a morte de Dumbledore. Eles o condenaram por não ter agido, por ter sido muito fraco e não ter seguido as ordens do Lord das Trevas. Sabia que só não fora morto, por que se provara inteligente o suficiente, para continuar no trabalho, e talvez Snape e sua mãe tivessem ajudado também, não sabia ao certo.
Eram lembranças terríveis, que ele queria esquecer, mas não podia. Eram o que o fazia lembrar como os Comensais da Morte eram traidores e cruéis, e, olhou para Gina, no quanto ela era maravilhosa. Também sabia que ela deveria se a causa de seus pesadelos. Pela primeira vez em anos desobedecia uma ordem direta, e as lembranças do que poderia acontecer se descobrissem, voltaram. E Gina era a causa. Ela sempre era a causa de tudo.

Gina Weasley se espreguiçou na enorme cama do hotel, e sorriu preguiçosa. Apertou os lábios, ainda sentindo o gosto dele na boca, o corpo nu sob os lençois, ainda sentindo o toque dele. E mesmo assim, tudo parecia tão irreal. E para ter certeza, estendeu a mão, procurando-o a seu lado, mas a cama estava vazia.
Com um pulo abriu os olhos, e se levantou. Sorriu, relaxando, ele estava sentado aos pés da cama, encarando pensativo, o vazio diante dele. Gina engatinhou na cama até ele, abraçando-o por trás, o beijando na bochecha.
_Bom dia.- disse feliz, sem conseguir parar de sorrir.
Ele se virou, pondo um uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Gina sabia que ele estava feliz também, mesmo que sorrisse só um pouco. Havia um brilho diferente nos olhos dele, que ela conhecia muito bem, do tempo em que eles estavam juntos.
_Bom dia, Gina. Pedi café da manhã para nós, acabou de chegar.
_Então por que não me acordou?
_Você estava dormindo muito tranqüila. - ele deu de ombros.
Eles puseram as bandejas no meio da cama, sentando-se um de frente para o outro. Havia cereal, frutas, e pão com manteiga, assim como chá e café para Draco, que não gostava de chá.
_Nem acredito que estamos aqui!- ela não conseguiu se conter, olhando-o pela borda da xícara.
_Acho que ninguém acreditaria, se fossemos loucos de contar.
_Você sabe que isso tudo está errado, não é?
_E desde quando foi certo?
_Mas, éramos crianças. Agora é para valer. A guerra é para valer.
_Sempre foi para valer, para mim.
_Muito fofo de sua parte dizer isso.- ela sorriu, pegando a uva.- Mas, sabe que se não fosse meu pequeno empurrão, no final do seu quarto ano, nunca haveria um nós!
_Você nos salvou. Ou nos ferrou, depende do ponto de vista.
_Era tudo que eu queria ouvir.- ela riu.- Isso não te dá medo? O pensamento que não deviamos estar aqui?
_Acho que estamos bem onde deveriamos estar.
_Faz tanto tempo.- ela murmurou.
_Eu nunca te esqueci, Gina.- ele falou sério, de repente era importante para ele falar aquilo.
_Eu sei, eu também não te esqueci. Porque nós temos juntos algo que ninguém nunca poderá mudar.
_O quê?
_O nosso passado. O que quer que tenhamos perdido, nós possuimos juntos o precioso e imutável passado.
_Acho... acho que você não vai mais gostar de mim. Tanta coisa aconteceu desde a última vez que nos vimos. Nós mudamos muito, querendo ou não.
_Eu não vejo nenhuma mudança.- ela respondeu, fingindo animação.
_É porque você é diferente dos outros, para mim. Quando estou com você, sou uma pessoa completamente diferente.
_Então, Draco.- ela respondeu séria, forçando-o a olha-la.- Não me importa que tipo de pessoa você é com os outros. O que importa é como você é comigo, e é esse Draco que eu conheço e amo.
_Um dia, de alguma maneira, vou corrigir tudo isso.- ele prometeu.
_Para que, se tudo que é mais difícil é melhor?- ela brincou.- Por que você acha que eu escolhi me apaixonar por você?
_Você não escolhe o amor, ele te escolhe. Por que se não, eu não estaria aqui.
_Você mudou. Andou filosofando todos esses anos?
_Talvez.- ele sorriu, dequela forma que ela adorava, quando estava sendo ironico.- Eu não tinha mais nada para fazer, sabe?
_Engraçadinho!- ela jogou uma uva nele.
_Quanto tempo você pode passar aqui?
_Apenas sete dias, depois disso eles virão me procurar.- ela respondeu triste.- E você?
Ele a olhou, com um aperto no coração. Uma semana? Ele não dispunha de dias! Ia dizer isso a ela, quando a viu olhando-o com espectativa. Não podia fazer isso com ela.
_Sete dias também.-respondeu, seu estômago se contorcendo.
_E o que faremos depois? Nunca mais iremos nos ver ou o quê?
_Eu não sei, mas acho que é a única coisa a fazer. Eu não posso passar para o seu lado, e nem você para o meu.
_Eu sei. Mas, não vamos mais pensar sobre isso. - ela falou, tentando soar animada.- Vamos aproveitar nossos dias juntos, já que é tudo que nos resta.
_Eu não estou acostumado a aceitar pouca coisa, mas...
_Draco!- ela riu, jogando outra uva nele, que a pegou com a boca.- Me lembre de nunca mais alimenta-lo assim. E aí, o que você estava pensando quando acordei?
_Nada demais.
_Ora, eu te conheço. O que era?
_Você sabe o que era, então não preciso contar.
_Vamos lá, não custa nada, e você sabe que eu sou tremendamente curiosa.
_Sei mesmo.- ele riu, e ela fingiu ficar escandalizada.- A verdade é que estava pensando em você.
_Com aquela cara de desânimo.
_De quando nos conhecemos.
_Entendo a cara de desânimo. Eu também me lembro muito bem.

"Agosto, 1992, Floreios e Borrões
_Aposto que você adorou isso, não foi Potter?- Draco perguntou. Não sabia o que os outros achavam de tão maravilhoso em Potter, só por causa de uma cicatriz idiota e sorte, ele era mimado e adorado por quase toda a comunidade mágica. E como ele se achava melhor por causa disso. Chegando até a despresar a amizade que Draco lhe oferecera, e escolhendo o Weasley pobre e a Granger Sangue-Ruim.- O famoso Harry Potter! Não consegue nem ir a uma livraria sem parar na primeira página do jornal.
_Deixe ele em paz. Ele nem queria isso.- uma vozinha furiosa chamou sua atenção.
Draco então notou a ruivinha pela primeira vez, ao lado do caldeirão atulahdo, e ela o olhava com profundo desagrado. Sentiu-se sorrir, devia ter adivinhado. Afinal, todos adoravam Potter.
_Potter, você arranjou uma namorada!"

Roma, atualmente
_Palmas para o momento mais constrangedor de minha vida, provavelmente.- Gina exclamou.
_Pense pelo lado bom.
_Teve um lado bom?
_Desde o primeiro momento eu te achei namorável.
Gina apenas revirou os olhos.
***
Eles desceram do táxi trouxa, e olharam o edifício a sua frente. Era enorme, e lotado de turistas. Gina encarava tudo de boca aberta, Draco quase indiferente.
_Você não acha incrível o que os trouxas conseguem fazer sem varinha?- ela perguntou, enquanto eles tentavam se aproximar.
_É bem grandinho.
_Você já veio aqui antes?
_Morei alguns meses em Roma.
_Sério? Você nunca me disse isso.
_Você nunca perguntou- ele riu.- É que foi depois de nos separarmos. Treinei um pouco aqui, fiz pequenas missões...
_Oh, não me fale dessas coisas.- ela o interrompeu.- Não quero saber de nada que você fez como Comensal da Morte, e em troca eu não te conto o que eu fiz também.
_Acho que será mais seguro, caso queiram nos interrogar depois que a missão acabar. Apesar de que, se eles realmente quiserem nos interrogar, já temos memórias incriminadoras o suficiente.
_Tinha me esquecido como você pode ser animador.
_Sou realista é diferente. E você sabia que esse lugar não foi feito só por trouxas? Agrippa também ajudou a construi-lo.
_Aquele bruxo das figurinhas de sapo-de-chocolate? Uau, você conhece história, Draco.
_Quem sabe?Talvez uma coisa ou outra.- ele respondeu evasivo.
Eles passaram pelas colunas de mármore na entrada, e por um gigantesco pátio. Vários turistas apontavam coisas, que só eles sabiam o que poderia ser, e tiravam fotos enlouquecidos. Draco soltava muxoxos de despreso, Gina nem ligava, indo na frente, encantada. Havia sido difícil convence-lo a passear por Roma junto com ela, mas com jeitinho o tirara do hotel depois do almoço, e o arrastara até ali. Enquanto estudava o arco no centro do pátio, também observava Draco, espantando alguma pombas. Segurou a risada, outra lembrança vindo a sua cabeça.

"Setembro, 1992, Trem de Hogwarts
Gina estava na cabine, com outras meninas, Hermione a um canto lia um livro. As outras cochichavam alegremente, e ela Gina, tímida, escrevia em seu diário, conversando animadamente com Tom. Foi quando ouviu a porta da cabine se abrir, e as meninas pararem de falar. Ergueu a cabeça imediatamente, esperando talvez serem Harry e Rony, a procura de Hermione. Mas, era só o garoto loiro da Floreios e Borrões, Malfoy. Já ouvira muitas histórias sobre esse nome, para não se sentir um pouco nervosa.
_Vejam só.- ele exclamou, vendo Hermione, que o estava ignorando, continuando sua leitura.- É a sangue ruim sabe-tudo. O que faz aqui sozinha, cadê o resto do trio-maravilha?
Gina a viu corar, por cima da borda do livro, mas Hermione continuou ignorando-o.
_Vá embora, Malfoy.- GIna falou, sem conseguir se segurar.
_Olhe, é a feiosa, namoradinha do Potter. Também está sozinha.- ele se fingiu de triste, mas seus olhos brilhavam maldosamente, rindo-se dela.
_Estava muito bem sozinha, sem você aqui, e pretendo continuar como estava.
_Brigou com o Potter, é?- Malfoy respondeu, sério e levemente corado, porque algumas garotas soltaram risadinhas, ao ouvir o que Gina dissera. - Talvez ele não agüentou conviver com uma traidora de sangue como você. Ou talvez você só seja chata mesmo.
A cabine imediatamente ficou em silêncio, e Gina ficou calada, sem saber o que fazer. Vendo o embaraço dela, Hermione ficou de pé, furiosa, apontando a porta da cabine.
_Vá embora, Malfoy! Ou vou relata-lo a um professor!
_Que medo, Granger.- ele zombou.- Vou embora apenas porque aqui não tem ninguém que valha a pena.
E com isso virou, e foi embora. Mas, Gina não se sentiu tranqüila, as palavras dele, ecoando em sua cabeça. Será que Harry a achava chata mesmo? É que sempre se sentia tão nervosa perto dele. Quando voltou a si, Hermione estava lendo novamente, e por se sentir tão triste, logo em seu primeiro dia a caminho de Hogwarts, voltou a conversar com Tom."

Roma, atualmente

_Quer entrar?- Draco chamou, acordando-a. Gina estremeceu, então sorriu.
_Tá meio quente aqui mesmo. Vamos.
_Sabe, nunca vi Roma tão bonita.- ele comentou, enquanto eles atravessavam o pátio.
_É mesmo? Por que? É o verão ou sou eu?- ela perguntou sorridente, jogando levemente o cabelo ao vento.
_Acho que é o verão mesmo.- ele respondeu, olhando em volta. Ela lhe deu um tapinha, e ele sorriu.
Logo eles entraram no Pantheon, e Gina ficou mais uma vez com a boca entreaberta. Era uma única sala, circular, um círculo perfeito, tudo feito de mármore e cimento. O chão tinhas desenhos geométicos, as paredes tinham concavidades com estátuas, um altar enorme e janelas falsas. Mas, o mais impressionante era o teto. Uma cúpula enorme, com um buraco no centro, que fornecia toda a iluminação do lugar.
_É lindo.- ela murmurou. Até Draco olhava em volta, curioso. Nesse momento um rapaz se aproximou dela.
_Turista?- perguntou em um inglês com forte sotaque.
_Sim. Você?
_Sou um guia, posso ajuda-la? Sabia que o grande Raphael está enterrado aqui?
_É mesmo?- Gina sorriu, nesse momento Draco se aproximou furioso.
_Olá, senhor. Sou um guia, e estava agora mesmo contando a sua esposa que Rapahel está enterrado aqui.
_É mesmo? Agora conte alguma coisa que a gente não saiba.
_Ah, mas tem várias coisas...
_Eu ficaria encantado,- Draco o interrompeu- em disperdiçar minha tarde ouvindo como esse lugar foi constrído e reformado através dos séculos, mas felizmente tenho mais o que fazer. Tenha um bom dia.- e com isso arrastou Gina para longe.
_Draco, por que você fez isso?
_Esses caras são insuportáveis. Não param de falar, além do mais... ele estava dando em cima de você.
_Draco, que absurdo! Ele só estava fazendo o trabalho dele.
_Ah, é? Olhe para trás.
Gina olhou, o guia a estava encarando, mas disfarçou rapidamente.
_Sangue-sugas.- Draco murmurou, por entre dentes. E Gina riu.
_Ei, entendido de arte, por que tem esse buraco no teto? É só para deixar a luz entrar?
_Deve ser, é chamado de buraco dos demônios.
_Por que?
_É uma história que ninguém sabe ao certo, dizem que foi por onde demônios escaparam, numa das reconstruções do lugar. Aqui, podemos parar, ele não pode mais te ver.
_Como você soube que ele estava dando em cima de mim?
_Digamos que ele não estava olhando para seu rosto.
Constrangida, Gina tentou subir o decote, que nem era grande.
_Por que eles tem que tirar tantas fotos?- Draco murmurou, observando um grupo de turistas, particularmente animados, então sorriu.- Isso me lembra nós também.
_Como?- ela perguntou curiosa.

"Setembro , 1992, Jardins de Hogwarts.
_O Colin tem razão.- uma vozinha fininha interrompeu Draco, que parou no meio do caminho, se virando para encarar a garotinha Weasley. Ela o encarava desafiante, mas ele podia ver que ela também tremia.- Você só tem inveja do Harry.
_Do que? De ter a cabeça rachada? Ou de tirar fotos com o estúpido do Lockhard, e depois assina-la para um idiota do primeiro ano? Ou então,- seus olhos se estreitaram de malicia - de namorar você? Eu nunca teria inveja dele por nada, principalmente por namorar uma ruiva sardenta e feiosa, com vestes de segunda mão, e de uma família de traidores de sangue.
_Ele não é meu namorado.- foi tudo o que ela conseguiu murmurar, a garganta apertada.
_Inacreditavelmente o Potter acabou de subir no meu conceito.- ele sorriu, olhando-a de alto a baixo.- Patética. Que espécie de família puro sangue teria um carro trouxa?
_Uma família respeitável.
_Espero que seja respeitável o suficiente para ter alguma influência no Ministério da Magina, já que não tem dinheiro. "Seu pai está enfrentando um inquérioto no trabalho." Foi o que sua mãe disse hoje de manhã, naquele berrador. Quem sabe o que terão que fazer para sobreviver? Adeus, sardenta.- sorriu, ao ver lágrimas nos olhos dela, e dando as costas, foi embora com Crabbe e Goyle que riam estupidamente."

Roma, atualmente
_Não temos as melhores lembranças um do outro, não é mesmo?- Gina perguntou.- Pena, porque é tudo que temos. Tenho outra também, nada feliz. Foi logo depois que meus lapsos de memória começaram.

"Setembro 1992, Hogwarts
Gina conversava com Tom, escrevendo no diário, no pátio da escola. "Não entendo. Hoje eu, de repente, acordei em frente a casa do Hagrid, do outro lado do jardim. E ainda não sei o que eu fui fazer lá. Ainda mais coberta de penas de galo.", a letra caprichada dele correu rapidamente no pergaminho, "Vai ver você estava distraída. Muito trabalho numa escola nova, isso pode acontecer. Já ouvi outros casos assim.", ela se apressou a reponder "Você deve estar certo, Tom. Mas, foi muito estranho."
_Você soube sobre o seu irmão? -a voz arrastada de Malfoy chegou aos ouvidos de Gina, e ela fechou rapidamente o diário, guardando-o na mochila o mais rápido possível. O loiro continuou, sem reparar.- Eu estava mostrando as novas vassouras que meu pai deu ao time da Sonserina, Nimbus 2001, duvido que conheça...
Ela conhecia. Gina teve que segurar a boca, para não abri-la. Nimbus 2001 eram último lançamento! As melhores vassouras para quadribol, atualmente. Ela daria tudo para dar uma olhada em uma! E Malfoy comprar sete! Sete daquelas vassouras! Era muito dinheiro! Mas, Gina continuou impassível, ouvindo a história dele, sem ter para onde fugir. Crabbe e Goyle formavam uma muralha humana, a impedindo.
_Em todo o caso. Seu irmão acabou tentando me azarar, acertando ele mesmo, e saiu vomitando lesmas pelo jardim inteiro. Isso é um comportamento normal Weasley, ou ele é especialmente idiota?
_Vai ver ele vomitou por ter visto sua cara, Malfoy.
_Está amarga hoje. - ele repondeu, perdendo um pouco a pose.- Cuidado, você pode acabar como ele.
_Talvez, se você não sair da minha frente.
_Não fui eu quem o enfeitiçou, foi ele mesmo com aquela varinha colada. A culpa não é minha se sua fmaília não tem dois galeões, para esfregar um no outro, e não pode comprar uma varinha nova. Eu teria vergonha de ser tão pobre.
_Vá embora.- Gina disse, quando mais pessoas se viraram para olhar a discussão. Mas, Malfoy não se mexeu. Humilhada, ela forçou seu caminho por entre Crabbe e Goyle. A verdade é que se sentia muito sozinha em seu primeiro ano. Apenas uma menina da Corvinal fazia companhia a ela, Luna Lovegood, mas ela era tão estranha, que era difícil conversarem muito. Por isso, só tinha Tom. Ele era o único que realmente se importava com ela. Nem mesmo Harry falava com ela, isso por que haviam morado quase dois meses na mesma casa."

Roma, atualmente
Draco e Gina, depois de passar algumas horas no Pantheon, se cansaram e saíram para caminhar, sem muita direção. Roma era enorme, e muito antiga. Para onde olhavam haviam casas antigas, museus, e muitas, muitas Igrejas. Era tudo muito conservado, e bonito. Mas, mal prestavam atenção, aproveitando a presença um do outro. Estava tão quente, que Draco parou e comprou dois sorvetes.
_Esse aí é bom mesmo?- Gina olhou com dúvida, para o sorvete de pistache dele.
_Quer um pouco? - ele perguntou, pegando um pouco em sua colher, e dando a ela.
_Gostoso. Quer experimentar o meu de amora?- ela perguntou, lhe estendendo a casquinha.
Na hora que ele se abaixou para abocanhar um pouco, ela enfiou o sorvete na cara dele, que ficou todo melado em volta da boca.
_Bom, muito bom.- ele respondeu, tentando ficar sério. Ela riu, puxando-o com a mão livre, e beijando-o, limpando o rosto dele. Ele não resistiu, rindo e esfregou o rosto no rosto dela, que soltou gritinhos.- Agora que estamos bem cobertos de sorvete de amora e baba, que tal sentar um pouco?- ele perguntou.
Eles se sentaram em uma grande praça, com uma bela fonte, que jorava água em todas as direções.
_E aí, que mais que você se lembra de mim, no meu primeiro ano?- ela perguntou curiosa, pegando mais do sorvete dele.
_Sei lá, não muito. Nós não nos dávamos muito bem, se lembra?
_Não se lembra de mais nada, nem de outra discussão?
_Não, me lembro que tinha a impressão de que você ia soltar fumaça pelas orelhas toda vez que brigávamos.- então ele começou a rir.
_Que foi?
_Teve uma vez que você realmente soltou fumaça pelos ouvidos, mas não foi por minha culpa.
_Ah, não. Eu me lembro disso. Foi culpa do Percy, por que eu tinha que dar ouvidos a ele?

"Outubro 1992, Hogwarts
Gina passa pelo corredor, suas orelhas soltavam fumaça, por causa do remédio contra gripe que Madame Pomfrey lhe dera. Como se não bastasse apenas os lapsos de memória, Harry a vira naquela situação miserável. Quisera por tantos anos ir para Hogwarts, e agora tudo o que mais queria era voltar para casa e sentir sua mãe a abraçando, dizendo que daria tudo certo.
_Olhem é uma salamandra de fogo! Oh, não. É só a cabeça da Weasley em chamas!
A voz de Malfoy soou, junto com as risadas de várias pessoas. Gina se viu sozinha, em meio as risadas, totalmente desprotegida. Se já estava com vontade de chorar, agora só queria se esconder de vergonha. Com lágrimas nos olhos, saiu correndo humilhada, sob o coro de "Cabeça de fogo! Cabeça de Fogo!"

Roma, atualmente.
_Me desculpe.- ele pediu.
_Tudo bem, era uma época diferente, a gente ainda não se conhecia direito.
_Sempre achei seu cabelo ruivo lindo.
_Que bom.- ela sorriu- Porque eu não tenho vontade nenhuma de muda-lo.
_Está escurecendo. Está com fome?
_Um pouco.- ela admitiu.
_Porque eu conheço uma cantina muito boa, perto de um lugar que eu gostaria de te levar.
Eles pegaram um táxi, o sol já sumia atrás das várias casas e prédios. Roma era tão apertada, que mal dava para ver o que acontecia na rua de trás. Quando chegaram ao restaurante, já estava escuro. O lugar era uma portinha acolhedora, que descia para um lugar abaixo do nível da rua. Gina seguiu Draco curiosa, mas sua expressão mudou para deslumbramento, assim que entrou. Era um lugar enorme, com várias vigas que seguravam o teto baixo, onde presuntos e aves estavam penduradas, em cada mesa havia uma toalha xadrez de vermelho, verde e branco, com pequenos castiçais. Era um lugar ilumindado e alegre, e como Gina pode perceber, bem popular entre turistas. Haviam pessoas falando todas as línguas ali. Foi quando algo chamou sua atenção, um pequeno elfo doméstico, passando entre as mesas.
_É um lugar somente bruxo, Gina. -Draco sussurrou ao vê-la abrir a boca.- Mas, não foi por isso que eu a trouxe aqui. Foi pela comida. Por isso que isso aqui tá tão cheio. Os trouxas realmente perdem grande parte da diversão da vida.
Draco reservou uma mesa com o pequeno elfo, enquanto Gina observava vários bruxos conversando.O lugar era tão obviamente mágico, que Gina não entendia como não notara antes. Haviam pessoas com todo o tipo de roupas, desde tangas africanas, a quimonos japoneses. Elas mostravam uma a outra suas varinhas, fotos, e até uma revista inglesa de quadribol, numa mesa ao canto. Ela também pode ver quatro mulheres que suspeitava serem veelas, e uma coruja voando com recados. Estava tão distraída que quase foi atropelada por bruxinhas pequenas, que voavam em vassouras de brinquedo.
Ela sorriu ao vê-las, então sentiu-se desanimar. Era muito improvável que um dia tivesse filhos, já que ela e Draco nunca poderiam viver juntos. Mesmo assim, se fosse possível, como eles seriam? Não, não podia pensar nisso, porque jamais aconteceria. Era tão injusto.
_Está se lembrando de outra coisa?- ele sussurrou em seu ouvido, então viu os olhos dela, marejados.- Está chorando por quê?
_Não estou chorando, apenas me lembrei de outra coisa. - ela mentiu.

"Novembro 1992, Hogwarts
_Está chorando por que, Weasley?- Malfoy se aproximou de Gina, sorrindo, que estava escondida perto da janela.
Ela mal teve forças para secar as lágrimas.
_Me deixa em paz!
_Está com medo do Potter ser expulso, não é? Não se preocupe, Dumbledore não expulsaria seu favorito, nem que ele matasse toda a escória trouxa, que estuda aqui.
_O Harry jamais faria isso- Gina soluçou, tentando secara as lágrimas, em vão. "Ele não, mas e eu?"
_Ah, faria sim. Ele se faz de bom, finge que pertence a Grifinória, mas na verdade, ele só quer acabar com os abortos e os nascidos trouxas. Como qualquer bruxo decente faria.
_Cale a boca!- ela gritou, já estava em seu limite, agora, depois do ataque a Madame Norra no dia anterior.
_Vai ver que é por isso que está preocupada. - ele continuou, satisfeito com a reação dela.-Ele nunca te deu atenção, porque é uma traidora de sangue. Uma sujeitinha suja.
_Vá embora!
_Ou o quê?
_O que está acontecendo?- a voz fina do Prof. Flitwick os interrompeu.
_Só estava conversando com a Weasley, professor.- Draco mentiu rapidamente.
Flitwick olhou desconfiado, de um para outro. Draco parecendo inocente, e Gina chorando.
_Está tudo bem, Srta. Weasley? -perguntou amavelmente.
Ela sacudiu a cabeça afirmativamente, e saiu o mais rápido possível."

Roma, atualmente
_Ok, chega de lembranças por hoje.- Draco respondeu quando se sentaram na mesa.- Se a fazem se sentir triste, não tem sentido continuarmos.
_Não me fazem me sentir triste. Só me mostram como eu estava enganada sobre você, e você sobre mim.
_Mas, você tinha motivos para estar enganada. Quanto a mim, bem, eu não era uma pessoa muito sociável.
_Você era um canalha.- ela exclareceu, aceitando o menu.
_Bem, acho que dá para dizer isso.- ele respondeu, tirando o menu dela.
_O que está fazendo?
_Eu já sei o que vamos pedir. O melhor prato daqui. Se você não gostar, me dá o seu, que eu como os dois, e pede outra coisa.
_Tá bom.
Ele falou rapidamente com o garçom em italiano, e Gina não entendeu nada. Então, voltou-se sorrindo, para ela.
_Lembrei de montes mais de lembranças.
_Sério?
_Quer ouvir?
_Sou toda ouvidos.

"Novembro 1992, Campo de Quadribol de Hogwarts
_Ah, ah, ah.- Draco ria de se acabar. Foi quando notou uma cabeça ruiva, passando, em meio a multidão da Grifinória, que seguia para o castelo.- Ei, Weasley! O Potter perdeu os ossos do braço! Você acha que agora que está flexível, ele vai conseguir apanhar o pomo?
Gina continuou caminhando, como em transe, o ignorando, apesar das pessoas que se viraram para ver sua reação. Emburrado, Malfoy voltou para rir com o resto do time da Sonserina."

Roma, Atualmente
_Eu não me lembrava disso.- ela falou- Estava em um dos meus lapsos. Foi no dia em que o Colin foi atacado. - ela estremeceu.
_Desculpe, não sabia. Achei que você só estava me ignorando.
_E do que mais que você se lembrou?

"Dezembro 1992, Salão Comunal da Sonserina
_São Potter, o amigo dos sangue-ruins. Ele é outro que não tem espírito de bruxo, ou não andava por aí com aquela Granger sangue-ruim metida a besta. E tem gente que acha que ele é o herdeiro de Slytherin! Eu bem que gostaria de saber quem é... Até poderia ajudar."

Roma, Atualmente
_E cadê eu nessa história toda?- Gina perguntou.
_Você estava fazendo o trabalho de herdeiro de Slytherin, e eu queria te ajudar.
_Draco, que absurdo! Achei que você fosse contar alguma coisa séria.
_Ainda tem mais.
_Como você se lembra de tudo isso?
_São minhas únicas lembranças suas, quando tinhamos 11 e 12 anos, e eu não gostaria de esquece-las.
_Falando em não esquecer, me lembrei de uma.

"Dezembro 1992, Hogwarts
Gina anadava apressada pelo corredor. Novamente encontrara penas de galos em suas roupas. O que estava contecendo? Tom não parecia preocupado, e isso a deixava desconfiada. Mesmo assim, ele era um bom amigo. O único que ela tinha ali, o único para quem podia contar tudo, sem correr o risco de ser expulsa. E quem podia culpar os outros alunos, por não serem seus amigos, se nem ela entendia seu comportamento? Foi quando viu alguém espiando pela porta, perto do lugar onde o ataque a madame Norrra tinha acontecido.
_Olá.- chamou timidamente, a mão no bolso, apertando com firmeza a varinha.
Era Malfoy. Ele pulara ao ouvir sua voz, e parecia muito constrangido por ter sido pego ali.
_O que você está fazendo, olhando o banheiro da Murta que Geme?- Gina perguntou curiosa.
_Então, esse é o nome daquela fantasma chorona, que só porque perguntei uma coisa para ela, saiu chorando, quase pondo o pulmão fantasma dela, para fora?
_Esse é um banheiro feminino, Malfoy.
_Eu sei, Weasley, não sou cego. E o que eu estava fazendo era problema meu.- e virando as costas foi embora. Gina, que não gostava de chegar muito perto daquele lugar, virou um corredor, e se afastou rapidamnente, indo para a aula de feitiços. Mas teve que se apoiar em uma parede, na metade do caminho, estava se sentindo muito tonta"

Roma, Atualmente.
_Foi pouco antes do ataque do Justino e do Nick Quase-Sem-Cabeça. Mas, o que você fazia no banheiro feminino?- ela perguntou, tentando segurar a risada.
_Eu estava tentando descobrir o culpado para ajuda-lo, só isso.- ele respodeu indignado.
_Você sabia de alguma coisa?
_Nada. Nada mesmo, muito menos sobre o que meu pai fez com você.
Nesse momento os pedidos chegaram.
_Pronto. Macarrão com berinjela.- ele sorriu feliz.- Especialidade da casa!
O cheiro era delicioso e deixou Gina com água na boca. Na primeira garfada ficou oficial, era seu prato favorito.
_Draco, isso é uma delícia!
_Pena que sou modesto, e não posso agradecer corretamente. Mas, é muito bom mesmo.
_Como descobriu esse lugar?
_Quando eu morava aqui, fiquei desesperado, uma época, em achar qualquer coisa remotamente mágica. Cheguei ao ponto de seguir um bruxo, até esse lado da cidade, uma vez. E aí, ele entrou, eu vim atrás.
_Esperto. E aí, tenho mais memórias, quer ouvir?
_Não existe nada no mundo, que eu goste mais de ouvir do que sua voz. Então, pode falar a noite inteira se quiser, vai me fazer bem feliz.

"Dezembro, 1992, Biblioteca de Hogwarts
Gina suspirou, tentando se concentrar, estava nervosa por causa de tudo que vinha acontecendo. Os ataques, a memória desaparecendo e o diário. Será que o diário tinha algo a ver com tudo aquilo? Por algum motivo estava começando a sentir calafrios, só de pensar em Tom."
_'Inquérito no Ministério da Magia', hum , bom título.- uma voz arrastada e desdenhosa veio de trás de uma estante perto dali.- 'Arthur Weasley, Chefe da Seção de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas', isso existe? '... foi multado hoje em 50 galeões, por enfeitiçar um carro.' Me pergunto como eles irão comer. Ah, como se eu me importasse.
Gina sentiu chocada. 50 galeões? Onde eles arranjariam o dinheiro? O que seus pais fariam? A idéia de escrever para casa, pedindo ajuda, desapareceu imediatamente de sua cabeça. Não podia preocupa-los mais.
_Agora vem a melhor parte.- Malfoy continuou.- 'O senhor Lúcio Malfoy, membro da diretoria da Escola de Magia e bruxaria de Hogwarts, onde o carro enfeitiçado bateu no início desse ano, pediu hoje a demissão do Sr. Weasley.' Será que o Ministério ao menos sabia que ele trabalha lá?
Era o suficiente. Fechando o livro com um estrondo, Gina se levantou e saiu."

Roma, atualmente
_Como se eu precisasse de mais problemas.
_Não me lembrava disso.
_Que bom para você. Passa o queijo, por favor?
_Você é muito compreensiva, não é não?
_Sorte sua.
_Agora, só para demonstrar meu companheirismo, vou trazer à tona uma lembrança muito humilhante para mim.
_Não precisa.- ela sorriu.
_Tudo bem, é engraçada mesmo.

"Fevereiro 1993, Biblioteca de Hogwarts
Draco Malfoy saiu de trás da estante, onde se escondera de um dos malditos anões, disfarçado de cupido, que queria, a todo custo, lhe entregar um cartão. Estava andando por entre as estantes, quando viu a ruivinha Weasley, conversando com outro anão, e lhe entragando um papel. Ela parecia nervosa, olhando para os lados, muito vermelha.
_Hum.- Draco murmurou, vendo o anão se afastar. O que ela estaria aprontando? Foi então que sentiu alguem o abraçando pelas pernas, e perdendo o equilíbrio, caiu de cara no chão. Tentando ver algo, levantou a cabeça e deu com a ruiva parada no fim do corredor, o olhando assustada.
_Você é Draco Malfoy, não é?- o anão grunhiu, sentado em suas costas.
_Não, agora sai de cima!- Draco ofegou desesperado, se contorcendo. Mas, o anão o ignorou. Ser humilhado na frente de um Weasley! Não poderia ser pior! Mas, o anão era muito gordo e pesado, para ele se soltar. Mais do que nunca amaldiçoava Gilderoy Lockart.
_Uma recado cantado, para Draco Malfoy.- o anão disse, dedilhando sua arpa.- Draco Mafloy, Draco Mlafoy. Desde a primeira vez que o vi, nunca mais o esqueci. Você me fez sorrir, quando fez o estúpido Lufa-Lufa cair. Você é a poção do meu caldeirão. Vamos nos casar, e para sempre os panacas humilhar. Sua adimiradora secreta."

Roma, atualmente
_Aquilo foi cruel, até para você.- Gina gargalhou, escondendo o rosto no guardanapo.
_A idiota da Pansy! - Draco resmungou- Tenho certeza que foi ela. Na aula de poções, que eu tive depois daquilo, tive que me controlar muito para não mata-la. Aquele pilão nunca pareceu tão tentador.
_Ah, mas não foi tão ruim como o que aconteceu comigo. Na sua vez, só eu assisti, mas metade de Hogwarts estava naquele corredor, quando o Harry recebeu o bilhete, e você falou para todo mundo que era meu.
_Eu sempre quis te perguntar isso, mas o tópico Potter não era meu favorito quando estava com você, então me esqueci. Aquele bilhete era seu mesmo?
_Quer que eu minta ou seja sincera?- ela sorriu- Ok, foi meu, sim.
_"Seus olhos são verdes como sapinhos cozidos"?
_Eu não tinha nada na cabecça, admito.- ela revirou os olhos, tomando um gole de vinho.
_Não é como se você pudesse negar, de qualquer jeito.- ele riu.
_É... foi um ano bem difícil, mas agora é só passado.
_Tem coisas que são melhores sendo passado.- ele disse, e a viu encarar tristemente o prato vazio, não imaginava como fora horrível para ela. Se falar com o Lord das Trevas já fazia seu sangue congelar, não poderia imaginar como era ter a alma drenada, por ele, por meses.- Ei, sardenta!
Ela levantou a cabeça, o olhando sorridente.
_Faz tempo que não me chama assim.
_Por que faz muito tempo que não nos vemos. Ainda quer ir ao lugar que te falei, antes de voltarmos para o hotel?
_Fiquei curiosa o jantar inteiro, apesar de distraída pelo magnífico macarrão e, lógico, a companhia, e você me pergunta se eu quero ir? Vamos já.
***
Draco mandou o taxista parar um quarteirão antes do lugar, e tapando os olhos de Gina com as mãos, foram caminhando até o lugar. O que levou mais tempo que o esperado, por que eles tinham que andar devagarinho, e ele não parava de tropeçar, tentando não acerta-la nos calcanhares.
_Onde você está me levando?
_Se eu disse que era uma surpresa na primeira vez que você perguntou, continua sendo uma surpresa na décima vez.
_Você sabe que sou curiosa.- ela falou em tom choroso, sem se ofender com a resposta dele.
_Por que você acha que estou fazendo isso?
Mesmo sem enxergar, Gina soube quando se aproximavam, pois podia ouvir muitas vozes falando, em várias línguas. Aquele parecia um lugar bem popular, e ela se sentiu mais curiosa que nunca.
_Pode olhar.- ele sussurrou no ouvido dela, abaixando as mãos.
Gina abriu os olhos, e mal pode conter seu grito de espanto. Olhou em volta maravilhada, Draco ficou feliz ao ver que a deixara tão encantada.
_Draco, é linda.- ela murmurou.
_Sim, linda.- ele concordou, mas era para ela que ele olhava ao falar.
Gina conhecia aquele lugar por fotos, e sempre fora doida para conhece-lo, Fontana de Trevi. Uma fonte gigantesca, com estátuas e água jorrando em todos os cantos. Ela não sabia o que olhar primeiro, e toda e iluminação azulada dava ao lugar um aspecto misterioso.
_Você sabe, - Draco voltou a sussurar no ouvido dela.- que se você jogar uma moeda ali, e fizer um pedido, esse pedido se realiza?
_Sério?- ela perguntou, e tirou duas moedas do bolso, dando uma a ele.- Faça seu pedido.
Ela fechou os olhos, pensando fortemente no pedido. "Me dê coragem de fazer o que eu tiver que fazer." A seu lado, Draco se concentrava, "Me ajude a fazer o que é certo.". Eles jogaram as moedas ao mesmo tempo, alguns turistas tirando fotos. Ela o olhou, e ele a abraçou. Sentindo o carinho dele, apoiou a cabeça no ombro dele.
_Você é tão confortável.- ela falou, depois de passados alguns minutos de silêncio pensativo.
_Que bom que acha isso.- ele tentou não rir.- É o objetivo de minha vida.
_Verdade, acho que poderia ficar aqui para sempre.
Ele não respondeu, mas a verdade é que sabia que também poderia ficar ali para sempre. Tentou tirar esse pensamentos da cabeça, já estava enrascado o suficiente passando aquele tempo com ela. Devia ser louco! 'Louco por ela.' pensou. Ela realmente significava tudo para ele. O que era estranho, pois jamais imaginara que sentiria algo remotamente parecido por ninguém.
_Obrigado.- ele murmurou.
_Pelo que?- ela perguntou surpresa, a cabeça ainda no ombro dele.
_Por nunca ter desistido de mim.
_Não precisa agradecer.- ela o abraçou, o beijando.- O prazer foi meu.
_Vamos.- ele riu, bagunçando levemente o cabelo dela.
E eles seguiram abraçados e sorridentes, para chamar um táxi. E para qualquer um que olhasse, eram só mais um casal de apaixonados, aproveitando Roma.
***
_Tenho outra lembrança.- ele comentou, quando eles estavam no táxi, seguindo para o hotel.
_Que fonte inesgotável que você é.
_Cansou de ouvir?- ele perguntou, levemente decepcionado.
_Lógico que não! Quanto mais melhor.
_É bem curtinha mesmo.

"Março de 1993, Jardins de Hogwarts.
Draco Malfoy descia sem pressa as escadas para o campo de Quadribol, quando viu Gina de longe, entrando no castelo.
_Ei! Weasley! Você é cega? O campo é para o outro lado!- Mas, ela o ignorou, entrando no catelo.- Grifinórios burros.
Draco xingou, fazendo Crabbe e Goyle rirem debilmente."

Roma, atualmente.
_Quando foi isso?-ela perguntou.
_Naquele jogo que foi cancelado.
_Então foi logo antes de eu atacar a Hermione e aquela garota da Corvinal.- ela estremeceu.- Agora é minha vez de contar uma curta.

"Maio 1993, Hogwarts
Gina saiu correndo do Salão Principal. Quase contara a Rony sobre a Câmara Secreta, mas Percy aparacera bem na hora. Não podia contar nada na frente dele, ele mandaria prende-la no instante que ela calasse a boca, se tivesse sorte de não ser antes. Gina começou a chorar, sem saber o que fazer. Logo todos saberiam, mas não entenderiam. E ela seria expulsa e presa. E o que aconteceria com sua família? O que eles iriam pensar?
_Ora, Weasley. Se continuar assim, vou pedir para o monstro da Sonserina ataca-la. - a voz de Malfoy soou zombeira.- Já está me irritanto, você só chora.
E virou as costas, saindo. Gina saiu correndo. Estava no segundo andar quando a tontura começou. 'Por favor, agora não. Preciso contar ao Rony, não posso machucar mais ninguém, contar a alguém...' mas, então tudo ficou branco."

Roma, Atualmente
_Você foi a última pessoa que vi, antes de me enfiar na Câmara Secreta. - Gina falou.- Então acordei estirada no chão, em um lugar muito estranho, com Harry sangrando ao meu lado. Nem foi confuso.
_É... o Potter te salvou. Nunca achei que fosse falar isso, mas me sinto grato por ele tê-lo feito.
_Eu devo significar, mesmo, muito para você.- ela riu.- Para você chegar ao ponto de agradecer o Harry.
_Ah,...é.- ele falou sem graça, e ela não insistiu.
Sabia que ele odiava contar sobre o que sentia, só falara que a amava uma única vez. Mas, ela não precisava que dissesse, o conhecia bem o bastante para entender o que ele sentia, apenas por seus gestos. Pegou a mão dele, que apertou a dela, os olhos dele sem deixar a cidade que passava do outro lado da janela. 'Teu amor minha crença, pequeno nas palavras, grande na presença.', ela pensou, observando o rosto sério dele, mas em seus olhos, ela podia ver, havia um brilho de felicidade.
_Você mudou muito, desde o dia que foi parar na Câmara Secreta.- ele recomeçou, quebrando o silêncio.
_É mesmo?
_Eu me lembro quando percebi a mudança. Foi na última lembrança que tenho sua, do seu primeiro ano.
_Eu também me lembro disso, fiquei muito brava com você. Mas, era só por causa do que seu pai tinha feito comigo.
_Nada mais justo.
_Mas, a culpa não foi sua. Você mesmo disse que não sabia de nada.

" Junho, 1993, Estação de Hogsmeade.
Gina desceu do trem, falando com Rony:
_Eu vou ver só uma coisa, vai achando um vagão, Rony. - ela pediu, se virando. Então, parou no lugar, quase havia trombado com Harry.
_Oi.- ele disse, sorrindo tímido.
_Ah, oi.- ela respondeu ainda mais sem jeito, depois que ele a vira naquele estado deplorável, e salvara sua vida. - Pre...preciso ir pegar algo.
_Ok. O Rony está no trem, não está?
_Tá sim.
Ele então deu um sorrisinho, e saiu. Gina recomeçoua andar, tremendo e sorrindo. Não resistiu a tentação, e olhou para trás, vendo-o embarcar no trem, em meio a agitação dos outros alunos. Então sentiu-se trombando com algo, e quase caiu no chão, se a outra pessoas não a tivesse segurado.
_Olhe por onde anda, Weasley!- Draco reclamou.
_O mesmo para você, tem dois olhos, assim como eu.- ela respondeu brava pelo encontrão, e pela distração.- Goste ou não.
_Goste ou não.- ele remedou.
_É a melhor reposta que pode dar, Malfoy? E cadê aquele seu ar de dono de Hogwarts, foi dispensado junto com seu pai?
_Não meta meu pai na história.
_Não preciso, ele já se enrascou sozinho. Agora, com sua licença ou não.- e virou de costas indo embora."

Roma, atualmente

O táxi parou no hotel, e eles desembarcaram. Abraçados, seguiram pelo saguão, parando em frente as luxosas porta do elevador.
_Draco.- ela o chamou, enquanto esperavam o elevador chegar.
_Hum.- ele resmungou, mostrando que a estava ouvido.
_Você tem medo de não me matar?
_Como assim?
_De desobedecer sua missão.
Ele a olhou surpreso, mas logo ergueu as sobrancelhas pensativo, pondo uma mecha do cabelo dela, atrás da orelha.
_Tem outras coisas da qual tenho mais medo.- ele respondeu, enquanto as portas do elevador se abriram.
Eles entraram, silenciosos. Ela entendera o que ele dissera, porque era o mesmo medo dela. Que algo ruim acontecesse com ele.
_Você vai dormir aonde hoje?- ela perguntou.
_No meu quarto, acho melhor. Para não desconfiarem.
_Tem certeza que tem que ir?- ela o olhou desolada. Ele se virou para ela, encarando-a e sorriu se conformando.
_Está bem.- ele murmurou.- Eu posso ficar com você essa noite também.
Ela sorriu encantada, e ele suspirou. Precisava aprender a dizer não a ela. O elevador parou no andar de Gina, e quando se viu, eles estavam se beijando novamente, tentando passar o cartão na porta do quarto.

"You could be my enemy, I guess there´s still time.
(Você podia ser meu inimigo, acho que ainda dá tempo)
I´d get around to loving you.
(Eu iria ama-lo)
Is that suh a crime?
(Isso é um crime)
...
No one could break us, no one could take us,
(Ninguém poderia nos quebrar, ninguém poderia nos levar)
if they try."
(Se tentarem)
*Guess God thinks I am Abel - Oasis

NA- Capitulo grandinho... deu para ter uma ideia. Mas, não prometo que tudo vai ser desse tamanho, hehehe. Espero que estejam gostando! Comentem! Mary

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