Veritasserum



Capítulo 4: Veritasserum

Estava dormindo quando sentiu algo passar sobre sua bochecha. Coçou a bochecha e virou-se de lado na cama. Sentiu-se ser levemente chacoalhada pelos ombros. Sentou-se rapidamente em sua cama:
- Mas que diabos?- perguntou-se e não conseguiu terminar a frase. Teve que esfregar os olhos, pois não acreditava no que via. Estava estática. Aos poucos, seus olhos foram se acostumando ao escuro e pôde vê-lo melhor. Os olhos esmeraldas estavam por trás dos óculos redondos e nos olhos ele tinha um sorriso sincero:
-Harry!- ela exclamou, abraçando-o com força.
-Gina, eu senti muito a sua falta. Eu queria tanto te ver, saber se você estava bem, se também sentiu a minha falta.
Potter beijou-a passionalmente. A ruiva correspondeu, mas estranhou não se sentiu como se sentia antigamente quando Harry a beijava. Parecia faltar algo. Convenceu-se que essa sensação não demoraria a passar e era apenas porque não se beijavam a muito tempo. Porém, antes que pudesse sentir-se mais confortável com aquele beijo, as luzes acenderam-se:
-Eu não posso te deixar um instante sozinho e olha no que dá. Você disse que não acordaria a Gina. –Rony reclamou ao ver que eles quebraram o beijo.
Gina não estava nem um pouco constrangida, mais parecia levemente salgado indignada ao dizer:
-A gente não se vê há um tempão, vocês não vão me dar um abraço?
Todos sorriram. Hermione foi a primeira a atirar-se nos braços da ruiva, seguida por Harry e Rony. Foi um abraço coletivo, no qual a Gina chorou de felicidade por saber que eles estavam bem. Hermione uniu suas lágrimas as da amiga. Ficaram por um tempo assim e quando se soltaram, Gina perguntou como tinha sido a jornada deles.
O trio entreolhou-se e Harry começou a narrar os últimos quase doze meses deles. Ela pôde perceber que por várias vezes Harry hesitara e que estava omitindo parte da história. Ainda assim, levou o resto da noite.
Na manha seguinte, a Sra. Weasley fizera um escândalo ao ver os quatro dormir de mal jeito. Ficou mais do que feliz ao ver o trio de volta e quase esmagou os ossos deles com seu abraço de mãe protetora.
Na carta foi escrita à Minerva McGonagall e ela permitiu que eles cursassem o 7° ano. Gina achou aquilo incrível e pensou que esse seria um ótimo ano letivo.
Chegou o dia do embarque na plataforma 9 e ½ . Foram escoltadas por aurores, assim como quando haviam ido comprar um material escolar no Beco Diagonal. Despediram-se do Sr. E da Sra. Weasley, que recomendaram que se comportassem bem .
Por onde iam as pessoas olhavam espantadas, pois não esperavam a presença de Harry Rony e Hermione. Harry escolheu justamente a ultima cabine do Expresso. Ginevra sentiu-se febril ao lembrar-se do seu quase beijo com Draco Malfoy, bem ali.
“Calma Gina. Isso é passado.” Pensou, olhando pela janela.
A situação entre Gina e Harry era indefinida. Ele não tinha falado que reataram o namoro, mas também não disse que eram apenas amigos. O que ele dissera era sobre querer casar-se com ela quando a guerra acabasse.
Rony e Hermione estavam namorando, ela sabia. Era claro, apesar da timidez, que aqueles dois se gostavam.
A viagem passou sem grandes novidades. Ao desembarcarem do trem, encontraram Luna:
-Oi gente. E o que vocês três estão fazendo aqui? – perguntou indiscretamente.
-A Minerva deixou a gente voltar. E deixa eu te contar, Luna, eu sou a Monitora-Chefe. –sorriu orgulhosamente.
-Parabéns, Hermione! –Luna falou animada.
-Luna, você cuidou bem da Gina enquanto não estávamos aqui? –Rony perguntou e Haryy riu, pois sabia que com as azarações que a ruiva tinha, dificilmente precisdaria de alguém para cuidar dela.
-Eu não preciso de uma babá, Ronald!- a Weasley reclamou- Mas por que não se juntou à gente, Luna?
-Ah, metade do tempo eu fiquei lendo O Pasquim e na outra metade fiquei conversando com o Colin. A propósito, vocês sabiam que vamos ter novos professores?
-Mais de um? –Hermione estranhou.
-Desde que não seja nenhum Snape ou Umbridge. –Harry deu de ombros.
-Quais são as matérias? –Rony perguntou.
-Hum… -a loira fez cara de pensativa. –DCAT, Poções e Herbologia.
-E você sabe quem são os novos professores? Gina perguntou curiosa.
-Não.- Luna negou.- Mas quero muito saber, nem Colin sabe.
Entraram em uma das carruagens puxadas por Testrálios.
-Como vão você e o Neville?- Gina perguntou.
-Bem.-a corvinal respondeu.- Ele abriu uma loja de plantas medicinais em Hogsmeade. Você sabe que nesses tempos as pessoas usam bastante esses tipos de plantas para fazer diversas poções. Mas e você e o Harry?
A ruiva engoliu em seco, não sabia o que responder. Com tudo, para o seu alívio, Harry respondeu por si:
-O nosso namoro vai bem.- sorriu e deu um selinho na Weasley.- O Rony e a Hermione também estão namorando.
-Parabéns!- Luna felicitou-os- já estava mais do que na hora.- completou com sua objetiva sinceridade.
Quando a carruagem parou, Harry ajudou a namorada a descer. Gina não pôde deixar de lançar um olhar para o lago.
-O que foi?- o moreno perguntou.
Por alguns instantes a ruiva ficou a contemplar o lago, pensando na noite do baile de formatura e como se sentira beijando o Malfoy. Porém, logo espantou aqueles pensamentos indevidos de sua mente. Aquilo não aconteceria mais e ela tinha que esquecer o ocorrido.
-Não é nada, vamos?
Harry entrelaçou seus dedos nos da namorada e caminhara na direção das portas do Saguão de Entrada. A Weasley poderia estar pensando em como Harry sentia ao voltar para Hogwarts pela primeira vez após a morte de Dumbledore. Mas não era nisso que ela pensava…
“Onde será que ele está agora? Estará a salvo? Será que conseguiu se esconder? Caramba! Por que é que eu estou me preocupando com ele?!? Eu sou realmente muito idiota!!!” –pensou com certa raiva.
No Salão Principal, já estava tudo arrumado. Luna se despediu e foi para a mesa da Corvinal. Harry e Gina, Rony e Hermione, sentaram-se à mesa da Grifinória. Não muito depois entraram os calouros e seleção foi feita.
Agora as pessoas apontavam descaradamente aos três lugares vagos à mesa dos professores. McGonagall levantou-se e os burburinhos se cessaram:
-Posso ter a atenção dos senhores por alguns instantes? Obrigada. Imagino que queiram saber quem são os professores que ocuparão essas cadeiras. Pois bem, o Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas será Kingsley Shacklebolt.
O Auror entrou sob uma grande salva de aplausos, a qual agradeceu polidamente com um aceno.
-A nova Professora de Herbologia será Pansy Parkinson.
Vários garotos assoviaram quando a nova professora entrou. Gina tinha que dar o braço a torcer e assumir que a sonserina estava muito bonita.
-Por fim, o Professor Slughorn se aposentou definitivamente e o novo Professor de poções será Draco Malfoy.
Ao ser anunciado, o Malfoy entrou e dirigiu-se até a mesa dos professores. Os aplausos da sonserina eram estrondosos. Gina sentiu suas entranhas remoerem ao vê-lo, parecia ainda mais sexy do que se lembrava todos (exceto os sonserinos) estavam mudos com a surpresa:
-Bom apetite a todos.- a Diretora desejou e a comida apareceu.
Junto com a comida apareceram crescentes murmúrios:
-Filho da puta!!!- Rony exclamou.
-Olha a boca, Ronald.- a namorada o repreendeu.
-Eu não quero ter aula com o Malfoy!
-E você acha que eu quero, Rony?- Harry perguntou- ele vai tornar a nossa vida um inferno.
-Já começo a sentir fallta do Snape…- o ruivo comentou inconformado.
-Não deve ser tão ruim assim, Rony.- Gina tentou convencê-lo ao mesmo tempo em que tentava convencer-se do mesmo.
-Não, não é ruim.-o Weasley comentou irônico- É péssimo!
-Acho que a Gina tem razão.- Hermione interveio- O Malfoy não pode abusar ou será demitido. Ele não se atreveria ser…
-O completo idiota que sempre foi?- Rony perguntou.
-É, suponho que descobriremos isso em breve.- Harry falou e deu um suspiro resignado.
Como sempre, a refeição estava deliciosa. Porém, Gina não estava com o melhor dos apetites naquela noite. E se o Malfoy contasse ao Potter o quanto a queridinha dele não sentira falta do Testa-aberta? Podia até imaginar a voz do loiro dizendo isso com cruel sarcasmo.
-Gina? -Harry chamou-a e ela virou-se para ele –Você parece estar longe.
Ela forçou um sorriso:
-Apenas pensando. Estava com saudades de Hogwarts, você não?
-Claro que estava. Mas duvido que o nosso saudosismo sobreviverá por muito tempo. A Hermione terá que nos dar aulas de reforço, porque eu duvido que o Malfoy saiba muito, quanto mais ensinar. Ele tirava nota alta porque o Snape gostava dele. O que a Minerva estava pensando para contratá-lo como Professor de Poções?
-Também não é assim, Harry. A Diretora não daria o emprego se ele não merecesse. Todos sabem que a Minerva é severa e imparcial. Além do mais, o Malfoy é bom em Poções.
-Gina, você está defendendo o Malfoy? Como pode afirmar isso?
-É, como pode?- Rony perguntou, entrando na conversa.
Hermione nada disse, mas era visível o seu interesse na resposta da ruiva. Gina enrubesceu:
-Eu sempre o via na biblioteca estudando e a maioria das vezes era Poções.
-Mas isso não impede que ele seja péssimo professor.- Rony comentou.
-Calma ai, garotos. A Gina tem razão. Eu acho que deveríamos dar uma chance a ele. Vocês sabem que ele não é tão mau assim.- Hermione falou e Gina sabia que ela se referia ao fato de Malfoy não ter conseguido matar Dumbledore, mas nada comentou sobre.
Pelo resto da refeição não conversaram mais. Ao fim, Hermione ficou para trás com o objetivo de acompanhar os primeiranistas grifinórios e Rony resolveu acompanhá-la.
Harry e Gina seguiram na frente para a Torre da Grifinória. Os dois andavam de mãos dadas, atraindo olhares diversos. A Weasley tinha certeza de que no dia seguinte cada habitante desse castelo saberia que ela e Harry haviam reatado o namoro. Sentiu-se levemente incomodada ao pensar nisso.
Ao chegarem em frente do quadro da Mulher Gorda, disseram a senha, a qual haviam conseguido com Hermione, e entraram no Salão Comunal.
O moreno sentou-se numa poltrona e puxou a Weasley para que se sentasse em seu colo, em seguida dando vários beijos no pescoço dela.
-Pára, Harry. –afastou-se dele de maneira delicada –Aqui todos estão olhando!
-Quer ir pro meu dormitório então? –ele perguntou e ela arregalou levemente os olhos –Sem segundas intenções se você assim quiser. Apenas uns beijinhos inocentes sem uma platéia para assistir. –acrescentou.
-Os seus colegas de quarto, exceto o Rony, já subiram. Eu vi. O Colin você conhece. Dos dois que você não conhece o loiro é Josh Parker e o moreno é Phillip Wade. Agora, Harry, se você não se importa, eu vou para o meu dormitório. Estou morrendo de sono.
-Deixo você ir, mas antes vai ter que me dar um beijo. –ele pediu.
A ruiva sorriu:
-Está bem, Sr. Harry Carente Potter. –respondeu dando um selinho no namorado, que aprofundou o beijo.
Correspondeu com bastante vontade, mas após algum tempo quebrou-o. Levantou-se do colo de Harry:
-Boa noite, eu tenho mesmo que ir. –e partiu sem olhar para trás.
Já no dormitório, deu boa noite para todas as colegasde quarto, vestiu um pijama e deitou-se em sua cama. Estava tão cansada que não teve problemas para pegar no sono.
Na manhã seguinte, foi Hermione quem acordou Gina:
-Gina, levanta. –a ruiva virou-se de lado na cama, sonolenta –Vamos! Você não vai querer chegar atrasada na primeira aula, é DCAT.
Weasley abriu os olhos e bocejou antes de sentar-se na cama:
-Como é que você sabe que é DCAT?
-Sou Monitora-Chefe, lembra-se? –a morena piscou –Já tenho todos os horários.
Hermione observou a amiga levantar-se e dirigir-se ao banheiro com desânimo.
“O que será que aconteceu com ela? É realmente muito estranho...Era pra Gina estar animada, o Harry e ela voltaram. Hum... Também é estranha a falta de apetite dela ontem à noite. Era um senhor banquete e com muitas comidas que ela adora. Bem, talvez seja apenas desânimo por termos que estudar muito mais, já que esse é o ano dos N.I.E.M.’s. Eu não vejo mal algum em estudar, mas acho que nem todos pensam assim”
Havia no 7º ano da Grifinória mais duas garotas além de Hermione e Gina. Anastácia Johnson (irmã caçula de Angelina Johnson) e Yumi Fushikawa (uma garota de traços orientais e filha de japoneses). As duas já tinham ido na frente, pois gostavam de tomar o café-da-manhã tranqüilamente, com direito a leitura do Profeta Diário e/ou Semanário das Bruxas dependendo do humor delas.
Quando Gina saiu do banheiro já vestia o uniforme por cima da capa preta com o brasão da Grifinória bordado, assim como Hermione. A diferença residia no reluzente distintivo de Monitora-Chefe que a morena possuía.
-Vamos indo tomar café? –Mione perguntou, assistindo a amiga pegar a mochila e já com a sua nas costas.
-Sim, é claro. –e as duas saíram do dormitório –Onde estão o Rony e o Harry?
-Nos esperando no Salão Comunal.
-Bom dia, Rony. Bom dia, Harry. –cumprimentou ao vê-los e foi puxada por Harry para um beijo.
Ao se soltarem, ficaram um pouco sem-graça e em silêncio, até que Rony falou:
-Se vocês não se importam, eu estou morrendo de fome. Vamos de uma vez tomar café.
-Tá bom, estressadinho. –Gina deu de ombros, sendo a primeira a passar pelo retrato da Mulher Gorda.
Harry logo a alcançou e passou uma mão pela cintura dela. Rony e Hermine vinham atrás de mãos dadas. Aparentemente eram os dois casais mais perfeitos de Hogwarts, mas isso era apenas aparentemente...
-O que achou dos garotos? –Gina perguntou –Seus novos colegas de dormitório. –acrescentou ao vê-lo erguer as sobrancelhas interrogativamente.
-Ah, isso. Eles parecem legais, mas estão impressionados por dormirem sob o mesmo teto que “O Eleito”. –suspirou cansado –Mas eu deveria estar mais do que acostumado às pessoas agirem de forma diferente comigo. –comentou e não parecia muito feliz com isso.
-Eu ajo normal com você, Harry. A Mione, o Rony e a uma também. Sei que se parar pra pensar verá que tem ainda mais pessoas que o vêem por baixo da embalagem de super-herói do mundo mágico.
-Só você para me fazer sorrir. –comentou, abrindo um daqueles sorrisos reservados a namorada.
Fizeram a refeição um tanto rapidamente e rumaram junto com os alunos da Corvinal para a aula de DCAT:
-Oi pessoa. –Luna cumprimentou o quarteto e eles disseram oi também –Então, Gina. Eu estava me perguntando o que você achou do Malfoy ser o novo Professor de Poções.
A ruiva sentiu-se corar ao receber o olhar dos quatro, mas respondeu:
-Eu achei péssimo. Se o Malfoy se atrever a “pegar no meu pé”, eu juro que não vou deixar por isso mesmo. –respondeu irritada –Quem aquela doninha Albina pensa que é?
-Calma, Gina. –Luna falou tranqüilamente –Ele não pode fazer nada. Além do mais, eu achei que tivesse sido o suficiente...
-O que? –Harry e Rony perguntaram com curiosidade e Hermione apenas olhou desconfiada.
Gina suspirou:
-Bem, o ano passado vocês não estavam aqui e bem...Eu e o Malfoy tiramos a Diretora do sério. A gente brigava muito...
-Verdade. –a loira concordou –Tanto que causaram um grande alvoroço. As pessoas se reuniam para assistir e faziam apostas. Até que teve um dia que a Diretora tomou medidas drásticas.
-Que tipo de medidas drásticas? –a morena perguntou automaticamente.
-Ela me deu a pior das detenções... –Gina murmurou.
-Teve que dormir na Floresta Proibida? –Rony perguntou e Gina fez que não.
-Teve que catalogar todos os livros da biblioteca? –Harry arriscou e recebeu uma negativa.
-Teve que fazer algo com o Malfoy? –Hermine perguntou.
-Mais ou menos...
-O que?!? –Harry perguntou, apoiado por um Rony abismado.
-A Gina ficou algemada com o Malfoy por dez dias. –a corvinal contou como quem conta algo óbvio.
A Weasley ficou ainda mais vermelha e viu que esperavam que ela dissesse algo:
-O que eu podia fazer? Ou era isso ou seria expulsa. –defendeu-se –Não aconteceu absolutamente nada. –mentiu – A detenção funcionou. Eu e o Malfoy não brigávamos mais. Aliás, queríamos distancia um do outro.
-Bom mesmo. –Rony falou –Se aquele verme se engraçasse pra cima de você...eu iria... –fez o gesto de torcer o pescoço de alguém, fazendo a ruiva engolir em seco.
-Calma, Rony. A Gina disse que não aconteceu nada. –Hermione tentou acalmá-lo.
-Mas ele que não queira se meter a besta com a minha namorada. –Harry disse, sério.
-Calma, Harry. –foi a vez de Gina dizer –Eu e o Malfoy nos odiamos, então não se surpreenda se eu quiser mandá-lo pra um lugar nada bonito.
Luna deu uma risadinha de descrença e quando o quarteto encarou-a, ela disse:
-Nossa, acabei de lembrar uma piada que o Nev me contou. Querem ouvir?
-Não, Luna. Obrigado. –Harry adiantou-se a dizer, sabiam que a loira e Neville não eram o que poderia ser chamado de piadistas profissionais.
A aula de DCAT com Kingsley foi de ótimo nível, com uma parte teórica e grande prática. Depois tiveram aula de Herbologia com a Lufa-Lufa. Pansy Parkinson falou um pouco sobre os N.I.E.M.’s e durante o resto da aula revisou alguns assuntos do 6º ano, tendo no final pedido para a próxima aula a leitura da unidade 1 do livro de Herbologia.
Gina classificou aquela aula como suportável. Apesar de demonstrar sutilmente sua aversão pela Grifinória, Parkinson parecia dominar bem a matéria. A seguir vieram duas aulas de Feitiços, as quais foram inteiramente práticas.
Na hora do almoço Gina não lançou sequer um olhar para a mesa dos Professores. Não queria ter que encarar Draco Malfoy e evitaria ter que fazer isso quanto pudesse. Mas sabia que até o final do dia não poderia fugir dessa situação.
Após o almoço, Hermione e Gina foram para a aula de Aritmancia, enquanto os garotos tiveram tempo livre. Durante a aula, Gina copiou as coisas no pergaminho mecanicamente. Estava pensando na aula dupla de Poções que teria:
-Gina. –Hermione chamou, mas a ruiva pareceu não ouvir –Gina! –a morena insistiu e não adiantou, a Weasley estava no mundo da Lua.
Hermione cutucou o ombro de Gina e a ruiva finalmente virou-se:
-O que? –indagou.
-No que estava pensando, Gina? Estava muito distraída.
-Em nada. –respondeu rapidamente.
-Como assim, Gina? A mim você não engana.
-Eu já disse que não é nada. –a Weasley teimou –Quero prestar atenção a aula. –falou e virou-se para a Professora Vector.
“Prestar atenção?!? Duvido muito. A Gina está escondendo algo, só pode ser isso.” Hermione pensou antes de também virar-se para a professora.
Ao fim da aula, rapidamente juntou suas coisas. Agora que já havia recebido o horário das aulas, sabia que tinha horário vago.
-O que vai fazer agora? –Hermione perguntou.
-Estudar na biblioteca.
-Vamos achar os garotos? Eu tinha combinado de ir com eles na biblioteca.
-Hermione, você acha mesmo que vai conseguir arrastar aqueles dois para estudar na biblioteca no primeiro dia de aula?
-Não é bem para estudar... –a morena comentou e Gina ergueu momentaneamente as sobrancelhas –Mas Gina, eu sei que não estava prestando atenção na aula de Aritmancia. –mudou de assunto –O que te fez ficar tão distraída?
Gina encarou-a:
-Assim como você, o Harry e o meu irmão tem segredinhos, eu também tenho os meus.
A ruiva tinha respondido de maneira tão conclusiva que a Monitora-Chefe não ousou retrucar ou insistir no assunto. Pelo caminho, para a satisfação de Gina, encontraram Luna:
-Luna, você não estava indo fazer algo importante, estava? –perguntou e a loira balançou a cabeça negativamente –Ótimo. –Gina sorriu –Vai lá procurar os garotos, Hermione. Tchau. –disse um pouco ríspida e saiu andando.
Luna acenou para a Monitora-Chefe e saiu andando a passadas rápidas, até alcançar a Weasley:
-O que foi isso, Gina? –Luna fez questão de saber.
A ruiva suspirou, impaciente:
-Aff, o trio de ouro e seus segredos! Eu odeio isso!
-Odeia o fato deles possuírem segredos que você desconhece? –perguntou informalmente.
-Luna, odeio fato do meu namorado esconder uma parte da vida dele de mim. Por acaso ele não confia em mim? –perguntou, chateada.
-Ele deve apenas não querer te colocar em perigo.
-Eu não sou nenhuma boneca de porcelana. Não vou quebrar com algumas verdades. –mumurou, emburrada.
-Hum... –fez Luna –Talvez haja uma conspiração nessa escola e o Harry não quer... –foi dizendo, começando a se empolgar, mas foi cortada.
-Não fantasie coisas, Luna. Não há conspiração alguma. Há apenas a falta de confiança e desconsideração do Harry com relação a mim.
-E será que não há essas mesmas coisas vindas de você? Não contou pra ele o que aconteceu entre você e o Malfoy, não é mesmo?
-De que lado você está? –a ruiva perguntou com indignação.
A corvinal deu de ombros e respondeu:
-Apenas acho que se você quer sinceridade dele também deveria ser sincera.
Lá estava mais uma vez Luna dizendo coisas delicadas com naturalidade. A corvinal podia achar fácil falar tudo o que pensava, mas Gina não pensava da mesma maneira.
A Weasley rolou os olhos:
-Luna, isso é loucura. Eu não posso simplesmente chegar por Harry e dizer que fiquei com o Malfoy. –sussurrou.
-E por que não? –ela quis saber.
-Ele é um Comensal da Morte! –exclamou, como se fosse óbvio.
-Eu já disse que você não tem certeza...
A loira foi interrompida:
-Que seja. De qualquer modo, eu não posso confessar ao Harry que cometi esse erro.
-Tem certeza que foi um erro? –perguntou, erguendo as sobrancelhas e conseqüentemente abrindo mais os olhos que já eram grandes.
-Hunf! –a Weasley bufou –Eu me recuso a responder uma pergunta dessas, Luna Lovegood.
A loira deu uma risadinha antes de perguntar de forma divertida:
-Quer dizer que você não tem certeza, Gina?
-CALE A BOCA, LUNA! De que lado você está?!?
Luna olhou espantada pela repentina explosão da amiga. Gina só percebeu que já estavam na biblioteca quando foi repreendida por Madame Pince:
-Srta. Weasley, será que não percebeu que isso aqui é uma biblioteca? Será que serei obrigada a expulsá-la daqui?
A grifinória ficou envergonhada ao olhar para a irritada bibliotecária, mas ficou mais vermelha ainda quando viu quem estava ao lado, com um sorriso irônico nos lábios.
“Não, o Malfoy não. Por que ele tinha que me ver fazendo escândalo? É melhor ignorá-lo.” Pensou e virou-se de frente para Madame Pince. Porém, antes que pudesse dizer algo, ouviu a voz de Draco:
-Ora, ora. Se não é a Srta. Escandalosa Weasley?
Gina queria fingir que não tinha ouvido, mas não conseguiu:
-Não, quem está aqui é a minha irmã, gêmea, Malfoy. –respondeu com amarga ironia.
-Em primeiro lugar, é Professor Malfoy. –ele corrigiu –E em segundo lugar não seja tão insolente comigo. Todos sabemos que é a única garota em sua família e também sabemos que eu tenho o poder de tirar pontos da sua casa.
-Babaca mimadinho. –a ruiva murmurou com raiva.
-O que foi que disse? –Draco estreitou os olhos, poderia não ter entendido o que ela havia dito, mas sabia que não fora nenhum elogio.
Antes que a weasley pudesse responder, a bibliotecária disse:
-Acho que já está passando dos limites, mocinha. Acho melhor que saia daqui. A minha biblioteca é lugar de silencio e estudo.
-Isso não será necessário. –Draco disse e Gina surpreendeu-se.
Luna, que até então observava tudo passivamente, sorriu ao ouvir a amiga indignar-se:
-Eu não preciso que me defenda, Malfoy. –falou e ao ver que ele ia falar, corrigiu-se –Professor Malfoy. –sua voz era pura ironia.
Draco deu um sorriso debochado, parecia divertir-se ao responder:
-Não estou te defendendo, longe disso. Apenas acho que alguém com um entendimento tão acanhado quanto o seu deve passar horas estudando na biblioteca se quiser acompanhar as minhas aulas.
Gina abriu e fechoua boca, como que ensaiando o que diria:
-Está me chamandou de burra?!? –perguntou por fim.
-Ah, entenda como quiser... –respondeu, descontraído.
Nesse momento, Harry chegou com Rony e Hermione:
-Algum problema por aqui, Gina? –e passou um braço pelos ombros da namorada.
-Não, nenhum. –a Weasley respondeu, sem demonstrar qualquer emoção.
Os olhos do loiro pareceram faiscar:
-Vejo-os mais tarde. –disse de maneira superior e saiu dali sem nem olhar para trás.
-O que aquele idiota queria com você? –Rony perguntou, aborrecido.
-Nada. –a ruiva respondeu de má vontade.
-Se o Malfoy te importunar, quero que me diga. –Harry falou, segurando as mãos dela.
-Por Merlin, o Malfoy não me fez nada. –irritou-se, puxando suas mãos bruscamente e indo para uma das mesas mais afastadas da biblioteca.
-O que houve com ela? –Harry perguntou com surpresa para Luna.
-Vocês a irritaram. –a loira deu de ombros -Vou atrás dela. –informou e foi até onde a amiga estava.
Luna depositou sua mochila sobre a mesa de maneira suave, enquanto assistia a grifinória atirar os livros á mesa:
-Calma, Gina. –disse em sua voz etérea.
-Eles pensam que podem mandar na minha vida. –resmungou em tom baixo, mas que continha claramente irritação.
-Eu acho que toda essa rebeldia não vai te levar a nada.
-O que você quer que eu faça?
“Maravilha, cheguei ao fundo do poço. Pedir conselhos a Luna? Ela mais confunde, isso sim...” pensou, enterrando a cabeça nas mãos.
-Em primeiro lugar você deve se acalmar.
-Ok. –a ruiva murmurou, inspirou profundamente e em seguida soltou o ar –Pronto. Já estou calma. E agora?
-Vamos estudar, assim você se distrai um pouco. –ela sugeriu.
Ginevra assentiu e abriu um livro de Transfiguração, mas não sem antes dizer:
-Se eu soubesse que o Malfoy estaria aqui, não teria vindo.
-Agora já foi, Gina. Tenta esquecer um pouco dele.
-Como assim esquecer? Eu não estou preocupada com ele. Mas é que... E se o Malfoy espalhar por aí que eu fiquei com ele?!? –Gina questionou, encarando a loira, que não respondeu –Luna!
-Ahn? –perguntou, parecendo acordar de um transe –O que foi que disse?
Ginevra deu um suspiro profundo:
-deixa pra lá, eu devo parar de me preocupar demais.
“Talvez seja melhor que eu peça...ou melhor, mande o Malfoy calar a boca sobre o que aconteceu entra nós. É, é isso que vou fazer.”

***

Draco Malfoy havia acabado de sair da sala da Diretora, a qual lhe advertira sobre como ele deveria tratar os alunos. Rolou os olhos, bufando.
“Como se eu me importasse com toda a baboseira que ouvi dela, realmente ridículo. Meus métodos de ensino são os melhores...Hum...pelo menos nunca ouvi nenhuma garota reclamar. Quer dizer, as aulas de reforço que elas me pediam acabavam virando sessões de beijos e ás vezes até mais que isso. Aposto como várias pirralhas se apaixonarão por mim, assim como se apaixonaram por Lockhart quando ele dava aulas por aqui. Esse assédio vai me encher o saco, mas o que posso fazer?” pensava enquanto se dirigia para sua masmorra, onde daria a primeira aula de Poções para os setimanistas.
O loiro acabara de cruzar a soleira da porta e estava para fechar a mesma quando Gina Weasley surgiu um tanto esbaforida. A ruiva foi entrando na masmorra, mas logo a voz de Draco se fez ouvir:
-Já atrasada no primeiro dia, Srta. Weasley? –perguntou, inquisidor.
A Weasley ficou vermelha, visto ter percebido que todos os alunos estavam em seus lugares a encarando. Virou-se então para o Mestre de Poções:
-Eu não estou atrasada. –defendeu-se e a sineta tocava naquele exato instante como que a apoiá-la –Viu? –perguntou, sorrindo triunfante.
Draco devolveu o sorriso, mas de forma cínica:
-Eu resolvo se meus alunos estão atrasados ou não. Qualquer um que passe por aquela porta depois de mim está atrasado. Cinco pontos a menos para Grifinória, Srta. Weasley. –ele anunciou e recebeu um olhar de raiva e indignação da Weasley –Vá para o seu lugar agora, ou será que além de um relógio também precisa de um mapa para achá-lo?
Gina ferveu de raiva. Como ele podia ser tão idiota e irritante? Era o que se perguntava. Controlou-se para não dar uma resposta muito da malcriada e foi sentar-se ao lado de Harry.
O moreno passou a mão pela mão de Gina, a qual estava fechada, como se quisesse esmurrar alguém.
-Calma. Ele é um idiota mesmo. –sibilou e a ruiva nem se deu ao trabalho de responder.
Olhou para Malfoy como se quisesse fuzilá-lo. Ele, porém, não olhava para ela e sim para a classe como um todo. O loiro tinha um pergaminho em mãos:
-Bem-vindos á turma de N.I.E.M.’s, setimanistas. –disse, mas era óbvio que várias presenças o desagradavam –Hum, uma classe reduzida. Exatamente o que eu esperava. Claro, porque a arte exata do preparo das poções é algo para poucos privilegiados. –e fez uma pausa olhando para seus doze alunos –Veremos se todos conseguirão acompanhar as aulas, o que eu duvido...Porém, vamos começar. Reservei para vocês algo fácil, já que acabaram de voltar de férias. Vocês tem os dois tempos da aula para preparar uma veritasserum. As instruções estão no quadro negro. –bateu duas vezes a varinha no pergaminho e apontou para a lousa –Divirtam-se.
-Ele chama isso de fácil?!? –a ruiva ouviu seu irmão reclamar para Hermione.
A Weasley não estava reclamando. Vira Draco lendo no ano anterior sobre poções e percebera que ele parecia ter um grande interesse pela poção da verdade. Lembrava de ter perguntado o porque dele ler com tanto afinco e ele começara a falar tudo o que tinha lido sobre a poção e como prepará-la. Aquela fora uma das poucas conversas civilizadas que tiveram.
Agora Gina perguntava-se o que o levaria a escolher justamente aquela.
“Ora, é óbvio. Ele ama essa poção.” Pensou e dirigiu-se para o armário dos ingredientes após abrir seu livro de poções avançadas na página certa.
Logo que voltou, começou o trabalho. Assim que Harry chegou ao seu lado, sussurrou uma pergunta:
-O que eu te fiz?
-Nada. –murmurou seca, sem nem tirar os olhos do que estava fazendo.
-Como nada? Você está distante.
Porém, antes que a Weasley respondesse, Draco disse:
-Será que os pombinhos querem dar uma volta pra resolverem seus problemas amorosos? Pois ao que parece, eles são mais importantes que uma das poções mais cobradas nos N;I.E.M.’s nos últimos anos.
Todos olhavam para Gina e Harry, os quais estavam vermelhos. Ginevra ergueu os olhos com raiva, encarando Malfoy:
-Desculpe, Prefessor. Isso não vai mais acontecer.
Draco sorriu de canto de boca:
-Com certeza que não, Srta. Weasley. Porque o Sr. Potter vai trocar de lugar com a Srta. Fushikawa e isso pelo resto do ano.
-Você não pode fazer isso! –Gina exclamou.
-Posso sim. Menos cinco pontos para a Grifinória, Srta. Weasley, por questionar a minha autoridade como Professor. Agora saia daí, sim, Potter? Antes que eu tire mais dez pontos da sua Casa.
Harry arrumou suas coisas em silêncio, mas sabia que por dentro ele queria fazer picadinho do Malfoy.
Gina nem prestou atenção quando Yumi sentou ao seu lado, estava concentrada demais. Estava determinada a mostrar para o loiro aguado que ela era capaz.
Draco lia um livro enquanto os alunos davam duro. Eventualmente ele levantava os olhos para ver se não havia algo errado. Foi numa dessas levantadas de olhar que percebeu que Gina tinha os braços cruzados e olhava fixo para uma direção. Entediada, ele poderia dizer. O loiro depositou o livro em cima da mesa e foi diretamente até ela:
-Srta. Weasley? –ele chamou e Gina ignorou-o –Weasley, estou te chamando.
Gina olhou para ele:
-O que quer?
Malfoy ignorou o tom insolente dela e disse:
-Deveria estar fazendo...
-Já fiz. –cortou-o.
-Mesmo? –perguntou, incrédulo, e ela fez que sim –Vamos descobrir.
Draco conjurou um conta-gotas e colheu um pouco do líquido transparente:
-Abra a boca. –ele mandou.
-O quê? Não, não mesmo. Você ficou louco? –indignou-se.
-Quer perder 50 pontos? Você será realmente odiada pela Casa dos leões. É apenas um teste. Quero saber se preparou corretamente. Prometo não te constranger na frente dos seus amigos. –diminuiu o tom da voz.
Mais para fazer com que a deixasse em paz do que qualquer outra coisa, Gina pegou o conta-gotas e pingou três gotas em sua língua:
-Por Merlin, não pergunte algo idiota. –ela suplicou.
Draco aproximou-se do ouvido dela:
-Lembra da nossa 1ª detenção juntos?
-Sim. –respondeu automaticamente.
-Depois, quando eu te encontrei na Torre de Astronomia. Você estava chorando pelas coisas que eu te disse na detenção?
-Sim. –a resposta escapou da boca dela.
Malfoy teve então a certeza de que a poção estava perfeita. Gina naquela noite havia dito que estava chorando por uma carta que recebera do irmão. Áquela época, suspeitara que era mentira, mas agora obteve a certeza. Afastou-se da ruiva:
-Muito bem. Sua poção passou pelo teste. Concedo 20 pontos para a Grifinória. Pode se retirar, Srta. Weasley.
Todos ficaram surpresos, mas não tanto quanto a Weasley. Uma série de cochichos preencheu a sala:
-Silêncio! Voltem ao que estavam fazendo. Só irão sair se eu considerar a poção aceitável.
Os alunos voltaram ao silêncio e Gina retirou-se sem uma palavra. Não conseguia acreditar que conseguira mais que compensar os pontos perdidos. Talvez Malfoy não fosse um Professor tão injusto e parcial quanto Snape. Talvez...Precisava falar com ele para tirar certas coisas a limpo. Então resolveu que voltaria para a masmorra quando a aula já estivesse terminada. Enquanto isso resolveu ir até a cozinha. Ao chegar em frente ao quadro da fruteira, fez cócegas na pêra e então abriu a porta.
-Srta. Wheezy! –Dobby exclamou, feliz, correndo em sua direção.
-Olá, Dobby. Como vai?
-Bem. Srta. Wheezy, o que Dobby pode fazer pela Srta.? Está com fome? Quer alguma comida especial?
-água seria ótimo.
-é pra já. –e bateu palmas, logo um elfo trouxe uma jarra e um copo –Aqui está.
-Obrigada. –Gina agradeceu –O Harry, o Rony e a Hermione voltaram pra Hogwarts, achei que gostaria de saber. –disse após alguns goles.
-Dobby fica feliz em saber!
-Se quiser, eu posso falar para eles visitarem você.
-Dobby não merece tanto. A Srta. Wheezy é muito boa.
-Não sou não, Dobby. –suspirou –Tenho que ir agora.
-Até mais, Srta. Wheezy. Dobby agradece a visita. A Srta. Sempre é bem-vinda aqui.
-Obrigada. –agradeceu-o mais uma vez e acenou, saindo dali.
Foi andando vagarosamente em direção ás masmorras. Àquela hora os alunos já deveriam ter saído de suas aulas.
A porta da sala de Poções estava fechada. Gina bateu três vezes e sem esperar por resposta, abriu a porta. Draco olhava para ela, com curiosidade, por detrás dos óculos.
-Posso entrar? –perguntou, após ver que ele estava sozinho.
-Pode. –falou com indiferença enquanto depositava os óculos em cima dos pergaminhos que estivera lendo –O que veio fazer aqui?
-conversar. –respondeu, fechando a porta atrás de si e aproximando-se da mesa dele.
-Não temos nada pra conversar, Weasley.
-Por que você me deu 20 pontos? –perguntou, ignorando o que ele havia dito.
-Dez foram para compensar os que perdeu. Sua poção estava realmente boa. Pelo visto prestou atenção quando eu te falei sobre ela, não?
-Sim. Mas e os outros dez?
-Por eu ter feito você chorar daquela vez. Era só isso o que queria saber?
-Não. Eu quero a garantia de que você não vai contar a ninguém sobre o que aconteceu entre nós.
O loiro levantou-se, ficando de frente para a Weasley:
-Aconteceu algo, foi? –perguntou com ironia.
-Você sabe que sim, mas não deve mais acontecer.
-Por que agora você voltou com o Potter e não precisa mais de mim pra suprir as suas crises de carência? É isso? –jogou na cara dela.
-Não é isso. Eu voltei sim com o Harry, mas isso não significa que te usei como estepe. Foi importante te conhecer melhor.
-Hum. Então você está dizendo que não quer mais nada comigo?
-Não. –ela respondeu rapidamente e ele parecia divertir-se –Não era isso o que eu ia dizer, droga! Eu esqueci da veritasserum, merda.
-Olha a boca suja, Weasley.
-E por quê? –perguntou cinicamente.
-Porque eu não posso mentir, oras!
-Sim, eu sei. Não pode por três horas, já que tomou 3 gotas. Você parece ter medo das minhas perguntas.
-Eu vou embora. –anunciou, mas Malfoy a deteve pelo braço –Me solta, Malfoy.
-Você ainda pensa em mim?
A ruiva olhou para o outro lado e mordeu o lábio inferior para não responder, mas falhou miseravelmente nisso:
-Penso...Olha o que você fez, Malfoy. Eu quero ir embora. Não quero continuar a falar...
-Verdades. Você não quer dizê-las. Agora diz também que não quer me beijar.
-Eu não quero.
-Ah, desculpe. Aquilo não foi uma pergunta. –disse cinicamente –Você quer me beijar?
-Sim. Ai que ódio! Você não pode me zoar por isso, você também quer.
-Quem disse que eu quero? –questionou, levantando uma sobrancelha.
-Os seus olhos. Você me olhava assim antes de me beijar. –ela respondeu e Draco soltou o braço dela.
Gina passou pelo Malfoy, mas sentiu um puxão brusco, fazendo-a dar meia volta:
-Hey! –ela reclamou, mas não pôde dizer mais nada porque seus lábios foram colados aos dele.
Draco tirou a mochila das costas de Gina e colocou-a sobre sua mesa. A ruiva abraçou o Malfoy pelo pescoço, beijando-o com vontade. Nem pensou em resistir, pois como dissera antes, ela queria. Agora tinha certeza que sentia uma grande atração pelo loiro. Os dois não imaginavam que tinham sentido tanta falta de estarem nos braços um do outro. O beijo era sôfrego e nostálgico e o abraço era forte, como querendo garantir o máximo contato entre os corpos. Os joelhos de Gina encontravam-se moles e ela tinha a necessidade crescente de segurar-se no loiro.
Eles não saberiam precisar por quanto tempo ficaram assim, mas seus inconscientes diriam que não era tempo suficiente. No entanto, logo Gina lembrou-se de Harry e de que não podia continuar aos beijos com Malfoy. Ela descolou seus lábios dos de Draco:
-Isso não é certo, Malfoy. Eu tenho namorado e você é meu professor.
-Eu sei. Mas lembra da viagem de trem? Esse beijo foi por aquele que não demos. –disse e finalmente soltou-a, fazendo com que a Weasley se soltasse dele também.
-Tenho que ir. –ela murmurou, envergonhada, após colocar sua mochila de volta nas costas.
-Mas não sem antes de tomar um antídoto contra a veritasserum. Ou será que você quer dizer aos seus amiguinhos realmente onde estava e o que fazia?
-Claro que não. Me dê logo o antídoto.
-Calma, Weasley. Desse jeito até parece que você não aprecia a minha companhia.
-Eu não tenho tempo a perder, Malfoy.
-Quer ir correndo pros braços do Potter?
-Não. –respondeu automaticamente –Quer dizer, eu estou brava com ele. –tentou explicar.
-Não é o que parece. –o loiro disse, aparentemente se divertindo.
-Pois o que parece é que você está com ciúmes, Malfoy.
-Não viaja, Weasley. Isso é um absurdo. –reclamou, indo até um armário e pegando o antídoto -Beba o conteúdo desse frasco.
-e como eu posso saber que não é veneno?
-Ora, vamos, Weasley. Por que eu iria te envenenar? Eu não esqueci o que fez por mim. Quando eu quis ser ouvido, você me ouviu.
-Não precisa me agradecer, eu apenas fiz o que era certo. –respondeu, bebendo do conteúdo do frasco em seguida.
-eu não estava agradecendo. Já te agradeci antes por isso. Hum, Weasley, você sempre faz o que é certo? –ele questionou, franzindo as sobrancelhas.
Ela suspirou:
-Nem sempre, Malfoy. Mas eu me esforço para fazer o que é certo. Por que pergunta?
-Por nada. Apenas curiosidade. –ele deu de ombros –Pode ir embora se quiser.
-Eu vou, mas antes quero que me prometa não contar a ninguém sobre você-sabe-o-quê. –falou, olhando para ele seriamente.
-E por que eu contaria? Para todos os efeitos nós nos odiamos. Além do mais, isso não traria bem algum para o meu emprego. Todos sabem que são proibidas relações amorosas entre alunos e professores. A McGonagall me daria um sermão enorme, isso se não me despedisse.
-É, você não se arriscaria por isso. –ela concluiu –Boa noite, Malfoy.
Draco observou-a deixar a masmorra, seus olhos tinham um brilho enigmático.
“Eu não teria tanta certeza assim, Weasley.” O loiro não pôde deixar de pensar, com um sorriso enviesado nos lábios.

***

Ginevra desisitira de ir jantar e fora direto para o dormitório. Tomou um banho rápido e deitou-se na cama. Fechou os olhos, mas não conseguia dormir. Não conseguia evitar que seus pensamentos voassem para o beijo roubado por Draco malfoy.
“Droga! Ele não podia ter feito isso!” pensava, quando ouviu alguém a chamando.
-Gina? –era a voz de Hermione –Gina, eu sei que você está acordada. –ela insistiu.
A ruiva suspirou:
-O que você quer, Hermione?
-Nossa, você deve estar de TPM. Eu venho aqui na melhor das intenções, pra saber se você está bem e você me recebe desse jeito? Eu só fiquei preocupada. Você não foi jantar.
-eu não estava com fome.
-Hum... –a morena murmurou, visivelmente não acreditando na outra –Não tem algo que queira me contar? Percebi que está estranha.
-Foi o Harry que te pediu para se intrometer na minha vida? Porque quando eu quero saber sobre a vida dele, ele não me deixa. –falou rapidamente, o que demonstrava que o assunto a irritava.
-Mas você sabe que isso é para o seu próprio bem...
-Pare! Pare agora mesmo, Hermione Granger. Estou cansada de ouvir isso. Por Merlin! Eu não sou mais uma criança! Sou maior de idade perante a lei bruxa. Por que não param de tentar me proteger? Será que não percebem que eu quero tanto que Voldemort seja derrotado quanto vocês? Aquele monstro me usou no meu primeiro ano! Eu quero lutar também!
-Eu compreendo como você se sente, mas o Harry te ama demais. Pense bem, Gina. Ele já perdeu o Sirius e o Dumbledore, isso sem contar os pais dele. Já pensou no sofrimento que seria se ele te perdesse também? –Hermione perguntou e a Weasley ficou sem palavras –O Harry é um tanto depressivo, mas ele tenta esconder. Porém, quando você está por perto, os olhos dele brilham e o sorriso é sincero.
Gina suspirou, passando as mãos pelos cabelos:
-Ai, Mione. É que ás vezes esse excesso de proteção me deixa irritada.
-hum, pelo menos o Harry não é tão ciumento com você como o Rony é comigo...
A ruiva se permitiu um sorriso singelo:
-Bem, isso é verdade. –murmurou –Pobre de você, o Rony pode ser bem possessivo. Hum, será que agora você pode sair? Eu quero ver se consigo dormir antes das garotas subirem. Eu realmente preciso de descanso.
-Ok, mas pense no que eu falei.
-Sim, eu vou pensar. Mande um beijo para o Harry por mim, tá?
-Claro. Boa noite.
-Obrigada. –a Weasley agradeceu e observou a outra se retirar.
Voltou a ajeitar-se na cama e fechar os olhos. Pensava em como agiria no dia seguinte com Harry após ter beijado Malfoy.
Para aliviar a culpa que sentia, convenceu-se de que nunca mais algo aconteceria entre ela e o novo Mestre de Poções. Logo adormeceu.

N/A: Gente, desculpa pela demora gigantesca. O nome do próx. Cap será “Louco erro ou deliciosa loucura?” Plz, façam uma autora feliz e comentem.

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